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História Deveria ter te amado (Versão Antiga) - Deveria ter ficado


Escrita por: AnaCCohen e Escritora6523

Notas do Autor


Olá. Como vão vocês.

Finalmente chegamos ao fim dessa história. Mas não é o fim.
Inicialmente eu iria dividir em três partes essa história inteira, tirando as shorts fics, mas decidi dividir apenas em duas.

Já tenho uma história diferente sobre Percy/Nico que estou planejando e a continuação dessa, ambas vão ser totalmente 18+. Gostaria de saber se alguém leria?
A opinião de vocês seria muito valiosa para mim.

Agora sem mais delongas, o ultimo capitulo.

Boa Leitura.

Capítulo 19 - Deveria ter ficado


"Percy..." Sua voz saiu calma e rouca, baixa, ainda de olhos fechados e sorrindo. Estranha aos próprios ouvidos. Só ouviria quem estivesse perto.

"Enzo?" Ele não respondeu, então Percy tentou de novo com um nó na garganta. "Nico?"

"Percy, eu... senti sua falta." Enzo sussurrou, e se Percy não tivesse enganado, ainda mais baixo.

Se fosse em outra ocasião, Percy sorria e retribuiria o gesto, mas a forma que Enzo falou, decidido e calmo, até um pouco frio, era exatamente como Nico, o filho de Hades, falaria. Enzo nunca havia o chamado de Percy, e muito menos com esse tom de voz.

O que fez as calças de Percy se apertarem, desconfortável.

Percy se lembrou que todos estavam olhando para seu filho que tremia no chão com cadáveres a sua volta, chamando por ele. Por sorte ninguém pode ouvir a pequena declaração de Enzo, mas depois disso, suas duvidas estavam sanadas.

Enzo era Nico reencarnado.

"Se acalme e mande os guerreiros descansar." Percy sussurrou a ele, segurando seu rosto delicadamente.

Com Percy o chamando, Enzo abriu os olhos, confuso e olhou para Percy com um olhar sonhador e ansioso, que Percy não devia estar tentado a retribuir, muito menos tocar ou provar de seus lábios.

Então Percy teve que sussurrar em seu ouvido mais uma vez.

"Você está no acampamento meio-sangue. Todos estão olhando. Você é meu filho, Enzo. Então, por favor, se comporte como tal. Eu juro que podemos conversar mais tarde."

Percy se afastou, vendo a expressão surpresa no rosto do filho.

Enzo concordou e percebeu que a mão de Percy ainda estava em sua barriga com os dedos desenhavam suaves círculos. Talvez esse fosse o motivo de permanecer calmo.

Respirando fundo, Enzo levantou as mãos e ordenou que os fantasmas voltassem para o tumulo.

Os guerreiros se rastejaram para dentro da terra levando junto o caos que haviam criado sem deixar um só rastro.

“Eu vou cuidar de você.”

<<<<>>>> 

Percy andou em direção ao chalé de Hades com Enzo nos braços e um único pensamento.

Se esconder.

Não era bonito o que via. Parte dos campistas estavam parados no meio de lutas e treinos, outros saiam assustados de seus chalés e um deles até o olhavam com uma colher a caminho da boca. E enquanto passava pelas pessoas viu Thalia e Jason com cenhos franzidos e espadas empunhadas como se estivessem prestes a enfrentar Gaia novamente.

Sentiu vontade de revirar os olhos. Haviam sido apenas alguns guerreiros zumbis. Nada mais do que isso. Tudo o que queria fazer era entrar em seu chalé e sair de lá no próximo milênio, mas em respeito a amizade deles e a conversa que vinha fugindo desde que tinha chegado ao acampamento, se aproximou dos irmãos com Enzo nos braços.

"Percy, você vai me contar o que está acontecendo agora mesmo." Thalia disse calma, mas a expressão no rosto dela era tudo menos calma.

"Ah, obrigado, Thalia. Eu vou muito bem. Enzo também. E você? Sempre é bom ser recebido tão calorosamente." Disse com um sorriso no rosto, o melhor que seu sarcasmo o permitia.

Viu uma veia saltar na testa de Thalia e deu um passo para trás. Jason se aproximou de Thalia e colocou uma mão em seu ombro. A garota olhou para Jason e franziu o rosto ainda mais, como se permanecer parada a ferisse.

"Jason, como você pode estar tão calmo? Você viu os esqueletos saírem da terra." Ela retrucou, como se Jason tivesse falado alguma coisa. "Você sabe quem fazia isso? A única pessoa que podia fazer isso?"

Então, Thalia se virou e o encarou com seus tempestuosos olhos azuis.

"Sim. Eu sei." Percy diise. Ergueu a cabeça, a encarando e Enzo se acomodou melhor em seu corpo, escondendo o rosto em seu pescoço e respirando calmamente. "Eu prometo que vou explicar depois de colocar Enzo na cama."

"Espero mesmo." Thalia disse sem pestanejar e deu as costas a ele, andando em direção ao refeitório.

Jason a observou partir, desanimado. Então olhou para ele abrindo a boca e voltando a fecha-la imediatamente. O olhar decepcionado não precisava de tradução.

Jason seguiu a irmã e se sentou ao lado dela, sem olhar para trás.

Percy bufou. Estava cansado, muito cansado para isso.

Pela primeira vez desde que voltou ao acampamento se permitiria ser egoísta.

Ignorou o resto dos semideuses e entrou no chalé que compartilhava com Enzo. Colocou Enzo no centro da cama e tirou as roupas rasgadas do filho, sujas de terra. Olhou para o rosto do filho e fez o melhor que pode para não tocar onde não era necessário.

Conduziu Enzo até os travesseiros e o cobriu, quase dando um salto com o movimento brusco do filho.

Enzo pegou em sua mão e o puxou para a cama junto com ele.

“Percy.” Enzo tinha dito de olhos fechados, sonolento.

O toque tinha sido leve e sem força, mas Percy estava tão cansado que só por essa vez se deixaria levar. Se deitou atrás de Enzo e o abraçou. Suspirou de alivio. Agora não havia o que esconder.

Enzo também parecia leve e feliz. Aliviado.

Enfim tudo se encaixava.

"Você mentiu para mim." Enzo disse. Não havia calor ou magoa na voz. Era uma afirmação.

"Não, eu não menti." Disse. Afundou o rosto na curva do pescoço de Enzo e inspirou o perfume dos cabelos e pelo do filho, amava aquele cheiro. "Me entregaram você para cuidar."

"Você não é meu pai biológico."

As memórias de Enzo ainda eram confusa. Sabia o que tinha acontecido na vida antes morrer e lembrava de tudo dessa nova, mas a parte onde tinha permanecido morto era um branco completo.

"Não sou seu pai verdadeiro. Hades te deixou nos meus braços e a partir daquele momento, minha missão foi cuidar de você."

"Então sou sua missão." Enzo permaneceu parado com medo da resposta.

"Só no primeiro mês." Brincalhão, roçou seus dedos pela pele do braço de Enzo. "Você foi a luz na minha vida. Depois da guerra... Nico morreu e eu não sabia o que fazer. Nada era o mesmo. Eu não me encaixava."

"Desculpe. Se eu não tivesse..."

"Não diga isso." Pediu, deslizou os dedos para onde sabia que relaxaria Enzo e desviaria o foco do assunto. "De qualquer forma, era para acontecer." Sussurrou no ouvido de Enzo como se fosse um segredo. "Meu relacionamento com Annabeth não daria certo. Ela sempre quis o sucesso e nunca me incluiu nele."

"Sinto muito." Votou a se desculpar.

"Não sinta." Percy falou com um sorriso na voz, voltando a acariciar lentamente o Braço de Enzo. "Eu poderia ter sido mais do que um herói aposentado. Podia ter ido para faculdade e ter feito algo de útil."

Ao falar, sorriu na curva do pescoço de Enzo, se inclinando sem perceber.

"Você ainda pode." Enzo sugeriu, tremendo levemente e segurando o gemido que queria sair desde que Percy tinha colado seus corpos.

"Não, eu não sirvo para isso, mas você tem a chance de fazer tudo o que quiser." Afirmou em tom de voz serio. "Sei que as coisas vão mudar, mas quero que saiba, estarei aqui se você precisar de mim. Ainda serei seu pai e seu amigo."

"Eu não quero que você seja meu pai ou amigo, eu-"

"Acho melhor você descansar. Amanha conversamos, tudo bem?" Percy disse e beijou seu rosto demoradamente, em seguida o cobrir e saiu da cama, indo direto para fora do quarto.

Enzo suspirou frustrado e arrumou suas calças apertadas, onde não deviam estar, e ignorou sua ereção. Não podia evitar a reação. Assim que Percy se aproximava, era instantâneo.

Continuou na posição que estava, agarrado ao travesseiro e esqueceu de todo o resto. Talvez se se esforçasse conseguiria sentir o calor de Percy sobre seu corpo e dormir sem pesadelos.

<<<<>>>> 

Percy tinha percebido que não era muito bom com promessas. Ao invés de ir procurar Thalia, como tinha prometido, se dirigiu algo lugar mais quieto e afastado dos campistas que pudesse encontrar.

Olhou para baixo e manteve as mãos ao lado do corpo, se encostando na arvore atrás dele.

Era seu pênis.

Conseguia ver o contorno do membro ereto que começava a ficar melado de ansiedade, querendo escapar do tecido a todo custo. Usar aquela bermuda não foi uma boa escolha e ainda que estivesse calor, não fazia nada para esconder o volume.

Talvez precisasse de uma gaiola.

Balançou a cabeça e se recusou a se tocar. O que acontecia com ele? Enzo era seu filho, apesar de ser Nico também. Nada dava direito ao seu corpo de se comportar desse jeito. Era como se a simples visão de Enzo o deixasse duro. A cada dia piorava.

Se pudesse riria, era como se seu corpo desse carta branca para ele fazer o que bem entendesse com Enzo, sem seu próprio consentimento. O que era ridículo. Enzo não era um boneco de pano que seguiria todos os seus desejos, não importando o quanto ele mudasse de ideia.

Já não adolescente e não se lembrava de sentir nada parecido. Não com Annabeth, pelo menos. Vontade não faltava. Quase não havia se controlado no quarto. Via que faltava um passo para o desastre acontecer e deu um jeito de escapar. Estava orgulhoso.

Agora, o que deveria fazer? Se afastar de Enzo? Manda-lo para um colégio distante em Nova Roma e tentar ser o adulto, agindo como tal?

Não se orgulhava do que estava prestes a fazer. Olhou para os lados para ter certeza e abaixou as calças até o meio das pernas, liberando seu pau duro e molhado.

Suspirou de alivio.

Fazia tempo que não experimentava essa sensação. Quase havia esquecido como é ficar tão duro e dolorido e poder se tocar. Tudo bem, havia acontecido algumas vezes enquanto dormia junto a Enzo, mas nada que fosse consciente. Geralmente acordava com as calças molhadas e Enzo esfregando seus membros cobertos e gemendo como uma... é, nada se comparava a isso. Seu pau era grosso e avermelhado, apontando para cima com uma leve curva, tenso e tão longo que bastaria alguns movimentos para gozar.

Colocou os dedos sobre as veias do seu pênis e acariciou levemente algumas vezes. Então escutou o som de folhas serem amassadas e abriu os olhos, encontrando Jason ajoelhado a seus pés.

Deuses! Poderia gozar com essa visão.

Jason afastou as mãos de Percy e as substituiu pelas suas as próprias.

“Te peguei.” Jason disse. Ele olhava para os olhos de Percy e massageava a extensão, agarrando as bolas que se penduravam pesadas. “Não pude resistir. Me desculpe, Percy.” Ele então abocanhou o membro e tentou o engolir por completo. Engasgou e sufocou até que seus lábios encontraram os pelos na base do membro.

“Porra!” Antes que Percy pudesse pensar, seu corpo tencionou e seus quadris se moveram, se interando dentro da garganta de Jason o mais fundo que pudesse ir. Empurrou uma, duas e na terceira vez se deixou levar, sentindo a garganta de Jason o apertar e engolir cada gota.

Fazia tempo que não gozava tão forte.

Continuou encostado na arvore e deixou seu corpo escorregar até o chão com Jason no meio de suas pernas. Sentiu Jason puxar suas calças para cima e continuar no meio de suas pernas, acariciando suas coxas e cintura por cima da roupa.

Se fosse em outra ocasião teria socado Jason, mas achava que ainda não tinha forças para isso. Se sentia bem e relaxado, por isso continuou de olhos fechados, terminando de sentir o prazer passar por seu corpo e sentiu lábios molhados e macios se encostarem ao dele.

Abriu os olhos e gemeu, nem se dando conta que agarrava a pessoa com seus braços e pernas, o trancando em um agarre firme.

“Se eu soubesse que era tão fácil, teria-”

“Porra!” Repetiu, acordando de seu transe. Enzo nunca poderia saber. “O que você pensa que está fazendo?”

“Bem... eu te vi caminhando sozinho e resolvi te seguir. Preciso de respostas.” Jason deu de ombros, como se fazer um boquete no meio da mata fosse normal.

“Enzo é a encarnação de Nico. Ele se lembra de tudo. Hades me deu Enzo para cuidar. Fim da historia.” Se levantou e começou a andar de volta para os chalés. Talvez tivesse sido melhor ficar no quarto com Enzo.

Ele era um desastre.

“Sei o que está pensando. Sei que Enzo é a outra metade de sua alma.” Jason o segurou pelo braço e o parou. “Isso não é certo. É destrutivo. Acredite em mim. Nada bom pode vir de Afrodite. ”

“Você acha que eu não sei?” Se soltou dos braços de Jason e continuou em direção ao chalé de Enzo. Precisava se desculpar de alguma forma. Não que fosse contar para Enzo. “Eu tentei. Não há nada que eu possa fazer.”

“Você tem que deixa-lo ir. É o único jeito.”

“O que você quer dizer com isso?” Se virou, não acreditando no que ouvia. Jason falava com tanta convicção que precisava olhar no rosto do amigo.

“Você tem ir embora. Não diga para onde ou quando. Não diga para ninguém.” Jason se aproximou novamente e colocou uma mão no ombro de Percy como consolo e apertou levemente. “Enzo é jovem, vai superar. Vai encontrar outras crianças da idade dele e ser feliz, como deveria ter sido.”

“Eu-eu... não tenho certeza.” Percy olhou para os próprios sapatos e suspirou. “Talvez... talvez você esteja certo.”

Virou as costas para Jason e entrou no chalé de Hades, não vendo o sorrisinho vitorioso no rosto de Jason.

Se Percy não ficasse com ele, não ficaria com ninguém.

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A conversa com Jason não saia de sua cabeça.

"Cabeça de Alga, acorda." Thalia o chamava com um sorriso zombador. Percy revirou os olhos e levantou do chão, Thalia havia o vencido mais uma vez.

Hoje estava especialmente desconcentrado.

Ele e Thalia andavam pelos campos de morango. Havia contado tudo a ela, exatamente como fez com Jason. Contou sobre Nico, sobre Hades e sobre Annabeth o deixar.

“Ah! Que papai dedicado e carinhoso você é.” Thalia disse. Aparentemente ele não enganava ninguém.

“O que você espera que eu faça? Eu o criei como um filho.”

"Mas Enzo não é seu filho. Então, não se culpe e vá em frente." Disse. "Vocês se amam. Não estrague tudo."

Percy se perguntou se Thalia realmente era uma virgem e porque permanecia com Artemis.

Oh, Luke.

"Eu não posso." Negou, convencido. "Ele é meu filho e nada mudará isso."

"Não, ele é Nico, filho de Hades. Até os campistas mais novos sabem disso. Principalmente depois de hoje." Retrucou, entediada. “Você nunca percebeu a forma que vocês se olham?"

Percy fez uma careta, fingindo não saber o que ela falava.

"Qual é?! Parece que vocês vão pular um em cima do outro a qualquer momento." Exclamou, animada. "Estou falando serio, Percy. Essa é a sua segunda chance. Não deixe passar." Disse. "Você ainda pode ser feliz. Faça isso por nós dois."

Percy permaneceu quieto, pensando no que Thalia havia dito.

"Ser feliz." Sussurrou para ele mesmo. Olhou para o céu que anoitecia e pensou em como seria estar com Enzo. Beijar e toca-lo quando bem entendesse.

Sorriu por um momento.

Depois de todo esse tempo sendo pai de Enzo, lhe soava errado transformar o amor em algo sexual. Não queria trair a confiança e dedicação que havia entre deles. Por enquanto, nada faria e deixaria que as coisas se ajeitassem sozinhas. Talvez a resposta estivesse perto e ele só precisasse esperar um pouco.

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Cada segundo que pensava, mais confuso ficava. Se sentou à mesa e observou Enzo conversar com seus irmãos. Fechou a mão em cima de seu colo e permaneceu parado, feito uma estatua vendo Enzo sorrir e fazer piadas com outros campistas.

Enzo olhou para ele e sorriu ainda mais e voltou a dar atenção para uma filha de Poseidon que cismava em o chamar.

Aparentemente, agora ele tinha mais irmãos.

Franziu as sobrancelhas e sentiu o rosto perder a cor, vazia de expressões ou emoções, como se visse a cena de longe.

Piscou.

Ah, quase não reconheceu. Não era confusão, era ciúmes. Primeira vez que sinta coisa parecida. Que ridículo. Não tinha direito de cobrar o que ele mesmo não estava disposto a dar, logo em seguida de pedir que Enzo se afastasse.

Ficou em seu canto, observando e quieto, sem falar nada.

Deu uma risada dolorida e balançou a cabeça, sentindo seu corpo ficar mais tenso a cada segundo.

Enzo olhou para o pai pela quinta vez e se levantou.

Era o suficiente.

Ignorou as pessoas ao seu redor e parou para observar o que acontecia. O pai se sentava estático, quase sem respirar com tentasse se conter, igual ao mar batendo em uma barreira invisível. Às vezes se esquecia do que Percy era capaz. 

Não entendia que o pai queria, fazia exatamente o que Percy havia pedido.

Se sentou ao lado de Percy e tocou em seu braço, o forçando a encara-lo.

"O que aconteceu?" Perguntou. Manteve a voz baixa e os sentimentos fora de seu rosto, mas o que realmente queria dizer é "Porque você está olhando para mim como se eu estivesse feito algo errado?"

Fez tudo para agradá-lo. Aprendeu esgrima em tempo recorde, fez amigos, é obediente e se mantem o mais longe que seu corpo e alma o permite. Mas nada é o suficiente para Percy. O pai simplesmente não se decidia. Em uma hora queria que Enzo tivesse amigos e no outro o queria só para ele.

Ninguém precisava dizer isso a Enzo. Sentia em seus ossos.

Percy tentou sorrir antes de responder, mas acabou saindo uma carreta amarga que nem ele acreditava que fosse um sorriso.

"Está tudo bem." Percy disse, dessa vez dando um sorriso mais verdadeiro. "Estou orgulhoso. Não importa o que aconteça, sempre vou estar."

Enzo não acreditava. Percebia que sua vida era uma infinita teia de mentiras.

Desde o momento que recuperou suas memórias, conseguia ver cada mentira estampada no rosto do pai como um livro; com um simples olhar sabia quando Percy mentia ou estava desconfortável. Cada gesto, palavras e expressão de Percy eram nítidas para ele.

Enzo não tinha noção do que tinha perdido até ter suas memórias de volta.

Sentia vontade de chorar.

Observou o pai afastar suas mãos e sair da mesa com aquela frase fora de hora e quase sem sentido.

Isso não era certo. Devia se sentir feliz por estar fazendo o que lhe foi mandado, mas ao invés, era como se alguém tivesse lhe castigado e lhe tirado seu ursinho de pelúcia favorito.

Via seu pai se afastar cada vez mais, sem poder fazer nada para impedir.

...

Percy se levantou da mesa e andou em direção ao lago de cabeça baixa.

Suspirou. Enzo ainda não ter fugido, provavelmente, era um bom sinal. Talvez deveria ser ele quem devesse estar fugindo. Seria o melhor para os dois.

Mas então porque sentia aquele impulso egoísta de fazer o que quisesse e ignorar o resto do mundo? Teve que rir da própria cara, estava velho demais para estar no meio de um drama adolescente.

Chegou à beira do lago e se sentou. Não havia muito a pensar.

Jason estava certo. Enzo não mais choraria ou soluçaria precisando de consolo. Ele não precisaria observar pacientemente o corpo tremulo de Enzo balançar com a intensidade da dor ou esperar que Enzo subisse em cima dele e se enfiasse em seus braços. Não haveria mais pesadelos, porque não haveriam mais lembranças perdidas. Ele não era mais necessário.

Então, estava decidido.

Vinha se preparando nos últimos meses, sem tomar qualquer decisão. Tinha uma mala cheia de roupas e objetos que pudesse precisar caso uma saída de emergência fosse necessária. Havia feito uma para Enzo também, só para estar seguro. Mas nunca pensou que um dia fosse querer se separar de Enzo.

Agora via que era necessário.

Chutou a agua e fez uma onda enorme se afastar da beira do lago.

O que Enzo esperava que ele fizesse? Permanecesse a seu lado enquanto estaria jovem em seus trinta e poucos anos e ele teria idade para ser seu avô? E as chances que perderia, de viajar pelo mundo e conhecer gente nova? Enzo não pertencia ao mundo que Nico tinha pertencido. Deveria deixar esse mundo de monstros e viver em paz junto ao mundo moderno.

Quando Enzo visse que ele não estava mais ali, seguiria seu caminho e encontraria outro lugar para viver.

É, era isso que aconteceria.

Tinha que se afastar. Realmente tinha.

Parecia o mais racional a fazer.

Então porque doía tanto.

Cada vez que caminhava para longe de Enzo doía um pouco mais.

“Pai, porque você está chorando? ” Veio uma voz ao seu lado.

Era ridículo, ele nunca choraria por causa disso. Fungou e olhou para Enzo, sem se importar. Talvez a agua do mar tivesse molhado seu rosto. Só isso.

“Há quanto tempo você está aqui? ”

“O suficiente. ”

Enzo então tocou em seu rosto e o beijou nos lábios suavemente, sem forçar um contato maior. Ele não teve reação alguma, continuou olhando para Enzo, que continuava a beija-la de olhos abertos, como ele.

Doce. Eram doces as lagrimas de Enzo. Era como o pôr do sol e o oceano em seu estado mais calmo. Doce e tranquilo. Era o que aquele momento significava.

Mas ele não podia.

“O que você está fazendo? ” Disse ao segurar no rosto de Enzo e o afastar um pouco.

“Te consolando. ”

Ou talvez consolando a si próprio.

Enzo o abraçou pela cintura e encostou a cabeça em seu ombro, sem dizer uma palavra a mais.

<<<<>>>> 

Naquela noite Percy não dormiu.

Enzo havia tirado a roupa, se deitado com sua boxer e o agarrado pelo pescoço como se tivesse medo que ele desaparecesse no momento seguinte.

Garoto esperto.

"Você não gosta mais de mim, papai?" Enzo perguntou de forma inocente e Percy sentiu seu membro dar sinal de vida, novamente.

Xingou mentalmente.

Quase conseguia ver a risada na voz de Enzo. Ela não tinha nada de vulnerável. Ainda assim Percy não conseguiu esconder o que sentia. A forma que Enzo segurava seu pescoço enquanto acariciava seus bíceps e o olhar pedinte o fazia querer beija-lo.

Faltava tão pouco, tinha que aguentar.

Percy respirou fundo e resolveu entrar no jogo de Enzo.

"Eu sempre vou te amar, querido. Não importa o que aconteça." Afirmou, serio, abraçando Enzo.

"Eu não quero ficar sozinho." Enzo sussurrou, aproximando seus rostos e o puxando pelo pescoço.

"Você não vai ficar sozinho." Percy disse gentil, mas afastou seus rostos, sem olhar para Enzo, se concentrando no horizonte e não em como Enzo o fazia se sentir.

"Eu te amo tanto." Enzo disse, deitando sua cabeça no ombro de Percy e ronronando, esfregando seus corpos.

Percy não resistiu. Sorriu e beijou seus lábios lentamente, sentindo Enzo amolecer em seus braços.

Tentaria aproveitar esses últimos momentos, porque antes dos primeiros raios de sol estaria bem longe dali. 


Notas Finais


Bem, espero que tenham gostado até aqui e comente. Pode ser sugestões ou o que gostaram e odiaram. Sempre estou aberta a opiniões.

Obrigada e até a próxima.


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