História Devora-me - Flagrante

Sky desceu as escadas minuciosamente, olhando para os lados com cautela.  Eram quase seis horas da tarde e provavelmente Snape estaria andando pelos corredores distribuindo seu mau humor por ai, o que deixava a sala livre para ser “furtada”. Ela parou em frente à sala do mestre, hesitante, tirou a varinha das vestes e sussurrou:

— Alohomora! E a porta se abriu, com um leve ranger.

Nossa! – Pensou, Então essa é sala que o meu twutwucão fica enfurnado?

Ela fechou a porta atrás de si, e tocou de leve nas poções, escolhendo qual delas levaria. Uma no canto do armário de tonalidade escura lhe chamou a atenção, Sky a pegou lendo em seu rotulo: Amortentia. Ela sorriu sapeca.

Vou levar essa, quem sabe Gina não saiba o que fazer com uma poção do amor tão poderosa? – Riu internamente.

Skyller mal tocara na maçaneta para sair da sala, e escutou uma conhecida voz:

— Menos 20 pontos para a Lufa-Lufa senhora Bolty! – Agora saia da minha frente!

Droga! – Disse baixinho, se escondendo embaixo de uma mesa.

— Cabeças ocas! – Disse Snape entrando em sua sala.

Ele jogou-se no sofá encaixando as pernas em baixo da mesa, parecia visivelmente relaxado.

Oh, Merlin! – pesou Sky, — Porque não relaxa mais e tira essas roupinhas professor?!

Ele retirou a capa, jogando-a na mesa, e começara a desabotoar os botões de sua blusa, delicadamente como se até o ato do maldito em trocar a roupa fosse formalmente sexy. Sky observava a cena por uma fresta na mesa. Ela mordia o lábio, agradecendo a Merlin por ter sido atendida.

— Isso! – Disse Sky e logo tapou a boca em um susto.

Snape levantou-se bruscamente, retirando o forro negro que cobria a mesa. Ele semicerrou os olhos, agarrando pelo braço a garota totalmente sem reação.

— Então... O que a senhorita tem para me dizer? – Ele aproximou-se perigosamente, ainda segurando forte seu pulso.

“Queria dizer muitas coisas professor! – Pensou, principalmente que está uma delicia com essa camisa semi aberta!

— Depende do quer ouvir! – Disse passando os dedos na pele nua dele, causando-lhe leves arrepios, que não passou despercebido por ela — O que quer ouvir professor?

— Não seja idiota garota! – Ele rosnou grosso — O que veio fazer aqui?

Ele olhou para o frasco de amortentia nas mãos dela, levantando uma sobrancelha.

— Roubando poções senhorita? – Ele retirou bruscamente a poção de suas mãos, — Poção do amor? Seu namoradinho vai odiar saber disso! – Ele sibilou com um sorriso maldoso nos lábios, — Se bem que eu esperava mesmo, vindo de você!

Primeiramente ela não entendeu o que aquele homem estava falando. Mais tarde ela não soube se realmente teria ficado confusa se naquele momento não estivesse vidrada nos lábios finos dele se movendo em um sexy sorriso.

— Am? Namorado? O que o senhor tomou?

— Acha que sou idiota Skyller?

Ela notou que pela primeira vez ele havia finalmente usado seu nome.

“Ele sabe meu nome, aah!”

— C-Laro que não, professor. – Jamais pensaria isso do senhor! – Ela sorriu, tentando parecer inocente.

“Não pensaria isso... mas outras coisas...”.

— Porque me atormenta tanto garota? Não tem nada melhor que fazer?

Ela fez um bico, tentando parecer magoada.

— Sem essa Skyller, levarei a senhorita agora a sala do diretor! Estou cansado de suas indiretas!

Ele saiu arrastando ela com facilidade pelo corredor.

— Não, por favor, professor! Isso não! Eu prometo me comportar!

— Deveria ter pensado nisso antes! Antes de me infernizar dia após dia! – Ele disse nervoso.

— Professor! .... Professor Snape! – Ele continuou andando, fingindo não escutar os apelos da garota. — Severo!

Snape parou antes de subir as escadas para a sala de Dumbledore. Ele a prensou, agressivo na parede, olhando diretamente naqueles olhos cinza.

— Snape! É professor Snape pra você!

— Ok! Me desculpe, eu não queria... – Ela encheu os olhos de água, e ele pensou que jamais veria algo mais belo. — Eu não posso ser expulsa... Eu... Não quero decepcionar papai! Por favor!

— Skyller, da próxima vez que fizer qualquer gracinha, eu disse QUELQUER, não hesitarei... Você não sabe do que sou capaz garota!

— E o que o senhor é capaz? – A frase saiu sem que ela percebesse.

Ela mordeu o lábio, o vendo aproximar-se perigosamente de seu ouvido. O halito quente dele, a fez arrepiar, e naquele momento ela daria tudo só por uma mordidinha naquele pescoço.

— Muitas coisas senhorita! – Sussurrou.

Ela sentiu como se ele fosse mordê-la de leve no lóbulo, mas o contato nunca aconteceu.

— Detenção! – Comigo as 10:00. — Agora suma, antes que eu mude de ideia!

Ela lhe deu as costas, ainda sentindo o halito quente no pescoço.

— Skyller?! – Ele a chamou fazendo-a olha-lo novamente — Menos 50 pontos para a Grifinoria!

***

Skyller chegou ate a entrada da sala da Grifinoria ainda atônita. Ela tentou entrar silenciosa para não ser percebida, mais fora sem sucesso.

Por acaso, esse foi mais um feitiço daquele seu livro de poções? — perguntou Hermione nervosa.

Harry fechou a cara para a amiga.

— Você sempre tira a pior conclusão, não é?

— Foi?

— Bem... foi, mas e daí?

— Então você simplesmente resolveu experimentar um encantamento desconhecido, escrito a mão, e ver o que acontecia?

— Que diferença faz se está escrito a mão? — retrucou Harry, preferindo não responder à pergunta.

— Porque provavelmente não é aprovado pelo Ministério da Magia — tornou Hermione. — E mais — continuou—, estou começando a achar que esse tal Príncipe era meio suspeito.

Hermione e Gina correram em direção a Sky que caminhava para o seu dormitório.

— E então conseguiu? – Perguntou Gina animada.

Ela apenas negou com a cabeça ainda atordoada pelo que aconteceu nos corredores. Os meninos se entreolharam sem entender.

— Porque está com essa cara de idiota Skyller? – Perguntou Hermione nervosa, sabendo que a menina provavelmente deveria ter sido pega.

— Eu, não... Não quero falar sobre isso agora! – Disse ela, tenho que descansar e sair pra minha detenção!

Hermione abriu a boca assustada. Agora ela tinha certeza que a menina havia sido pega. Mas o que havia acontecido para tê-la deixado tão desorientada? E como ela conseguiu pegar apenas uma detenção? Ela olhou para trás visualizando um garoto de cicatriz na testa segurando firme um livro que se titulava “Príncipe Mestiço”. Ele não pararia de testar aqueles feitiços como ela havia pedindo tanto, tal como Skyller não pararia de tentar se matar. Hermione jogou-se em uma poltrona, cansada de falhar em suas tentativas de salvá-los.

***

Eram exatamente dez horas quando Skyller desceu correndo as escadas rumo às masmorras. Ela deu leves batidas que foram prontamente ouvidas.

— Atrasada! – Disse ele com seu olhar mortal.

Um cheiro de banho recém-tomado tomou conta nas narinas de Snape. Os cabelos da garota agora mais escuros por estarem molhados, exalavam um cheiro deliciosamente viciante.

“Céus, que perfume é esse?” Ele repreendeu-se internamente, por ter gostado do que sentiu.

— Vai ficar ai parado me olhando ou vai me deixar passar? – Ela disse.

­— O que disse? – Ele enfureceu-se novamente, e ela riu com a facilidade que conseguia isso.

— Nada não!

Snape bufou dando espaço para a garota entrar. Havia um caldeirão grande extremamente sujo no centro da sala, ele sorriu quando ouviu ela soltar um muxoxo.

— Bom, senhorita, já que és tão boa em fazer gracinhas, veremos se é boa também no trabalho duro! Quero esse caldeirão brilhando, e sem o uso de varinha!

“a varinha que quero usar nada tem a ver com a minha” – ela pensou.

Ele se sentou a uma mesa a frente dela. Pegou um livro qualquer e começou a ler, mas a visão do decote da garota o atormentou.

“Por que esse demônio tinha que vir com esse decote? Diabos... Agora mal consigo parar de olhar para esse corpo maravilhoso que eu daria tudo para ensinar a ter boas maneiras! Ah sim, eu iria ensinar direitinho a ela, como se comportar! – Ele repreendeu-se internamente, voltando ao pensamento inicial, — E esse maldito som que ela faz quando masca esses chicletes? Ahh, como a odeio! Como eu queria arrancar isso de sua boca e colocar algo melhor lá dentro e...”

— Professor, o senhor esta bem? Ela perguntou, vendo que ele estava a olhando.

— S-sim, porque não estaria? E não me atrapalhe não vê que estou lendo?

Ela aproximou-se dele, rebolando enquanto mascava seus chicletes de menta. Ele tremeu com a aproximação dela.

— Hum, lendo é? Não sabia que conseguia ler livros de cabeça para baixo! – Ela disse sapeca.

Então ele finalmente deu atenção ao livro em suas mãos, e notou como Skyller havia dito que o maldito livro estava realmente de cabeça para baixo. Ele o fechou em um estrondo, irritado por ela ser tão absurda. Snape se aproximou ficando quase colado a ela. Skyller era visivelmente mais baixa que ele, tendo que olhar para cima, para encontrar as órbitas negras.

— O que pensa que está fazendo garota? – Disse ele, atordoado pelo sorriso que ela exibia, — O que você quer? Acha mesmo que eu me envolveria com uma Grifinoriazinha irritante como você? – Ele riu, desesperado.

— Não se preocupe professor! – Disse ela dando as costas para ele e caminhando para a saída, — Não é vergonhoso sentir desejos por uma aluna! E afinal de contas, eu adoraria que me explicasse ou me mostrasse porque mesmo que o símbolo da Sonserina é uma cobra!

— Vou te dar uma boa razão pra não se aproximar de mim, garota, Eu machuco as pessoas! – ele disse pausadamente.

— Tenho uma coleção de cicatrizes professor, que só me ensinaram uma coisa, as feridas saram!

E saiu, deixando na sala um Snape levemente atordoado.