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História Deveria ter te amado (Versão Antiga) - Deveria ter me afastado


Escrita por: AnaCCohen e Escritora6523

Notas do Autor


Ah, finalmente. Depois de mais de um mês aqui estou.
Dessa vez tenho uma desculpa valida, eu estava doente. De verdade.

PS: então... pra quem acha o comportamento do Percy estranho, só vai piorar. Nesse capítulo não tem nenhuma cena explicita, mas a historia com certeza está se encaminhando para esse lado. Preciso dizer que Percy nessa historia é meio occ, ele foge ligeiramente da personalidade do livro. Ele simplesmente não consegue ficar longe de Enzo, ele é física e mentalmente incapaz de não desejar Enzo, mesmo que Enzo seja ainda uma criança. É eu sei, mas não padronizaremos os personagens. Vocês tem que lembrar que isso é uma historia fictícia e eu aposto que quando você procura por um fanfic, você não procura por algo que já leu antes. Eu sempre tento escrever coisa novas e que chocam, sejam de uma forma ou de outra.

Agora que estamos claros. Leiam com consciência.
Bem, espero que ainda tenha alguém disposto a ler o capítulo.

Boa leitura.

Capítulo 16 - Deveria ter me afastado


 

Percy e Enzo se deitavam abraçados na cama e ouviam o radio. Percy sentia que estava destinado a aqueles momentos quietos, tão simples e silenciosos, onde haveria apenas Enzo e ele e nada mais seria tinha importância, apenas aqueles rápidos momentos seria o suficiente e se ele pudesse pedir por alguma coisa, era exatamente isso que ele pedia, esse único momento eternizado durante eras; permanecer ali, fixo e imutável, como os deuses que jamais envelheciam ou se transformavam, seria seu pedido. Mas o tempo de mudança havia chegado, a vinda de Jason o forçava a enxergar. Felizmente o loiro não estava ali no momento, enfiado em algum lugar da cidade com Leo, seria tempo o suficiente para convencer Enzo. Não que Enzo precisasse ser convencido, porem alguns momentos extras com Enzo seriam bem vindos.

Ele apertou Enzo em seus braços e acariciou os longos cabelos ondulados, ouvindo um suspiro contente. Aquilo era o que ele nunca trocaria por nenhum tesouro ou riqueza, o som preguiçoso da voz de Enzo ou apenas o silencio entre eles, quando as palavras não eram necessárias e tudo estava bem. Eles deitariam quietos em silencio e escutariam o barulho da vida ao redor sem realmente prestar atenção.

Infelizmente, o encanto teria que ser quebrado, pois o tempo passava rápido e logo Enzo teria que começar o treinamento. Mesmo que estivessem seguros, Enzo precisava de treinamento.

Percy decidiu que eles iniciariam o treinamento durante o verão.

Não o levem a mal. Nova Roma tinha se transformado em sua casa, mas o que Enzo precisava não estava ali. O treinamento romano era focado em trabalho de equipe e em proteger a cidade. O que Enzo precisava era aprender a se proteger, algo mais individual e era isso o que o Acampamento grego prezava; o treinamento individual e a desenvolver as habilidades naturais. Talvez mais tarde Enzo fosse precisar da forma romana de lutar, mas agora o essencial era o individual.

Enzo deu de ombros. Ele não disse nada e fez as malas, esperando o pai terminar de se arrumar. Ele olhou para fora da janela e viu o sol se por, observando as pessoas passarem pelas ruas da cidade. Ele nem pensou em questionar o pai, sabia que Percy faria o melhor por eles. O que importava era ficar ao lado Percy, o resto não irrelevante.

...

Eles partiram para o acampamento meio-sangue no anoitecer do primeiro dia de verão. Pegaram um carro e dirigiam pela noite esperando que o elemento surpresa os ajudasse. Essa, de longe, seria a viagem mais fácil e segura, Percy tinha dinheiro e não precisaria se arriscar se escondendo em lugares escuros e perigosos.

Em exatos dois dias, Percy encostava o carro nas colinas meio-sangue. Chegaram rapidamente com a ajuda do carro, fazendo paradas para descansar em hotéis. Uma cama de casal, algumas horas de sono e uma refeição foi o suficiente para os semideuses.

Eles chegaram no amanhecer do terceiro dia.

...

Na entrada do acampamento onde o velôcino de ouro era guardado por um dragão imenso, Percy reconheceu Quiron que preferia o visual mais selvagem, sem nada cobrindo seu corpo de cavalo e Thália Grace, a amazona que tinha se mantido fiel a Artemis.

Percy deu um abraço forte na amiga e cumprimentou Quiron com um aperto de mão, para logo em seguida, apresentar o filho.

"Este é Enzo Jackson." Percy segurou no ombro do filho e sorriu para ele. "Estes são Quiron, o melhor treinador de heróis e Thália, filha de Zeus e caçadora de Artemis."

Enzo fez uma careta, mas permaneceu quieto. Percy queria saber qual era o problema, então pressionou o ombro do filho, fazendo Enzo revirar os olhos.

"Grace, como Jason Grace? O filho de Zeus?" Enzo falou levemente acido, olhando para Percy. "Pai, você tem certeza...?" Percy apenas o olhou reprovador. "Hurm. Se você diz..." Enzo desviou o olhar para o chão e seu rosto corou.

"Bom garoto." Percy disse sorrindo da reação do filho. Em um momento ele estava emburrado e no outro com vergonha. "Não se preocupe. Ninguém gosta de Zeus. Mas como você sabe sobre Zeus?" Sussurrou para o filho, ainda segurando em seus ombros, aproximo a seu corpo.

"Eu só sei." Enzo deu de ombros, se encostando levemente a ele.

"Não se preocupe, tudo vai dar certo." Percy disse.

Quando Enzo ficava carente, se inclinando levemente em sua direção, queria dizer que o garoto estava inseguro e com medo. Ele não deixaria nada machucar o filho e ele sabia que não havia nenhum perigo dentro das fronteiras do acampamento meio-sangue.

Percy olhou para frente, se lembrando dos velhos amigos. Thália o olhava desconfiada e Quiron parecia pensativo. Percy desconfiava que teriam uma longa conversa assim que conseguissem se acomodar.

...

Enzo acompanhou o pai durante todo o passeio pelo acampamento mantendo aquela expressão de leve desinteresse e calma no rosto. Ele permaneceu calado e sorriu a cada vez que o pai olhava para ele, tentando mostrar interesse, enquanto o pai mostrava e falava sobre cada canto daquele lugar.

Eles passaram pelo coliseu onde os semideuses treinavam numa espécie de torre, em seguida foram aos campos de treinamento, um lugar levemente caótico onde diversas coisas aconteciam ao mesmo tempo. A um lado pessoas lutavam com espadas, o que ele achou muito legal, o movimento que elas faziam com os braços e o corpo parecia um tipo de dança letal. Do outro lado tinham alvos e semideuses enfileirados treinando com flechas e até um garoto musculoso segurando um machado mais pesado do que ele próprio.

Ele tinha que admitir, aquela bagunça de semideuses era interessante. Ele se sentia bem aceito naquele novo mundo, mas era o sorriso no rosto do pai o importante. Ele havia feito as malas e seguido Percy sem pensar ou se interessar pelo o que ficaria para trás, pois não tinha nada que o prendesse a Nova Roma. Ele assumia que o acampamento dos romanos era mais confortável por ser algo que já conhecia, mas aquilo não era sobre ele e estava tudo bem. Essa era a casa de Percy e Enzo faria o máximo para fazer parte da vida de Percy em todos os sentidos que ele pudesse.

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Percy e Enzo tiveram pouco tempo para se acomodar. Depois de explorarem o acampamento se dirigiram aos chalés. As pessoas já deviam estar falando deles, porque de acordo com as regras cada um deles devia ter ficado no chalé de seu respectivo parente divino. Felizmente, eles eram uma exceção. Teoricamente, Enzo era filho de Percy, por isso Enzo ficaria onde Percy ficasse, mesmo que esse não fosse o caso Percy não queria que Enzo ficasse sozinho e também o garoto não parecia inclinado a ficar longe de Percy. O lógico era que eles ficassem no chalé de Poseidon, mas quando Enzo viu quando crianças haviam no chalé de Poseidon a expressão de pânico foi bem clara para Percy. Tentando chegar a uma solução Quiron havia oferecido, insistido, na verdade, que eles ficassem com dois quartos na casa grande.

Era um lugar largo e espaçoso com vários quartos vagos, mesmo assim preferiram ficar no chalé de Hades. Percy não disse o motivo dessa escolha estranha e ninguém questionou, ainda que ele visse Enzo o olhar desconfiado. Afinal, Percy não era filho de Poseidon? Enzo, intrigado, não disse nada, como sempre acatando tudo o que Percy decidisse.

Ignorando o olhar do filho, Percy apenas abriu a porta e colocou as malas na enorme cama de casal no centro do chalé. Era a única cama no lugar, mas eles fingiram não perceber. Percy se deitou na cama, descansando por um momento, enquanto Enzo o olhava da porta.

Ele não precisava estar de olhos abertos para saber que o filho o olhava fixamente, como acontecia constantemente. O garoto nunca iria assumir, mas gostava olhar o pai e vê-lo com um sorriso no rosto.

"Você não vai entrar?" Percy falou de olhos fechados, deitado na cama.

Enzo revirou os olhos e se deitou ao lado do pai de barriga para baixo na cama, continuando a olhá-lo e apoiando a cabeça nas nos braços .

Percy sentiu a cama se mover minimamente e um corpo quente deitar a seu lado, perto demais. A essa altura ele já devia estar acostumado com a proximidade com Enzo. Ele devia se afastar e tentar manter uma imagem fraternal, principalmente agora que estavam rodeados por mais pessoas. Ele jurava que iria tentar, mas então algo sempre o puxava em direção ao garoto. Quanto mais ele lutava, mais as coisas pioravam.

Ele havia se enganado por tanto tempo que quase conseguia acreditar nisso, talvez em outra realidade algum deus entregasse um bebê para ele cuidar, sem pretensão alguma e a criança seria apenas isso, seu filho e não um guerreiro em corpo de criança. Era tudo uma ilusão. Nem ele conseguia mais mentir, eles eram física e psicologicamente parecidos, se ele tirasse todos os traumas que Nico havia carregado por sua breve existência o resultado seria Enzo.

Na maioria das vezes era fácil fingir que Enzo era seu filho e que o amor que via no rosto do garoto era apenas afeto. Em outras, era difícil, quase impossível. A ideia de não poder toca-lo do jeito que ele gostaria o deixava louco, mas se controlava porque sabia que não seria dessa forma para sempre. Enzo não era seu filho e logo ele teria que contar a verdade, que Enzo era uma alma reencarnada, a alma de Nico.

Percy suspirou e continuou de olhos fechados. Ele continuou ali como estava sem mover um músculo sequer e sentindo o calor de Enzo a seu lado, tão perto, mas inalcançável. Percy decidiu então direcionar seus pensamentos a outros assuntos, como o fato de não terem sido incinerados ao pisar no chalé de Hades.

Ele não sabia se era permitido ficar no chalé de um deus que não fosse seu pai. Por alguma razão desconhecida, ele ainda estava vivo, talvez fosse por Enzo ser filho de Hades e porque algum dia ele teria que contar para o filho quem era seu pai verdadeiro.

Essa ideia o fez se sentir estranhamente feliz e frustrado ao mesmo tempo, porque podia sentir suas calças ficando menos apertadas e a tensão saindo de seu corpo. Por enquanto, Percy não falaria nada e nem reclamaria de sua sorte.

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Percy puxou Enzo pela mão para fora do chalé. Na verdade, o arrastou. Estava na hora do café da manha e Percy sabia como a comida do acampamento era deliciosa. Só de pensar sua boca se enchia de água. A questão era fazer Enzo largar de seu pescoço e se levantar da cama. Essa seria a oportunidade perfeita para descontrair e reencontrar seus velhos amigos.

Sentaram-se à mesa dos filhos de Poseidon.

Percy insistiu que Enzo se sentasse junto a ele, não queria que seu filho se sentisse triste e isolado como ele tinha se sentido nos primeiros anos. Percy reconheceu algumas pessoas, mas a maioria era novos semideuses. Isso não era nenhum problema porque assim que eles se sentaram à mesa as crianças começaram a fazer perguntas para Percy, enquanto Enzo observava calado.

Quando o banquete estava prestes a começar ele se levantou junto aos outros semideuses. Era a hora em que todos faziam oferendas, jogando uma parte de sua comida aos deuses. Percy não resistiu e seguiu os outros semideuses, jogando comida a seu pai e orou para ele. Fazia tempo que ele não via ou falava com Poseidon, não tinha nada melhor do que uma boa refeição para reatar uma relação.

Ele sorriu e se concentrou, pensando no deus. "Oi, pai. Tudo bem? É... eu sei que estive longe, mas agora voltei para casa. Estou com saudade. Quando você tiver um tempo e quiser falar comigo vou estar aqui."

Percy abriu seus olhos e viu algumas pessoas o olhando, não que fosse novidade. Enzo também o observava com uma cara estranha, tentando segurar a risada. Ele revirou os olhos e voltou para perto do filho.

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Enzo prendeu a risada e achou estranha essa atitude. Porque jogar comida no fogo? Ele achava um desperdício e uma coisa ridícula de se fazer, mas depois que seu pai lhe disse que eram oferendas aos deuses em respeito a eles, ficou quieto achando mais ridículo ainda. Ele queria saber o que os deuses fizeram de tão bom para merecer oferendas.

Deu de ombros e voltou a comer.

Pelo menos de uma coisa seu pai tinha razão. Enzo não se lembrava de comer algo tão bom. Percy disse a ele discretamente, mastigando como se fosse a ultima coisa que ele faria na vida. Enzo concordava com cada palavra. Ele podia comer o quanto quisesse que em menos de um minuto apareceria à sua frente o que ele mais gostava de comer.

Começava a entender porque o pai tanto gostava desse lugar e nem se importava com as pessoas olhando para eles e fofocando sobre os recém-chegados, nem mesmo a apresentação constrangedora em frente a todos aqueles semideuses pareceu deixa-lo chateado.

Talvez fosse porque seu pai tinha ficado o tempo todo com as mãos em suas costas fazendo movimentos circulares, o acalmando durante todo o processo? Provavelmente, mas nada poderia tirar a felicidade em ver o pai feliz ao conversar com velhos amigos e professores, e até mesmo o velho quase calvo que olhava com cara amarga para seu pai, pareceu deixar Percy feliz. Ele continuaria feliz enquanto Percy também estivesse.

...

Depois de comerem, Percy mostrou o resto do acampamento para ele. Eles foram a praia, onde havia um deque. A água era clara e transparente, ele podia ver os peixes e o movimento das ondas calmas, vindo devagar e voltando até se perder na imensidão azul ao horizonte.

"Esse é meu lugar favorito em todo o mundo." Percy lhe disse, sonhador e calmo.

Eles se sentaram a beira da areia, Percy molhou os pés, levantando a calça jeans desgastada enquanto Enzo apenas se sentou a seu lado, lhe fazendo companhia.

"Aqui foi onde eu descobri quem eu era e quanto poder que eu teria." Voltou a falar. "Eu sempre acabo voltando aqui. Por um bom motivo ou não, esse lugar sempre vai ser importante para mim."

Enzo observou o pai. Percy estava tão feliz e relaxado, perdido no próprio mundo, que era como se ele nem estivesse ali e se não fosse a voz suave falando com ele, Enzo podia achar que era um fantasma, apenas mais um que observava a vida de um grande herói. O peito de Enzo se apertou numa sensação estranha, parecia que ele já tinha estado ali e sentido tudo isso, era uma sensação que ele não conseguia decifrar.

Se aproximou devagar de Percy e encostou sua cabeça em seu ombro, segurando em seu pescoço.

"Está tudo bem." Ouviu a voz calma de Percy a seu ouvido, o consolando ao massagear suas costas e o abraçar.

"Eu não sei o que está acontecendo." Enzo sussurrou, sentindo dor e com medo de chorar. Ele não entendia porque se sentia assim, porque seu corpo tremia e ficava rígido quando sentia emoções fortes e porque somente com o contato físico e voz suave de seu pai, se sentia melhor.

"Está tudo bem, apenas respire fundo." Percy instruiu. Ele fez. Fechou os olhos e deixou o ar fresco e a maresia encher seus pulmões de ar. De repente era mais fácil respirar e o mundo voltava a fazer sentido.

"Melhor?" Percy perguntou baixinho, acariciando seus cabelos.

"Uhumm. Obrigado." Agradeceu, mantendo os olhos fechados e sentindo os últimos tremores irem embora. Seu corpo relaxava, mas a dor continuava lá. Fraca, porem presente.

Percy o puxou para cima e esperou que ele ficasse em pé, depois de ter certeza que Enzo estava bem para andar e o levou em direção a floresta.

A Floresta ficava no lado norte do acampamento, era cheia de perigos e monstros. Percy o proibiu de entrar lá sozinho, principalmente a noite porque era quando os monstros mais tinham poderes e usavam o escuro como armas para se defender.

Essa era uma das regras do acampamento.

Outra regra era que não era permitido sair do chalé depois da hora de recolher, se alguém fosse pego fora da cama, viraria comida de Arpia. Enzo achou que as restrições eram aceitáveis. A não ser que você fosse suicida, não havia motivo para desobedecê-las.

No geral, Enzo gostou do acampamento. O mais irônico para ele era que o lugar realmente se parecia com um acampamento, nada parecido com Nova Roma. As pessoas eram muito mais simpáticas e amigáveis, as atividades pareciam divertidas e o companheirismo estava no ar para quem quisesse ver. Eles, com certeza, passariam muito tempo por ali.


Notas Finais


Espero que tenham gostado e deem sua opinião. Sugestões serão bem vindas.
Até a próxima.


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