1. Spirit Fanfics >
  2. Detetive >
  3. Capítulo II

História Detetive - Capítulo II


Escrita por: cabeyojaureg

Notas do Autor


Aproveitando que ontem/hoje foi/ é aniversario da lauren, e porque estou sofrendo ali esperando texto da camila, vamos lá.

Capítulo 3 - Capítulo II


 

 

 

Embora nunca tivesse conhecido uma ladra com olhos tão meigos e adoráveis, Lauren resistiu mais uma vez ao impulso de consolar Camila pela perda da mochila. A prioridade, agora, era recuperar o projeto M23 para Ally.

                    

— Pode descrever o garoto? — ela perguntou ao caixa, com o tom de voz habitual dos policiais.

 

— Era oriental — respondeu o caixa, esforçando-se para se lembrar da aparência do garoto —, de uns quinze ou dezesseis anos, usava jeans, camiseta e uma jaqueta com as mangas cortadas. Um garoto de rua como tantos.

 

— Reparou para que lado ele foi?

 

— Não, não me lembro. Quer que eu chame a polícia?

 

— Não! — responderam simultaneamente Lauren e Camila.

 

— Não é tão importante — continuou Camila, com voz amena. — Eu posso substituir os cheques de viagem, e o resto das coisas não era tão valioso, exceto para mim. Obrigada de qualquer forma.

 

— Perdeu alguma coisa de valor sentimental? — perguntou Lauren à medida que deixavam a farmácia, lutando contra a evidência de que havia roubado um projeto científico.

 

— Era algo muito pessoal, só isso. — Camila parou na esquina da farmácia. — Olha, Srta... nem mesmo sei seu nome.

 

— Lauren Jauregui.

 

— Srta. Jauregui.

 

— Lauren — ela a corrigiu.

 

— Lauren, aprecio seu interesse, mas tenho de voltar ao banco para resolver a situação dos cheques de viagem ainda hoje. Então, preciso me despedir agora. — Ela estendeu a mão.

 

Lauren ignorou o gesto e olhou para o relógio.

 

— São cinco para as cinco. Os bancos já fecharam.

 

— Oh, não! — ela exclamou, com um longo suspiro de desânimo. — Nem notei que era tão tarde. O que vou fazer agora?

 

Lauren percebeu que desconhecia o número de telefone, disponível vinte e quatro horas, para o qual se podia ligar e obter novos cheques. Ponderou também que seria mais útil para seu trabalho negar-lhe aquela informação.

 

— Pode jantar comigo — ela sugeriu.

 

Camila refreou a vontade de dizer-lhe o quanto aquela ideia parecia tola em meio àquela situação, mas, depois, ponderou que não era de todo uma má ideia, pois estava faminta, até a noite, e sem dinheiro para pagar uma refeição.

Entretanto, os conselhos de Nina, no sentido de nunca aceitar convite de estranhos, ficaram borbulhando em sua cabeça, e seu segundo pensamento foi recusar o convite. Contudo, ainda havia algo nos límpidos olhos verdes daquela mulher dizendo-lhe que podia confiar nela, que ela estava, de fato, preocupada com seu bem-estar.

 

— Vamos lá, Camila, diga sim — bajulou-a Lauren sentindo a indecisão.

 

— Não sei... — vacilou Camila, imaginando como Lauren sabia seu nome, já que não se lembrava de ter se apresentado.

 

— Conheço um restaurante de frutos do mar que dá vista para o parque. Eles têm uma comida excelente.

 

— Tudo bem! — ela concordou finalmente, apesar dos temores. — Estou faminta, sem casa e sem dinheiro no momento. Não tenho muita escolha.

 

— Deveria me dizer que aceita o convite porque não consegue resistir ao meu charme — Lauren retrucou, brincando enquanto pegava as sacolas com as compras. .

 

Camila apenas sorriu, concordando interiormente com o que Lauren acabara de dizer. De fato, a mulher era tão charmosa que ela até já se esquecera do roubo da mochila e de como Lauren sabia seu nome sem ela o haver dito. Naturalmente, os disquetes jamais poderiam ser substituídos. Para escrever o livro que planejava, teria, agora, de valer-se somente da memória, e não das notas e observações digitadas nos disquetes, mas ainda assim era possível.

 

— Meu carro está ali na esquina. Vamos guardar as sacolas no bagageiro e caminhar até o restaurante — sugeriu Lauren tirando-a do devaneio.

 

— Sim... — balbuciou Camila, irritada consigo mesma por ter se surpreendido, novamente, absorta em pensamentos. Nina já havia lhe chamado a atenção para o fato de que, fora de Easterwood, tal comportamento não era aceitável. Dissera-lhe isto quando a pegara, num almoço, de olhos fixos num queijo, a mente às voltas com a possibilidade de computar o peso atômico de um grão de pimenta.

 

Ao encarar Lauren outra vez, Camila sentiu uma estranha sensação de calor nunca antes experimentada, mas que, por instinto, reconheceu como sendo atração física. Teria Lauren sentido o mesmo quando a olhou?

A consciência daquele novo sentimento a tocou profundamente.

Lauren Jauregui a aceitara como uma mulher comum, e ela queria que as coisas continuassem assim. Precisava, portanto, manter a profissão em segredo. Tinha certeza de que a simples menção de "física nuclear" faria Lauren sair gritando pela noite afora.

Após deixarem as sacolas no carro e alcançarem o restaurante, uns lugares bem simples chamados Deke’s, tiveram a oportunidade de escolher a mesa à vontade, pois ainda era cedo para jantar, e o local se encontrava quase vazio. Lauren selecionou uma mesa, próxima à janela, de modo que pudessem contemplar a vista do parque enquanto o sol se punha.

O primeiro dia de primavera havia trazido bastante gente ao parque, formando grupos para ouvir um trio de jazz ou jogar beisebol.

 

Camila, entretanto, estava mais interessada na comida do que no panorama. Excitada com as novidades de seu novo estilo de vida, praticamente não comera nada desde que deixara Easterwood e, agora, encontrava-se faminta.

Analisando o cardápio, todavia, percebeu que, como na imobiliária, havia um número imenso de escolhas, muitas das quais desconhecia, e preferiu pedir a Lauren uma sugestão.

 

— Como primeiro prato, a sopa de mexilhões de Nova Inglaterra é indispensável, bem como o suco de laranja da casa.

 

A julgar pelo conhecimento que Lauren tinha das dúzias de pratos do cardápio, o Deke's devia ser um de seus restaurantes habituais. Com muita habilidade, ela descreveu as maravilhas de suas iguarias preferidas, deixando Camila com água na boca. Quando a sopa de mexilhões chegou, Camila pôde constatar o bom gosto de Lauren. O prato era delicioso, transbordando de creme e manteiga. Nada da cafeteria de Easterwood podia se comparar àquilo.

Sua acompanhante mostrou-se ainda mais notável que a comida, distraindo-a com piadas divertidas e assuntos variando dos melhores vinhos aos times de beisebol. Apesar de ela não entender nada do esporte, a conversa deixou-a surpreendentemente encantada, mesmo porque, se Lauren percebeu sua ignorância não fez comentário.

Quando o garçom trouxe o prato principal, Camila já se encontrava relaxada por completo, e, ao mesmo tempo, eufórica com as novidades de sua recém-conquistada liberdade. Embora esta lhe parecesse ameaçadora em certos aspectos, ela estava vivendo como uma pessoa normal, sem ninguém para agradar, a não ser a si mesma, sem ninguém a observá-la à espera de algum milagre.

Olhou pela janela e notou um grupo de adolescentes assistindo ao jogo de beisebol. Um deles carregava uma mochila parecida com a dela, o que a fez lembrar-se da imperdoável distração, diminuindo-lhe o entusiasmo por instantes. Como podia ter sido tão descuidada?

Ela observou o grupo de jovens mais atentamente, notando que todos usavam jaquetas com o nome Dawgs escrito nas costas. Eles riam muito e davam soquinhos nos braços uns dos outros numa manifestação de camaradagem que Camila nunca experimentara.

A imagem a fez recordar da infância solitária, imersa nos estudos. Mesmo quando ingressara na faculdade, nunca conseguira fazer amigos, tanto por incapacidade própria quanto porque os estudos intensivos não lhe deixavam muito tempo para o lazer.

Enquanto continuava observando os jovens; Camila percebeu que o garoto com a mochila era oriental, vestia jeans, camiseta e uma jaqueta sem mangas, e que a mochila não se assemelhava apenas à dela...

Por sua vez, Lauren, que parara de falar ao notar o quanto Camila estava desatenta, decidiu tocar-lhe o braço para trazê-la de volta à realidade. Camila se sobressaltou e a encarou de olhos arregalados.

 

— Você não comeu muito... — Lauren começou a dizer mas Camila interrompeu.

 

— Aquela é a minha mochila! — ela anunciou, apontando para a janela, e, antes mesmo que Lauren pudesse reagir, ergueu-se da cadeira e partiu desabalada porta afora.

 

— Camila, espera! — Lauren gritou inutilmente. Então, praguejando baixinho, ergueu-se também, jogando dinheiro suficiente sobre a mesa para cobrir a conta e disparou atrás dela, não sem antes lançar um olhar tristonho para o bacalhau assado que teve de deixar praticamente intacto.

Embora Camila tivesse uma boa dianteira sobre Taylor, os sapatos de salto altos não lhe permitiam correr muito, e logo a detetive ficou prestes a alcançá-la, só sendo detida pela lamentável interferência de um imenso caminhão, que a interceptou antes que atravessasse a rua. Depois da passagem do pesado veículo, em meio a uma cortina de fumaça, Lauren pôde ver Camila se aproximando de uma gangue de adolescentes, de aspecto violento, que reconheceu como sendo os Dawgs.

Apesar de Boston não presenciar as conhecidas guerras entre quadrilhas que

atormentavam outras cidades, os Dawgs eram conhecidos da polícia local, por pequenas contravenções e, em alguns casos, inclusive por delitos mais graves.

 Alguns dos vizinhos da própria Lauren já se haviam visto às voltas com a gangue.

Camila, todavia, não devia conhecer tais fatos, nem parecia ligar para a aparência dos

garotos que a circundaram assim que se aproximou.

Quando Lauren finalmente alcançou o grupo, ela dava a impressão de estar negociando com os delinquentes.

 A chegada da detetive, porém, espantou os garotos, que se dispersaram com rapidez, com Camila no encalço do que lhe carregara a mochila.

Para conseguir detê-la, Lauren segurou-a pelos ombros, esbravejando.

 

— Você está louca? Pode se matar!

 

— Solte-me! — Camila exigiu enquanto via o garoto partir. — Estou atrás da mochila.

 

— Fique aqui. Eu pegarei o garoto — ordenou Lauren, questionando a própria sanidade pela decisão temerária. Sozinha e desarmada, era tão indefesa, diante de um daqueles delinquentes, quanto Camila.

 

O garoto era veloz, mas Lauren, um pouco mais alta e de pernas longas, cedo diminuiu consideravelmente a distância entre eles. Na correria, cruzaram o parque, a rua Charles e entraram no Jardim Público, quando o jovem começou a dar sinais de cansaço. A detetive, então, feliz por ter mantido os exercícios físicos depois de haver se afastado da polícia, gritou para o adolescente, que já podia ouvi-la.

 .

— Pare! Polícia!

 

Em seguida, lamentou aquele chamamento que a força do hábito o levara a proferir,

embora, de qualquer forma, o garoto houvesse diminuído o passo, até parar' atrás de uma árvore para encará-lo.

 

— O que você quer, cara? — ele gritou. — Não fiz nada.

 

— Não quero discutir com você — retrucou a detetive com cautela, colocando as mãos na cintura para mostrar que estava desarmada. — Só quero a mochila. — Ela parou quando avistou o brilho de uma lâmina nas mãos do jovem.

 

— Para quê? — ele exigiu, protegendo a mochila. — Ela é minha. Não se aproxime mais.

 

— Fique calmo — retrucou Lauren. — Compro a mochila de você, e você ainda pode ficar com ela. Só quero o conteúdo.

 

— Você tem dinheiro com você?

 

— Não — respondeu Lauren enfaticamente ao perceber a chegada de outros membros da gangue, vindos não se sabia de onde, todos armados com facas.

 

— Ela disse que é tira — disse o garoto da mochila aos outros.

 

— Não parece uma — replicou outro Dawg, alto, de cabelo loiro esbranquiçado e perigosos olhos negros, balançando a faca bem perto do rosto de Lauren. — Não tem arma nem distintivo.

 

A detetive ficou imóvel como pedra.

 

— Olhe, nunca briguei com os Dawgs e não quero brigar agora — ela respondeu enquanto via um "flash" azul e laranja atrás de um arbusto. Camila! Que diabo ela podia estar fazendo ali?

 

— Parece que você já começou uma briga, perseguindo um jovem inocente pelo parque — retrucou o garoto loiro.

 

— Ei, cara! — disse outro dos Dawgs — Melhor a gente ir antes que alguém saia ferido. Se a mulher for tira, pode mandar os amigos dela atrás de nós.

 

Os demais concordaram com o pronunciamento e, entre murmúrios e acenos de cabeça, guardaram as facas e desapareceram, com exceção do loiro que continuou pairando em volta de Lauren, ostentando a faca e rindo cinicamente.

A detetive sabia que podia desarmar o pivete, mas preferia não antagonizar um membro dos Dawgs. Não queria passar as próximas semanas com medo de uma vingança. Preferia esperar que o garoto se cansasse, como já dava sinais de fazê-lo, fechasse a faca e sumisse na escuridão.

Entretanto, não houve tempo para tal. Um facho de neon pulou dos arbustos e atingiu o rapaz na cabeça com o salto do sapato.

 

— Ai! — ele gemeu, virando-se para ver quem o atingira.

 

Lauren, então, não teve outra alternativa senão agarrar-lhe o pulso e tirar-lhe a faca.

 

— Suma antes que ela decida atacá-lo de novo — ele esbravejou para o garoto. Confuso, o delinquente hesitou por instantes, esfregou a cabeça e partiu, esperançoso de que os companheiros não houvessem presenciado aquela indignidade.

 

— Você está bem? — perguntou Camila, ainda segurando o sapato em uma das mãos e o chapéu azul em outra. Se não fosse o olhar de sincera preocupação nos olhos da moça, Lauren teria lhe torcido o pescoço.

 

— Ainda viva, embora não graças a você — ela retrucou enquanto fechava a faca e caminhava de volta para a rua Charles.

 

— O que quer dizer? — Camila a seguiu; saltitando até conseguir recolocar o sapato. — Se eu não o tivesse seguido...

 

— Tudo teria saído bem — Lauren a interrompeu. — O garoto estava prestes a ir embora quando você saltou dos arbustos como a Mulher Maravilha. Agora, fizemos um inimigo.

 

— Em primeiro lugar; não lhe pedi para correr atrás dele — respondeu Camila. — Por que o fez?

 

 

 

— Se não o tivesse feito, você o faria, e os Dawgs a transformariam em picadinho.

 

— Eu estava levando as coisas muito bem até que você apareceu e os assustou — ela replicou calmamente. — Estava negociando com eles, oferecendo uma recompensa pela mochila. Agora nunca mais a recuperarei.

 

— Picadinho — Lauren repetiu. — Além disso, não se negocia com os Dawgs.

 

Um silêncio embaraçado se abateu sobre eles enquanto caminhavam de volta ao carro de Lauren. Camila culpava-se mentalmente por ter estragado a noite com seu temperamento impulsivo. Agora jamais saberia no que o relacionamento entre as duas poderia dar, pois na primeira oportunidade, provavelmente Lauren trataria de livrar-se dela por considerá-la maluca.

De qualquer forma, aquela mulher arriscara a vida por ela. Devia nutrir-lhe ainda alguns sentimentos positivos. Ou não? Por que, então, perseguira o rapaz de forma tão implacável, e ainda oferecera dinheiro pela mochila? Fora só por ela?

 

— Você é realmente uma policial? — Camila indagou, tentando desanuviar o ambiente. —, Não me disse no que trabalha.

 

— Costumava ser — ela respondeu de forma evasiva.

 

— O que faz agora?

 

— Estou à deriva — replicou Lauren, com uma ponta de tristeza que fez Camila imaginar-lhe as razões de ter abandonado a polícia. Todavia, mesmo com precários conhecimentos do convívio social, ela não teve dificuldade de perceber que não devia perguntar mais sobre o assunto.

 

— Está procurando por algum tipo específico de trabalho?

 

Lauren deu de ombros.

 

— Estou tentando imaginar o quê.

 

— Talvez eu possa ajudá-la — Camila respondeu, tentando consertar os erros anteriores. — Sou boa ouvinte. Podemos tomar um whisky e conversar.

 

Lauren considerou a oferta de Camila, a primeira que de fato a havia tentado, entre as muitas recebidas de sua mãe, do psiquiatra da polícia e até do barman do "pub" próximo de seu apartamento. Entretanto, sabia que não deveria esticar seu relacionamento com a moça agora que ela perdera a mochila com o precioso M23. Tinha outras providências a tomar, se ainda quisesse recuperar o projeto. A presença de Camila só iria estorvá-la. O melhor a fazer era descobrir onde Camila ficaria hospedada e informar a Ally, que poderia contatá-la se quisesse.

 

— Melhor eu deixá-la no hotel — ela sugeriu.

 

— Prefiro caminhar — Camila respondeu calmamente.

 

— Não seja tola. Não me custa deixá-la no hotel.

 

— Não, obrigada — ela replicou com firmeza.

 

 

Com um misto de remorso e irritação, Lauren compreendeu que, se ela insistisse em caminhar até o hotel, teria de segui-la em outra oportunidade.

 

— Não se esqueça das sacolas no bagageiro do carro — Lauren a advertiu.

 

A caminhada até o carro se deu em meio a um silêncio pesado.

Lauren sentia que havia estragado algo importante, mas não tinha como consertá-lo.

Quando alcançaram o veículo, ela abriu o porta-malas e lhe devolveu as sacolas.

 

— Camila...

 

— Lauren...

 

Elas falaram simultaneamente, pararam e riram uma para a outra.

 

— Lamento ter estragado o jantar — Camila disse cabisbaixa.

 

— Não o estragou, exatamente. Na verdade, achei a tarde bem... interessante.

 

— Sem dúvida. Arriscar a vida é bem mais interessante do que saborear um prato de sopa de mexilhões.

 

Lauren deu uma gargalhada, apreciando-lhe o senso de humor. Gostava dela também, mais do que devia. Tanto que, quando ela tentou acenar-lhe um adeuzinho, por entre a alça da sacola, ela impulsivamente lhe tomou a mão.

 

— Sem ressentimentos? — ela perguntou.

 

Em resposta, Lauren a puxou para si e a beijou nos lábios. Não que houvesse premeditado tal coisa. Simplesmente acontecera.

Quando Camila a fitou, com olhos arregalados, aproveitou-se de sua imobilidade e a beijou de novo, sendo, desta vez, correspondido em seu ardor.

Camila deixou cair as sacolas e abraçou Lauren com paixão, enquanto a mesma lhe acariciava o cabelo até derrubar-lhe o chapéu.

Lauren sentia como se tivesse nascido para aquele momento.

Apenas a buzina de um carro que passava conseguiu tirá-las do enlevo.

Desvencilhando-se dos braços da detetive, Camila a olhou espantada, pegou as sacolas e partiu em seguida, com a empáfia de uma princesa, enquanto exclamava.

 

— Santa Mãe de Deus!

 

— Você é cheia de surpresas, não é Camila? — Lauren murmurou, lutando para não chamá-la de volta.

 

Aquele beijo inesperado a afetara mais do que ousava admitir.

Traçando, mentalmente, um mapa da trajetória que Camila deveria seguir, Lauren se apressou em pagar o parquímetro e saiu no encalço de Camila, mantendo, desta vez, uma distância bem maior do que na primeira oportunidade.

Ela dobrou uma esquina e sumiu de vista por quase um minuto. Ao dobrar a esquina também Lauren demorou uns momentos para divisá-la novamente. Quando conseguiu, Camila estava sentada na soleira de uma porta, parecendo uma jovem e sofisticada pedinte.

 

 

De repente, ocorreu a Lauren que o pagamento do quarto que Camila havia ocupado pela manhã devia ter vencido e que, agora, sem dinheiro, ela não tinha para onde ir.

Não importava que crime havia cometido, não podia deixá-la ali à mercê dos marginais da cidade em plena noite. Estacionando no meio-fio, baixou o vidro do carro do lado do passageiro e gritou:

 

— Ei senhorita, procurando um pouco de diversão?

 

Camila recuou, sobressaltada, um frio percorrendo-lhe a espinha até que ergueu a cabeça e identificou Lauren.

De qualquer forma, vê-la de novo também não era nada alentador. O beijo de há pouco e o desejo que as unira era por demais intimidantes.

Não tinha ideia de que podia sentir tais coisas por uma mulher.

Todavia, cinco minutos contemplando a noite fria, na soleira daquela porta fizeram-na entender que não tinha muita escolha a não ser atendê-la.

Inclinando-se sobre o vidro entreaberto, respondeu no mesmo tom de brincadeira, surpresa de ver-se tão à vontade naquele tipo de conversa.

 

— Você está oferecendo diversão?

 

O rosto de Lauren ficou sério.

 

— Você não tem como pagar o hotel, não é?

 

Camila concordou com um aceno de cabeça.

 

— Então entre — ela ordenou. — Seu instinto de sobrevivência não é nada bom de fato.

 

Camila abriu a porta, depositou as sacolas no banco de trás e, em seguida, acomodou-se adequadamente.

 

— Engraçado. Ally costumava me dizer a mesma coisa o tempo todo.

 

— Não é para menos.

 

Camila não se incomodou de responder à critica, pois a considerava pertinente de qualquer forma. Tentando ser o mais objetiva possível, disse.

 

— Acho que pretende me emprestar dinheiro para o hotel. Eu lhe agradeço. Não precisa ser nada luxuoso. Lhe pago amanhã.

 

— Não vou levá-la para nenhum hotel. Você vai para casa comigo.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...