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  3. December 24, 2014

História Desventuras Natalinas - December 24, 2014


Escrita por: galaxymaars

Notas do Autor


Um pequeno presentinho (um pouco atrasado) para os meus amores, que presenteiam-me todos os dias com a amizade mais sincera que ganhei em 2014. Obrigada por estarem sempre comigo, ok? @shellf1sh e @psycho_, o Baek e o Chanyeol do meu Baekyeol. ♥
E como nota direta: Vai ter Krismin sim, porque a estória é minha e eu que mando.

Boa leitura!

Capítulo 1 - December 24, 2014


Eu realmente gostava do fim de ano. Não porque haveria comemorações, presentes, espírito natalino e blá, blá, blá. É claro que a comida me inspirava, dava-me água na boca apenas imaginar aquele enorme peru que minha doce mãe assaria especialmente para mim, recheado de fatias gordas de calabresa americana e frutas vermelhas.

No entanto, o que me fazia vibrar pela chegada do fim do semestre era o simples fato de que haveria o recesso. Ah, o recesso das festas. Os tão esperados sete dias de liberdade. Sem gravatas, sem ternos, sem sorrisos falsos e sim, sem cuecas. Andaria livre pelo meu apartamentozinho no meio de Manhattan, completamente nu, ao som de Doves e seus problemas sociais. Não havia peru que me fizesse trocar essa pequena liberdade que me seria concedida, até porque visitar minha mãe seria absurdamente caro e eu desempenho muito bem o meu papel de estagiário pobre – Mesmo quando já não sou mais um reles estagiário (ela não precisa saber).

Não desmerecendo meu emprego. Lutei com unhas e dentes para conseguir meu cargo de contador, e digo isso na forma literal! Arranquei aquela vadia da seção 42 aos tapas, já que ela insistia que eu era jovem demais para tomar seu lugar, que japoneses podem ser inteligentes mas a sociedade não deve agir como se esta fosse uma verdade absoluta. Cadela! Quantas vezes eu tenho que repetir que sou coreano? Será que para os americanos só existe o Japão como um país asiático? Meus antepassados não lutaram em diversas guerras de divisões territoriais pra esse tipo de discriminação social. Eu deveria processar esse país de merda e exigir que ensinem nas escolas o número exato de nações que existem na Ásia.

Enfim, deixando os contratempos de lado, hoje era o tão esperado dia 24. Eu seria liberado em algumas poucas (duas) horas e iria para meu cubículo. Ligaria o aquecedor no máximo e deitaria em meu sofá completamente pelado, comendo batatas fritas e assistindo todos os filmes do meu recém comprado box do Tarantino. Seriam 8 horas de loucura, bitchies. 

Mas é claro que na vida de Park Chanyeol, não há sonhos ou finais felizes, e era realmente óbvio que aquele ser minúsculo e encurvado, fedendo a naftalina e cigarro barato, ao qual devemos nos referir como Sr. Drakinson (que porra de nome é esse?), chefe do departamento de contabilidade, entraria em minha sala para soltar seu veneno.

— Quero os relatórios de balanço até o dia 3, Park. Sem atrasos. – E foi saindo, deixando na sala o seu cheiro do século passado e levando com ele todas as minhas esperanças de recesso maravilhoso. Agora eu era oficialmente um filho da puta que trabalharia loucamente, dia e noite, para terminar de registrar o balanço anual da empresa. Se eu tivesse muita sorte, terminaria lá pelo dia 5, porque Marrie estava de licença maternidade, o que me fazia o único contador diário do departamento.

— M-mas senhor... Como posso terminar tudo tão rápido? Marrie não está aqui para me ajudar e...

— Chame o estagiário. Ele é meio burro, mas deve servir pra alguma coisa. – E foi. Foi embora de vez, deixando-me sozinho, meio-morto mentalmente. O estagiário... Poucas vezes eu o vi rodando por aí, acho que nunca foquei em seu rosto, para ser sincero. Tinha pena do coitado, vivia correndo pra lá e pra cá, fosse com copos e mais copos de café ou cópias de documentos para entrega. Já vivi essa fase. Bons tempos.

Suspirei, afinal de contas, eu não tinha tempo pra nem pra lamentar a morte dolorosa do meu recesso maravilhoso. Assim que chegasse em casa, se chegasse, acenderia uma pequena vela ao lado do meu box Tarantino e choraria por mim e por meu querido Travolta em Pulp Fiction. Estávamos todos condenados à morte dolorosa. Liguei para a secretária do Sr. Drakinson, lê-se Sr. Demônio dos Infernos, e pedi à ela que contasse à pobre alma estagiária que ela estaria condenada a passar algumas horas (dias) enfurnado dentro da contabilidade fazendo relatórios semanais das vendas do ano.

Assim iniciou-se minha jornada infinita de trabalho, e aquelas duas horas que seriam longas e repletas de ansiedade, passaram como se fossem dois minutos. Haviam desfalques, erros para corrigir e contas absurdas para trabalhar. Não havia nem chegado à metade do mês de Janeiro quando ouvi três batidas na porta. Gritei para que o indivíduo adentrasse, rezando para que não fosse o Sr. Drakinson, pois eu provavelmente o mandaria para lugares inadequados e seria um Park desempregado em plena véspera de Natal.

Eu estava de cabeça baixa quando a porta foi fechada, mas levantei o rosto assim que senti um perfume um tanto quanto forte invadir o ambiente. Era agradável, lembrava-me o cheiro de mangas frescas. Assim que bati os olhos na figura à minha frente, juro que me segurei para não abrir os lábios num formato perfeito de “O”. Era um tanto quanto baixo, perto de mim seria bem baixo, obviamente. Os cabelos negros estavam bagunçados, os olhos puxados pareciam extremamente cansados, com olheiras e levemente sonolentos. O terno cinza estava amarrotado pela correria indevida e a gravata pendia frouxa no pescoço.

— Olá Sr. Park. Eu sou Byun Baekhyun... O estagiário. – Apresentou-se polidamente, mesmo estando um tanto quanto tímido. Era óbvio, eu não usufruía de escravos, então o coitado não me conhecia. Ele parecia nervoso, pois seu inglês saiu com um sotaque deveras familiar, o que me surpreendeu.

— Você é americano?

Seus olhos despertaram um pouco, talvez ele nem tenha notado que deixou o hábito forte da língua materna transparecer em sua fala. Ficou um tanto perdido por alguns segundos, e Deus do céu, como ele era bonitinho. Os lábios eram tão cor-de-rosa quanto o batom Victoria Secret’s que eu havia dado para Marrie no Amigo Oculto dos funcionários.

— N-não senhor... E-eu sou sul coreano, senhor. – Certo, esse negócio de senhor estava realmente me incomodando. O rapaz devia ser no máximo uns cinco ou seis anos mais novo que eu, nada tão absurdo assim para que eu tivesse que ser tratado como a terceira idade. Mas, caralho! Além de bonitinho, o rapaz me era coreano, oh!

— Então não há necessidade de falar inglês ou de me chamar de senhor. Senta aí, Baek. Temos uma ceia de relatórios para cozinhar. – Sorri-lhe simpático enquanto deixava meu coreano abusivo de Seul penetrar em nossa conversa. E fiz bem, porque o estagiário presenteou-me com uma risada tímida, mostrando-me dentes branquinhos e presas extremamente fofas. Sim, sim, eu sei que estou exagerando na percepção dos detalhes. Coisa de viado.

Baekhyun sentou-se a mesa de Marrie, e manteve-se completamente concentrado enquanto eu lhe explicava como os relatórios deveriam ser ordenados no sistema. Suas mãos remexiam-se nervosas, então me senti na obrigação de lhe dizer que eu não era nenhum tipo de carrasco e não o mataria caso ele caísse no sono, porque afinal de contas, estávamos todos fodidos e condenados a passar o Natal fazendo contas (e não assistindo Kill Bill pela vigésima vez. Shit).

Ele riu descontraído, fechando os olhinhos puxados e libertando sua risada. Oh, ele faz um retângulo com a boca. Deus, por que enviaste-me uma tentação fofa como esta em pleno dia de cárcere social? Sinto que terei uma noite difícil.

Quando o ponteiro do relógio atingiu o número 9, eu e Baek já estávamos devidamente descabelados e libertos de gravatas e paletós. Confesso que até os sapatos eu havia tirado. Fazia muito frio em Manhattan, mas minha sala era quente, muito quente. E com Baekhyun expondo parte de sua clavícula, sentia que a temperatura em que mamãe assava o peru não era nada se comparada ao calor que eu estava sentindo naquele exato instante. É claro que eu estava ocupado demais trabalhando, mas aqueles poucos segundos em que eu  espreguiçava o corpo, esticava as pernas, e mudava o foco dos olhos por baixo das lentes grossas de meus óculos fundo-de-garrafa, via-me entretido com o baixinho. Ele era realmente uma gracinha. Em alguns momentos se confundia com os próprios números e me chamava, completamente perdido, e eu, Salvador da Pátria Park, me disponibilizava a ajudá-lo com a maior disposição, tomando cuidado para não deixar de esbarrar em seus braços expostos pelas mangas arregaçadas. E ele ficava uma tentação quando passava a língua pelos lábios rosados, concentrado no trabalho.

Isso está me saindo melhor que maratona Tarantino. Só preciso fazer o estagiário também querer ficar nu e o Natal será salvo.

— Chanyeol-ssi...? – O anjo clama por você, Deus da seção 42. Atenda seu chamado.

— Se me chamar de senhor mais uma vez, vou provar minha juventude de um jeito nada convencional. – Reclamei, levantando a cabeça para a mesa à minha frente. Seus olhinhos se arregalaram de leve, mas ele sorriu em contra resposta. Céus, e como esse sorriso me derretia.

Será que é possível apaixonar-se em menos de três horas de convivência? Porque se Baekhyun aceitar, quero casar-me com ele.

— Desculpe, Chanyeol-ssi... Chanyeol! Desculpe, Chanyeol. – Estou segurando a bicha flamejante dentro de mim para não surtar por essa gracinha. Santo Deus. — Eu só queria dizer que... Estou com fome. Você não está? – E sorriu-me de forma gentil.

Na verdade eu estava mesmo com fome, mas havia tantas coisas para fazer, que talvez eu estivesse ignorando qualquer necessidade básica. Dei uma boa olhada para Baekhyun, e mesmo que eu estivesse afim de roubá-lo e tratá-lo como uma bonequinha, era óbvio que ele ainda não estava habituado com esse tipo de rotina trabalhista e desumana que algumas vezes nós éramos submetidos. Eu já havia passado outros natais na companhia de cafés e computadores, mas tenho para mim que este era o primeiro de Baek.

— Acho que sim, Baek.

— Será que podemos pedir algo? – Suas bochechas coraram, e ele olhou para a janela de vidro que ocupava a parede no canto esquerdo. Seria incrível se ela nos servisse de teleport e um Chester saísse dali.

Bom, eu conhecia um lugar que estaria aberto. Eles sempre abriam durante o Natal. Aqueles céticos descrentes de Jesus.

— Bom, se você não tiver um paladar muito exigente, eu posso nos levar numa cafeteria de uns amigos. É aqui pertinho. Dá pra irmos a pé, se você aguentar o frio. – Tomei um susto quando ele praticamente pulou da cadeira, sorrindo animado. Acho que ele queria mesmo era fugir do trabalho, e eu não o culpo, porque se tivesse que recalcular mais uma nota maquiada, ia processar toda aquela empresa de merda e por fogo no prédio. Depois de comer, me ofereceria de levar Baek para casa e depois me jogaria nos cobertores quentinhos de minha cama. Adeus contas, pelo menos por hoje.

Eu poderia mesmo é colocar fogo na sala do Sr. Drakinson, isso sim. Mas a prisão não deve ser nenhum paraíso de férias.

— Eu adoraria, Chanyeol-ssi...! Chanyeol! Chanyeol! – Ele corrigiu-se rapidamente, e depois ficou sussurrando algo como “É Chanyeol, seu idiota”. Contive o riso e comecei a me vestir, pois o vento frio com certeza estaria congelante e eu acabaria como um Park Picolé.

Baekhyun ajeitou as mangas, vestiu o paletó e correu para seu armário, prometendo-se encontrar comigo no saguão do térreo. Ele parecia contente quando saiu a passos largos de minha sala. Ajeitei toda aquela papelada nas gavetas e tranquei a porta; deixaria aquele inferno de Natal para mais tarde. O prédio era 24 horas, mas é claro que eu não deixaria que Baekhyun virasse a noite ali, nem eu faria isso comigo mesmo.

Caminhei pelos cubículos e pude observar que não era o único que fora condenado a trabalhar no dia 24 de dezembro. Várias e pobres almas ainda jaziam no prédio, todas descabeladas e com copos grandes de café. Compadeci-me delas, afinal de contas, várias delas devem ter famílias para comemorar o Natal. Enrolei o cachecol velho no pescoço e escondi as mãos nos bolsos do casaco pesado que vestia. Peguei o elevador até o térreo e fiquei esperando pelo estagiário gracinha.

E ele era realmente uma gracinha. Quando as portas do elevador se abriram, Baek surgiu vestido com um sobretudo preto, e um cachecol enorme que tapava até a ponta de seu nariz arrebitado. O gorro branco tampava suas orelhas, escondendo seus cabelos e lhe dando um ar absurdamente infantil. Não notei o quão baixo ele era até que estivéssemos próximos como agora, andando lado a lado nas ruas vazias.

— Então, como veio estagiar aqui? – Iniciei a conversa, afinal preciso saber os antecedentes de meu novo crush.

 — Oh...! Eu me mudei para a América faz algum tempo, para estudar. No fim do semestre eles costumam nos encaminhar para os estágios. Só não imaginei que estudar economia fosse fazer de mim o rapaz do café. – Confessou, e eu o achei mais bonitinho ainda, além de inteligente. Enquanto trabalhávamos no escritório percebi que suas perguntas eram elaboradas, bem distintas e desconexas do comum anseio dos estagiários.

— Você vai se sair bem se continuar assim. – Incentivei-o da melhor maneira que encontrei, o que não era de todo uma mentira. — Escute, Baek... O café para onde vamos pode lhe parecer um pouco diferente, mas não se preocupe, é absolutamente delicioso.

— Certo... Chanyeol. – E seus olhos sorriram para mim, já que os lábios estavam cobertos pelo cachecol.

Meu coração deu aquela acelerada e eu senti uma vontade de agarrar Baekhyun, enchê-lo de ursinhos de pelúcia e morder suas bochechas. Até onde vai a insanidade de um homem como eu? Quero Baekhyun pra mim.

Nós papeamos um pouco sobre a faculdade de Baek até que pude avistar a fachada de esquina da única cafeteria aberta por aquelas bandas. Havia um pouco de gelo cobrindo o letrado, já que uma nevasca fina caíra mais cedo e cobrira as ruas com sua beleza branca e fria. Eu geralmente costumo gostar de neve, mas o frio parece mil vezes mais doloroso quando ela permanece constante no inverno. Toquei o ombro de Baek e indiquei o café de grandes portas de vidro e luzes amarelas. Eu esperava que ele não se assustasse com a sinceridade social que emanava de Kris e Xiumin.

Adentramos na cafeteria com o barulhinho dos sinos invadindo o ambiente. É claro que estava vazio. Quem toma café em pleno dia 24 de dezembro? Talvez Luhan e Sehun aparecessem por lá, mas na última vez que os vi, Luhan jurou que faria Sehun levá-lo para jantar no restaurante mais caro de Manhattan ou pediria o divórcio. Duvido que Hunnie não tenha acatado aos pedidos (ordens) do Xiao.

Ajudei Baek pendurar nossos casacos pesados e bolsas no cabideiro de entrada. A quentura do aquecedor aliviava a tremedeira da caminhada até ali. O estagiário parecia muito contente quando sentou-se no balcão ao meu lado, e eu podia vê-lo mais a vontade enquanto conversávamos até ali.

— Esses vagabundos não vão vir me atender...? KRIS! XIUMIN! – Apertei o sininho loucamente enquanto gritava para a porta que dava para a cozinha. Com certeza estavam trepando em cima do fogão. Viados.

Só então notei que Baek ria de mim, e puta que pariu, como ele era bonito. Sua risada veio despreocupada e gostosa, e o sorriso largo deixava suas presas salientes e os olhos fechados. O encarei por vários segundos até ele notar que eu o observava, e corar timidamente. Oh, céus, preciso saber se esse garoto é gay ou só está brincando com meus sentimentos homossexuais.

— Eles são seus amigos? – Perguntou-me enquanto esfregava as mãos para esquentá-las.  

— Pode se dizer que sim... – Ri divertido. Era claro que eram meus amigos, mas eram absolutamente irritantes e demoníacos.

A porta da cozinha abriu-se com um estrondo e de lá saiu aquele monstro de quase dois metros, inegavelmente bonito e extremamente loiro. Um dia vou entender porque ele insiste em usar essa tinta ridícula na cabeleira, mas tenho pra mim que é porque Minseok gosta de ver o macho bancando o top model. E o que Minseok quer, Yifan faz, e faz quietinho.

Kris veio até nós com aquela costumeira carranca tediosa, a camisa laranja estava amarrotada e o pescoço vermelho que só. Sabia que eles estavam trepando na cozinha. Minseok deve estar dando um jeito no corpinho ou levantando as calças. Oh, santa inveja da vida sexualmente ativa desses dois.

— Fala, Chanyeol. – Resmungou a bicha. Acabei com a foda deles, hehe. – Deixei o café aberto, mas não necessariamente esperava por clientes às nove da noite. – Comentou, simpático como sempre, até que seu olhar mortífero caiu sobre Baekhyun, que até então só nos observava com seu olhar assustado. — Tá de namorado novo, Yeol? Olha que esse é bonitinho, hein...

Puta que pariu. Sabia que esse estúpido ia soltar um desastre, mas não era pra ser tão direto. Ele praticamente esfregou na cara do estagiário-acho-que-é-hetero que o chefe dele é viado e está dando umas investidas. Tudo bem que eu só queria alimentar o pobre Baek, mas nada como tentar jogar verde e saber se as minhas futuras cantadas teriam validade, não é?

Baekhyun passou por todos os estágios de vermelho que uma pessoa pode ter a possibilidade de corar. Ficou mudo, os olhos meio arregalados e encarava a mim e a Yifan em total perplexidade, até que eu me senti responsável por seu estado de choque e dei um tapa no braço daquele chinês sem noção.

— Ele é um amigo, babaca. Estávamos trabalhando até agora, trouxe-o para jantar. – Tentei parecer o mais macho possível.

Foi aí que a porta da cozinha sofreu outro estrondo, e aquela miniatura sorridente apareceu, menos descabelada e extremamente fofa, como sempre.

— Chanyeollie! – Xiumin era ótimo. Simplesmente ótimo. — Veio nos ver justo no Natal? Estava tão quente lá atrás, né Kris?  - E jogou uma piscadela marota pro maridão. Bando de bicha sem vergonha. — Oh, e quem é esse? Namorado novo?

Os olhinhos brilharam quando ele focou Baek, que conseguiu ficar mais vermelho do que antes. Acho que vou causar um infarto no garoto, pobrezinho.

— Não, hyung. Eles são amigos, mas o Yeol tá investindo forte no garoto. — Vou me lembrar de surrar o Kris-hyung assim que levar Baekhyun pra casa.

— Oh! Qual seu nome, gracinha? – Xiumin bateu palmas animado enquanto eu suspirava.

— Baek-Ba-Byun...!  Byun Baekhyun! – Tadinho, fez uma força sobre humana pra lembrar o nome no meio de tanta pressão social. Deus sabe que eu só queria alimentá-lo.

— Vocês estão assustando ele. – Reclamei, recebendo dois olhares confusos. Eles eram tão no sense que nunca percebiam que estavam sendo sinceros demais, ou incômodos demais. — Vamos, quero sopa de algas pra ontem. E você, Baek? Aceita o mesmo? Pra lembrar de casa. – E sorri-lhe simpático. Por um momento achei que sua expressão havia suavizado, e ele concordou com um aceno de cabeça.

— Olha Kris! Eles ficam uma gracinha juntos! Acho que vai dar certo! – Minseok sussurrou para Yifan, mas não era nem um pouco impossível de ouvi-lo. Baek voltou a corar violentamente, mas acho que foi mais pelo fato de que Kris agarrou o namorado pelas costas num abraço carinhoso, apoiando o queixo no topo de sua cabeça, com a expressão entediada de sempre. Só Minseok era capaz de fazer aquele chinês ter manifestações de afeto.

— Também acho, Min. – E concordou, para logo puxar o namorado para dentro. Podem ser extremamente desagradáveis, mas fazem a melhor sopa de algas que já comi.

Voltei meus olhos para a figura perturbada ao meu lado. Baek parecia estar mais aliviado. Talvez ele fosse uma pessoa realmente muito tímida na presença de completos desconhecidos. Bem ou mal, eu trabalhava no mesmo lugar que ele, não era tão desconhecido assim.  

— Não ligue pra eles, estavam só brincando. – Comentei enquanto ajeitava o pote de sal no balcão. Eu não estava mentindo, aquele casal era muito peculiar. Mesmo que eu fosse o solteirão da turma, nunca faltavam brincadeiras para me perturbar.

— Ahn... Não se preocupe! Eu só... Só sou muito tímido às vezes. – E sorriu torto enquanto balançava as mãos, nervoso. Ah, que coisinha mais fofa. — Ma-mas Chanyeol... Não quero parecer intrometido ou algo assim... Ma-mas vo-você é...

— Gay? – Sorri pequeno. Acho que acabo de descobrir pra que time Baekhyun torce. E acho que não é o meu. — Eu sou homossexual, mas não saio atacando estagiários. Fica tranquilo.

Suas mãos grudaram na mesa, e pude ouvi-lo inspirar e respirar várias e várias vezes até que sua voz baixinha começou a ditar palavras bem baixinho, e ele caçou no bolso da calça uma bombinha respiratória.

— Baek, você tá bem? Posso ajudar? – Voei em cima dele assim que o vi colocar a bombinha nos lábios. Ele maneou a cabeça e fechou os olhos, apoiando os dedos em meu ombro, dizendo-me que estava tudo bem.

— Desculpe. Eu fico nervoso com frequência, você já deve ter notado. – Disse-me depois de guardar a bomba no bolso e voltar a fitar-me. Ele parecia muito mais tranquilo agora, enquanto falava. — Eu não quis insinuar que você estava dando em cima de mim... Eu só... Só queria saber. Desculpe. – E sorriu de forma gentil, me fazendo derreter. Tive vontade de jogar-me à seus pés e implorar por seu amor, mas nada é como a gente quer, né. O rapaz gosta de vaginas.

— Tudo bem, Baek. – Estiquei os dedos e baguncei sua franja. Ele paralisou, e corou de novo. Qual é a desse garoto? Se é macho, devia agir como tal, né?

— Sa-sabe Chanyeol... E-eu que-queria... – Ele começou a gaguejar, mas logo meu abençoado Yifan apareceu segurando uma bandeja com nossas taças de sopa, e mais pedaços enormes de pão e queijo. Sempre americanizando nossos petiscos.  

Xiumin veio logo atrás, com uma garrafa de vinho. Ele insistiu tanto que Baek aceitou beber um pouco. Nós comemos enquanto aqueles dois, vulgo Minseok, já que Yifan não desgrudava de seu pescoço, tagarelavam. Depois de algumas frases e piadas, Baek já ria abertamente, mostrando suas presas graciosas e fazendo Xiumin saltitar no banco pela beleza fofa do estagiário. Acho que Kris ficou meio enciumado, porque cinco minutos depois do ocorrido, Minseok estava sendo agarrado e posto em seu colo. Olhei de esguelha para o pequeno gracinha, mas ele continuava rindo, sem realmente parecer importar-se com a demonstração de afeto dos dois. Acho que eu é que sou muito paranoico. Não era a primeira vez que eu contava a alguém do trabalho que era homossexual, mas ainda assim me sentia nervoso em relação aos julgamentos que poderia receber. No entanto, Baekhyun parecia ser doce demais para praticar esse tipo de preconceito.

— E você está solteiro, Baek? – Xiumin. Xiumin, Xiumin, Xiumin. Ele deu uma piscada para mim enquanto ajeitava-se no colo de Yifan, segurando um copo de vinho bem cheio em uma das mãos.

— E-eu? Ah, sim... Ninguém quer namorar um cara sem tempo... – Acho que a bebida já tinha subido em sua cabecinha, porque só então notei que suas bochechas estavam rosadas e os olhos lentos. Caralho, embriaguei o estagiário gracinha.

Mas espera aí...

— Como assim sem tempo? – Yifan perguntou descontraído enquanto embalava Minseok num vai e vem com a cadeira.

— Trabalho, estudo. Estudo, trabalho... Todos querem tempo de sombra! Todos! A gente tenta agradar, ar-argumentar que estudar dá futuro! Mas só sabem dizer que você não faz nada pro relacionamento pros... Pros... Pros...

— Prosperar. – Finalizou Yifan, observando o estado deplorável de Baekhyun. Minto, não estava tão deplorável assim, mas acho que eu deveria fazê-lo parar de beber ou todas as frustrações amorosas viriam a tona na noite de Natal.

— Isso! – Estiquei os dedos para puxar seu copo do balcão, mas sua mão pousou sobre a minha, impedindo que eu levasse o copo para longe. — Me deixa beber, hyung. Era o meu plano inicial para esta noite, mas aquele gordo filho da puta me fez trabalhar no Natal. Quem trabalha no Natal?! – E olhou-me totalmente perplexo enquanto gesticulava com as mãos e levava o copo aos lábios, tomando mais um enorme gole de vinho.

Bom, eu também queria estar bebendo vinho, mas na companhia de Bill...

Ele me chamou de hyung. Vou desmaiar. Deus, me leva.

— Acho que você já bebeu bastante, Baekkie. – Comentei, mas deixei que ele virasse o resto de seu copo nos lábios. Voltei a beliscar meus pedacinhos de queijo enquanto Minseok tagarelava sobre seus relacionamentos anteriores, fazendo Yifan ferver de ciúmes. Desatinei-me da conversa até que...

— Aquele idiota do Jongdae só queria saber de sair pra todos os lados! Não é porque a gente namorava que eu deveria ser amigo dos amigos dele, né, Umin-hyung?! Que direito ele tinha de me dizer que eu não dava atenção pra ele?! Pra me chutar e correr atrás do primeiro macho que encontrou! – Baekhyun said.

BITCH. ELE É VIADO, BITCH!

Engasguei com o queijo, o vinho, a saliva, o caralho a quatro e comecei a tossir que nem louco. Minseok ainda me ofereceu um copo de água, e eu aceitei, porque eu realmente precisava disfarçar o alvoroço todo. Deus foi bom e fez de Baekhyun um bêbado que não levou meu ataque como algo diferente de uma engasgada.  O oposto de Yifan, que lançou-me aquela risada sacana que só ele saberia como fazer de modo discreto.

O Natal não está de todo perdido.

Baekhyun come do mesmo peru que eu.

— Mas então Baek... Ele terminou com você por causa do trabalho? Poxa! Que incompreensível! Né, Fan? – Comentou Xiumin enquanto entregava-me um copo de água. Olhei de esguelha para o estagiário, que estava completamente transtornado com a vida. Baekhyun estava jogado no balcão, com o copo preso nos dedos e totalmente descabelado. Quando é que ele fica feio? Aish.

— É! Mas tudo bem. Eu vou trabalhar como um camelo e ser rico. E aí eu vou comprar um namorado que me ame. – E aí nós somos capazes de perceber como bêbados são pessoas incoerentes, né?

— Não acho que precise comprar um... – Comentou Kris, bem baixinho, para que somente eu pudesse ouvir. Queria jogar minha água na cara dele, mas estava radiante demais com a novidade da noite.

Foram mais conversas estranhas, até que me senti obrigado a fazer Baekhyun parar de beber. Ele reclamou, esperneou, mostrou seu lado birrento, mas eu arranquei a garrafa de seus braços, o enfiei em seus casacos e me despedi de Kris e Xiumin, que ficou apaixonado por Baekkie, anotando seu telefone (que eu me aproveitei para anotar também) e fazendo-o prometer que voltaria.

O estagiário estava sorridente, e cambaleante. Não precisei oferecer o braço, pois logo fui agarrado por aquela miniatura asiática. Suas roupas eram perfumadas, me deixavam relaxado. Andamos devagar até o estacionamento do prédio, onde meu carro estava. Descobri que Baek vinha de metrô para o trabalho, e mesmo que hoje fosse Natal, talvez fosse muito perigoso deixa-lo sozinho na estação. Ofereci-me de levá-lo para casa e ele não estava em condições de negar. Anotando: O Byun aqui é fraco pra bebida.

O vento frio cortava nossos lábios, por isso agarrei-me ao estagiário que tremia dentro de suas vestes. Juro que não queria pagar de aproveitador, as ruas estavam realmente congelantes, e em nenhum momento deixei uma mãozinha boba escorregar indevidamente, sou um viado sério – Mesmo que o desejo fosse mui fuerte.

Chegamos ao meu carro, que jazia solitário no estacionamento 24 horas. Pobrezinho, uma camada fina de gelo cobria a lataria e eu sabia que isso não era um bom sinal. Mas se Deus quiser, esse ferro velho vai ligar e eu poderei chegar em casa são e salvo. Estava procurando as chaves em minha bolsa quando senti um par de braços rodear minha cintura pelas costas. Fiquei estático demais pra fazer qualquer movimento.

— Ba-baek?

— Feliz Natal, Chanyeol-hyung. – Ele falou contra minhas costas, e um arrepio perpassou por minha espinha dorsal. Covardia, Baekhyun. — Você foi tão legal comigo hoje... Merece o melhor Natal do universo! – E apertou-me ainda mais. Santo Deus, que gracinha.

— Obrigado? – Sorri, virando-me de frente para ele, que estranhamente não soltou-se de mim. — Feliz Natal para você também. Apesar de que seria muito melhor se você estivesse quentinho em sua casa, não é?

— Oh, não! Foi ótimo poder passar a noite ao lado do meu crush! – Ele riu, e começou a soluçar. Eu não sabia se ele soluçava por culpa da bebida ou pelo frio, mas estava ocupado demais processando a sentença “ao lado do meu crush”.

“...Ao lado do meu crush”.

É Natal e não há tempo a perder, não é? Sabe aqueles filmes floops que geralmente passam no corujão de dezembro no pré-dia-25? Eu sempre fui fã dessas histórias românticas que geram casais eternos, tipo contos de fadas, só que natalinos. Bom, foi meio que por culpa desses filmes que decidi ignorar toda a ambientação social, o respeito aos embriagados e o inverno abaixo de zero de Manhattan e tasquei um beijo na boca de Baekhyun.

Os lábios frios e cortados se animaram ao meu toque. Seus olhos fecharam-se instantaneamente e seus braços abraçaram minha cintura.  Era engraçada a forma como seu pescoço virava em 90 graus para cima, e como eu tinha que abaixar-me para que nossos lábios se tocassem. Em toda a minha vida, sempre que beijei uma boca, independente do sexo proveniente da mesma, senti que bichos (qualquer um, menos uma borboleta) dançavam em meu estômago. No entanto, Baekhyun fez com que eu me sentisse diferente, pela primeira vez. Não havia aquela costumeira reviravolta no estômago, ou aquela hipersensibilidade que atacava nossos corpos nos momentos íntimos com outrem. Na verdade, quando beijei aquele baixinho, senti o coração disparar, tão acelerado quanto quando eu me exercitava. Meus lábios formigaram por aquele beijo, e eu precisei aprofundá-lo, sentindo suas mãozinhas enluvadas apertarem-me com força. Enquanto eu o enlaçava em meus braços e o beijava desesperadamente, sentia-me louco pelo sabor que invadia-me a boca, e descobri naquele instante, mesmo sem saber de nada, que gostaria de ter aquele gosto em minha vida por um longo e bom tempo.

Esse baixinho não me escapa. Ou não me chamo Park Chanyeol, O viado mais gostoso de Nova York.

De repente eu fui empurrado. Abri os olhos e vi Baekhyun tirar sua bombinha respiratória de não sei da onde e soprá-la com tanta veemência que achei que pudesse estar tendo um ataque. Por cinco minutos achei que ele estivesse sóbrio, mas assim que me agarrou o pescoço e fez com que eu batesse as costas na porta do carro, imaginei que a bebida ainda surtia efeito em seu cérebro.

— Sempre quis beijar o duende do departamento de contabilidade... – E atacou minha boca novamente.

Me chamou de duende. Eu deveria ficar ofendido. Sou no mínimo um Elfo ala Legolas. Só não fiquei chateado porque não tive tempo pra isso, sua língua estava dentro da minha boca e era a sensação mais deliciosa que eu já havia experimentado até hoje.

No fim, acho que preciso agradecer ao senhor Drakinson por me fazer trabalhar em pleno dia 24 de dezembro. Talvez essa tenha sido a melhor ideia daquela noite, a segunda foi quando enfiei Baekhyun dentro do carro e transamos no banco traseiro, mas essa história fica para o ano que vem.

O importante é saber que quando ele acordou em minha cama, de ressaca e completamente nu... Bom, foi difícil lidar com seu estado de choque e a bombinha respiratória foi usada diversas vezes enquanto ele jogava coisas em mim. Mas dez minutos depois de uma discussão intensiva sobre não levar pessoas bêbadas para sua casa e abusar do corpo delas, nós já estávamos nos atracando novamente por entre os cobertores. E Deus do céu, Baekhyun era gostoso demais.

Melhor que qualquer box do Tarantino, posso garantir o que aquelas coxas podem fazer e... Uau. Não é fácil, bitchies.

Tímido? Só quando não bebe. Ou com desconhecidos. Mas estamos trabalhando duro nisso.  Na verdade o lance da bombinha é para quando ele sente-se desconfortável e acaba cedendo ao nervosismo. Ele é um rapaz esforçado. Só não é muito ajuizado. Por quê? Bem... Deu para o chefe na noite em que o conheceu, hehe – Só não o deixe saber que eu lhes contei isso, ou com certeza ele vai acertar algo em minha cabeça desta vez, e meu Darth Vader miniatura não vai sobreviver a mais uma simulação de basebol em meu quarto.

Merry Xmas, do duende Chanyeol, que continua trabalhando em seu relatório de balanço anual.

E do estagiário gracinha, que todos os dias é atacado pelo chefe em sua sala do escritório. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Feliz Natal e até o ano que vem!


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