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História Deuses e Semideuses Lendo Momentos Percabeth - O Cão De Três Cabeças!


Escrita por: beta_linda1

Notas do Autor


Finalmente atualizei mais cedo, espero que gostem do capítulo de hoje!
Boa Leitura!

Capítulo 8 - O Cão De Três Cabeças!


 

Ártemis estava com o livro em mãos totalmente ansiosa para lê-lo, mas antes que pudesse abrir o mesmo para realizar seu desejo, um clarão invadiu o pavilhão assustando a todos. Os campistas se colocaram de pé e sacaram suas armas, prontos para se defenderem de um ataque inimigo; os Deuses seguiram o mesmo exemplo, se puseram de pé prontos para qualquer surpresa indevida. 

  

Os esforços foram inúteis já que não se tratava de um ataque, era apenas um novo envelope, mas dessa vez sem a presença de outros livros. Quíron se adiantou e pegou o envelope com certo receio, o abriu sob o olhar atentos de todos, ao ler o conteúdo da carta sorriu abertamente. 

  

– O que tem escrito aí? – Percy perguntou desconfiado, algo em seu interior lhe dizia que tinha alguma coisa a ver com ele. 

  

– Deve ser algo importante, já que ele está tão sorridente. – Grover comentou sem entender muito bem o que estava acontecendo. 

  

– Uma mensagem do futuro para todos nós. – Quíron respondeu exibindo uma aura mais animada do que antes. – Parece que em breve vamos receber visitas inesperadas do futuro. 

  

– Visitas? – Zeus questionou confuso. 

  

– Sim, os semideuses do futuro também foram afetados com esse feitiço estranho lançado sobre nós. – Quíron explicou tendo a atenção de todos. – Em breve caras conhecidas, porém um pouco mais maduras irão aparecer por aqui. 

  

– Quer dizer que vamos ver os nossos filhos no futuro? – Hades perguntou se demonstrando curioso, sem notar que Atena lhe lançou um olhar desconfiado. 

  

– Sim, pelo menos os que sobreviveram. – Quíron retrucou deixando o clima um pouco pesado. 

  

Poseidon que antes tinha ficado extremamente feliz, agora estava desolado em seu trono, seu filho preferido não teria idade suficiente para ser enviado do futuro, estaria morto antes mesmo de ser um homem feito. 

  

– Estou curioso para ver a nossa versão futura. – Percy comentou animado, deixando o pai ainda mais triste. – Quando eles vão chegar? 

  

– A carta não mencionou, ou seja, eles vão chegar na hora que bem entenderem. – Quíron concluiu. – Por enquanto, vamos continuar com a leitura. Prosiga Lady Ártemis. 

  

Ártemis abriu o livro novamente e começou a ler quando todos já estavam sentados novamente, apesar de muito agitados com a novidade, principalmente o trio principal que queriam saber um pouco mais de suas aventuras. Percy queria saber se iriam conseguir deter Cronos e o seu exército; Grover queria saber se encontraria Pã; Annabeth queria saber como o seu relacionamento com Percy irá se desenvolver ao longo dos livros e se conseguiria salvar o seu amigo Luke. 

  

– O mundo dos mortos. – Ártemis leu rapidamente. – Esse vai ser divertido. 

  

– Ainda não acredito que vocês conseguiram entrar no meu mundo. – Hades murmurou irritado. 

  

– Um conselho, melhore as condições de trabalho do Caronte ou procure outro porteiro defunto menos influenciável. – Percy falou com uma sinceridade que deixou todos de boca aberta. 

  

– Talvez eu siga seu conselho. – Hades falou contragosto. 

  

Estávamos nas sombras da Valência Boulevard, olhando para as letras douradas gravadas no mármore negro: ESTÚDIOS DE GRAVAÇÃO M.A.C. 

Embaixo, impresso nas portas de vidro, PROIBIDA A ENTRADA DE ADVOGADOS, VAGABUNDOS E VIVENTES. 

  

– Bom, ele deixa bem claro que não aceita qualquer um. – Travis comentou, quando todos encararam o Deus do Submundo. 

  

– Sou um Deus que não gosta de enrolação. – Hades explicou. – Por isso odeio profecias e tudo que descende delas. 

  

– Ei! Eu ainda não me esqueci do que você fez ao meu oráculo. – Apolo grunhiu com raiva, sendo contido pela sua irmã que lhe deu uma livrada na sua  cabeça. 

  

Hades deu de ombros 

  

– O que o meu tio fez ao Deus Apolo? – Percy perguntou a Annabeth. 

  

– Eu te explico depois, é muito complicado. – Annabeth respondeu desconfortável, já que nem mesmo ela conhecia toda a história por trás da maldição que Hades lançou na pobre Oráculo. 

  

Já era quase meia-noite, mas o saguão estava iluminado e cheio de gente. Atrás do balcão da segurança estava sentado um guarda de aparência agressiva, com óculos escuros e um fone de ouvidos. 

Virei-me para meus amigos. 

 

– Certo. Vocês se lembram do plano. 

  

– Um péssimo plano, só para ressaltar. – Annabeth falou arrancando algumas risadas. 

  

– Eu não tenho culpa, você é mais inteligente de nós dois. – Percy falou deixando a garota corada. – Sem você estaríamos perdidos e aliás a ideia foi do Grover. 

  

– O que torna a situação pior ainda. – Annabeth retrucou. 

  

– Só para constar, eu estou ouvindo. – Grover falou em tom irônico. 

  

– O plano – Grover engoliu seco. – Isso. Adoro o plano. 

  

– Mais um motivo para não termos realizado o plano. – Annabeth falou desesperada. 

  

– O importante é que deu certo. 

  

Annabeth disse: 

 

– O que vai acontecer se o plano não funcionar? 

 

– Sem pensamentos negativos. 

 

– Certo – disse ela. – Estamos entrando na Terra dos Mortos e eu não devo ter pensamentos negativos. 

  

– Não estava achando que era muito bom entrar na terra do mortos, pensando na nossa evidente morte. – Percy falou percebendo que estava sendo encarado. – Afinal, pensamentos negativos atraem coisas ruins. 

  

– Tenho que concordar dessa vez com ele. – Malcom falou a contragosto. 

  

– Entrar em uma batalha sendo pessimista, não é algo muito aconselhável. – Poseidon concordou. 

  

– Ser idealista e ir contra os fatos, também não é algo aconselhável. – Atena retrucou contrariada. 

  

Ártemis voltou a ler, antes que eles se matassem. 

  

Tirei as pérolas do bolso, as três esferas cor de leite que a nereida me dera em Santa Monica. Elas não pareciam um recurso para o caso de algo dar errado. 

 

Annabeth pôs a mão em meu ombro.

 

– Desculpe, Percy. Você tem razão, vamos conseguir. Vai dar tudo certo. 

  

– Esse é o espírito! – Charles exclamou.  

  

Ela deu uma cutucada em Grover. 

– Ah, está certo! – concordou ele. – Chegamos até aqui. Vamos encontrar o raio-mestre e salvar sua mãe. Sem problemas. 

  

Olhei para os dois e me senti realmente grato. Alguns minutos antes, eu quase os tinha feito ser esticados até a morte em camas d’água de luxo, e agora eles tentavam bancar os corajosos por minha causa, tentavam fazer com que me sentisse melhor. 

  

– Somos amigos, quer dizer pelo menos nós dois, jamais te deixaremos na mão. – Grover falou dando um tapinha no ombro do garoto. 

  

– Vamos todos ficar juntos, cabeça de algas. – Annabeth falou ignorando o tom sugestivo que Grover utilizou. 

  

Enfiei as pérolas de volta no bolso.

 

– Vamos chutar alguns traseiros no Mundo Inferior.

 

Entramos no saguão do M.A.C.

 

Alto-falantes embutidos tocavam uma música ambiente suave. O carpete e as paredes eram cinza-chumbo. Cactos cresciam nos cantos como mãos de esqueletos. Os móveis eram de couro preto, e todos os assentos estavam ocupados. Havia gente sentada em sofás, gente em pé, gente olhando pela janela ou aguardando o elevador. 

 

Ninguém se mexia, nem falava, não faziam nada. Com o canto do olho, eu podia vê-los muito bem, mas, se me concentrasse em qualquer um em particular, eles começavam a parecer... transparentes. Dava para ver através dos seus corpos. 

  

– Eles estão mortos, o que você queria? – Hades perguntou irritado. 

  

– Não sei, talvez algo mais assustador. – Percy respondeu dando de ombros. – Afinal os mortais retratam os mortos de maneira bem nojenta. 

  

– Os mortais tem uma imaginação muito fértil. – Hades explicou dando total atenção ao sobrinho, deixando todos surpresos. 

  

O balcão da segurança ficava em cima de um degrau, portanto tínhamos de olhar para o alto para falar com o guarda. 

 

Ele era alto e elegante, com pele na cor de chocolate e cabelo tingido de loiro, cortado em estilo militar. Usava armação de tartaruga e um terno de seda italiano que combinava com o cabelo. Uma rosa negra estava presa à lapela, embaixo de um crachá de prata. 

 

Li o nome no crachá e olhei para ele perplexo. 

 

– Seu nome é Quíron? 

  

Quíron se remexeu desconfortável sob as suas patas, não gostava nem um pouco de ser confundido com aquele cara dos mortos. 

  

Todos riram da estupidez do garoto. 

  

– Ainda não acredito que você fez isso. – Annabeth falou em tom desgostoso. 

  

– Eu não tenho culpa se a minha  dislexia é pior do que a sua. – Percy retrucou. – Mas tenho que afirmar que o Quíron é mil vezes mais legal que aquele cara. 

  

Ele se inclinou por cima da mesa. Não consegui ver nada em seus óculos exceto meu próprio reflexo, mas seu sorriso era doce e frio, como o de uma jiboia exatamente antes de devorar você. 

  

– Que rapaz mais engraçadinho. – Ele tinha um sotaque estranho... inglês, talvez, mas como se tivesse aprendido inglês como segunda língua. – Diga-me, parceiro, eu pareço um centauro? 

  

Quíron bufou irritado. 

  

– N-não. 

  

– Senhor – acrescentou ele suavemente. 

  

– Senhor – falei. 

  

– Foi nesse momento que decidi que odeio esse cara. – Percy falou arrancando algumas risadas. – Como se ele merecesse ser chamado de senhor. 

 

Poseidon não sabia se ria da revolta do filho ou se irritava pelo jeito petulante do porteiro do sei irmão.

  

Ele segurou o crachá e correu o dedo embaixo das letras. 

 

– Consegue ler isto, parceiro? Aqui diz C-A-R-O-N-T-E. Diga comigo: CA-RON-TE. 

  

– Caronte. 

  

– Fantástico! Agora: senhor Caronte. 

  

Senhor Caronte – disse eu. 

  

– Se eu não tivesse uma missão para realizar...

  

– Muito bem. – Ele se recostou. – Detesto ser confundido com aquele homem-cavalo. E agora, como posso ajudá-los, pequenos defuntos? 

  

– Não devia dizer isso, mas não gosto nenhum pouco de Caronte. – Quíron falou visivelmente irritado. 

  

A pergunta dele me acertou o estômago como uma bola de beisebol. Olhei para Annabeth em busca de ajuda. 

  

 – Annabeth salva vidas. – Connos brincou, 

  

– Queremos ir para o Mundo Inferior – disse ela. 

  

– Bem direta você, hem? – Travis comentou embasbacado.

  

A boca de Caronte repuxou-se. 

  

– Bem, isso é revigorante. 

  

– Eu não acho. – Um campista comentou.

  

– É mesmo? – perguntou ela. 

  

– Direto e honesto. Sem gritos. Sem "Deve haver algum engano, Sr. Caronte". – Ele nos olhou de cima a baixo. – Então, como vocês morreram? 

  

Cutuquei Grover. 

  

– Péssima ideia. – Dionísio falou assustando algumas pessoas. – O sátiro não sabe mentir. 

  

– Ah – disse ele. – Ahn... afogados... na banheira. 

  

Todos começaram a rir loucamente. 

  

– Eu não acredito que ele caiu nessa. – Zeus falou quando se recuperou. 

  

– Os três? – perguntou Caronte. 

  

Nós assentimos. 

  

– Que banheira grande. – Caronte pareceu levemente impressionado. 

  

– Ele caiu! – Hades falou devastado. 

  

– Suponho que vocês não têm moedas para passagem. Com adultos, vocês sabem, eu poderia debitar no cartão de crédito, ou acrescentar o preço da travessia na sua última conta de telefone. Mas com crianças... infelizmente, vocês nunca morrem preparadas. Acho que terão de ficar sentados por alguns séculos. 

  

– A partir de hoje sempre vou andar com uma moeda no bolso. – Silena falou sentindo um arrepio repentino. 

 

– Eu também, tenho pena desses que ficaram presos. – Charles concordou. 

  

– Ah, mas nós temos moedas. – Pus três dracmas de ouro sobre o balcão, parte da provisão que eu encontrara na mesa do escritório de Crosta. 

  

– Ora vejam... – Caronte umedeceu os lábios. – Dracmas de verdade. Não vejo uma dessas faz… 

  

– Interreseiro. – Perséfone comentou risonha, enquanto seu marido xingava de maneira descarada. 

  

Seus dedos pairaram avidamente sobre as moedas. Estávamos muito perto. 

  

Então Caronte me olhou. O olhar frio atrás dos óculos pareceu abrir um buraco em meu peito. 

  

– Mas você não conseguiu ler meu nome direito. Você é disléxico, rapaz? 

 

– Não. Sou um morto. 

 

Todos voltaram a rir com a burrice do garoto.

 

– Sério que você tinha que falar isso? – Atena perguntou indignada.

 

– Caronte não era burro, ele sabia muito bem que éramos semideuses vivos, ele só queria nos amendrontar e roubar o nosso dinheiro. – Percy explicou atraindo diversos olhares. – Não estava com paciência para tentar ser cordial, tínhamos uma guerra para evitar e ele estava claramente nos atrasando com um pergunta com resposta óbvia.

 

– Desde quando você se tornou tão observador? – Grover perguntou de boca aberta.

 

– Eu sempre fui, mas prefiro confiar nos planos de Annabeth em primeiro lugar. – Percy respondeu deixando todos surpresos. – O que foi?

 

– Você prefere seguir os meus planos a seguir o seu instinto? – Annabeth perguntou incrédula.

 

– Sim. – Percy respondeu simplista. –  Você é a mais inteligente do nosso trio, colocaria minhas mãos no fogo por você.

 

– Que declaração linda! – Afrodite gritou juntamente com as suas filhas, até mesmo Silena estava deixando aflorar o seu lado ultra romântico.

 

Quando Percy se deu conta do que falou, ficou envergonhado no mesmo momento, mas para a sua surpresa ganhou um beijo de uma Annie muito vermelha.

 

– Eu não acredito que a minha filha está tornando uma boba apaixonada. – Atena resmungou irritada.

 

– Não te entendo Atena, o garoto até agora não fez nada contra a sua filha, aliás é muito leal em sua palavra. – Héstia interviu pelo garoto que tinha caído em sua adoração.

 

– É só questão de tempo para o gene safados de Poseidon aparecerem, o garoto quando crescer ficará ainda mais parecido com o pai, quando perceber irá ficar com qualquer mulher que aparecer na sua frente e a minha filha irá ficar como Hera e Anfitrite. – Atena retrucou pesarosa.

 

– Dúvido muito, Percy me parece um homem digno, até mesmo Ártemis está começando a rever os seus conceitos. – Héstia argumentou.

 

– Vou continuar com a leitura. – Ártemis falou interrompendo aquela situação melodramática e fugindo de admitir que estava começando a admirar o garoto.

  

Caronte inclinou-se para a frente e deu uma cheirada. 

 

– Você não está morto. Eu devia saber. É um filhote de deus. 

 

– O meu filhote. – Poseidon falou orgulhoso.

 

– Temos de chegar ao Mundo Inferior – insisti. 

 

Caronte rosnou no fundo da garganta. 

 

No mesmo instante, todas as pessoas na sala de espera se levantaram e começaram a andar de um lado para outro, agitadas, acendendo cigarros, passando as mãos pelos cabelos ou olhando para os relógios de pulso.

 

– Vão embora enquanto podem – disse-nos Caronte. – Vou ficar com estas moedas e esquecer que os vi. 

 

– Como se eu fosse deixar. – Percy retrucou.

 

Ele começou a esticar a mão para as moedas, mas eu as puxei de volta. 

 

– Sem serviço, sem gorjeta. – Tentei parecer mais valente do que me sentia. Caronte rosnou de novo – um som profundo, de gelar sangue. Os espíritos dos mortos começaram a bater nas portas do elevador. 

 

– É uma estratégia inteligente, usar o defeito dele contra ele. – Zeus elogiou.

 

– Na verdade, isso deixou ele ainda mais interesseiro. – Hades resmungou em seu trono, sendo consolado por sua mulher.

 

– É uma pena – suspirei. – Tínhamos mais para oferecer. 

 

– Percy, você está ganhando o meu respeito. – Travis comentou orgulhoso.

 

– Está seguindo direitinho as regras da cabana de Hermes. – Connor concluiu sendo apoiado pelo irmão.

 

– Queria que fosse o meu filho. – Hermes falou olhando para o garoto.

 

– Prefiro o meu pai mesmo. – Percy recusou rapidamente.

 

– É isso ai! – Poseidon comemorou.

 

Ergui a sacola inteira com o tesouro de Crosta. Tirei um punhado de dracmas e deixei as moedas escorregarem entre os dedos. O rosnado de Caronte se transformou em algo mais parecido com um ronronar de leão. 

 

– Acha que pode me comprar, filhote de deus? Ahn... curiosidade, quanto você tem aí? 

 

– Ele já comprou. – Apolo falou risonho.

 

– Muito – falei. – Aposto que Hades não lhe paga o bastante por um trabalho tão duro. 

 

– Ah, você não sabe nem da metade. Iria gostar de ser babá desses espíritos o dia inteiro? Sempre com "Por favor, não me deixe ficar morto" ou "Por favor, deixe-me atravessar de graça”. Não tenho um aumento há três mil anos. Acha que ternos como este custam barato?

 

– Eu não aguento mais ele falando nesses malditos ternos. – Hades esbravejou ainda mais irritado.

 

– Você merece coisa melhor – concordei. – Algum reconhecimento. Respeito. Bom salário.

 

– Isso só vai piorar o jeito dele. – Hades reclamou olhando para o sobrinho.

 

– Me desculpe, mas devido a minha situação não podia me dar ao luxo de deixar uma chance dessa passar. – Percy se explicou arrancando algumas risadas.

 

– Quando for lá novamente, fala que é meu convidado, me poupará de ter que ouvir as reclamações de Caronte. – Hades falou deixando os Deuses surpresos. – O que foi? Eu tenho um péssimo pressentimento que essa não foi a primeira visita.

 

Poseidon bufou em seu trono, quando seu filho iria conhecer o seu palácio?

 

A cada palavra, eu empilhava outra moeda de ouro no balcão. Caronte baixou os olhos para o paletó de seda italiana, como se estivesse se imaginando com algo ainda melhor. 

 

– Devo dizer, rapaz, que a gente está começando a falar a mesma língua. Um pouco. 

 

Empilhei mais algumas moedas.

 

– Eu poderia mencionar um aumento de salário quando estiver falando com Hades. 

 

– Você não fez isso? – Charles perguntou.

 

– Ele fez. – Annabeth respondeu por Percy, dando um beliscão no mesmo.

 

– Me enfrentou no meu próprio reino. – Hades falou colocando as mãos na cabeça.

 

Ele suspirou. 

 

– Bem, o barco já está quase cheio. Poderia muito bem encaixar vocês três e zarpar. 

 

Ele se pôs de pé, pegou nosso dinheiro e disse: 

 

– Venham comigo. 

 

Abrimos caminho entre a multidão de espíritos que aguardavam, os quais começaram a puxar nossas roupas como o vento, as vozes sussurrando coisas que eu não podia distinguir. Caronte empurrou-os do caminho, resmungando: 

 

– Parasitas. 

 

Ele nos escoltou até o elevador, que já estava apinhado de algumas dos mortos, todos segurando um cartão de embarque verde. Caronte agarrou dois espíritos que tentavam entrar conosco e os empurrou de volta para o saguão. 

 

– Muito bem. Agora, ninguém comece a ter ideias enquanto eu estiver fora – anunciou ele para a sala de espera. – E se alguém tirar minha estação de música de sintonia novamente, farei vocês ficarem aqui por outro milênio. Entendido? 

 

Ele fechou as portas. Enfiou um cartão-chave em uma fenda no painel do elevador e começamos a descer. 

 

– O que acontece com os espíritos que ficam esperando no saguão? – perguntou Annabeth. 

 

– Boa pergunta. – Malcom falou curioso.

 

– Nada – disse Caronte. 

 

– Por quanto tempo? 

 

– Para sempre, ou até eu me sentir generoso. 

 

– Ah – disse ela. – Isso é... justo. 

 

– Não tem nada de justo nisso. – Percy brandou ganhando o apoio dos campistas.

 

Caronte ergueu uma sobrancelha. 

 

– Quem disse que a morte era justa, mocinha? Espere até chegar a sua vez. Você vai morrer em pouco tempo, no lugar está indo. 

 

– Vamos sair vivos – falei. 

 

– Ah. 

 

Tive de repente uma sensação de vertigem. Não estávamos mais indo para baixo, mas para a frente. O ar ficou enevoado. Os espíritos à minha volta começaram a mudar de forma. Suas roupas modernas tremiam e se transformavam em mantos cinzentos com capuz. O piso do elevador começou a oscilar. 

 

Pisquei com força. Quando abri os olhos, o terno creme italiano de Caronte fora substituído por um longo manto negro. Seus óculos de tartaruga haviam desaparecido. Onde deviam estar os olhos havia órbitas vazias – como os olhos de Ares, só que os de Caronte eram totalmente escuros, repletos de noite, trevas e desespero. Ele me viu olhando e disse: 

 

– O quê? 

 

– Nada – consegui dizer. 

 

Achei que ele estivesse sorrindo, mas não era isso. A pele de seu rosto estava ficando transparente, deixando que eu visse até o crânio. 

 

O chão continuou oscilando. 

 

Grover disse: 

 

– Acho que estou ficando enjoado. 

 

– Todos nós estamos ficando enjoados. – Will falou ganhando um tom verde.

 

Quando pisquei de novo, o elevador não era mais um elevador. Estávamos dentro de uma barcaça de madeira. Caronte usava uma vara para nos mover ao longo de um rio escuro, cheio de óleo, com ossos, peixes mortos e outras coisas estranhas girando na superfície... bonecas de plástico, cravos esmagados, diplomas encharcados com bordas douradas. 

 

– O rio Styx – murmurou Annabeth. – É tão... 

 

– Poluído – disse Caronte. – Há milhares de anos vocês, seres humanos, quando o atravessam, jogam tudo nele... esperanças, sonhos, desejos que jamais se tornam realidade. Um modo irresponsável de tratar seu lixo, se querem saber. 

 

A névoa subia em espirais da água imunda. Acima de nós, quase perdido nas sombras, havia um teto de estalactites. A frente, a costa distante brilhava com uma luz esverdeada, a cor do veneno. 

O pânico obstruiu minha garganta. O que eu estava fazendo ali? Aquelas pessoas ao meu redor... estavam mortas. 

– Repito, o que você esperava?! – Malcom exclamou sendo ignorado por todos.

 

Annabeth agarrou minha mão. 

 

Todos assobiaram maliciosamente para dois jovens que apenas coraram e abaixaram a cabeça.

 

– Que lindos! – Afrodite exclamou.

 

Em circunstâncias normais, isso teria me embaraçado, mas entendi como ela se sentia. Queria se assegurar de que mais alguém estava vivo naquele barco. 

 

Percebi que eu murmurava uma oração, embora não soubesse bem para quem estava rezando. Ali embaixo só um deus importava, e era ele que eu fora confrontar. 

 

A praia do Mundo Inferior surgiu à vista. Rochas escarpadas e areia vulcânica negra se estendiam terra adentro por cerca de cem metros até um muro alto de pedra, que se prolongava para os lados até onde a vista podia alcançar. De algum lugar por perto nas sombras verdes, veio um som, reverberando nas pedras – o uivo de um grande animal. 

 

– O velho Três-Caras está com fome – disse Caronte. Seu sorriso se tornou esquelético à luz esverdeada. – Má sorte para vocês, filhotes de deuses. 

 

– Cérbero… – Alguém sussurrou.

 

O fundo do nosso barco deslizou sobre a areia preta. Os mortos começaram a desembarcar. Uma mulher segurando a mão de uma menininha. Um casal de idosos capengando lentamente, de braços. Um menino que não era mais velho que eu arrastava os pés em silêncio em seu manto cinzento. 

 

Caronte disse: 

 

– Eu lhe desejaria sorte, parceiro, mas isso não existe por aqui. Lembre-se, não deixe de mencionar meu aumento de salário. 

Ele contou nossas moedas de ouro em sua bolsa, depois a vara. 

 

Gorjeou algo que parecia uma canção de Barry Manilow enquanto empurrava a barcaça de volta através do rio. 

Seguimos os espíritos por um caminho já muito percorrido. 

  

Não sei muito bem o que estava esperando – os Portões do Céu, uma ponte levadiça grande e escura ou coisa assim. Mas a entrada para o Mundo Inferior parecia uma mistura de segurança de aeroporto com a autoestrada de New Jersey. 

 

Todos olharam para Hades que apenas deu de ombros.

 

– O que esperavam? O meu reino tem que estar bem organizado. – Hades explicou como se fosse óbvio.

 

Havia três entradas separadas embaixo de um enorme arco negro que dizia VOCÊ ESTÁ ENTRANDO EM ÉREBO. Em cada entrada havia um detector de metais com câmeras de segurança instaladas no alto. Depois disso, havia cabines de pedágio operadas por espíritos como Caronte. 

 

Os uivos de animal faminto eram agora muito altos, mas eu não conseguia ver de onde vinham. O cão de três cabeças, Cérbero, que deveria guardar a porta do Hades, não estava em lugar nenhum. 

Os mortos formaram três filas, duas identificadas como ATENDENTE DE SERVIÇO e uma como MORTE ESPRESSA. A fila MORTE EXPRESSA estava avançando sem parar. As outras duas se arrastavam. 

 

– O que você imagina? – perguntei a Annabeth. 

 

– A fila rápida deve ir diretamente para os Campos Asfódelos – disse ela. – Sem contestação. Eles não querem se arriscar ao julgamento do tribunal, porque pode ir contra eles. 

 

– Existe um tribunal para gente morta? 

 

– Sim. Três juízes. Eles se revezam na magistratura. O rei Minos, Thomas Jefferson, Shakespeare... pessoas assim. Às vezes olham para uma vida e concluem que aquela pessoa precisa de uma recompensa especial: os Campos Elísios. Às vezes decidem por um castigo. Mas a maioria das pessoas, bem, elas apenas viveram. Nada de especial, nem bom nem mau. Então vão para os Campos Asfódelos. 

 

– E fazem o quê? 

 

Grover disse: 

 

– Imagine-se em um campo de trigo no Kansas. Para sempre. 

 

– Dureza – disse eu. 

 

Os semideuses estremeceram.

 

– Não tanto quanto aquilo – murmurou Grover. – Olhe. 

 

Uma dupla de vultos de mantos negros havia puxado um espírito para o lado e o estava revistando junto à mesa da segurança. O rosto do morto parecia vagamente familiar. 

 

– Ele é o pregador que saiu no noticiário, está lembrado? – perguntou Grover. 

 

– Ah, sim – eu lembrava. Nós o tínhamos visto na tevê uma ou duas vezes no dormitório da Academia Yancy. Era um tele-evangelista chato do norte do estado de Nova York que arrecadara milhões de dólares para orfanatos e depois foi pego gastando o dinheiro em artigos para a sua mansão, como assentos de privada folheados a ouro e um campo de minigolfe. Morrera numa perseguição da polícia quando seu "Lamborghini abençoado" despencou de um penhasco. 

 

– O que estão fazendo com ele? – perguntei. 

 

– O castigo especial de Hades – adivinhou Grover. – As pessoas realmente más recebem atenção particular dele quando chegam. As Fúr... as Benevolentes vão preparar uma tortura para ele. 

 

Pensar nas Fúrias me fez estremecer. Percebi que naquele momento estava no território delas. A velha Sra. Dodds devia estar lambendo os beiços de expectativa. 

 

– Mas se ele é um pregador – falei – e acredita em um inferno diferente... 

 

Grover encolheu os ombros. 

 

– Quem disse que ele está vendo este lugar do mesmo modo que nós? Os seres humanos veem o que querem ver. Vocês são muito teimosos... ahn, persistentes, nisso. 

 

Chegamos mais perto dos portões. Os uivos ali eram tão altos que sacudiam o chão embaixo de meus pés, mas ainda assim eu não conseguia perceber de onde vinham. Então, cerca de quinze metros à nossa frente, a névoa verde tremulou. Exatamente no lugar onde o caminho se dividia em três estava um monstro enorme e indistinto. 

Eu não o tinha visto antes porque ele era meio transparente, como os mortos. Até se mexer, sua imagem se fundia com o quer que estivesse atrás dele. Somente os olhos e os dentes pareciam sólidos. Ele estava me encarando. 

 

Meu queixo caiu. Tudo o que pude pensar em dizer foi: 

 

– É um rottweiler. 

 

– O que?! – Todos exclamaram surpresos.

 

Sempre imaginara Cérbero como um grande mastim preto. 

 

– Eu também! – Charles exclamou sem acreditar.

 

Hades se divertia com a reação de todos.

 

Mas ele era obviamente um rottweiler de raça pura, a não ser, é claro, por ter duas vezes o tamanho de um mamute, ser quase invisível e ter três cabeças. 

 

Os mortos andavam na direção dele – sem nenhum medo. As filas das placas ATENDENTE EM SERVIÇO se separavam, cada uma para um lado do monstro. Os espíritos de MORTE EXPRESSA caminhavam direto por entre as patas da frente e por baixo da barriga, o que podiam fazer sem sequer se abaixar. 

 

– Estou começando a vê-lo melhor – murmurei. – Por que será? 

 

– Acho... – Annabeth umedeceu os lábios. – Sinto muito, mas acho que é porque estamos mais perto de ser pessoas mortas. 

 

– É uma boa teoria. – Will concordou. 

 

A cabeça do meio do cão se esticou em nossa direção. Ele farejou o ar e rosnou. 

 

– Ele consegue farejar os vivos – falei. 

 

– Mas está tudo bem – disse Grover, trêmulo ao meu lado. – Porque temos um plano. 

 

– Certo – disse Annabeth. Nunca tinha ouvido a voz dela soar tão baixa. – Um plano. 

 

Avançamos na direção do monstro. A cabeça do meio rosnou para nós, depois latiu tão alto que minhas pupilas chacoalharam.

 

– Você consegue entender? – perguntei a Grover. 

 

– Ah, sim – disse ele. – Eu consigo entender. 

 

– O que ele está dizendo? 

 

– Não acredito que os seres humanos possuam um palavrão tão grande assim. 

 

– Cachorro de boca suja. – Travis falou rindo como uma criança.

 

Peguei um pedaço de madeira que tinha na mochila – um pé de cama que eu tinha arrancado de um modelo em exposição de Crosta, a Safári Deluxe. Segurei-o no alto e tentei canalizar pensamentos caninos felizes para o Cérbero – comerciais de ração, cães engraçadinhos, postes. Tentei sorrir, como se não estivesse prestes a morrer. 

 

– Ei, garotão – gritei. – Aposto que eles não brincam muito com você aqui. 

 

"GRRRRRRRRRAUl" 

 

– Bom menino – falei, fraquejando. 

 

Acenei o bastão. A cabeça do meio do cão acompanhou o movimento. As outras duas fixaram os olhos em mim, ignorando completamente os espíritos. Eu tinha toda a atenção de Cérbero. Não sabia muito bem se isso era bom. 

 

– Vá buscar! – atirei o bastão para as sombras, um lançamento perfeito. Ouvi o tibum! no Estige. 

 

Cérbero me olhou, feroz, nada impressionado. Os olhos eram cheios de ódio e frios. Fim do plano. 

 

O monstro agora produzia um novo tipo de rosnado, mais profundo nas suas três gargantas. 

 

– Ahn – disse Grover. – Percy? 

 

– Sim? 

 

– Apenas achei que você gostaria de saber. 

 

– Sim? 

 

– Cérbero... Ele está dizendo que temos dez segundo rezar para o deus que escolhermos. Depois disso... bem... ele está com fome. 

 

– Espere! – disse Annabeth. Ela começou a revirar sua mochila. 

Epa, pensei. 

 

– Cinco segundos – disse Grover. – Corremos agora? 

 

Annabeth surgiu com uma bola de borracha vermelha do tamanho de uma grapefruit. A etiqueta dizia PARQUE AQUÁTICO AQUALÂNDIA – DENVER, COLORADO. 

Antes que eu pudesse impedi-a, ergueu a bola e marchou na direção de Cérbero. 

 

Ela gritou: 

 

– Está vendo a bola? Quer a bola, Cérbero? Senta! 

 

–Não acredito nisso. – Malcom falou surpreso.

 

Cérbero parecia tão perplexo quanto nós. 

 

As três cabeças se inclinaram de lado. Seis narinas se dilataram. 

 

– Senta! – gritou Annabeth outra vez. 

 

Eu tinha certeza de que a qualquer momento ela se transformaria no maior biscoito para cachorro do mundo. 

 

Em vez disso, porém, Cérbero lambeu seus três pares de lábios, sacudiu o traseiro e sentou, esmagando imediatamente uma dúzia de espíritos que passavam por baixo dele na fila MORTE EXPRESSA. Os espíritos produziram um chiado abafado ao se dissipar, como ar escapando de pneus. 

 

– Eu ainda não acredito que ele te obedeceu. – Hades falou admirado.

 

– Bom menino! – disse Annabeth. 

 

E atirou a bola para Cérbero. Ele a agarrou com a boca do meio. A bola mal tinha tamanho suficiente para ele morder, e as outras cabeças começaram a avançar na do meio, tentando pegar o novo brinquedo. 

 

– Solta! – ordenou Annabeth. 

 

As cabeças de Cérbero pararam de brigar e olharam para ela. A bola estava presa entre dois dos seus dentes como um pedacinho de chiclete. Ele soltou um lamento alto e assustador, depois largou a bola, gosmenta e quase rasgada no meio, aos pés de Annabeth. 

 

– Bom menino. – Annabeth pegou a bola, ignorando a baba de monstro. 

 

Ela se virou para nós. 

 

– Vão, agora. Fila da MORTE EXPRESSA... essa anda mais rápido. 

 

– Mas... – argumentei. 

 

– Agora! – ordenou ela, no mesmo tom que estava usando com o cão. 

Grover e eu avançamos devagarzinho, cautelosos. Cérbero começou a rosnar. 

 

– O adestramento também funcionou com o Prinssy. – Clarisse comentou arrancando algumas risadas.

 

– Fica! – ordenou Annabeth ao monstro. – Se quer a bola, fica! 

Cérbero ganiu, mas ficou onde estava. 

 

– E você? – perguntei a Annabeth quando passamos por ela. 

 

– Sei o que estou fazendo, Percy – murmurou ela. – Pelo menos, tenho quase certeza... 

 

–  Isso não me deixou aliviado. – Percy falou abraçando a namorada.

 

Grover e eu seguimos por entre as pernas do monstro. 

 

Por favor, Annabeth, eu rezei. Não o mande sentar de novo. 

Conseguimos passar. Cérbero não era menos assustador visto de trás. 

 

– Bom cachorro! – disse Annabeth. 

 

– Annabeth estou surpreso, você adestrou o cão dos infernos pessoalmente. – Travis falou com um assobip.

 

Ela ergueu a bola vermelha esfrangalhada e, provavelmente, chegou à mesma conclusão que eu – se recompensasse Cérebro, não restaria nada para mais um truque. 

 

Assim mesmo, ela jogou a bola. A boca esquerda do monstro a agarrou imediatamente, só para ser atacada pela cabeça do meio enquanto a cabeça da direita gemia em protesto. 

Enquanto o monstro estava distraído, Annabeth marchou energicamente por baixo da barriga dele e juntou-se a nós perto do detector de metais. 

 

– Como fez aquilo? – perguntei, admirado. 

 

 

– Aula de adestramento – disse ela sem fôlego, e fiquei surpreso ao ver que havia lágrimas em seus olhos. – Quando eu pequena, na casa do meu pai, nós tínhamos um dobermann... 

 

– Não tem importância – disse Grover puxando minha camisa. – Vamos! 

 

– Tinha muita importância. – Percy retrucou,

Estávamos a ponto de disparar pela fila de MORTE EXPRESSA quando Cérbero gemeu de dar dó, com todas as três bocas. Annabeth parou. 

Cérbero arfava ansioso, a pequenina bola vermelha despedaçada em uma lagoa de baba a seus pés. 

– Bom menino – disse Annabeth, mas sua voz pareceu melancólica e insegura. 

 

As cabeças do monstro se inclinaram, como se ele estivesse preocupado com ela. 

 

– Logo vou trazer uma bola nova para você – prometeu Annabeth, insegura. – Você quer? 

 

O monstro choramingou. Eu não precisava falar língua de cachorro para saber que Cérbero ainda estava esperando a bola. 

 

– Bom cachorro. Venho logo visitar você. Eu... eu prometo. – Annabeth virou-se para nós. – Vamos. 

 

Grover e eu passamos pelo detector de metais, que imediatamente soou e disparou a piscar luzes vermelhas. 

 

"Pertences não autorizados! Mágica detectada!" 

 

Cérbero começou a latir. 

 

Nós nos lançamos pelo portão MORTE EXPRESSA, o que disparou ainda mais alarmes, e corremos para dentro do Mundo Inferior. Alguns minutos depois, estávamos nos escondendo, sem fôlego, no tronco apodrecido de uma imensa árvore negra, enquanto os espíritos da segurança passavam correndo, berrando pela ajuda das Fúrias. 

 

Grover murmurou: 

 

– Bem, Percy, o que aprendemos hoje? 

 

– Que cães de três cabeças preferem bolas de borracha a pedaços de pau? 

Todos riram da resposta de Percy.

 

– Errado eu não estava. – Percy se defendeu, rindo com todos.

 

– Não – disse Grover. – Aprendemos que seus planos são muito, muito ruins! 

 

Todos riram da briga deles.

 

– Tem isso também. – Annabeth falou dando um beijo no rosto do garoto.

 

Eu não tinha essa certeza. Talvez fosse o caso de eu e Annabeth termos tido a ideia certa. Mesmo ali, no Mundo Inferior, todo mundo – até mesmo os monstros – precisa de um pouco de atenção de vez em quando. 

 

– Ninguém gosta de ficar sozinho. – Will concluiu.

 

– Vou tentar dar um pouco de atenção para ele. – Hades falou pesaroso. – É difícil com tanto trabalho.

 

Pensei nisso enquanto esperávamos que os espíritos passassem. Fingi que não vi Annabeth enxugar uma lágrima ao ouvir o lamento triste de Cérbero a distância, sentindo falta da nova amiga. 

 

– Eu ainda fico triste ao me lembrar dele. – Annie falou pesarosa. – Ele é um bom cachorro.

 

– Sim, principalmente quando não está tentando nos matar. – Percy retrucou.

 

– Vamos parar a leitura por hoje, amanhã continuamos. – Zeus falou se levantando. – Vão todos dormir, ás próximas páginas serão bem interessantes, não é todo dia que três semideuses voltam do submundo vivos.

– Eles causaram até demais. – Hades afirmou, antes de sumir com um estalo.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado!
No próximo tem especial Percabeth!
Até o próximo!


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