História Destiny Things - Matthew Espinosa - Blue Eyes

Dorothy Espinosa Point Of View

— Atende, atende — eu pensei alto enquanto ligava freneticamente para Elly, sem chances, era a décima ligação e ela não atenderia, desisto pensei.

Eu precisava de alguém, até cogitei a hipótese do Matthew mas era muito arriscado ligar para ele, Mel também não atendia, resolvi sair, era muita pressão, aquela casa parecia que estava me sufocando e se eu não saísse de lá a tempo ela me sugaria por inteira. Mel morava a poucos minutos da minha casa comparada a Elly que morava mais longe, peguei apenas meu celular e as chaves e sai.

O tempo não estava tão bonito, o céu estava cinza mas alguns raios de sol irradiavam por ali, o pôr do sol costuma ser lindo aqui em Los Angeles mas hoje, especialmente hoje ele parecia pior do que todos que eu já vi na vida, parecia que o universo queria combinar comigo nesse momento.

Andei atentamente, enquanto andava "Faded" tocava no fone embora fosse uma música um tanto quanto agitada ela ainda parecia triste igual a mim, o caminho pra casa da Melissa parecia ainda mais longo visto de um ponto de vista péssimo, em pensar que o meu dia estava ótimo hoje de manhã, estava tudo perfeito, agora parecia que estava tudo se desmoronando.

Quando enfim avistei a casa dela toquei a campainha e deixei que ela aparecesse, não foi bem assim, toquei mais algumas vezes e nada, dei a volta na casa, a porta de trás sempre tinha uma chave escondida, fui lá e acabei entrando, não costumo fazer isso mas eu estava realmente necessitando de alguém. Nada, ela não estava lá, sai de lá e tranquei a porta dos fundos, deixei tudo do jeito que estava e me direcionei até a varanda e sentei no último degrau, iria esperar ali.

A rua estava deserta, até entendo o tempo não estava muito bom, tirei o fone e me permitir chorar, por mais que eu estivesse indo mais que bem com o Matt ainda sim o resto estava indo muito mal, era inevitável não pegar a dor dos outros para mim.

— O que houve Dothy ? — a voz da Mel invadiu o ambiente e eu a encarei, sua expressão mostrava mais do que preocupação

— Mel eu já sei de tudo! — respondi firme e ela engoliu o seco, logo se aproximou e sentou do meu lado

— Tudo o que ? — ela respondeu me encarando

— Meu pai está com outra — eu respondi e as lágrimas retornaram como em uma cachoeira

— Como você sabe disso ? — ela perguntou limpando com a manga de sua camisa listrada alguma das minhas lágrimas

— Eu liguei pro Matt pouco depois dele ir embora e ele me disse que a mãe não está indo entregar nada no hospital a muitos dias — respondi e enxuguei algumas das lágrimas

— Isso pode não significar nada... — Mel ia dizendo mas eu a interrompi

— Nas mensagens estava bem claro que eles se encontrariam no trabalho então se minha mãe não está indo não é ela Melissa — eu soltei tudo e ela apenas me encarava

— Dorothy, e-eu preciso te dizer uma coisa — ela começou e logo o celular dela começou a tocar, eu indiquei que ela podia atender mas ela simplesmente ignorou até que parou de tocar

— O que você precisa me contar ? — perguntei a olhando e ela engoliu o seco

— Eu acho que eu... — Mel foi interrompida agora pelo meu celular, "Hayes" era ele que estava ligando, murmurrei um "que merda" e logo atendi e coloquei no viva voz,

ouvi ele soltar um "Graças a Deus"

— Espero que você tenha um bom motivo pra interromper a gente — Mel se pronunciou enquanto eu ainda limpava o rosto molhado

— E eu tenho, é a Elly — ele respondeu, parecia muito aflito

— O que tem a Elly ? — eu perguntei olhando o visor do celular

— Eu trouxe ela pra almoçar em um lugar reservado e... — Hayes começou mas logo foi interrompido por Mel

— Vai logo ao ponto Grier — Mel disse devidamente alterada

— Na hora da sobremesa ela começou a passar mal, parecia sufocada e ela nem consegue falar, eu não sei o que fazer — ele despejou tudo de uma vez, eu e Mel nos entreolhamos

— O que tinha na sobremesa ? — Mel perguntou

— Era de nozes com damasco — ele respondeu e eu arregalei os olhos

— Caralho Benjamin, Elly é extremamente alergia a Nozes — eu respondi já me levantando e Mel fez o mesmo — Aonde vocês estão ? — perguntei

— Estamos naquele arranha céu de frente pra praia — ele respondeu parecia mais aflito do que antes

— Corre com ela pro hospital PortLead, aquele que fica a uns cinco minutos daí, lá eles tem a ficha dela — Mel disse

— Estamos indo aí também — eu pronunciei e Hayes respondeu um "Obrigado" e logo a ligação se encerrou, eu e Mel nos entreolhamos e ela logo correu pra dentro de casa e eu a acompanhei

— Tranca a porta pra mim — ela disse me jogando a chave e eu assenti, quando fechei corri pra garagem e entramos no carro o qual a Mel já tinha ligado e dado partida, não falamos nada o caminho inteiro, até porque a única preocupação ali era Elly, da última vez que ela ingeriu nozes ela quase morreu, literalmente, por 5 minutos de atrasado ela não estaria mais entre nós.

Da casa da Mel até o PortLead não era muito longe, era bem perto na verdade, não demoramos muito pra chegarmos lá ela estacionou e logo saímos do carro e corremos até a recepção, estava aflita, mais que aflita

— Boa tarde como posso ajudar ? — a recepcionista disse quando chegamos no balcão

— Elly Bennett — eu soltei e Mel prosseguiu

— Provavelmente deram entrada a pouco tempo — ela completou afobada

— A menina das nozes ? — a recepcionista se pronunciou e eu e Mel rimos, foi inevitável, logo assentimos.— Andar de cima, a ala da enfermagem, ela esta lá — ela completou

— Obrigada — disse e andamos rápido até o elevador

— Que saco — Mel disse reclamando pela demora do elevador

— Escadas ? — eu disse, analisando a demora 

— Escadas — ela respondeu e corremos pela saída que dava acesso as escadas, subimos correndo, cheguei no andar de cima ofegante.

Logo a frente víamos um Grier que estava andando pra lá e pra cá a ponto de abrir uma cratera no chão

— Cadê ela ? — Mel perguntou chamando a atenção dele para nós

— Ela está lá dentro sendo medicada — Hayes respondeu

— Vou lá, minha tia trabalha aqui então se ela estiver aí ela pode fazer com que possamos ver ela mais rápido — Mel se pronunciou e nós assentimos

— Você não tem noção de como eu tô me sentindo culpado — Hayes disse assim que Mel sumiu pelo corredor

— Não se sinta, não é culpa sua — eu respondi enquanto me sentava no chão e ele se sentou do meu lado

— Ela vai me odiar — ele soltou olhando pro teto

— Ela gosta muito de você, não se preocupe — eu disse e ele me encarou

— Ela gosta é ? — ele disse abrindo um sorriso muito grande

— Credo, ver você tão apaixonada assim é estranho — eu disse e rimos

— Também acho — ele respondeu e riu. — Como estão as coisas com você ? — ele perguntou

— Estão bem — eu menti

— Tem certeza ? Não parece bem — ele concluiu

— Só não estou me sentindo muito bem sabe ? — disse e ele concordou com a cabeça

— Você é minha melhor amiga Dothy, estou com você sempre — ele disse enquanto me envolvia em seu abraço, o abracei de volta e permitir sentir a tristeza de volta.

...

— Vocês podem entrar lá agora — Mel disse em pé na minha frente e de Hayes, tirando a gente do silêncio e no caso do Hayes o despertando de seu cochilo, apenas concordarmos e seguimos ela até a ala de enfermagem onde Elly estava, ela estava adormecida em uma das camas e havia alguns aparelhos ligados a ela

— A minha tia disse que ela está bem mas é bom evitar ao máximo nozes da próxima vez, a reação está muito pior — Mel disse, Elly estava em uma espécie de sono profundo, alguns fios de cabelos estavam no seu rosto, seu rosto e seu pescoço estava um pouco inchados, o que sempre acontecia nesse caso mas seus lábios ainda estavam impecáveis, em um rosado puxado pro avermelhado.

— Eu realmente sinto muito — Hayes se pronunciou enquanto acariciava a mão dela

— Da próxima vez eu quebro sua cara — Mel respondeu e eu a repreendi, acabamos rindo

— Ela vai demorar muito aqui ? — perguntei

— Minha tia disse que ela sai amanhã de manhã, mesmo sendo só alegria por conta dos inchados é melhor ela ficar — Mel disse eu concordei

— Você vai ficar com ela aqui, até os pais dela chegarem ? — perguntei ao Hayes que assentiu.— Bom, precisamos ir, cuide dela por nós — eu disse e ele soltou um "cuidarei" e eu me direcionei e depositei um beijo na testa de Elly e Mel fez o mesmo.

Já estávamos no carro e meu celular começou a tocar, era Matthew.

— Alô — eu disse assim que atendi

— Dothy ? Aonde está ? — ele perguntou

— Estou no hospital, indo pra casa agora — respondi e Mel já havia dado partida

— O que ? Você está bem ? — Matt respondeu imediatamente

— Sim eu estou, foi só um problema com Elly, Hayes e nozes — eu disse o que fez com que ele gargalhasse e Mel também.— Mas por que ? — perguntei

— Só vem direto pra casa do papai — ele disse e logo desligou

...

— Está entregue — Mel falou assim que parou enfrente a minha casa

— Obrigada amor — eu disse e depositei um beijo em sua bochecha, logo abri a porta e fui sair. — Aliás, o que você queria me contar ? — perguntei a encarando e ela desviou o olhar

— Nada não — ela respondeu e eu arquiei uma sobrancelha

— Tem certeza ? — perguntei mais uma vez e ela assentiu.— Tudo bem, se cuida e me avisa quando chegar em casa — disse e fechei a porta do carro e ela deu partida, tirei a chave de casa do bolso e abri a porta

— Pensei que não chegaria hoje — Matt disse me dando um baita susto

— Meu Deus, o que você faz aqui ? — perguntei levando uma mão ao meu coração e com a outra tranquei a porta

— Não ganho nem um beijo primeiro ? — ele disse, o que me fez rir e ir em sua direção, logo ele me envolveu em um beijo lento e carinho, ele nos derrubou no sofá, ficando por cima de mim, logo o beijo se encerrou com um selinho demorado — Pai não vai vir pra casa hoje então eu sabendo disso resolvido vir ficar com você e dormir com você — ele disse abrindo um imenso sorriso, um sorriso que eu poderia ver todos os dias da minha vida.— Resolvi passar um tempo com a minha garota preferida — ele disse e eu sorri

— Mas e como você vai ficar aqui sem ninguém perceber ? — perguntei enquanto acariciava o rosto dele

— Eu disse pro Will que dormiria na casa do Nash e bom, Nash confirmou tudo com o Hayes por mim e eu estou aqui — ele disse e terminamos em outro beijo

...

Matthew Espinosa Point Of View

Já passava das meia-noite, eu e Dorothy já íamos nos deitar, eu estava sem camisa só com uma calça de pijama vermelha, Dothy estava com um short e uma blusinha de seda azul, ela entrou no quarto com Villy no colo, a colocou em sua caminha e trancou a porta, apagou a luz e se jogou na cama, fui até ela, me deitei junto a ela, a puxei pro meu peito e ela brincava com sua mão em meu abdômen

— Vai ter uma viagem — eu comecei e ela me encarou, as poucas luzes lá de fora iluminavam seus olhos extremamente azuis

— É ? E como vai ser ? — ela perguntou ainda com sua mão no meu abdômen

— Sim, lançamento do EP do Shawn vai ser um listening party em Toronto — eu disse e logo prossegui — Quero que você vá conosco — eu disse e ela se apoiou para me ver melhor

— Teria que arrumar uma boa desculpa para ir — ela soltou mexendo no meu cabelo

— Talvez Mel e Elly pudesse ajudar você — sugeri e ela assentiu

— Elly tem os avós em Toronto então podemos dizer que ela me convidou para ir pra lá, afinal, elas vão certo ? — ela disse e eu fiz que sim com a cabeça — Não vai ser tão difícil — ela completou

— Não vai e vamos estar juntos — eu disse e ela sorriu, — Seus olhos me lembram o mar e o céu — eu disse aleatoriamente o que fez ela sorrir mais

— Os de Nash e Hayes também te fazem lembrar o céu e o mar ? — ela disse e eu ri

— Sim mas os seus são especiais — eu respondi e ela riu

— Eu amo você Matthew — ela disse me dando um selinho

— Eu amo você Dorothy — respondi dando um beijo em sua testa

Era apenas eu e a garota dos olhos azuis. Azuis como o céu e o mar, o azul que me trazia paz dês do primeiro dia que eu já vi.

Dorothy adormeceu antes de mim, tirei esse momento para admira-la, me perguntava como ela podia ser tão linda o tempo todo, me perguntava como eu podia a amar tanto, dentre milhares de garotas, era ela, era ela que eu queria partilhar minha vida, para sempre e sempre. Acabei adormecendo sentindo o cheiro de tuti-fruti que tinha em seu cabelo e o cheiro de hortelã que tinha em sua pele.