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História Dezessete Mil Sentidos para Park Jimin - Capítulo 18 - Amo Meu Caminho


Escrita por: icebluegguk

Notas do Autor


Olá, amores!
Esse é o tão esperado capítulo 18 :3

Eu criei uma conta no Ko-fi, uma plataforma onde artistas tentam ganhar um pouquinho com a arte deles, hehe. Já que sou escritora, criei 4 tipos diferentes de assinatura; então, há opção de membro para ter acesso exclusivo à spoilers das minhas obras em andamento e obras que pretendo postar futuramente (já postei o primeiro capítulo de duas obras futuras no ko-fi inclusive), além de receberem recompensas exclusivas quando as metas forem atingidas. O link está nas notas finais, quem puder compartilhar ou assinar como membro, eu ficaria muitíssimo agradecida!

#BlueDay


Boa leitura!

Capítulo 19 - Capítulo 18 - Amo Meu Caminho


Fanfic / Fanfiction Dezessete Mil Sentidos para Park Jimin - Capítulo 18 - Amo Meu Caminho

☾ Amo meu caminho, é uma nova estrada. Eu sigo onde minha mente vai. ☽

― “Love My Way”, Psychedelic Furs

 

 

Este é um capítulo sobre primeiras vezes.

Não será o capítulo mais fácil de ser escrito por mim, muito menos lido por você, mas farei o meu melhor, porque minha primeira vez com Park Jimin — ainda que tenha sido difícil — foi a melhor de todas as outras primeiras vezes que já tive em toda minha vida. Mesmo depois de tanto tempo, ainda fico completamente corado quando me lembro do quão desajeitados éramos como um casal no início de tudo, o quanto éramos inexperientes com sentimentos e — principalmente — sexo.

Gosto de guardar cada detalhe daquela noite de forma organizada e, por isso, precisaremos dividi-lo nas principais músicas que fizeram daquele acontecimento algo inesquecível.

“Mystery of Love”, Sufjan Stevens

Era a primeira vez que nos beijávamos com a presença do medo em nossos peitos, assim como era a primeira vez que eu estava disposto a me entregar inteiramente a alguém pela primeira vez, aquilo se tornava algo assustador a cada minuto que se passava em minha mente.

Nosso beijo havia desacelerado aos poucos; Jimin estava deitado, com as pernas fora da cama, enquanto eu estava da mesma forma ao seu lado, deitado de bruço, com minha mão esquerda em seu rosto e minha direita brincando com os dedos de sua mão esquerda, nossos lábios se tocavam calmamente. Nossas línguas não tinham pressa para se moverem dentro de nossas bocas e acariciavam a do outro com dedicação e paciência, nada parecido com o que tínhamos experimentado das outras vezes.

De fato, agir calmamente, enquanto tudo dentro de mim explodia, era algo contraditório e estranho.

— Hyung, você está bem? — Jimin sussurrou entre um beijo e outro, impedindo que eu juntasse nossos lábios e segurando meu rosto, para olhar em meus olhos — Suas mãos estão tremendo.

Mesmo que eu não quisesse admitir o quanto estava nervoso para mim mesmo, elas estavam mesmo tremendo.

— E-Eu… — eu estava assustado, nervoso, mas não queria que parássemos — Eu estou bem, Minie.

— Acho melhor a gente deitar direito, hyung. Você não parece muito confortável.

Nossos olhos não desgrudaram do outro por um momento sequer.

— Tudo bem — eu assenti — Vamos.

Tiramos nossos sapatos e nossas meias, mesmo que estivesse muito frio, porque gostávamos de esquentar nossos pés nos do outro, era bem mais confortável do que as meias. Desdobramos as cobertas e deitamos no travesseiro de frente para o outro, com a coberta até nosso queixo; ficamos daquele jeito, olhando para o outro, por um bom tempo.

A claridade do poste de luz do lado de fora permitia que eu enxergasse o sorriso nos lábios cheios de Jimin, assim como seu olhar de admiração sobre meu rosto, então não consegui segurar o meu também. Ele levou sua mão esquerda até meu rosto, acariciando minha bochecha com uma leveza que Jimin nunca fora muito bom em ter, mas que fez suspirar em satisfação e conforto.

— Você é tão lindo, Jungkookie… — ele sussurrou.

Mantive-me olhando apenas para ele, ainda que tenha ficado extremamente envergonhado quando perguntei algo que rondava minha mente há certo tempo:

— Você já se imaginou fazendo amor com alguém?

Jimin interrompeu as carícias e pareceu surpreso por um momento, mas seu semblante logo relaxou novamente e ele assentiu.

— Com você — respondeu.

Parecia que meu coração havia parado por um momento.

— E como foi?

Com aquela pergunta, Park Jimin abriu mais um daqueles sorrisos que faziam eu me sentir como se a gravidade não existisse.

— Teria sido melhor, se fosse real — foi sua resposta.

Ele sempre conseguiu fazer meu corpo se arrepiar com frases simples, porque era como se Jimin estivesse tentando passar tudo que sentia através das palavras, mesmo que fosse difícil conseguir se expressar com precisão. Mas era tudo tão novo para mim que me despertava medo, ao mesmo tempo que me tranquilizava; era tudo muito confuso.

— Jimin… — disse seu nome, desviando os olhos, porque o que perguntaria me faria parecer alguém extremamente vulnerável — Você gosta mesmo de mim, não gosta?

Era estranho me sentir naquela posição, a da pessoa que precisa ser cuidado, porque até então tudo que tinha tentado fazer era cuidar da pessoa que estava presenciando meu momento de sensibilidade. Contudo, não pude evitar em fazer aquela pergunta, porque precisava da resposta, mesmo que eu já soubesse qual era há muito tempo.

— Hyung… — ele riu, se deitando mais próximo ao meu rosto, com a cabeça em meu travesseiro, juntinho de mim — Eu amo você, seu bobo.

Posso dizer, com toda certeza, que meu mundo inteiro perderia o sentido se Jimin não estivesse nele. Pode soar como algo parecido com dependência emocional, talvez até tenha sido isso na época, mas não é mais assim hoje em dia e, mesmo assim, afirmo que não sei o que seria de mim sem Park Jimin ao meu lado. Por mais que toda a evolução pela qual passei fosse um mérito meu, ela jamais teria acontecido se meu menino de ouro não fosse meu.

— A-Ama? — foi minha pergunta, porque eu nunca me cansaria de ouvir aquilo ser dito por ele.

Tudo que eu sempre quis, em toda minha vida, foi ser amado imensamente por alguém que quisesse cuidar de mim por todos os dias do resto da minha vida, alguém que eu amasse também. Alguém tão precioso como meu Jimin, a pessoa de quem eu também queria cuidar por todos os dias do resto de sua vida.

Tudo que eu sempre quis, em toda minha vida, foi ser correspondido.

— Você é tão bobo, Jungkookie — ele sussurrou, rindo baixinho, ao mesmo tempo em que sentia as lágrimas marejando meus olhos — Amo. Eu amo você, Jungkook.

Ficar mais um segundo longe de seus lábios era um desafio que eu jamais conseguiria executar, por isso, atravessei a pequena distâncias que existiam entre os dele e os meus, roubando seu lábio inferior por entre meus dentes. Ele suspirou, enquanto deixava os olhos se fecharem e cedia ao meu beijo, segurando uma de minhas mãos com firmeza, até levá-la para o próprio rosto, em um pedido silencioso de que eu o tocasse.

Eu tocaria-o quantas vezes ele quisesse.

Apoiei meu cotovelo para que conseguisse levantar meu tronco e me pôr sobre o de Jimin, sem desconectar nosso beijo ou qualquer outro contato, estar junto a ele sempre seria uma prioridade.

Ele selou meus lábios uma última vez, antes de afastar-se de meu rosto e segurá-lo sobre o seu com as duas mãos, afagando minhas bochechas e passeando seus olhos por todo o meu rosto, desde os lábios, até meus olhos. Sorri para ele, também recebendo um sorriso seu como resposta.

— Sabe de uma coisa? — ele perguntou, levantando as sobrancelhas, como se uma ideia tivesse acabado de surgir em sua mente — Eu nunca fui a uma festa de Ano Novo!

Não havia conseguido entender o que Jimin queria dizer no primeiro momento, então apenas continuei lhe encarando, com um olhar de interesse.

— Podíamos fazer nossa própria festa de Ano Novo, hyung! — acabou por dizer.

As ideias dele sempre vieram em momentos aleatórios, assim como sua inspiração para um desenho ou pintura nova, porque é o jeito que Park Jimin gosta de enxergar a vida, e aquele foi o momento em que decidi que precisava deixar-me viver um pouco mais, sentir um pouco mais, permitir que o homem que eu amava me mostrasse um pouco mais como ele poderia me fazer feliz. Decidi abraçar sua proposta, mesmo que aquele tipo de convite não fosse a coisa mais esperada em um momento como aquele.

— Então, vamos fazer uma festa.

“Love My Way”, Psychedelic Furs

Quando a música começou, Jimin se pôs de pé no mesmo instante, rindo com animação e começando a dançar com passos de um lado para o outro, mexendo os braços desajeitadamente e se aproximando de mim — que o observava com um sorriso no rosto, escorado na parede ao lado do aparelho de som, de braços cruzado — de forma engraçada.

De repente, ele franziu as sobrancelhas, como se tentasse forçar um semblante sedutor, enquanto chegava ainda mais próximo de mim, e eu não consegui conter minha gargalhada. Já havia algum tempo que tinha certeza que Jimin era a melhor coisa que já acontecera em minha vida, mas aquele momento simples apenas reforçou essa afirmação, porque parecia impossível que alguma outra pessoa — algum dia — poderia me fazer tão feliz quanto ele me fazia com suas ações mais espontâneas.

Comecei a me aproximar dele, seguindo ritmo da música e segurando minha risada de maneira ainda mais engraçada e, assim que estava perto o suficiente, entrelacei os dedos de ambas as nossas mãos e as ergui juntas, até encaixar os braços de Jimin em volta de meu pescoço, soltando-o, para que eu encaixasse os meus em volta de sua cintura. E, então, nós dançamos e rimos juntos.

Minha mente gravava cada detalhe daquele momento e meu coração se aquecia com o fato de Park Jimin ter dispersado toda a tensão que tomava meu corpo minutos atrás, quando estávamos deitados e toda o peso da responsabilidade das coisas que tinha vontade de fazer naquela noite pareciam ruins demais.

— Eu sou um péssimo dançarino, hyung — Jimin disse, ainda rindo, aquela era a primeira vez que presenciava seus olhos formarem uma linha por tanto tempo — E não consigo parar de rir! Não enxergo direito quando estou rindo!

De fato, ele se jogava sobre meu corpo, por conta das risadas, a cada dois minutos. Eu precisava acabar segurando-o para que não caísse, mas terminava por rir tanto quanto ele.

— Você é um ótimo dançarino — eu menti, nunca deixando o sorriso sair de meu rosto, porque era como se não tivesse mais controle algum sobre isso — Só está alegre demais. Isso é bom.

— Você me deixa alegre, hyung.

“Holy Ground”, BANNERS

Existem poucas coisas nessa vida das quais eu posso me orgulhar por mérito próprio, mesmo que sejam muito valiosas hoje em dia, como minha faculdade, a instituição onde trato meus pacientes e o êxito em minha profissão atual. Em contrapartida, existem muitas coisas das quais me orgulho por ter conquistado juntamente à Park Jimin; coisas que conseguimos caminhando lado a lado, ainda que os dias fossem extremamente difíceis de suportar. Nós nunca desistimos um do outro.

No instante em que nos encaramos, quando a música calma nos envolveu dentro daquele quarto, era como se conseguisse prever toda a alegria que ele ainda poderia me trazer pela frente, ao mesmo tempo em que eu poderia me esforçar para fazê-lo ainda mais feliz.

Os olhos de Jimin brilhavam e não havia mais um sorriso em seus lábios, era como se ele também estivesse assustado com a intensidade daquilo, como eu estava. Suas mãos desceram até as laterais de minha cinturas e as minhas subiram até as de seu rosto, tomando-lhe nas palmas de minhas mãos e respirando profundamente. Gravando cada detalhe de seu rosto, porque não queria me esquecer daquela noite.

— Hyung — ele me chamou, meus olhos foram para os seus imediatamente, em um pedido silencioso para que ele continuasse a falar — Quando me pediu em namoro, disse que pessoas que estão nesse tipo de compromisso imaginam um futuro juntos. Você realmente imagina um comigo?

Acabei suspirando, junto a uma risada breve e alegre.

— É claro que eu imagino — sussurrei de volta, aproximando ainda mais meus lábios dos seus — Já imaginei muita coisa…

— Eu também…

— Ah, é? — ele assentiu, corando e desviando os olhos para um canto qualquer do quarto — Como o quê?

— Bem, eu… — vi seu pomo de adão se mexendo, ele estava nervoso — Uma vez eu… me imaginei chegando do trabalho, bem mais velho e… encontrando você… na nossa casa…

— Qual é a cor da nossa casa?

Nós sorrimos ao mesmo tempo, porque obviamente a cor dela era:

— Azul.

Podia imaginar aquilo junto a ele; nós dois chegando em casa, após um dia cansativo de trabalho, nos cumprimentando com um beijo casto, tomando banho juntos para poder relaxar — sem nenhuma malícia nisso — e vestindo roupas largas e confortáveis, para comermos qualquer coisa que matasse a nossa fome, sentados de qualquer jeito no sofá. Depois, assistiríamos a algum filme que estivesse passando na TV e acabaríamos o dia dormindo abraçados em nossa cama.

— E nós teríamos um gato — Jimin continuou, envolvendo minha cintura ainda mais com seus braços — Ele se chamaria Simba, eu o apresentaria ao sol assim que adotássemos ele.

Eu o amo.

— Teríamos quartos extras para os nossos amigos — ele sorriu assim que ri de sua fala, mas ficou mais sério em seguida, dizendo com mais nervosismo: — E um quarto… não extra… mas, sabe…

Um fato que já deve ser bem claro para quase todos vocês; Park Jimin usava muito exemplos de filmes para montar um cenário perfeito do que poderia ser sua vida no futuro. Mesmo que seja algo bem comum, era uma particularidade dele. Eu mantinha isso em mente, sempre lhe informando quando algumas coisas que ele queria eram completamente fora da realidade.

Contudo, eu não consegui informá-lo sobre a impossibilidade de realizar algo que Jimin queria, quando ele terminou falando:

— Um quarto para… uma criança… t-talvez…

Nós não podíamos ter filhos, porque um casal como nós não podia adotar crianças. Não era algo permitido em nosso país.

Mas minha resposta foi beijá-lo, já que eu não fazia ideia de que Jimin já cogitava todas as aquelas coisas e porque sentia como se estivesse, finalmente, completo. E eu não me sentia completo por idealizar Park Jimin como a peça que me faltava, mas por saber que eu era suficiente para ele fez eu me sentir suficiente para mim mesmo, então, estava completo.

Não sei de onde tirei força e disposição para alcançar as mãos de Jimin e colocá-la sobre meus ombros para que minhas mãos pudessem descer por seu corpo, até eu estar me agachando para encaixar as minhas na parte anterior ao seu joelho, levantando-o e logo sentindo suas pernas envolverem meu quadril. Investi minha língua por entre seus lábios, que se abriram assim que sentiram meu contato, enquanto ele suspirava e me apertava ainda mais contra si.

Sentei-o sobre a cama, empurrando-o até que suas costas estivessem encostadas na cabeceira de madeira, então, me sentei sobre ele, com cada perna de uma lado de seu corpo, abraçando seu pescoço e colando meu corpo ao dele. Assim que suas mãos correram até minhas nádegas, eu acabei gemendo, porque queria que Jimin me tocasse ali. Aquilo pareceu incentivá-lo a seguir adiante, suas mãos tomaram o que podiam daquela região e permaneceram ali.

— Você faz esse som de propósito, não faz? — ele sussurrou, conseguia sentir o sorriso dele enquanto o beijava.

Jimin mexia com tudo dentro de mim, tanto quanto eu parecia fazer o mesmo com ele.

— É um pouco difícil me controlar… quando é com você que estou — respondi.

Ele parou de me beijar, afastando seu rosto do meu, para que pudesse encarar meus olhos apropriadamente e sorriu para mim. Eu sempre amei fazer Jimin sorrir, mesmo que ele raramente conseguisse enxergar minha ração àquilo, sequer precisava me olhar no espelho para saber que havia um brilho inacreditável em meus olhos em momentos assim.

— Você me deixa sem jeito, hyung — Jimin admitindo, acabando por rir um pouco e esconder seu rosto em meu pescoço.

Park Jimin estava nervoso porque, muito provavelmente, sabia o que aconteceria naquela noite, tanto quanto eu tentava me preparar aos poucos pelas coisas que viriam a acontecer.

— Jimin? — chamei-o, fazendo com que seu sorriso diminuísse e ele me visse com mais clareza — Eu amo seu sorriso.

E ele sorriu de novo, com a mão sobre a boca, porque também estava rindo alegremente.

“Bloom Later”, Jesse

Ficamos daquela maneira por muitos minutos; comigo sobre seu colo, suas mãos na minha cintura e nossos olhos grudados nos do outro. Nos beijávamos de tempos em tempos ou só aproveitávamos a música agarrados ao outro, mas observar o rosto do outro sempre seria nosso passatempo favorito. Sempre foi.

— Posso perguntar algo que sempre me deixou muito curioso? — perguntei, me jogando para o lado dele e deitando-me devidamente, com minha cabeça sobre seu ombro, meu braço e perna esquerda envolvendo-o em um abraço.

— Pode, sim, bebê coala — ele respondeu, conseguia ouvir o sorriso em sua voz e senti seus dedos iniciarem um carinho suave em minha cabeça.

— Sua mãe nunca pergunta o que fazemos juntos?

Ao mesmo tempo em que perguntei aquilo, logo senti um desespero incômodo crescer em meu peito; eu realmente não saberia como agir caso soubesse que a senhora Park desconfiasse do que Jimin e eu tínhamos, o que significaria se ela descobrisse tudo. Me afastar dele forçadamente era a última coisa que queria, algo completamente inimaginável e fora de cogitação para mim.

Aquele sentimento foi o primeiro indício que eu estava criando uma dependência emocional por Park Jimin, e perceber aquilo me deixou apenas mais preocupado e pensativo, mesmo que estivesse tentando afastar aquilo de mim.

— Eu nunca vou parar de repetir o quanto você é bobo, hyung — Jimin respondeu, rindo alto dessa vez.

Inclinei minha cabeça para cima e franzi minhas sobrancelhas, forçando um semblante zangado para ele, mas claramente não estando nem um pouco zangado, porque isso era impossível.

— O que é tão engraçado?

— Ela já sabe sobre nós, hyung — Jimin simplesmente disse — Ela sabe o que sinto por você desde antes de você mesmo saber…

Ah.

Aquilo não estava fazendo muito sentido na minha cabeça, meu raciocínio travou no momento em que ouvi “ela já sabe sobre nós, hyung” e não estava voltando ao normal ainda que tentasse com todo meu esforço. Já estava criando milhares de realidades em que era proibido de chegar perto de Jimin, em que a senhora Park me afastava de seu filho e, de repente, meu corpo inteiro estava tenso.

Meus braços o envolveram com um pouco mais de força, assim como minha perna esquerda — que ainda estava em volta de seu quadril. É claro que Jimin acabou por perceber.

— Hyung? — ele chamou, com a voz bem menos alegre e mais rouca, enquanto me balança com as mãos pequenas, tentando fazer com que eu voltasse ao normal — Jungkook?

— Ela sabe? — minhas palavras saíram em um sussurro sufocante; meu namorado não soube o que fazer, a não ser assentir — Ela vai te proibir de vir para casa? Ela disse coisas horríveis para você?

— Hyung, a mamãe não é assim… — Jimin negou com a cabeça, franzindo as sobrancelhas por estar desapontado com o que eu perguntava — Por que pensa tão mal dela? Ela já foi ruim com você?

Todos os últimos anos até aquele momento repassaram em minha mente como um filme rebobinado; de fato, a senhora Park nunca fora mal comigo, nós simplesmente não tínhamos nenhum tipo de relação. Para mim, ela sempre foi apenas a colega de trabalho de minha mãe.

Contudo, eu ainda lembrava do dia em que ela se referiu à Jimin como alguém doente e aquela lembrança mexia comigo desde o momento em que descobre que, na realidade, ele não estava nem um pouco doente. Queria poder tirar aquela dúvida, mas não sabia se Park Jimin era a pessoa mais indicada para quem eu perguntasse, não sabia qual seria sua reação, ele poderia ficar chateado.

— Jungkook — voltou a me chamar, se afastando de mim, para que ele pudesse deitar-se de lado, apoiando a cabeça na mão esquerda, mas sem tirar os olhos dos meus — Eu sempre fui mais interessado em garotos, desde mais novo, e nunca fiz questão de esconder isso de minha mãe.

— Ela nunca tentou te convencer de que era só uma coisa da sua imaginação? — perguntei, temeroso, porque claramente seria uma coisa que minha mãe faria — Nunca lhe disse que era errado?

— Para ser sincero, ela só me perguntava constantemente se estava interessado em alguém específico…

Meus olhos ficaram arregalados com o número de possibilidades diferentes que aquela resposta criava.

— Você já esteve interessado em outros garotos? — eu perguntei, tentando não deixar minha voz soar muito instável.

Claramente falhei, porque Jimin colocou a mão sobre a boca e seus olhos começaram a se fechar; ele tentava segurar sua risada.

— Aish! — eu me sentei sobre a cama, verdadeiramente nervoso dessa vez; cruzei meus braços apertadamente sobre o peito e continuei encarando Jimin com um semblante desgostoso — Do que tanto ri?! Você já esteve interessado em outros garotos?!

— Aigoo, por que o surto de ciúmes agora, hyung? — ele semicerrou os olhos, como se me desafiasse — Você copulava com garotas muito antes de namorarmos!

Atrevido.

— Isso não vem ao caso — foi minha resposta — Responda minha pergunta.

Park Jimin deu de ombros e se sentou na minha frente, me imitando ao cruzar os braços e me encarar com seriedade.

— Eu já me interessei pelo Patrick Swayze — eu estava prestes a rir, por ter soado tão fofo o fato de que era o ator de Dirty Dancing e o tom preciso que Jimin usava para me responder, até que: — E Lee Taemin.

Lee Taemin.

Lee Taemin.

Lee Taemin.

— Lee Taemin?!

Lee Taemin.

O garoto que tinha sido colega de classe de Jimin nos últimos anos, que tinha dado um abraço consideravelmente apertado no dia em que meu namorado voltou a frequentar a escola. Lee Taemin, o garoto que continuaria sendo colega de classe de Park Jimin, vendo-o todos os dias, passando o dia inteiro ao seu lado, por mais um ano.

— Seu colega de classe, Lee Taemin? — Sério, Jungkook, de quantas confirmações diferentes você precisa?

— Sim, Jungkook-hyung — ele disse, dando de ombros e escorando as costas contra a cabeceira de madeira da cama, seus olhos viajaram para o teto do quarto — Meu primeiro beijinho foi com ele.

MEU DEUS.

MEU DEUS.

MEU DEUS.

Tira esse sentimento ruim, é ruim demais!

Eu vou morrer!

— Kookie!

Quando me dei conta das coisas ao meu redor, já estava estirado no piso de meu próprio quarto, Jimin se levantou com pressa e correu até estar ao meu lado. A situação toda era triste e vergonhosa demais, tanto por conta do fato de eu nunca ter sentido ciúmes de uma pessoa na vida — pelo menos, não daquela maneira —, quanto por conta do fato de que eu não sabia o que fazer ou como controlar aquele sentimento.

— Por que você se jogou?! — Jimin gritou — Podia ter se machucado, bobo!

Ele realmente não fazia ideia do quão forte conseguia ser ou simplesmente fingia que não, sinceramente. Não era possível uma pessoa socar o ombro de outra com tanta força a ponto de me fazer gritar e massagear a região, apenas esperando que a dor passasse logo.

— Eu não me joguei, eu entrei em estado de choque! — respondi.

— Ninguém entra em estado de choque por saber que não é o primeiro beijo do namorado…

— Para de repetir isso — coloquei ambas as minhas mãos sobre minhas orelhas e me retorci sobre o chão, Jimin continuava a me encarar de forma incrédula e eu só queria me afundar no chão — É tortura!

— Aigoo, eu aprendi a não interpretar tudo que você fala de forma literal, hyung, não queira fazer truques comigo!

— Foi só um beijinho mesmo?

— O quê?

— Com Taemin. Foi só um beijinho? Mais sem graça do que o que eu te dei no nosso primeiro encontro?

— Nosso primeiro beijo não foi sem graça, Jungkook.

— Apenas arranque o band-aid de uma vez, homem!

— Durou meio segundo, hyung, eu prometo!

— Não, não, não precisa prometer nada, eu só… 

Suspirei, completamente decepcionado com a cena que estava fazendo.

Sentei-me e sequer tive coragem de olhar para ele, porque sabia que não tinha uma explicação muito plausível para o que tinha acabado de acontecer. Além de tudo, eu deveria estar disposto a ouvir sobre seu passado amoroso, mesmo que jamais tivesse imaginado que realmente pudesse ter existido um por pura presunção minha, ao invés de repelir uma parte de Jimin.

— Eu só fiquei surpreso, Minie, só isso — respirei fundo — Pensei que havia sido seu primeiro beijo.

Não sabia explicar o motivo exato do meu desânimo.

Talvez era por ter criado tantos padrões para Jimin, que acabei decepcionado por cair na realidade de que eles não eram uma regra. Ou era simplesmente pelo fato de que Jimin tinha, sim, uma vida antes de me conhecer — uma vida da qual ele gostava. Era uma realidade completamente diferente da minha.

Era frustrante, para mim, saber que Park Jimin já havia vivido e sentido a maioria das coisas que eu ainda vivia e sentia pela primeira vez. Estava frustrado por — mesmo sendo mais velho e, teoricamente, mais experiente — não ter sido o primeiro a provocar a maioria das sensações indescritíveis que Jimin era o primeiro a provocar em mim.

O pior era pensar que isso tudo era fruto de um estereótipo que eu tinha sobre sua situação, como se Jimin não fosse auto-suficiente para poder ter experiências com as pessoas que ele mesmo quisesse; como se ele fosse incapaz de fazer as próprias escolhas, algo que ele sempre provava ser o mais completo equívoco.

— Você está triste… — ele resmungou, chegando mais perto de mim.

— Você gostava dele? — foi o que saiu por entre meus lábios, sem que pudesse evitar.

E, dessa vez, precisei conectar nossos olhares.

— Eu ainda gosto dele, hyung, como amigo — ele respondeu, com um brilho quase pesaroso nos olhos — Percebi que confundia como me sentia em relação a ele no momento em que beijei-o. Foi assim que eu soube que o que tínhamos era somente amizade.

Assenti lentamente, compreendendo cada palavra que ele dizia e assimilando-as mentalmente.

— Tudo bem, tudo bem… — eu sussurrei para mim mesmo.

Nós nos levantamos e voltamos a sentar na cama, Jimin bem do meu lado, sem tirar os olhos de meu rosto.

— Você é fofo quando está com ciúme, mas não se machuque por isso, hyung — Jimin murmurou — Isso não vai te fazer bem.

Confirmei com a cabeça, em silêncio, e segurei sua mão esquerda com a minha, brincando com seus dedos suavemente. Precisava pensar em um modo de como me livrar da tensão que tomou conta daquela situação, porque eu realmente não queria que aquela sensação nos rondasse pelo resto da noite; era para ser tudo especial.

— Nosso beijo continua sendo o melhor — meu namorado continuou, dando-me um soco fraco no ombro.

Aquilo me fez rir genuinamente, porque — mesmo que Jimin estivesse dizendo aquelas coisas para meu humor melhorar — ele estava sendo sincero. Olhei para ele, segurando fortemente sua mão na minha naquele momento, e abri um sorriso enorme, querendo mostrar que era causado totalmente por ele.

— Acredito em você — respondi.

“Hungry Eyes”, Eric Carmen

Naquele momento, assim que o sorriso de Park Jimin surgiu em seu rosto, minhas mãos foram para suas bochechas e meus lábios direto para os seus. Ele era lindo demais até mesmo naquela época e eu não sabia fazer nada além de querer beijá-lo o tempo todo.

Me afastei dele apenas para que pudesse me deitar confortavelmente, encostando minhas costas na cabeceira da cama e abrindo minhas pernas, esperando que ele viesse em minha direção até nossos lábios estarem colados novamente. Jimin ficou praticamente deitado sobre meu corpo, se não fosse por seus joelhos o sustentando para que seu peso não ficasse completamente sobre mim.

As mãos de meu namorado estavam firmes sobre o colchão, uma de cada lado do meu corpo, limitando a movimentação que tinha de meu quadril; minhas mãos voltaram ao seu rosto, puxando-o ainda mais contra o meu. O quadril de Jimin estava exatamente sobre um ponto muito sensível de meu corpo, que já estava desperto há bons minutos, e quanto mais ele resvalava naquela área — duvidosamente sem intenção alguma — mais altos e intensos meus suspiros se tornavam.

Meu Deus, meu Deus, vai acontecer mesmo!

Eu conseguia sentir o quanto Jimin me queria a cada investida de sua língua contra a minha, a maneira intensa com a qual ele movimentava seus lábios contra os meus e seus próprios suspiros, longos e seguidos de um som maravilhoso que surgia de sua garganta.

— Anjo — eu disse, tentando chamar a atenção de Park, ao mesmo tempo em que tentava afastá-lo e acabava causando beijos estalados das nossas bocas — Eu preciso de um minuto.

Ok, talvez mais do que um minuto…

— Hyuuung… — Jimin gemeu, protestando, insistindo em manter a sessão de beijos molhados — Não faz isso. Não me afaste. Não agora.

Meu Deus, ele está grudado em mim igual um gatinho…

— Anjo, não estou te afastando, prometo — eu sussurrei, rindo um pouco, porque a situação em que me encontrava era engraçada e o bico nos lábios de Jimin era adorável — Eu realmente preciso apenas de um momento. Volto logo.

Jimin assumiu um semblante contrariado, mas deixou que eu me afastasse.

Andei apressada e nervosamente até meu guarda-roupa, infiltrando minhas mãos pelas roupas abandonadas e bagunçadas até alcançar o maldito pacote que meus amigos haviam me dado como presente de Natal. Eu me recusava a permitir que eles soubessem que o que me deram realmente foi útil naquele momento, faria questão de não contar nada.

Percebi, pelo canto do olhos, que Jimin tentou identificar o que eu estava abraçando contra meu peito, mas apressei meus passos para dentro do banheiro, tentando — a todo custo — manter o pacote longe de sua visão. Tranquei-me no cômodo, com a luz acesa e iluminando todo aquele momento vergonhoso; estava nervoso com a possibilidade de Park saber o que estava prestes a fazer, mesmo que eu não tenha lhe dito nada.

Enfim, coloquei o pacote sobre a cerâmica da pia e abri-o, sentindo minhas bochechas tomarem uma cor vermelha assim que meus olhos se depararam com os sachês de lubrificante e os pacotes, um com caminhas, outro com as ferramentas que eu precisaria para a realização do enema.

Agora, não era como se eu nunca tivesse pesquisado sobre a necessidade daquilo em dias anteriores, meu desejo por Park Jimin estivera muito presente semanas antes àquela noite e é claro que minha curiosidade fora enorme. Eu sabia como usar o objeto, assim como sabia que ele não era exatamente indispensável.

Ainda assim, meu nervosismo relacionado àquele ato era intenso demais, então queria evitar qualquer tipo de constrangimento que pudesse transformar aquela experiência num pesadelo. Por isso, segurei a embalagem entre minhas mãos e rasguei-a, retirando o material de polietileno de dentro e me deparando com orientações mais específicas de como eu deveria usar aquilo.

Respirei fundo e segurei o higienizador corretamente, aproximando-me da torneira e abrindo-a, preenchendo o material com água suficiente, fechando a torneira logo depois e encaixando o tubo por onde a água seria eliminada na entrada do plástico. A cada passo que eu dava, parava por um momento para respirar fundo uma vez mais.

Deixando o higienizador apoiado à pia, flexionei e contraí os dedos das mãos, direcionando-as à barra de minha camiseta, livrando-me dela e do resto de minhas roupas.

— Tudo bem — sussurrei, sentindo arrepios sendo distribuídos por minha espinha, e voltei a segurar o higienizador — Vejamos… Deitar-se em um lugar plano… lubrificar o tubo de plástico e o… ânus… huh… segurar a água por um período de cinco a quinze minutos…

Deus, o que eu estou fazendo?

Eu li e reli aquelas instruções, porque minha mente parecia não querer absorver as informações e guiar meu corpo a executá-las. Estava muito nervoso e tinha muito medo de fazer tudo errado. Eu não me perdoaria se errasse mais uma vez com Jimin, o que era idiota, porque nós sempre vamos errar nas primeiras vezes que praticarmos algo.

Me olhei no espelho do banheiro, logo acima da pia, e — pela primeira vez — tentei encarar meu corpo usando os olhos de Jimin, tentando adivinhar o que ele poderia pensar de mim ao me ver daquela maneira. Porque, mesmo que já tenhamos nos visto sem roupa alguma em situações anteriores, aquela seria a primeira vez que nos veríamos de maneira entregue.

— Vai ficar tudo bem — sussurrei para mim mesmo, fechando os olhos e, mais uma vez, respirando fundo — É só o Jimin… É o Jimin…

Meu Deus, é o Jimin.

O fato de ser Park Jimin quem me esperava na cama me deixava tranquilo, porque sabia que poderia fazer aquilo em meu próprio ritmo, assim como poderia parar no momento em que não me sentisse mais disposto a continuar; mas também me deixava muito nervoso, porque era o homem que me amava e que também estava prestes a ter sua primeira experiência com aquilo, contudo, era um pouco mais complicado já que ninguém o havia tocado da maneira que eu o tocaria naquela noite.

Além de controlar meus pensamentos, teria que controlar minhas ações com Jimin, porque ainda não conhecia todos os pontos de seu corpo nos quais eu poderia tocá-lo.

— Vamos logo com isso — murmurei, finalmente abrindo meus olhos.

Completamente despido, ajoelhei-me para abrir o armário debaixo da pia, alcançando uma toalha limpa e de cor escura, fechando as portas duplas de madeira em seguida. Forrei a toalha ao lado do box de vidro e agradeci mentalmente por meu banheiro ser maior do que pensei que seria necessário.

Segurei o higienizador com firmeza em minha mão direita, um sachê de lubrificante de dentro do pacote e deitei-me sobre o tecido, tentando pensar na maneira mais confortável de fazer aquilo. Abri o sachê com ambas as mãos e despejei um pouco sobre o tubo, usando meus dedos para espalhar líquido suficiente e, logo depois, despejando uma maior quantidade em meus próprios dedos, engolindo a saliva com dificuldade quando direcionei-os para uma região mais baixa de meu corpo.

Ok, não é nada de mais…

Antes que conseguisse me tocar, acabei expirando todo o ar existente em meus pulmões com certo nervosismo, percebendo só então que estava segurando a respiração durante o ato. Esperei alguns segundos, antes de simplesmente dobrar minhas pernas abertas e infiltrar minha mão direita por entre elas; não enxergar o que estava fazendo era o que mais me apavorava, além de nunca ter explorado aquela parte de meu corpo por medo, então é claro que estava me controlando muito para que meus nervos não me fizessem explodir.

Quando senti algo gelado tocando-me lá soube que, pelo menos, eu não tinha errado ou me atrapalhado todo naquela parte do processo. Espalhei o lubrificante calmamente em minha entrada, sentindo minhas pernas tremerem levemente por conta da ansiedade.

A parte mais difícil foi introduzir o tubo na região na qual ele necessitava ser introduzido, porque não era nada confortável e minha mente parecia não querer contribuir comigo naquela situação complicada. Por um breve momento, estava pensando naquilo novamente e no fato de que meus amigos esperavam que eu desse um passo adiante em meu relacionamento com Jimin quando me deram aquele kit. Acabei fazendo todo o procedimento de modo automático, sentindo-me exposto.

Não era daquele jeito que eu queria.

Enquanto os minutos se passavam, eu tentava contar os segundos mentalmente, mas logo perdia o foco quando parava para raciocinar o que estava acontecendo e o que estava prestes a acontecer. Era assustador, eu estava assustado.

— Foque em um objeto, Jungkook, qualquer objeto — sussurrei, repetindo as palavras de minha psicóloga em uma das consultas em que ela me ensinara métodos para lidar com as crises de ansiedade — Qualquer objeto…

Um dos métodos que minha psicóloga havia me ensinado para que conseguisse me acalmar em momentos de crise, que era o que estava acontecendo, era focar em um objeto do cômodo em que eu estivesse, qualquer um. Então, assim que o escolhesse, precisava descrevê-lo em voz alta para mim mesmo.

Minji havia me mandado muitos exercícios por mensagem, mas aquele era o que mais me ajudava.

Virei meu rosto para meu lado direito, deparando-me com o cesto de lixo ao lado do vaso sanitário. Comecei a murmurar para mim mesmo suas características, a cor amendoada e as duas dobrinhas que a circunferência da tampa tinha, sua forma redonda e o pegador dourada que era usado para abri-lo. Não fiquei completamente calmo, mas funcionou para me desprender dos pensamentos que estavam me atormentando; respirei fundo mais uma vez e concluí que já havia se passado tempo suficiente para voltar para Jimin.

Meu maior medo, então, era que ele tivesse desistido de me esperar e dormido.

Assim que terminei o que precisava fazer, alcancei minhas roupas, mas interrompi minhas ações e voltei a encará-las. Eu não precisaria mais delas, então não havia motivos para vesti-las novamente. Por isso, apenas dobrei-as e coloquei sobre a tampa do cesto de roupas sujas.

Tudo bem.

Você quer mesmo fazer isso?

Aquela era a pergunta que não saía de minha mente desde o momento em que entrei naquele banheiro. Eu estava mesmo preparado para aquele passo? Confiava mesmo que não surtaria no meio do ato? Tinha certeza que poderia dar prazer a Jimin, a cuidar dele, durante todo o processo? Fingir que não estava apavorado com a possibilidade de estragar tudo não ajudaria em nada, era melhor admitir para mim mesmo.

E, de fato, eu estava, sim, apavorado.

Contudo, a única coisa que precisei fazer para ter certeza foi pensar no rosto sorridente de Park Jimin enquanto ainda assistíamos aos fogos de artifício deitados no meio-fio, quase uma hora atrás. Ele liberava faíscas e uma onda quente por meu corpo quando me tocava, era bom, eu gostava daqueles toques, porque vinham dele. Jimin me fazia sentir o homem mais certo do mundo quando elogiava ou me apoiava em alguma decisão minha, mesmo que nem fosse algo tão relevante assim.

Jimin fazia eu me sentir normal, e tudo que eu sempre quis na vida foi isso, que eu fosse apenas um homem normal.

Andei até a porta e a destranquei, o click que a fechadura fez ao ser aberta me deixou arrepiado no mesmo instante. Depois de tanto tempo acanhado pela minha nudez após algum momento íntimo com Jimin, eu seria a pessoa a quebrar mais um muro entre nós saindo do cômodo daquele jeito. Tentando forçar uma naturalidade em meu semblante — que não existia em meus pensamentos, já que meu coração batia muito rápido por conta do nervosismo constante — eu finalmente dei algum sinal de vida ao abrir a porta.

Deus, eu vou congelar.

Além do frio, porque estávamos mesmo no período de inverno, a ansiedade daquele momento também estava contribuindo para que eu simplesmente não soubesse o que fazer a seguir. Não olhei para frente quando notei que estava verdadeiramente exposto, foquei meus olhos em meus pés, acalmando meu coração e minha respiração para que tivesse coragem de levantar meu rosto e encarar meu namorado.

Precisei de dois minutos inteiros para isso.

“Hey, Ma”, Bon Iver

Assim que ergui o olhar, identifiquei Jimin sentado na beirada da cama, de frente para mim e com os olhos atentos em qualquer parte de meu corpo, menos meu rosto. Ele parecia estar… admirando cada parte minha, o que ele nunca havia feito antes — mesmo que tenha tido muitas chances —, porque nunca havia lhe dado liberdade para tal coisa. As coisas eram diferentes agora, eu estava lhe concedendo passe-livre para tudo.

Eu me senti vulnerável sob seu olhar, mas — para minha surpresa — não era um sentimento ruim. Longe disso, me sentia extremamente forte e bem. Não tive medo, porque sabia que podia confiar nele.

— Você não vai falar nada? — eu perguntei quando o silêncio começou a me incomodar, juntando minhas mãos em frente ao meu corpo, apertando meus punhos com rapidez.

Só então, Jimin direcionou seus olhos aos meus.

— Desculpe, hyung, eu não consigo pensar em algo para dizer agora — foi sua resposta, ele parecia estar começando a ficar nervoso também — E-Eu não estava esperando… Pensei que… Vo-Você é lindo demais, Jungkook.

Ai, meu Deus.

Ai, meu Deus.

Eu não acredito em Deus, mas ai, meu Deus!

Para que fique bem claro, Jimin ainda não perdeu o jeito em me fazer derreter com qualquer coisa que diga com carinho.

Eu quis gritar que o amava, mas meu corpo não me obedeceu.

Respirei fundo.

— Você pode se aproximar? — meu anjo perguntou, e eu percebi quando ele apertou a beirada do colchão com ambas as mãos, como se tentasse segurar o impulso de estar mais perto de mim — Me deixa tocá-lo?

Não quis pensar muito quando dei os passos que nos separavam do outro.

Contudo, Jimin não me tocou imediatamente.

Seu rosto estava na altura de meu abdômen, eu fincava minhas unhas na palma de minhas mãos, resistindo à vontade de segurar seu rosto, porque — assim como eu precisava de um tempo em momentos intensos — Jimin também precisava de seu espaço. Os olhos castanhos dele seguiram uma linha de meu umbigo, por toda minha barriga e região peitoral, subindo pelo centro entre minhas clavículas, pescoço e lábios, até se encontrarem mais uma vez com os meus.

Suas mãos soltaram o colchão e a ponta de seus dedos tocaram o final das laterais de ambas as minhas coxas, subindo lentamente — causando-me arrepios nas mais diversas áreas de meu corpo — até pararem em meus quadris, que Park tomou em suas mãos, segurando com uma firmeza que não me machucava. Ainda com os olhos ligados aos meus, ele aproximou seus lábios da região abaixo de meu abdômen, onde a da virilha se iniciava, e depositou um selar.

— Lindo — ele sussurrou.

Não conseguia pensar em nenhuma possível reação para o que estava acontecendo, jamais imaginara que Jimin pudesse ser a pessoa que iniciaria tudo o que pudesse vir a se seguir; na minha imaginação, a maior parte das coisas mais importantes a se fazer teriam que partir de mim.

É claro que também conseguia sentir o nervosismo de Jimin emanando por seus toques, ainda que suas mãos estivessem firmes em meus quadris, conseguia senti-las tremendo levemente. Minha respiração estava trêmula e Park estava mordendo seu lábio inferior com força, sabia que aquilo era para descontar sua ansiedade e que, muito provavelmente, ele acabaria se machucando.

Tratei de usar minhas mãos, que estavam abandonadas nas laterais de meu corpo, e cobri as de Jimin com elas, usando meus dedos para acariciar o dorso de ambas.

— Eu queria tentar uma coisa — Jimin murmurou, dessa vez, desviando os olhos para nossas mãos juntas — Se você quiser também, hyung…

Eu estava mais surpreso do que pensava que poderia ficar, porque já esperava que Jimin fizesse coisas que me causassem surpresa — como já era de seu feitio —, mas ainda estava cismado para saber o que seriam.

Fiquei apenas encarando-o e lhe acariciando, como um sinal de que ele podia dizer o que quisesse.

— Quero chupar você.

Precisei de muito autocontrole para não acabar engasgando-me com minha própria saliva.

— Vo-Você… — e esse era eu — Vo-Você… Quer…

— Fazer sexo oral em você — Jimin completou, assentindo — Sim.

Eu estava me sentindo o próprio Recruta de Os Pinguins de Madagascar.

A maneira como Jimin pronunciou aquelas palavras fez meu corpo inteiro arrepiar, causando até mesmo uma fisgada concentrada na região entre o final de meu abdômen e onde começava minha intimidade. Aquele foi o primeiro incentivo para que eu me convencesse a continuar com o que estávamos fazendo, sentindo meu membro pulsar levemente, mesmo que ainda não estivesse completamente ereto.

— Você… pode… — decidir dizer cada palavra com calma, porque não queria acabar gaguejando novamente — Pode… me chupar… anjo…

— Eu só preciso que me ensine… como eu… começo...?

Aquilo era novo e assustador para mim, porque, mesmo que fosse um pouco mais experiente que Jimin nesse assunto, continuava sendo uma primeira vez. A primeira vez que queria tanto que alguém me tocasse, a primeira vez que meu corpo respondia tão bem aos toques de outra pessoa, a primeira vez que faria tudo com amor e que sentia estar sendo tocado com amor.

— Bem… — minha voz saiu rouca demais, então pigarreei para que soasse mais limpa quando voltei a falar: — Você pode tentar imitar as mesmas coisas que faço com você, se realmente gostar de como eu… de como eu faço.

Ele sorriu e encostou o queixo em minha pele, perto demais de minha intimidade.

— Eu amo como você faz, hyung — disse.

Sentia como se pudesse derreter com o calor das palavras dele a qualquer momento.

— Então, sou todo seu — sussurrei, segurando seu rosto com minhas mãos, para que ele ficasse atento a cada palavra que eu dissesse — Anjo.

Jimin suspirou e eu senti o calor dele atingindo a pele de minha barriga, o que apenas serviu para me causar mais arrepios. Soltei seu rosto e Park começou a mover suas mãos, de baixo para cima, em uma carícia calma e que me transmitia tranquilidade, não sabia se ele queria acalmar os próprios nervos ou me fazer relaxar. De qualquer modo, estava funcionando para nós dois.

— Não precisa ter medo — precisei dizer — Assim como você, prometo avisar se me machucar. Tudo bem?

Meu namorado assentiu, eu o vi respirar fundo e afastar um pouco o rosto, para observar melhor a região na qual estaria depositando toda sua atenção. As pontas de seus dedos vagaram de meus quadris para o início de minhas coxas, ainda mais perto de minha região íntima, e seu toque me causava suspiros intensos e demorados.

Ergui minha cabeça e me obriguei a olhar apenas para frente, porque a situação estava começando a me deixar ansioso novamente, ainda que tenha me mantido calmo até então. Convenhamos que foi uma péssima ideia; quanto menos detalhes a minha visão processava do que estava acontecendo ali embaixo, mais a minha mente traiçoeira trabalhava. Sem poder acompanhar cada passo de Jimin, eu criava situações que… não eram boas.

E o pior é que, por causa dessa sensação de algo errado estar acontecendo, eu não tive coragem de voltar a olhar para baixo; porque tive medo do que poderia encontrar ali. Sentia meus dedos tremerem, enquanto mantinham-se inertes, vez ou outro fincava minhas unhas em minhas próprias coxas, lágrimas acumulavam em meus olhos, mas tentava manter em mente que era apenas meu Jimin comigo.

— Jungkook — Jimin me chamou, mas não olhei para ele — Você está tremendo de novo, hyung. Se não quiser, eu não vou fazer nada. Mesmo que eu queira muito, nós podemos apenas dormir.

Eu não queria dormir, só queria que coisas ruins parassem de rondar minha mente.

E, apesar de tudo, sabia que se vivesse fugindo daquilo, eu nunca conseguiria.

Quando senti a ausência completa do calor de suas mãos em mim, minhas mãos automaticamente foram até as suas, puxando-o de volta e — finalmente — meus olhos estavam em seu rosto mais uma vez.

— Não, Minie — disse, subindo um pouco o meu tom de voz — Eu quero.

“Hourglass”, Catfish and the Bottlemen

Os olhos dele tinham um brilho intenso de preocupação, parecia analisar cada cantinho do meu rosto com desconfiança, procurando qualquer vestígio de que eu estivesse mentindo. Por mais incrível que possa parecer, aquilo só fez com que eu me apaixonasse ainda mais por ele, era como se eu crescesse junto ao sentimento em meu peito.

— Agora entendi por que você me perguntava se estava bem o tempo todo, hyung.

Eu acabei rindo, o que me ajudou a relaxar um pouco mais.

— Eu… vou te beijar agora… — ele avisou, quase num sussurro — Tudo bem?

Nós dois sabíamos muito bem o que ele queria dizer com “beijar”.

— Tudo bem — respondi, assentindo com um sorriso que mal percebi estar em meus lábios.

Consegui perceber que ele respirou fundo mais uma vez, ajeitando-se sentado no colchão. Seus dedos, dessa vez, seguiram uma trilha de baixo para cima na região interna de minhas coxas. Ao mesmo tempo em que seus toques chegaram na região de meus testículos, seus lábios selaram meu membro, o que — imediatamente — me fez gemer longa e intensamente.

Jimin demorou-se consideravelmente naquele único beijo, sentia seu olhar atento às minhas reações, e o ar faltou-me quando senti seus dedos subirem um pouco mais e tomarem minhas coxas em aperto leve. Fechei meus olhos com força quando senti algo molhado me tocando, tendo plena consciência de que aquela era a língua de Park.

— Ah… — suspirei.

Aquele simples contato fez-me sentir como se Park Jimin tivesse controle de todo meu ser. Logo, ele não só depositava beijos curtos — causando-me uma inevitável ereção —, mas também lambia meu membro demoradamente, como eu mesmo fazia consigo em momentos em que estávamos com os papéis invertidos.

Eu me surpreendi com o quanto aquilo era bom, mesmo que já esperasse que fosse, a sensação era melhor do que quando eu causava meu próprio prazer — algo que não acontecia há algum tempo. As mãos de Jimin estavam paradas em minhas coxas e, para não ser desonesto, isso me incomodou um pouco, mas mantive em mente que o momento pelo qual estávamos passando já era emotivo demais e, claramente, ele ficaria atrapalhado com algumas coisas, por isso não podia exigir que desse conta de tudo que precisava para me sentir mais relaxado.

Com isso em mente, tentei focar em coisas que me manteriam excitado e, consequentemente, me relaxariam. E a visão de Park Jimin se dedicando tanto a aprender a me chupar era muito excitante. Ele estava com os olhos fechados e as sobrancelhas franzidas, como se estivesse profundamente concentrado no que fazia; aquilo me causava fisgadas e fazia meu pênis pulsar, porque só conseguia pensar no fato de que Jimin estava concentrado em me causar prazer.

Meus suspiros contidos se transformaram em um gemido alto quando os lábios dele envolveram a cabeça de meu membro, me proporcionando a sensação de algo quente e úmido envolvendo-a, fazendo-me mergulhar na completa loucura e voltar à consciência em segundos. O som assustou Jimin um pouco e ele logo perguntou se aquilo tinha sido por eu ter gostado de seu ato e, como resposta, inicialmente, eu ri.

— Eu preciso me segurar em algo, Minie — disse, ainda rindo — Você está indo bem…

Sem mais, nem menos, Jimin entrelaçou seus dedos nos meus.

Quando encarei-o com um pouco de confusão, seus olhos foram desviados para minha barriga e ele apenas disse:

— Segure-se em mim.

“Out Like a Light”, The Honeysticks

Tudo ficou tão leve de repente, que mal consegui acreditar que estava mesmo acontecendo. Eu sorri e segurei em suas mãos, com nossos dedos entrelaçados, com força e sorri, agradecendo a ele por aquilo, porque foi de muita ajuda e significou tanto para mim. Fez meu coração pular de alegria em meu peito.

— Obrigado, anjo — eu disse.

Jimin deu um breve sorriso para mim, só para que eu soubesse que não precisava agradecer, e sua concentração voltou para o que estava tentando fazer. Eu respirei fundo, sentindo borboletas no estômago quando seus lábios encostaram minha intimidade mais uma vez, cada parte interna minha se contorcia em ansiedade. Mas tudo era tão bom dessa vez.

Precisei sufocar um gemido quando senti a língua de Jimin percorrer toda a extensão de meu pênis lentamente — muito lentamente. Minhas mãos apertaram as suas e eu pude sentir o ar preso em meus pulmões, um peso no peito, uma sensação tão boa que me fez tremer.

— Eu vou tentar colocá-lo na boca agora, hyung — ele disse.

Minha nossa, era melhor ter simplesmente feito!

Assim que processei aquelas palavras, minhas mãos se apertaram ainda mais, envolvendo as suas. Quando os lábios de Park Jimin envolveram meu membro, indo um pouco mais fundo dessa vez, eu não consegui me segurar muito bem. Com a sensação de querer expulsar algo de dentro de mim, deixei que um gemido sôfrego fosse emitido através de minhas cordas vocais.

Encarei Jimin, seu semblante concentrado, sentindo mais fisgadas em meu baixo ventre, me sentindo incrível por saber que qualquer ação que ele fizesse naquele momento me deixaria mais excitado.

Sua boca seguiu até a metade de meu membro, o que — aparentemente — era o máximo que ele conseguia ir, e os movimentos de sucção para trás e para frente começaram. A partir disso, a coisa mais difícil foi manter meus lábios fechados, porque eu me sentia obrigado a expressar o quanto aquilo era maravilhoso.

— Ah! — acabei soltando em certo momento, acabando por assustar Jimin e afastando-o um pouco, me deparando com seus olhos arregalados — S-Só cuidado com os dentes, a-anjo.

— Desculpe, hyung — ele respondeu, sorrindo como se pedisse desculpa — Os sons que você faz me empolgam.

Droga, ele quer mesmo me deixar louco.

— Tudo bem — eu disse, afagando o topo de sua cabeça — Você está indo bem.

Logo, ele voltou o que estava fazendo, tomando cuidado com os dentes, como eu o havia instruído. Já havia se passado tanto tempo desde a última vez que fora tocado daquela maneira, que estava sendo uma tarefa muito difícil me controlar; contudo, eu me mantinha parado, segurando as mãos de Jimin, guardando a vontade quase incontrolável que tinha de me mexer no fundo de minha mente.

O objetivo não era apressar nada, de qualquer maneira.

Jimin alternava entre me chupar e apenas me beijar, as intensidades diferentes de cada toque me deixavam ansiando por algo que eu sabia que não teria ainda, simplesmente por que não queria que as coisas acabassem tão rápido. Não quando, pela primeira vez, me sentia disposto a me entregar inteiramente para alguém.

— Minie — sussurrei seu nome, fazendo-o parar e apenas olhar para mim.

Vê-lo daquela maneira, tão entregue ao momento quanto eu, fez meu coração se contrair inteiro, como se soubesse que uma explosão estava próxima, como se estivesse se preparando para ela cada vez mais. Ajoelhei-me sobre a cama, sobre Jimin, e sentei-me em seu colo, atacando seus lábios logo em seguida.

Não esperei muito para ultrapassar a barreira de seus lábios com minha língua, porque meu namorado parecia tão necessitado quanto eu, então não havia motivo para esperar tanto. Quando as mãos de Jimin seguraram meu rosto, eu senti que não precisava ter medo de mais nada.

Sua língua estava envolvida com a minha e, devagar, Jimin se deitou com meu corpo sobre o dele.

— Você vai fazer amor comigo, hyung? — ele perguntou, sussurrando entre o beijo.

Eu parei o beijo e juntei nossos olhares, prestando bastante atenção no brilho curioso e animado que ele tinha nos olhos. Ao contrário de mim, ele não tinha medo do que estava acontecendo e do que aconteceria, só tinha sentimentos demais para lidar dentro de si no momento, esse era mais um dos motivos para irmos com calma.

— Vamos fazer amor com o outro — eu respondi, recebendo um sorriso de dentes a mostra de Park Jimin — Mas não temos pressa, certo? Podemos aproveitar cada momento.

— Certo — Jimin sussurrou e assentiu.

Assim, nós voltamos a juntar nossos lábios, em um beijo que ficava cada vez mais apaixonado, mais intenso e mais perdido no amor que sentíamos pelo outro. Eu já conseguia diferenciar os vários tipos de beijo de Jimin àquele ponto; o beijo carinhoso acontecia quando ele queria apenas me transmitir segurança e apoio; um único selar longo aparecia quando ele queria pedir por mais segurança partindo de mim, sempre acabava levando a um outro tipo de contato.

Naquele instante, estávamos tendo um tipo de beijo que não possuía um nome, apenas características próprias. Com ele, tentávamos tranquilizar a mente do outro e parecia tão melhor do que todos os que já havíamos trocado até então. Porque, de todos os outros momentos, eu nunca me senti tão seguro e amado quanto naquele, me perdendo completamente por vontade própria entre os braços de Park Jimin.

Tudo parecia acontecer na sequência e na hora exata que deveria.

Me separei dele, levantando meu tronco e sentando-me com cuidado sobre sua região íntima, infiltrando meus dedos pela barra de seu moletom, tocando sua pele e me extasiando com o suspiro satisfeito que Jimin soltara ao sentir meus dedos gelados sobre sua derme quente. Ele não tirou os olhos de mim enquanto eu o despia e, ao contrário do que achei que seria, não me senti tímido com aquilo, mesmo que tenha corado um pouco, apenas me serviu como incentivo.

Joguei o moletom escuro ao chão e voltei a juntar nossos corpos, gemendo ao sentir o peito quente de Park em contato com o meu — que estava mais frio, por conta do clima —, causando a mesma reação no homem que eu amava. Meus dedos se perdiam em seus fios acinzentados e eu sentia podia sentir os meus, ainda em tom cereja, grudando em minha testa com o leve surgimento de umidade do meu suor, em consequência de meu nervosismo, ansiedade e excitação.

Não me demorei muito em beijá-lo nos lábios, porque queria me concentrar no resto de seu corpo também. Trilhei meu caminho por seu queixo, descendo até seu pomo de adão — lambendo-o aquela região e recebendo seu suspiro sôfrego de bom grado —, seguindo até o centro entre suas clavículas, mordendo a região levemente e levando os beijos um pouco mais para baixo.

Contudo, quando encostei minha língua em seu mamilo direito, senti seu corpo tensionar sob mim e suas mãos foram até meus ombros, me impedindo de continuar.

— Hyung, aí não — ele pediu, usando um tom brando — É desconfortável.

Por um momento, me senti mal por não saber que Jimin não se sentia bem com toques naquela área. Mas, assim que pensei melhor, fiquei feliz por finalmente estarmos nos descobrindo daquela maneira; juntos.

— Tudo bem — sussurrei, selando brevemente seus lábios e voltando para o que fazia — Área proibida — pisquei o olho direito e sorri ao ouvir o som de sua risada baixa.

“Always”, Bon Jovi

Voltei ao centro de seu corpo, descendo meus beijos por seu tórax e chegando até o umbigo, onde me dediquei um pouco mais ao beijar em volta de sua barriga cheinha, e cheguei até o cós de sua calça de moletom. Voltei meus olhos para cima, notando Jimin me assistir, enquanto seus braços serviam de apoio sob sua cabeça, recebendo a permissão que eu precisava com seu olhar.

Com minhas mãos em suas coxas, agarrei o tecido da calça e comecei a puxá-la, até que Jimin estivesse fora delas, vestindo apenas sua roupa íntima, que logo teve o mesmo fim que o resto de suas roupas. Então, ele estava — mais uma vez — completamente exposto a mim, da mesma maneira que eu estava exposto a ele.

Eu já estava ajoelhado no chão, com as pernas de Park em cada lado de meu corpo, meu rosto exatamente entre suas coxas.

— Nunca vou me cansar de dizer o quanto você é lindo, Jiminie — eu disse, ao mesmo tempo em que beijava o lado interno de sua coxa esquerda, fechando meus olhos para apreciar ainda mais a sensação que era encostar meus lábios em sua pele macia — Lindo.

Conseguia ver com clareza seu peito subindo e descendo, quanto mais tensa sua respiração se tornava. Nós sabíamos que, a cada ato meu, era um ato mais próximo do que o que realmente queríamos fazer naquela noite.

Subi meus beijos até que estivesse me dedicando completamente em lhe dar prazer usando meus lábios em seu membro. Não me prendi muito a provocações, porque havíamos nos provocado o suficiente, então logo envolvi-o em minha cavidade, indo fundo até sentir os fios dos pelos daquela região em contato com meu rosto, e comecei a movimentar minha cabeça para baixo e para cima, sem parar de fazer os movimento de sucção em conjunto. Aquilo resultou em um gemido alto partindo de Park e suas mãos agarrando os fios de minha cabeça.

A cada movimento meu, mais forte suas mãos puxavam meu cabelo e, de alguma forma, aquilo apenas fazia minha vontade de continuar crescer.

— Hyung… — Jimin gemeu, parecendo até mesmo estar sem fôlego — Eu não quero explodir agora…

Com isso, eu parei de chupá-lo e meus lábios formaram um sorriso lascivo em meus lábios. Encaixei meu corpo sobre o dele mais uma vez, com nossos olhos conectados, perguntei:

— E o que você quer, anjo?

Mesmo no escuro, conseguia notar o quão afetado ele havia ficado com aquela pergunta, podia até mesmo chutar que seu rosto estava completamente vermelho àquela altura, e aquilo só manteve meu sorriso firme. Ainda que tenha tentado sustentar nossa troca de olhares, seus olhos foram desviados para qualquer outra parte de meu corpo quando ele respondeu:

— Eu quero você, hyung.

Meu coração estava saltando em meu peito, como um aviso de que aquele era o momento.

Jimin já me tinha há tanto tempo, e sequer sabia disso.

— Acho melhor você se deitar direito — eu disse, me levantando com um pouco de dificuldade — Eu já volto.

Sem me certificar de que Park havia entendido minhas palavras — porque eu mesmo estava começando a ficar mais nervoso do que já estava —, praticamente corri até o banheiro, alcançando o kit dado pelos meus amigos. Eu o abri e procurei por mais sachês de lubrificante e uma embalagem de preservativo.

Respirei fundo, antes de voltar para o quarto.

E Jimin estava ali, sentado sobre a cama, com as costas escoradas da cabeceira, completamente nu e confortável, com seus olhos curiosos grudados em mim e meus movimentos. Deixei o que precisaríamos na mesinha de cabeceira ao lado da cama e subi no colchão, engatinhando até estar sobre meu anjo novamente, colando meus lábios aos dele.

As mãos de Park seguraram minha cintura com suavidade e, conforme eu aprofundava nosso beijo, elas seguiam para minhas costas, ora subindo todo o caminho até meus ombros, ora descendo até minhas nádegas em uma carícia cheia de atenção e sentimento. Meus dedos se contentaram em apenas acariciar a região de suas clavículas, sentindo cada toque meu ser respondido com seus arrepios.

— O que eu preciso fazer? — ele perguntou, criando certa distância entre nossos rostos.

Seus olhos mostravam que ele estava disposto a qualquer coisa para fazer com que a experiência fosse boa para nós dois, assim como eu. Seu rosto estava levemente inclinado para cima, para que conseguisse me enxergar melhor por aquele ângulo; da mesma forma, o meu estava levemente inclinado para baixo, enquanto meus olhos gravavam cada detalhe de seu semblante naquele momento, porque — com certeza — era algo que jamais gostaria de esquecer.

Depositei um último selar sobre seu nariz e inclinei meu corpo para o lado, alcançando um dos sachês e deixando ao nosso lado, na cama.

— Você só precisa me beijar — respondi, sorrindo — Faça eu me sentir o homem mais especial do mundo com os seus beijos, como você sempre faz.

E, assim, Jimin o fez.

Seus lábios foram diretamente para meu pescoço, seus braços me apertaram com certa leveza contra seu corpo, o suficiente para que eu pudesse — pelo menos — me movimentar sem sentir muito desconforto. Me concentrando em sentir os arrepios inexplicavelmente bons que os beijos de Jimin me causavam, minha mão esquerda alcançou o sachê ao nosso lado e a direita rasgou o lacre de plástico.

Deixei com que minha sanidade se perdesse um pouco mais quando Park desceu seus beijos até minha região peitoral, experimentando lamber um de meus mamilos e — ao contrário dele — não o impedi de continuar, meu gemido foi da mais pura aprovação e permissão para que ele explorasse o que quisesse em mim.

Enquanto Jimin aproveitava de minha permissão para continuar explorando meu corpo com seus lábios, apertei o sachê em minhas mãos, depositando o líquido em meus dedos indicador e médio. Respira fundo. Acabei despejando um pouco mais do líquido, por precaução, antes de seguir o caminho até minha própria entrada.

Calafrios se espalharam por todo meu corpo assim que senti algo gelado me tocando lá. Por isso, afastei meus dedos, porque a ideia me parecia assustadora por um momento. Concentre-se nos beijos, Jungkook. Relaxe.

Eu decidi me concentrar um pouquinho mais nas vozes da minha parte racional e, assim, aproximei os dois dedos novamente, começando com uma carícia suave; suspirei em surpresa com a sensação nova e diferente. Fechei meus olhos quando introduzi o indicado até a metade, franzindo as sobrancelhas com o desconforto, mas me lembrando de respirar fundo e — principalmente — relaxar, para que pudesse continuar.

— Está tudo bem? — Jimin perguntou, ainda sussurrando.

Abri meus olhos e olhei para seu rosto, sorrindo novamente para tranquilizá-lo.

— Tudo bem — respondi.

Juntei nossas bocas, beijando-o com calma, esperando que ele tomasse a iniciativa para aprofundar o contato dessa vez. Quando senti sua língua na minha, a sensação tomou conta de cada fibra do meu ser, fazendo com que sentisse meu pênis pulsar e usando aquilo como incentivo para introduzir inteiramente meu dedo indicador em minha entrada. Eu gemi, sentindo algo desconhecido e que me causava certa dor.

Claramente, eu não sabia muito bem o que estava fazendo.

Mas aquele era objetivo da noite, certo? Explorar um pouco mais de mim, descobrir do que gostava e do que não gostava. Passar por cima de alguns obstáculos e superar memórias dolorosas; descobrir o quanto eu podia lidar comigo mesmo, gostar de mim e — até mesmo — me amar.

Não demorou muito tempo para que tomasse coragem e começasse a introduzir um segundo dedo, dessa vez, sentindo o incômodo e a dor crescerem, sem conseguir segurar uma reação aversiva e grunhido em desconforto. Jimin parou o que quer que estivesse fazendo naquele momento, senti suas mãos ficarem mais tensas em minha cintura — ao menos, ele sabia que eu detestava ser tocado bruscamente nos quadris — e seu calor se afastar de meu corpo despido.

— Kookie — ele chamou, apertando minha pele duas vezes seguida para que abrisse os olhos e o encarasse; foi o que eu fiz — Não está tudo bem, está? Eu fiz algo errado? Toquei em algum lugar que você também não gosta?

— Não, não — respondi, balançando a cabeça de uma lado para o outro desesperadamente — Você fez tudo certo, anjo. Está fazendo tudo certo. Eu mesmo acabei… me machucando. É uma coisa que preciso fazer. Você lembra que Taehyung lhe disse que doía na primeira vez, certo?

Jimin assentiu.

— Sim, mas ele disse que dói apenas no começo, hyung — respondeu — Se doer mais do que isso, vai me deixar saber, não vai?

— Vou, sim. Prometo.

Ele levantou seu mindinho, para que selássemos a promessa, e depois voltou a me beijar.

“Higher - Stripped”, The Naked and Famous

Eu voltei a me preparar.

Tentei prender minha mente nas sensações boas que a língua molhada de Jimin causava ao resvalar na minha, na fisgada que sentia quando seus dentes mordiscavam meu lábio inferior com delicadeza e na pressão alucinante que seu pênis fazia contra o meu, quando Park movimentava sua pélvis para cima e para baixo, para frente e para trás. Comecei a imitar aqueles movimentos, usando meus dedos para entrar e sair de mim em uma velocidade que não me era desconfortável.

Quando me permiti soltar o primeiro gemido de prazer, soube que era hora de seguirmos adiante.

Interrompi o beijo e voltei a me afastar, recebendo um suspiro incomodado de Jimin, o que acabou me fazendo rir um pouco. Selei sua bochecha carinhosamente e me sentei ao seu lado, alcançando a embalagem do preservativo com minha mão direita e não demorando muito para rompê-la, retirando o material de dentro dela.

Quando meu olhar voltou ao rosto de Park, ele estava com os olhos arregalados, como se entendesse de uma vez que aquilo estava mesmo prestes a acontecer. Ele se ajeitou novamente sobre a cama, deixando a coluna mais ereta contra a cabeceira. Conseguia ver seu peito subir e descer de maneira trêmula, entregando o quanto Jimin também não tinha a mínima experiência com o que estava prestes a acontecer.

E isso, de certo modo, acabou causando uma pontada de receio em meu peito.

— Você sabe o que é, certo? — perguntei, já nervoso e sentindo minhas mãos tremerem; Jimin assentiu — Vou colocar em você. Posso?

Ele assentiu mais uma vez.

Com muita delicadeza — pelo menos, na intensidade que era necessária —, eu segurei o preservativo com meus dedos e me ajoelhei um pouco mais próximo de seu corpo, segurando na base de seu pênis para que encaixasse a circunferência do material corretamente. Fiz todo o procedimento com certa firmeza, mesmo que ainda tentasse ser delicado, e — assim que terminei — não consegui evitar sentir mais uma fisgada em meu pênis por sentir o membro de mim… daquele jeito em minha mão.

Usei o resto do que havia no sachê de lubrificante que já estava aberto e um pouco mais de um novo que estava sobre a mesinha de cabeceira, depositando o líquido por toda minha mão direita, antes de usá-la para espalhar por seu membro, acabando por masturbar Jimin durante o processo. Como consequência de minha mão ao redor de seu membro com uma força que eu sabia causar um prazer delirante, os lábios de Park se partiram e eu ouvi o som extasiado que ele emitiu, enquanto inclinava sua cabeça para trás com os olhos fechados e fechava seus dedos em volta de meu pulso esquerdo.

— É tão bom… quando você me toca assim, hyung — ele gemeu.

Sentia como se estivesse pegando fogo, levemente, de início, mas as chamas dentro de mim cresciam a cada segundo que eu observava seu semblante afetado. Jimin inclinou sua cabeça levemente para o lado e abriu os olhos, focando apenas em meu rosto por um momento, mas seguindo uma trilha por todo o meu corpo logo em seguida. Eu estava queimando.

Em um único impulso, pus-me em cima de seu colo novamente, o beijando com toda a intensidade que o momento pedia, sem língua, mas com muita pressão contra os lábios do outro. Enquanto Jimin se distraía com com nosso beijo, eu me mantinha segurando seu membro com minha mão direita, tentando encontrar uma posição confortável para mim mesmo, antes de deixar que o pênis do meu namorado tocasse a entrada de meu ânus.

Com muito cuidado, empinei minha bunda em direção ao membro de meu namorado, ao mesmo tempo em que tentava introduzir um pouco da cabeça em minha entrada, mordendo meu lábio inferior com muita força, porque toda a preparação que tive o cuidado de fazer não havia sido suficiente para a extinção da dor que senti ao que a pele ao redor de meu ânus foi sendo alargada.

Escondi meu rosto na curva do pescoço de Jimin, não queria que ele visse minha expressão desagradável, porque não queria parar, sabia que conseguiria seguir em frente. Por isso, continuei forçando meu corpo a descer um pouco mais, fazendo com que Park estivesse cada vez mais dentro de mim, enquanto eu segurava os grunhidos de desconforto em minha garganta e fechava os olhos com muita força.

— Ah, hyung… — Jimin gemeu.

E aquilo foi tão gostoso de ouvir, que acabei me forçando um pouco mais, até que senti meus glúteos entrarem em contato com suas coxas e ouvi Jimin gemer bem mais alto dessa vez, eu soube que era porque tinha conseguido. Assim, acabei por expulsar todo ar que estava mantendo preso em meu peito.

Eu gemi de dor, porque a sensação dela era a única que se fazia presente naquele momento; não consegui evitar o aperto que minhas mãos necessitaram dar nos ombros de meu namorado, pois qualquer coisa que parecesse racional — ou até mesmo irracional — para me distrair daquela queimação era um ato automático de meu corpo.

— Ei, hyung… você está tremendo de novo.

Park murmurou aquilo bem perto de meu ouvido direito, mas eu não consegui abrir os olhos quando o ouvi, algo paralisou meu corpo. Não sabia se era exatamente a dor ou o que ela me lembrava, mas estava me controlando ao máximo para não deixar minha parte irracional comandar minhas ações e simplesmente fincar minhas unhas na pele alva de Jimin.

Minha respiração estava acelerada e, de fato, meu corpo todo estava tremendo. Dói… exatamente como naquele dia…

— Hyung? — Jimin me chamava, conseguia sentir ambas as mãos em meu rosto — Jungkook, o que aconteceu?

Queria dizer algo, tranquilizá-lo, mas eu mesmo estava apavorado.

— Kookie, sou eu, não chora!

Eu não havia notado que estava chorando, até sentir os dedos de Jimin tentando afastar as lágrimas.

— Jungkook, abra os olhos, vamos — ele sussurrou e, dessa vez, Jimin parecia prestes a se desesperar — Sou só eu, seu namorado, o Jimin. Eu amo você, Kookie.

“Are You Bored Yet? (Live from Henson Studios)”, Wallows

É só o Jimin, Jungkook.

Seu namorado.

Seu homem.

Seu amor.

Não ele.

Ele nunca mais vai tocar em você.

Nunca mais lhe fará mal.

Respirei fundo, sentindo-me expirar o ar com dificuldade.

Mas e… se ele me achar?

E se ele me fizer mal?

— Bebê, olha para mim, por favor!

Bebê…

Bebê…

Jimin me chamou de bebê?!

Aos poucos, meus olhos foram se abrindo, bem devagar.

Meu coração pareceu se partir em mil pedacinhos quando me deparei com os olhos inundados de lágrimas de Park Jimin, prestes a transbordarem. Funguei e, rapidamente, esfreguei minhas mãos em minhas bochechas, tentando apagar qualquer vestígio das lágrimas.

— O que aconteceu? — Jimin perguntou, parecendo se acalmar com o tempo.

— Não foi nada, anjo — eu menti — Está tudo bem, me desculpa por te preocupar — juntei nossas testas — Perdoe-me.

— Me conta…

— Ei, você me chamou de bebê? — perguntei, mudando de assunto, mas rindo; aquilo ainda havia sido uma surpresa aquecedora.

— Hm? — ele se afastou e encarou meu rosto, sorrindo ao notar que minha risada era sincera — Sim. Você estava chorando, parecia um bebê.

— Desculpe-me por isso…

— Eu machuquei você?

Ah, Jimin…

Talvez fosse mais fácil lidar com isso, se você também já soubesse.

— Você é incapaz de me machucar, anjo — respondi, beijando a pontinha de seu nariz — Mas não sinto nada ruim agora, está bem? Vamos só aproveitar nosso momento juntos.

Podia sentir o pênis de Jimin semi-ereto dentro de mim, o que significava que o acontecimento havia abalado-o um pouco, mas que também ainda tínhamos chance de fazer aquilo funcionar novamente. Por isso, levantei meu quadril quase que minimamente, testando as novas sensações que tomariam conta dos meus sentidos e — quando me assegurei que não havia mais tanta dor — ergui-me um pouco mais, antes de voltar a me sentar, ao mesmo tempo que rebolei lentamente para frente e para trás.

Como se fosse reflexo, as mãos de Park se apertaram em volta de minha cintura e os lábios partiram-se, liberando um suspiro surpreso e satisfeitos por entre eles.

Paralisei por um momento, sentindo meu coração doer com a possibilidade de Jimin não se sentir mais apto a continuar.

— Vo-Você ainda me quer, certo? — eu perguntei.

E, para meu alívio, os olhos de meu amado se suavizaram, antes que ele assentisse e respondesse:

— Quero muito, hyung — sorriu — Nunca vou parar de querer você.

Ai, que sensação boa…

Voltamos a nos beijar e eu abracei ainda mais seu pescoço com meus braços, apreciando a sensação da falta de ar que Jimin me provocava e contando — mentalmente — até dez para que, enfim, eu começasse a me mexer.

Quando ergui meu quadril e, logo depois, sentei-me novamente sobre ele, consegui sentir seu gemido vibrando em meus lábios e a mordida que ele deu com delicadeza em meu inferior. A sensação de ter um pedaço do homem que eu amava dentro de mim estava começando a me deixar fora de controle; meu coração parecia estar prestes a rasgar meu peito e pular para fora de meu corpo e precisei desfazer nosso beijo para que conseguisse puxar o fôlego de volta aos meus pulmões.

Respirei fundo e escondi meu rosto no pescoço de Jimin mais uma vez, tomando a disposição para começar a me mover com um pouco mais de velocidade, o suficiente para nos causar o início de um desespero por prazer, ao mesmo tempo em que sentíamos necessidade de continuar como demonstração do quanto amávamos o outro. Era uma necessidade muito grande; por isso, depois de mais alguns minutos, tentei me movimentar ainda mais rápido.

E, no primeiro impacto de minha pele contra a região de seu quadril, eu acabei gritando; porque aquilo era bom demais. Ouvia os gemidos baixos de Jimin, contrastando com os meus — que eram bem mais altos — e meus dedos se perdiam em seus fios claros por vontade própria, incontrolavelmente.

Era algo indescritível e eu sequer sabia se deveria estar assustado com a mudança em minhas atitudes de forma tão rápida e espontânea; mas eu me sentia capaz de qualquer coisa, enquanto era tomado por meu Jimin exatamente da forma que nós dois queríamos. É claro que éramos desajeitados durante o ato, eu não conseguia manter o ritmo com a frequência que gostaria e precisei me desculpar algumas poucas vezes por tê-lo machucado também.

Contudo, acabávamos rindo e selando os lábios do outro mais uma vez.

Quando fiquei cansado demais para conseguir algum impulso para continuar aqueles movimentos, me contentei em apenas rebolar meu quadril sobre o de Jimin, mantendo-o dentro de mim e, de fato, aquilo despertou boas reações a ambos, mas não parecia ser suficiente. Abracei seus ombros e puxei-o comigo, enquanto deitava minhas costas sem muito cuidado sobre a cama e, assim que o corpo de meu namorado estava sobre o meu, cruzei minhas pernas em volta de sua cintura.

— Anjo — chamei em um resmungo, o peso de seu corpo sobre o meu estava me sufocando e a maneira que seu membro estava inserido em meu canal não era exatamente confortável — Você precisa se posicionar direitinho…

— Desculpe — ele respondeu com certo desespero na voz.

Imediatamente, ele apoiou os joelhos sobre o colchão, o que fez o peso excessivo ser aliviado e eu finalmente conseguir respirar apropriadamente. Os cotovelos e antebraços de Jimin estavam apoiados no acolchoado também, um de cada lado de meu rosto, sem criar muita distância entre nós dois.

— Melhor assim? — ele perguntou, em um sussurro, seus olhos nunca deixando de encarar meus lábios.

— Melhor — concordei, sorrindo — Você precisa se mexer agora.

Ao dizer aquilo, a atenção de Jimin se prendeu às minhas palavras e, portanto, seu olhar confuso encontrou-se com o meu.

— Isso não vai te machucar?

— Pode começar devagar — respondi, segurando seu rosto com minhas duas mão, fazendo uma carícia em suas bochechas com meus polegares — Aviso se me incomodar ou se quiser que você continue.

Jimin assentiu e selou minha bochecha direita com um beijo estalado, apoiando sua testa na lateral de minha cabeça e começando a se mover; ele começou a sair e entrar em mim com muito cuidado no início, sentia o ar quente em minha pele quando ele abria a boca para suspirar de prazer, eu fazia o mesmo.

“Iris”, Goo Goo Dolls

Minhas mãos desceram por seus pescoço, terminando por se firmarem em seus ombros; precisei manter em mente que não podia descontar toda aquela mistura de sentimentos em algo físico, não podia machucá-lo, porque ele não responderia de maneira positiva. Pela primeira vez, senti que éramos parecidos em algo.

E encontrar semelhanças na pessoa que amamos algo inexplicavelmente bom.

— Está b-bom assim? — o tom de voz dele era suave em meu ouvido.

Eu fechei os olhos e sorri, suspirando ao virar meu rosto em sua direção, esfregando meu nariz em sua testa carinhosamente, depositando-lhe um beijo logo depois.

— Pode ir mais forte — eu respondi.

— M-Mais?

— Mais.

Jimin passou os braços por debaixo dos meus, segurando-se com as mãos em meus ombros, desta forma era como se estivéssemos abraçados. E, de fato, acabamos nos abraçando quando ele voltou a se mover, estocando com mais força, como eu havia pedido.

Nossos peitos estavam colados no outro, meus lábios descansavam em seu ombro esquerdo, entreabertos, esquentando aquelas região com minha própria respiração ofegante e me forçando ao máximo a não ceder à vontade que eu tinha de morder-lhe a pele já avermelhada. Ouvia os gemidos em meu ouvido com satisfação, mesmo nos momentos que soavam quase como gritos de prazer, aquilo me deixava ainda mais perdido em luxúria.

Foi muito repentino o momento em que Jimin acertou um ponto bem específico e arqueei minha cabeça para trás, sentindo meus olhos se revirando e não conseguindo segurar o gemido longo e manhoso emitido através de minha garganta. A sensação era indescritível e minhas pernas se fecharam com mais forças em volta da cintura do homem que estava me fazendo sentir tanto prazer.

— Ah, anjo! — eu soltei, de repente, não sabendo mais onde me segurar ou o que fazer com minhas próprias mãos, respirando pesadamente e puxando o ar com mais dificuldade, gemendo quando, depois de mais três investidas, Jimin acertou aquele ponto novamente — Isso, isso…

— Kookie… — ele me chamou, sua voz parecia estar misturada com cansaço e satisfação, mas ele ergueu a cabeça, começando a me penetrar um pouco mais devagar, e juntou nossas testas, ligando seus olhos aos meus — Eu não sei se consigo me manter assim por muito tempo, hyung… Desculpa...

— Tudo bem — respondi, rindo um pouco, porque ele realmente parecia estar decepcionado consigo mesmo — Gosta do jeito que estávamos antes?

Jimin assentia, enquanto recuperava o fôlego.

— Podemos voltar, então — eu disse, afagando sua cabeça — Só continue me segurando, tudo bem? Não me solte.

Ele apoiou seus joelhos com mais firmeza sobre o colchão e, ainda me abraçando, ergueu-me junto a seu corpo, sem sair de dentro de mim em nenhum momento, com um pouco de dificuldade para voltarmos à posição inicial, mas sem pressa para fazê-lo.

Procurei a posição mais confortável para que eu voltasse a me mover, tentando fazer com que o membro de Jimin entrasse em contato com meu ponto sensível novamente e, assim que consegui, os músculos de minhas coxas se contraíram com o esforço que fazia para rebolar com seu pênis dentro de mim, ao mesmo tempo em que sentia-o erguer seus pélvis e relaxar, me penetrando com meu próprio auxílio. Tão simples assim, estávamos gemendo incontrolavelmente de novo.

Nossos rostos estavam tão próximos, com o mínimo de centímetros um do outro, e nossos lábios superiores chegavam a se tocar, enquanto os sons de nosso prazer soavam por todo o quarto. Tão bom. Aquilo era tão bom e eu não me lembrava de ter me sentindo tão bem em um ato como aquele com outra pessoa, nunca fora tocado com tanto carinho e cuidado, muito menos com tanto amor — pelo menos, não em uma situação como aquela — por nenhuma outra pessoa. Meu coração estava tão pesado, o ar em meus pulmões era insuficiente, a região que Jimin tocava dentro de mim me causava uma necessidade desesperadora de alívio, mas eu só queria que continuássemos.

— Isso… — sussurrei, ganhando ainda mais velocidade, repreendendo o gemido alto que ameaçou ser emitido por mim assim que meus movimentos fizeram com que o pênis de Jimin entrasse em contato com aquele ponto repetidas vezes — Me fode assim, anjo…

— Bebê…

Sua voz combinada àquela palavra fez meu membro pulsar e, imediatamente, minha mão direita foi até ele, iniciei os movimentos de masturbação em meu pênis e fechei meus olhos, sentindo os de Jimin sobre todo o meu corpo — sem deixar com que um único cantinho meu fugisse de seu vislumbre. Senti seu corpo se impulsionar para frente, seus dentes capturarem meu lábio inferior e seu braços rodearem meu corpo; eu fiz o mesmo com seu pescoço, colando nossos corpos o máximo que podia, até sentir que conseguiria aliviar o incômodo em meu membro com o atrito entre seu abdômen e o meu.

— Hyung… — Jimin não conseguia dizer mais nada sem ser acompanhado a um gemido — Eu vou explodir…

— Eu também vou, anjo — a verdade era que estávamos na mesma situação — Vamos explodir juntos…

“Lost on You”, LP

Não conseguia compreender o amontoado de sensações que tomavam conta de meu âmago, fazia algo crescer ali, esperando o momento certo para — de fato — explodir e ser espalhado para o resto de meu corpo. Esse sentimento em particular aceleravam meus movimentos e fazia meus olhos marejarem com lágrimas do mais puro êxtase, da mais pura satisfação, do mais puro amor.

Eu amava Jimin e aquele momento era só mais uma das várias provas que já obtivera.

— Anjo, eu… — eu disse, segurando seu rosto para que ele pudesse enxergar em meus olhos a sinceridade do que queria dizer naquele momento; as sobrancelhas de meu namorado estavam franzidas, deixando-o com um semblante tão afetado quanto o que eu me imaginava estar, seus olhos brilhavam e seus lábios cheios estavam úmidos com saliva, como sua testa estava com suor — Jimin, eu-

Fui interrompido com mais um de seus beijos intensos, mas não consegui mantê-lo quando ele se enterrou ainda mais fundo em mim e, então, senti que havia chegado em meu limite. Enterrei meus dedos em seu cabelo novamente e cheguei a puxar seus fios um pouco, fechei meus olhos com força e deixei-me gozar, enquanto me confessava:

— Eu te amo! — Jimin continuou a me foder em busca do próprio prazer, enquanto me deixava cada vez mais entregue, chorando com o prazer maravilhoso que invadiu cada célula de todo meu ser — Ah, eu te amo, anjo! Eu amo, Minie… Amo, amo… Eu amo você, meu amor.

Logo em seguida, senti meu corpo ser abraçado com força, ao mesmo tempo em que Jimin gemia meu nome em um tom de voz alto, diminuindo seus movimentos e encontrando o próprio prazer. Ele me apertava e fazia eu me sentir protegido, quente, querido e amado, na mesma intensidade que o amava; era tão recíproco que me fez chorar e eu não senti vergonha ao relaxar os músculos de meu corpo e deixar com que as lágrimas trilhassem um caminho por meu rosto.

Respirávamos fundo, tentando nos recompor e lidar com tudo que havíamos sentido naquela noite; um sorriso surgiu repentinamente em meus lábios, enquanto sentia Jimin esfregar sua testa em meu ombro, ele também respirava com dificuldade, se acalmando aos poucos, mas sem se afastar de mim em nenhum momento.

— Você está bem, hyung? — ele perguntou, manhoso, suspirando no final da frase.

— Eu me sinto ótimo, Jimin — respondi — e cansado. Como você está se sentindo?

Senti seus lábios selando meu pescoço e ele respondeu logo depois:

— Eu me sinto mais vivo do que nunca, Jungkook. Quer dizer, sei que estou vivo, mas parece que todas as funções do meu corpo estão funcionando do melhor jeito possível agora.

Senti os músculos do meu rosto se contorcerem quando a vontade de chorar apareceu novamente, não lutei contra ela, eu parecia precisar liberar tudo aquilo. Assim que o rosto de Jimin estava de frente com o meu, vi seus olhos ficarem arregalados e suas mãos tomarem minhas bochechas.

— Por que está chorando? — perguntou, desesperado — Eu machuquei você, não machuquei? Hyung, me desculpa! Eu não queria-

— Bobo! — interrompi-o, gargalhando de sua reação — Você não me machucou, Jimin! — selei seu nariz e devolvi o modo como ele segurava meu rosto — Eu amo você, Minie. Amo demais.

Não havia muito o que falar em um momento como aquele, tínhamos provado para o outro tudo que poderíamos querer provas, mesmo que não precisássemos. Provei para mim mesmo que o que Jimin e eu tínhamos não era errado — mesmo que já não houvesse dúvidas sobre isso em meu coração —, podíamos nos amar independente de qualquer coisa e eu sentia, com cada pedacinho de mim, que seria capaz de qualquer coisa para me manter junto a ele, passaria por cima de qualquer coisa para manter-me com aquele mesmo calor aquecendo meu peito.

— Eu também amo você, hyung — ele sussurrou de volta — Muito mesmo.

Não conseguiria conter minha felicidade naquela noite, mesmo se quisesse.

— Nós precisamos de um banho — comentei, sem deixar que o sorriso desaparecesse de meu rosto.

— Eu estou fedendo? — Jimin franziu as sobrancelhas, confuso.

— Estamos cheirando a sexo, Jimin!

— Sexo é bom, então, é um bom cheiro… mas não sinto nada.

Revirei meus olhos — segurando minha risada — e, com muito cuidado, me levantei, tirando seu membro já flácido de dentro de mim, mostrando-o como deveria amarrar a camisinha antes de descartá-la. Park começou a se jogar no colchão, resmungando que estava cansado demais para andar até o banheiro e minhas respostas consistiam, precisamente, nas palavras “eu não vou cair nessa, Jimin”.

De qualquer modo, ele acabou se levantando assim que disse que queria muito que tomássemos banho juntos.

“Love Me Like You Do”, Ellie Goulding

Demoramos mais no chuveiro do que realmente era nossa intenção, porque eu não queria me soltar de Jimin e ele decidiu que iniciar um beijo em meu momento de vulnerabilidade era uma boa ideia. Mesmo que ainda estivéssemos nus e, ainda por cima, nos beijando com o vapor quente nos rodeando, nossos toques não envolviam nada além de carinho e amor pelo outro. Massageei suas costas enquanto as ensaboava, Park abraçou minha cintura e apoiou o queixo em meu peito, permaneceu me observando com aqueles olhos brilhantes que pareciam conter o segredo do universo em seu interior.

— Lindo — ele sussurrou.

A única coisa que conseguia fazer era sorrir, sentindo minhas bochechas esquentarem, e beijá-lo. Sentir-me íntimo daquela maneira com ele era tão bom, que não fazíamos nada levados pela pressa, tudo tinha sua própria parcela de paciência necessária.

Acabamos em nossa cama, comigo deitado em seu peito enquanto recebia carinho em meus cabelos e respirava pacientemente dessa vez, ouvindo as batidas tranquilas do coração de meu Jimin, a pele dele tinha cheiro de sabonete e me passava uma sensação de frescor gostosa, mesmo que estivesse frio. O edredom grosso nos esquentava, mas eu preferia me agarrar ao calor de seu corpo juntinho ao meu.

— Está com sono? — ouvi-o perguntar.

Inclinei minha cabeça para cima, me deparando com seus olhos sobre os meus e sorri, negando com a cabeça.

— Um pouco cansado — respondi — Mas sem sono. Por quê?

— Queria conversar com você.

Franzi as sobrancelhas e me ajeitei, deitando-me no travesseiro e ficando de frente para ele.

— O que foi?

Por um momento, Jimin pareceu nervoso.

Ele desviou os olhos de meu rosto e direcionou-os às próprias mãos.

— Sabe, quando começamos… — começou a dizer, a voz um pouco mais rouca que o normal — Quando eu entrei em você, o seu rosto…

Ah, não…

— Você começou a tremer muito, hyung, e aquela não foi a primeira vez — continuou, ao mesmo tempo em que fechei meus olhos, tentando me pensar em como me livrar daquele assunto novamente — E você chorou também, Jungkook, mas foi diferente na primeira vez. Parecia estar com medo de mim.

— Anjo-

— Dessa vez, não pode falar para mim que não é nada — ele me interrompeu, suspirando e voltando a me encarar — Eu não sou burro, já disse. Sei que alguma coisa aconteceu e você não quer me contar, sei disso há um bom tempo.

“Cigarette Daydreams”, Cage the Elephant

Engoli a saliva com dificuldade, porque minha mente gritava que não havia mais como fugir daquilo, mesmo que quisesse poupar a mente de Jimin de certas coisas. Encarei a porta do banheiro por um tempo, já que não queria lidar com o olhar sério no rosto do meu namorado por alguns minutos, ainda mais quando o sol já começava a nascer e conseguia enxergá-lo com mais facilidade.

— Uma vez, quando eu era muito pequeno… — comecei a contar, em um sussurro, ainda sem olhar para ele — Eu estava sendo cuidado pela minha avó e decidi sair para comprar doces. Ela não gostava muito de mim… então, não se importou.

O calor do olhar dele estava me deixando nervoso e trêmulo, mas Jimin segurou minha mão e a acariciou com seus dedos, me incentivando a continuar.

— Quando cruzei a esquina, havia um homem que… — tentei continuar, mas sentia minha garganta quase se fechar com aquela lembrança — Minie, existem pessoas muito más no mundo… muito mesmo. Eu fui vítima de uma delas.

Assim que olhei para o rosto de Jimin, dessa vez, ele estava com um semblante triste.

— Um homem bem mais velho me abordou, quando estava indo comprar os doces — respirei fundo, apertando a mão dele na minha para me tranquilizar — Ele me enganou, me machucou e…

— Machucou como, hyung? — perguntou, sem entender realmente o peso daquelas palavras em meu peito.

Como eu poderia explicar aquilo, sem que o que acabamos de fazer perdesse o significado?

— Ele me estuprou, Jimin.

Tudo ao nosso redor pareceu ficar em absoluto silêncio e eu não sabia se isso era uma coisa boa; conseguia ouvir sua respiração afetada e, para minha total perda de controle, estava olhando para seu rosto, sem saber como agir a seguir. Jimin tinha os olhos arregalados e incrédulos, assustados e pesarosos, como se — pelo menos, por um mísero segundo, sentisse a mesma dor que carreguei por anos escondida. Aquela era uma situação complicada em que jamais pensei que teria de passar em algum momento de minha vida.

— Foi por isso? — a voz dele falhava enquanto ele proferia palavra por palavra — Vo-Você sentiu a mesma dor, Jungkook? Eu fiz-

— Ei, ei — minhas mãos soltaram as suas e foram diretamente para suas bochechas, segurando seu rosto com firmeza e o puxando até que estivesse há apenas alguns centímetros de distância do meu — Você não fez nada, Jimin! Nada, além de fazer eu me sentir incrível, entendeu?

— M-Mas… Bebê… — uma lágrima fugiu de seu olho esquerdo e meu coração doeu.

Um sorriso suave tomou conta de meus lábios quando ele sussurrou aquele apelido.

— No começo, eu realmente me senti mal — admiti, depositando um beijo em sua testa logo depois — Mas bastou eu olhar para você para que eu esquecesse todas as coisas ruins do mundo. Você só me causou sensações ótimas, anjo, eu prometo.

Puxei sua mão direita, levantando seu mindinho para ser envolvido pelo meu próprio.

— Obrigado pelas suas lágrimas — murmurei — Mas não precisamos delas agora. Eu estou bem.

Mesmo com aquelas palavras, não consegui evitar o choro que fora despertado em Jimin e, para ser bem sincero, era a primeira vez que sentia alguém estar disposto a passar por aquilo comigo. Não era como meus outros amigos, consolando-me e dizendo que eu podia chorar e desabafar; Park Jimin parecia querer passar por toda a cor comigo, parecia querer chorar comigo e compartilhar um pouco da carga que aquela angústia me causava, ainda que não fosse completamente possível.

— Eu amo você — ele sussurrou, sorrindo tristemente.

— Sei disso agora — respondi, desfazendo o abraço dos nossos mindinhos para entrelaçar nossos dedos; beijei o dorso de sua mão e puxei-a para meu peito — Eu também amo muito você.

Estávamos nos permitidno viver em nosso próprio pequeno mundo azul, apenas por um instante.

Deitados naquela cama, éramos apenas Park Jimin e Jeon Jungkook.


Notas Finais




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