História Devora-me - Desatino

Aquela sexta feira havia amanhecido fria, tão fria como Skyller se sentia por dentro. Ela não soube o porquê, mas naquele dia se sentia mal. Não conseguiu nem levantar para ir as suas aulas, nem tão pouco para tomar o café. A única vontade que ela tinha naquele momento era manter-se ali, afogada entre os cobertores, na penumbra do seu quarto, até que se desfizesse em pó. Ela remexeu incomodada, havia uma dor na região do peito que Skyller nunca sentira. Algo que a sufocava por dentro, dando-lhe uma sensação de aperto, de sufoco de morte. Ela queria tanto poder livrar-se daquela sensação e voltar a sorrir como antes, mas não sabia nem o que estava acontecendo consigo.

”Devo estar doente! Devo ter pego alguma virose!”

Quando a porta de seu quarto finalmente se abriu, ela pediu aos céus que naquele momento não fosse ela mesma. Gina e Hermione adentraram o local, preocupadas com a amiga. Ela nunca faltara a alguma aula, ainda mais a aula de seu “amado” professor. Elas se sentaram a beira da cama da garota, esperando explicações.

— Eu estou bem! – Disse ela, retirando o cobertor da cabeça, mostrando as visíveis olheiras.

— É, estamos vendo! – Disse Gina, — Com certeza você nunca esteve melhor!

— Sky, o que houve? – Perguntou Hermione, — Aconteceu algo ontem? O que Snape fez com você?

Ela olhou para o teto tentando conter as lagrimas, não sabia o porquê, mas ouvir o nome dele, a fez querer chorar.

— Ele me beijou! – Disse ela, encolhendo-se mais na cama.

Hermione tapou a boca incrédula enquanto Gina batia palmas, excitada.

— Mas não era isso que queria? – Perguntou Hermione, — Digo, todo esse jogo, tudo que fez foi em prol disso, não?

Sky colocou a cabeça por entre os joelhos, definitivamente devia ter escutado Draco.

— Oh não! – Exclamou Gina, — Você se apaixonou!

— Eu não me... – Tentou dizer Sky.

— Não minta pra nós Sky! Está na cara o que aconteceu... Esse seu jogo sempre fora perigoso e sem volta! Tudo isso que fez, não era algo novo não é? Digo, quando se envolveu com Vitor, só ele se apaixonou, não é?

Skyller afirmou com a cabeça, enquanto uma fina lagrima denunciou os seus sentimentos.

— Mas as coisas dessa vez não saíram como você planejou! Snape entrou em seu jogo de uma forma que você não imaginava... Você deveria saber que ele, não joga pra perder amiga! Você não está doente, está amando... E amar dói.

“Esse é o problema de deixar-se apaixonar. Ela sempre vem acompanhada com a dor, e a dor precisa ser sentida.”

— Ele nos tirou mais pontos! – Disse Gina jogando-se em sua cama, — Estava terrível hoje! Mais do que o normal... E agora tenho certeza que o humor dele, tem a ver com a sua não ida à aula! Parece que tudo ficou calmo demais... Foi à primeira vez no ano, que ele não precisou ouvir suas brincadeiras, ou deixa-la em detenção! Ao contrario do que achávamos Snape não gostou disso...

— Sinceramente amiga - Disse Hermione, — Não sei o que viu nele! Ele é acido, e às vezes injusto! Tento não chama-lo dos apelidos horríveis que os meninos o chamam, mas fica cada vez mais difícil! Sei que não escolhemos quem iremos amar, mas definitivamente acho que você mereça alguém que lhe dê paz, não que cause uma guerra dentro de você!

“E isso era verdade. Eu o amava não pela forma que ele acalmava meus anjos, mas pela forma que o som de sua voz atiçava meus demônios”.

— Quer saber o que vejo nele? -Perguntou Sky com um sorriso malicioso. — Melhor perguntar o que eu imagino com ele! Onde e como o gênio difícil dele podem ser bem aproveitados, ou a voz grave e rouca sussurrando coisas safadas em minha orelha! A experiência que ele deve ter. As coisas maravilhosas que ele deve fazer na hora “H”... E se estiver amando, talvez consiga levar a mulher até o paraíso... Só com o som de sua voz pela manhã...

— Será que o tamanho das mãos e do nariz surte algum efeito lá? – Disse Gina maliciosa, fazendo com que Hermione corasse.

Skyller sorriu, lembrando-se dos pequenos momentos em que esteve frente a frete daquele “Deus” Seminu, apenas com uma cueca preta Box, tão apertada pela enorme ereção que ela pensou que o pano fosse rasgar.

— Ah, eu não tenho duvidas! Não tenho dividas do quanto ele é enorme, e do quão grosso aquele homem pode ser!

Skyller revirou os olhos mordendo os lábios fingindo um orgasmo e fazendo com que as garotas rissem como crianças.

“Ele era um “tesão”. Sexy, displicente e formal! O jeito forte que ele havia me segurado, a luxuria em suas orbitas, ele sabia o que me causava, a guerra que ele causou em mim era maior do que a que estava por vir.”

***

Naquele mesmo dia à tarde Skyller finalmente saiu do quarto para ir à sala do diretor. Ele havia lhe mandado uma carta, expressando sua preocupação pelo seu sumiço. O que Sky teve certeza que a possível preocupação não havia saído realmente dele.  Ela tomou um banho, logo passando a famosa make forte que sempre usava, mas agora tentando esconder as olheiras. Ela desceu as escadas e seguiu rumo à sala do diretor, batendo de leve duas vezes.

A porta se abriu, e lá ela se deparou com um velho de olhos amáveis e um homem de olhar sombrio.

Skyller suspirou ao se deparar com Snape. Havia fugido do maldito a manha inteira, para se deparar com ele bem ali, na sala do diretor. Severo a olhou desconfiado, com uma sobrancelha levantada, enquanto Dumbledore sorria.

— Entre minha filha, entre! – Disse Dumbledore.

— Nos vemos no jantar Alvo! – Disse Snape se despedindo.

Ele passou como um furacão por Sky, e ela abaixou a cabeça, tentando não encará-lo.

— Como vai minha querida? – Você me parece abatida!

“Velho curioso! Já sabe o que é!”

— Estive um pouco doente senhor! Mas já estou melhor! – Ela forçou um sorriso.

— Doente? Temo que para essa doença eu não tenha remédios! E não há médicos que possa lhe receitar! – Ele olhou com seus olhos cintilantes por debaixo dos óculos meia lua. — Mas espero que eu esteja errado! Seria uma catástrofe se o jogador caísse em suas próprias armadilhas! – Ele riu oferecendo a ela uma jujuba, — Pegue, vai fazer você se sentir melhor! Nada melhor para o amor do que jujubas! Estava eu agorinha dando umas a Severo!

“Eu não disse?”

Ela riu um sorriso espontâneo e verdadeiro, e o velho sentiu-se feliz em finalmente ver a luz que emanava da garota. O semblante triste não combinava com ela.

— Então, passará o natal conosco?

— Ah sim! Pelo menos boa parte dele, já que iremos a minha casa pegar a erva, e o livro emprestado do meu pai!

— Ah sim, quase me esqueci desse detalhe! – Ele disse alisando a mão. — Talvez possamos chamar Pitter para passar o natal conosco! Seria maravilhoso, todos juntos! Você sabe que os dias festivos aqui em Hogwarts são sempre muito bem comemorados!

— Papai adoraria! – Ela disse com um brilho nos olhos, — Nós sempre passamos sozinhos, e acho que um bocado de gente o faria bem! Ele sempre gostou dos lugares lotados, da presença humana... Mas depois que mamãe... – Ela hesitou, — Bom ele nunca mais foi o mesmo! Ele se tranca em seu mundo, tem medo de tudo e acha que todos o ideiam... Ele realmente ficaria feliz senhor!

— Ah! Então está combinado, iremos lá amanha, enquanto os preparativos são feitos aqui! E depois retornaremos todos juntos, para uma inesquecível noite! – Ele sorriu alisando a barba.  — Saiba que, sou muito grato a senhorita!

Ela o olhou sem entender.

— Graças à senhorita, eu ainda poderei participar de muitos banquetes em Hogwarts... Gosto muito deles! A pior parte seria colocar Severo em uma posição difícil, que sei que seria mais um tormento para ele!

— Do que está falando senhor?

— Bom, se não fosse por você Skyller, e pelo seu conhecimento no assunto, eu com certeza não passaria de um ano! Eu fui um tolo, em colocar esse anel! Em nem se quer imaginei que poderia ter magia negra nele! Mas eu não poderia deixar que as pessoas me vissem definhar diante a morte! Seria vergonhoso e doloroso... Estou a par de alguns planos de Voldemort e sei, que um de seus planos era a minha morte... Eu com certeza me aproveitaria disso, e confiaria esse fardo mais uma vez em um grande amigo! Eu não poderia pedir mais nada a ele, seria injusto!

Skyller assentiu com um aceno de cabeça, ela logo soube que provavelmente Dumbledore pedira a Severo que o matasse. Ela imaginou como o professor deveria ter reagido diante isso. Matar o único homem a quem ele realmente confiou o único amigo verdadeiro que teve. Ela imaginou como deveria ter sido difícil pra ele ouvir isso, e quantas garrafas de Uísque de fogo ele deveria ter esvaziado por causa disso.

— Fico feliz em poder ajudar!- Disse ela sincera, — Bom, então fica combinado para irmos amanha! Até o banquete senhor!

Dumbledore deu uma leve piscadela para a garota que saiu em disparada pelos corredores. Uma sombra negra a acompanhava, Skyller sentiu um calafrio ao ouvir o som da voz arrastada e rouca.

— Fugindo de mim Senhorita?

“Oh não, não!”

Ela parou olhando devagarmente para trás para se deparar com nada menos que Severo Snape a encarando curioso.

— Não tenho motivos para fugir de alguém professor!

— Professor? – Ele levantou a sobrancelha estranhando o modo formal que ela o tratava. “Onde estavam às brincadeirinhas, as provocações?” – Ele riu sarcástico, — Skyller Jane Lannyester com medo! E ainda por cima de um Sonserino!

Ela bufou nervosa com a provocação.

“Xii, foi mostrar os peitos pro Thuco e ele ficou todo assanhadinho! Tá se achando!”

— Não estou com medo! – Só não estou mais afim!

Ela viu exatamente quando o sorriso nos lábios dele morreu. Ela tentou sustentar um olhar frio, mas foi quase impossível vendo no rosto dele uma mancha de decepção. Ele se aproximou praticamente colando os lábios no lóbulo dela.

— Não me quer mais? – Ele sussurrou.

“Quero, quero, quero”

— N- não! – Ela gaguejou praguejando interiormente por esse feito.

 Em outros tempos ela teria lhe dito sim, mas agora Sky sabia que ele também jogava. Isso fazia parte do jogo de sedução, e ele era como um imã que sempre a arrastava mesmo ela dizendo que não. O cheiro dele assim tão perto inundou todo aquele lugar a deixando em estado de êxtase, mas ele também sabia disso.

— Está mentindo Senhorita Sky! Está tentando fugir de mim! – Ele riu no ouvido dela, causando arrepios instantâneos, — Mas não vai conseguir querida... Não mais!