História Diário de Hinata Hyuuga. - Surpresa? Oh não!

Por mais que Naruto provasse por gestos e ações todos os dias que realmente me amava, e que sim, estávamos namorando há duas semanas, para mim tudo era muito surreal. Nunca havia me dado bem em situações amorosas, não havia nem chegado perto disso. De fato, nunca me vi apaixonada por outro garoto também, e isso me fazia crer que nada daquilo pudesse ser verdadeiro.

Muitas vezes pensava “NAMORO O NARUTO”, para ver se de uma vez por todas, isso fizesse algum sentido. Para ver se de uma vez por todas, essa sensação de que vou abrir os olhos e tudo não vai passar de um sonho, desaparecesse. E lá estava eu fazendo isso novamente...

As pessoas falavam ao fundo, e quando vi Asuma abrir o livro e dizer algo, notei que ele havia dito alguma coisa muito importante. Cutuquei a rosada a minha frente, que virou de imediato.

— O que foi que o professor disse? – Sussurrei para que só ela ouvisse. Estava tão desligada que mal havia ouvido o que Asuma dissera.

— Tá na lousa, lesada.

— Ah. Nossa. Valeu. – Pensei um pouco, e então perguntei meio sem graça. – Mas o que tá na lousa?

— O trabalho que ele passou, né, Hinata. – Maneou a cabeça negativamente. – Onde é que você tá, hein? Meu Deus.

— Sei lá.

Encarei o loiro de esgoela, como se mentalizasse novamente que estávamos sim juntos. Naruto estava conversando com Sasuke e Shikamaru, e quando percebeu que eu estava o encarando, piscou para mim e acenou, enquanto um sorriso bobo formava em meus lábios.

Era tudo tão novo... E bom.

Hanabi e mamãe comentavam sobre o meu romântico pedido de namoro todos os dias. Para elas, e claro, para mim também, aquilo fora a coisa mais linda e carinhosa que alguém havia feito. E ouvi-las dizendo sobre isso, nunca me faria enjoar, mesmo que fosse repetitivo.  

Nunca imaginei que uma pessoa pudesse me dizer todas aquelas coisas lindas, e pudesse me aprontar uma surpresa tão boa como aquela. Aliás, nunca pensei que a pessoa a me fazer isso fosse o Naruto.

Na hora do intervalo todos nós ficávamos juntos, como um grande e unido grupo normal.

Na verdade era até bem engraçado... Pois parecia que éramos todos casais. Apesar de só Sakura e Sasuke, Ino e Gaara, Naruto e eu termos assumido compromisso.

Estava um frio bastante incomodo, e quando o loiro me abraçou por trás, e ficou com o queixo apoiado no topo da minha cabeça, eu entendi como o amor realmente aquecia a alma.

— Cara, vocês são tão lindos juntos. – Ino disse enquanto apoiava sua cabeça no ombro de Gaara. – Muito mesmo.

 — Nós sabemos. – Naruto respondeu convencido. Eu podia sentir sua boca movendo-se sobre meu cabelo. E mesmo que não pudesse vê-lo, sabia que ele havia dito tudo com um sorriso presunçoso nos lábios, principalmente depois de ouvir o “idiota convencido” de Sakura.

                                                  ***

Encarei pela milionésima vez o loiro com meus olhos pidões. Sabia que estava muito próxima de fazê-lo mudar de ideia, mas o mesmo resistia ao máximo, e até evitava me olhar de volta só para não ver minha carinha de boa moça.

— Não adianta, Hinata! – Ele gesticulou algo com as mãos. – Não vai me convencer... Não vou te contar nadinha. E nem adianta fazer essa cara. – Riu da expressão que fiz.

— Você é um insuportável. – Cruzei os braços acima dos seios.

— Como quer que eu te conte algo, que deixei claro ser uma surpresa?

Depois da saída, quando finalmente estávamos a sós, Naruto disse que teria uma surpresa super legal para mim. Claro que de imediato fiquei saltitando de felicidade, mas assim que entramos no carro que Naruto havia pegado emprestado de seu pai, o atormentei horrores para que me contasse o que era.

Mas... Sem sucesso. Não havia descoberto nadinha!

— Isso é injusto! – Gritei enquanto estapeei seu ombro.

— Heeey! Eu tô dirigindo, sua doida. – Gargalhou da minha curiosidade.

Na verdade eu nunca fui muito fã de surpresas. Pensá-las nelas só me faziam ter pensamentos negativos. Tudo o que me faz ter certa expectativa, eu detesto.

Estava tão furiosa com o loiro, que mal havia notado quando o carro fora estacionado em frente minha casa.

Ia descer sem ao menos me despedir... Por pura birra mesmo, é claro. Mas antes que eu pudesse sair, Naruto puxou-me pelo braço, fazendo eu cair sentada no banco novamente.

— Não seja tão irritadinha! – Exclamou sorrindo depois de me dar um selinho demorado nos lábios. Confesso que aquilo ainda fazia meu rosto esquentar de vergonha. – Amanhã de tarde você saberá.

— Só amanhã? – Suspirei. – Melhor eu ir logo antes que eu te xingue.

Fechei a porta do carro e ainda pude ouvir as gargalhadas do loiro. Revirei os olhos do comportamento dele. Com certeza esse lance de “surpresa” era algo proposital para me deixar angustiada.

                                                     ***

Fui arrastando-me até a sala, e encontrei mamãe e Hanabi já acordadas. Pensei que havia acordado tarde demais, mas a verdade é que era ao contrário, elas que haviam acordado cedo dessa vez, o que era muito estranho, afinal.

— Bom dia, querida! – Mamãe acenou enquanto arrumava a mesa para o café da manhã. – Dormiu bem?

Hanabi cumprimentou-me com um empurrão e um sorriso irônico. Adorável a minha irmã.

— Na verdade, não. – Sentei na cadeira e apoiei meu queixo nas duas mãos.

— Deu pra perceber. – Hanabi gargalhou depois de obviamente constatar minhas olheiras ali presentes. – Tá parecendo um panda!

— Hm. – Resmunguei. – Muito engraçado.

— O que te fez não dormir? – Mamãe perguntou de cenho franzido.

Certo, ter insônia era uma coisa meio nova pra mim. Eu na verdade assustava muitas pessoas com o meu excesso de sono. Lembro claramente de uma vez que dormi na minha avó, e a coitada me acordou desesperada pensando que eu havia morrido. Isso tudo só por que eu tinha ido dormir as 23 e acordei as 13hrs do outro dia. Nem foi tanto, é claro.

Mas a verdade é que eu sou uma pessoa muito ansiosa, e sobre o fato de eu não gostar de surpresas está bem relacionado a isso.

Desde quando Naruto disse que tinha uma surpresa para mim, passou-me ideias de todo os tipos pela cabeça, e isso me impossibilitou de ter uma noite tranquila de sono. Até consegui dormir depois de um certo tempo, mas não foi tranquilo. Minha cabeça doía.

— Aposto que passou a noite pensando no Naruto. – Hanabi disse rindo. Se ela soubesse o quanto estava certa nisso, definitivamente estaria gargalhando mais ainda. Emburrei e comecei a encarar.  – Foi não foi?

— Já te falaram que você é bem... Intrometida?

— Já te falaram que você é bem... Mal humorada?

— Garotas! – Mamãe nos repreendeu com um olhar enquanto colocava o café bem quente sobre a mesa. – Não briguem.

— É essa irritante que não fecha a matraca! – Apontei para minha irmã que ainda gargalhava. Aff.

— Você ainda não respondeu minha pergunta, Hinata.

— É que... – De repente falar sobre o que me impossibilitou de dormir, tornou-se um pouco constrangedor. Fiquei com medo de parecer patética por não ter conseguido pegar no sono por conta de uma maldita surpresa do meu namorado. Namorado. Quando eu ia mentalizar essa palavra e achar normal?!

— É que? – Mamãe incentivou-me com as sobrancelhas arqueadas.

— Eu estou ansiosa com algo. – Soltei enquanto passava manteiga no pão. Talvez não encarar mamãe e Hanabi nos olhos diminuiria o constrangimento.

— E o que seria esse “algo”?

Soprei o ar bem forte, e sabia que se não contasse, aquelas duas me encheriam o dia inteiro. E também eu teria que pedir a permissão da mamãe antes de sair de casa, obviamente.

— Naruto disse que tem uma surpresa pra mim hoje. – Fechei a cara assim que vi Hanabi inflar a bochecha, e depois de um tempo, dar uma risada maléfica.

— Eu disse que era por causa desse loiro, eu disse.

— Que gracinha! – Mamãe disse com os olhos brilhando. Às vezes tinha fortes suspeitas que ela não era minha mãe, e sim uma das minhas amigas adolescentes. – E você não faz a mínima ideia do que seja?

— Não. – Respondi manhosa.

— Não te deu uma dica, sequer?

— Não.

— Já pensou se ele te leva num parque de diversões e te obriga a ir naquela montanha-russa que você morre de medo? – Hanabi disse com um sorriso perverso nos lábios. – Ou então no restaurante que você odeia?

— Cala a sua boca, pirralha. – Atirei uma maçã em sua cabeça, e assim que acertou e ela encarou-me, mostrei a língua.

Hanabi era bem irritante quando queria. Ou seja, quase sempre.

— Vocês duas parecem crianças de três anos! – Mamãe revirou os olhos. – Você saí que horas, Hinata?

— Umas 18hrs. – A encarei, receosa. – Posso?

— Pode sim. – Sorri internamente. – Porém te quero aqui as dez... No máximo, bem máximo mesmo as onze.

E ali terminou as minhas suspeitas de que ela poderia ser uma das minhas amigas adolescentes.

                                                      ***

Depois de constatar no relógio que já eram 17hrs, decidi que aquele era o momento de eu me arrumar. Fui para debaixo do chuveiro, e minha ansiedade era tão grande que não demorei tanto lá como costumo demorar.

Depois de exatos trinta minutos caçando o que vestir, lá estava eu encarando-me no espelho. Só faltava a maquiagem, mas não podia negar, eu estava até apresentável. Vestia um sobretudo verde esmeralda com um cintinho prateado na cintura, calça leggie preta e minha bota sem saltos preta também. É, naquele exato momento agradeci o bom gosto de mamãe com roupas, porque se não fosse por ela, não teria nada muito bom no meu closet.

Os outros trinta minutos seguintes foi apenas para tentar colocar cor ao meu rosto pálido. Não sou lá muito boa com essas coisas de maquiagem, prefiro apostar no natural, quem me ajuda sempre nessas partes é Sakura, e eu até senti a falta dela ali. Passei blush nas bochechas, e também um rímel básico nos cílios. Na boca apostei num batom rosa claro, e quando encarei-me no espelho de novo, esbocei um sorriso.

Nunca havia me sentindo tão bonita quanto estava sentindo-me naquele momento.

Percebi no ato que Naruto já havia chegado em casa, já que meu celular vibrou com sua mensagem.

Encarei-me mais algumas vezes no espelho, e antes que pudesse sair do quarto, Hanabi rompeu-o sem ao menos bater na porta. Típico dela.

— Uau. – Balançou a cabeça positivamente. – Você tá até bonitinha.

— Bonitinha que nada. – Estreitei os olhos em sua direção. – Pode dizer que estou um arraso!

Rimos juntas, e depois ela concordou com a minha brincadeira.

— Seu namoradinho já chegou. Está na sala te esperando. – Ela disse sorrindo. Concordei com a cabeça, eu já sabia disso. Quando ia sair do quarto, fui puxada pelas mãos. – Espera aí... Sinto que falta alguma coisa!

Alguma coisa? Franzi o cenho não entendendo absolutamente nada.

— Que coisa?

— Não sei. – Colocou o dedo indicador no queixo e se pôs a pensar. Depois com um estalo, vasculhou sua cômoda e tirou de lá um cachecol preto com pequenos gliters presos a ele. Ela o ergueu no ar, e depois o enrolou no meu pescoço. – Pronto! Agora você está mesmo um arraso.

Novamente dei uma olhada no espelho. Gostei do que vi.

— Valeu, maninha.

                                                              ***

Já havíamos andado um bom tempinho, ou a minha ansiedade fazia-me acreditar nisso. Olhava as casas, comércios, pessoas e etc passarem como um borrão na janela do carro. Estava um pouco incomodada, e só me senti melhor quando Naruto colocou uma de suas mãos que não usava para dirigir em meu joelho.

— Você tá bem? – Naruto perguntou enquanto revezava o olhar para mim e para a estrada. – Tá quieta.

— Já disse que odeio surpresas, não é? – Bufei um pouco irritada.

— Relaxa, por enquanto só vamos a um restaurante. – Ele riu da minha desgraça. Esse... Grrr. – Não precisa pensar em coisas ruins, Hina. Eu tenho certeza que você vai gostar!

Tentei confiar no que aquele loiro dizia. Mas não sei se todas mulheres são assim, mas particularmente eu, sou um tanto quanto paranoica.

Quando avistei que entrávamos no estacionamento do melhor restaurante italiano da cidade, juro que senti um alívio. Quis matar a Hanabi quando notei que aquele lance que ela havia me dito, fez-me ficar mais ainda encucada. Maldita seja a linguaruda da minha irmã!

Entramos no restaurante de mãos dadas, e algumas pessoas lançavam olhares fofos para a gente. Espero que isso seja algo bom.

Sentamos numa mesa que havia sido reservada pelo loiro prestativo. E quando ele puxou a cadeira para que eu sentasse, quase tive um treco. Era fofura demais para uma pessoa só.

Pedimos a mesma coisa, um delicioso Risoto de camarão. Ao contrário de muitas garotas por aí, eu não como pouco, e muito menos finjo que como pouco.

Ficamos ali conversando animadamente, e mais parecíamos amigos do que namorados. Com certeza acharam que éramos loucos depois de inúmeras risadas escandalosas vinda de nossa mesa.

Depois de um tempo, Naruto pediu licença e disse que precisava ir ao banheiro.

Fiquei varrendo todos com o olhar, e uma menininha de cabelos loiros e de no máximo uns 5 anos me chamou a atenção. Ela era linda, e tinha um brilho diferente nos olhos. Quando ela notou que eu a encarava, estreitou os olhos na minha direção, e depois fez o que menos esperei que fosse fazer... Sorriu com todos os dentes que possuía. A garotinha tinha o mesmo brilho e o mesmo sorriso de Naruto.

A mãe da garotinha não percebeu, e ainda bem... Poderia pensar que eu era uma sequestradora de crianças.

Se tinha algo que me irritava, era sentir que estava sendo observada. E quando eu tinha essa sensação, poucas vezes era alarme falso. Dessa vez não foi diferente, eu estava certa. E quando virei, tinha um garoto, que supus ter a minha idade ao meu lado.

Tentei não encará-lo, mas ele parecia querer muito a minha atenção, pois não parava de me olhar e sorrir prepotentemente. Algo nele me irritou. E por mais que eu não quisesse admitir, e até me sentia mal por achar isso, o cara era lindo. Era um garoto de cabelos muito pretos, e tinha a pele bronzeada, e por incrível que pareça, com os olhos mais verdes e lindos que já vi.

— Olá, senhorita. – Ele aproximou-se mais de mim e pude sentir o aroma de seu perfume.

— O-Olá. – Respondi incerta. Não queria ser ignorante com o moço, mas tinha certeza que se Naruto visse aquilo, não iria gostar nadinha. Pelo menos é o que acho.

— Posso sentar aqui? – Antes que eu respondesse um “sim” ou um “não”, o garoto se sentou, sem ao menos minha permissão. Aquilo estava começando a me tirar do sério. – Você é linda!

— Muito obrigada, mas...

— Podíamos pedir bebidas, o que acha? – Ele interrompeu-me, e aquilo mais uma vez me irritou. Antes que eu novamente pudesse responder, ele já havia pedido duas bebidas.

Tudo o que passava na minha mente, era de eu estrangulando o homem a minha frente. Estava a ponto de explodir, mas deveria fazer isso com classe, é claro. E me perguntava onde estava Naruto? Havia descido pela privada?

— Não posso aceitar as bebidas, meu caro! – Sorri falsamente enquanto me controlava muito para não bater nele.

— Por que não? – Perguntou de novo com aquele sorriso irritante.

Abaixei a cabeça, e estava decidindo que xingamento usaria com ele, mas antes disso ouvi um:

— Talvez porque ela esteja acompanhada.

E Naruto foi o herói da noite.

De todas as faces que já vi do loiro, aquela que ele estava esboçando era nova. Um misto de raiva e ódio que me fez até sentir medo.

— Acompanhada? – Ele lançou aquele mesmo sorriso. E eu soube de imediato que aquele sorriso não irritava só a mim. – Acompanhada por quem?

— Por mim! – Aponto agressivamente para si próprio. Depois encarou-me. – Eu saio por alguns minutos, e quando chego tem um bostinha aqui na mesa?

Segurei um riso quando notei que o moço se sentiu ofendido.

— Quem é o bostinha aqui, seu sem educação? – Levantou-se. – Eu não sabia que a lindinha aqui estava acompanhada de alguém. Ela não me falou nada.

— Por que você não me deixou completar uma frase inteira, e...

— Mas você não falou! – Interrompeu-me novamente.

— E fez isso de novo. – Respirei fundo. – Pode dar o fora daqui, cara? Estou me irritando com você!

— Desculpa, lindinha... Eu só...

— Você ouviu o que ela disse? – Naruto o pegou pelos ombros, e o sacudiu com brutalidade. – Saía daqui antes que eu te tire de um jeito não muito bom.

— Não precisa, garoto! – Levantou a voz e todos ali passaram a nos observar. – Sei muito bem sair sozinho.

— Grite mais uma vez, e não terá pernas pra sair só. – Naruto o encarou de punhos cerrados.

— Hm. – Resmungou enquanto saía pisando duro. – Loucos!

Agradeci mentalmente quando o vi se afastar. Não tinha duvidas alguma sobre a loucura do loiro de arrancar as pernas daquele rapaz. Naruto estava tão irado, que suas veias saltadas pareciam ter vida própria.

Permaneceu um longo tempo calado, até quando ele foi pagar a conta, e me acompanhou até o carro. Aquilo me fez pensar que ele estava nervoso comigo...

Ele dirigia sem ao menos me olhar, e aquilo estava me incomodando.

— Hei! – O cutuquei, e assim que ele bateu os olhos em mim, sorriu. – Por que você tá agindo estranho agora? Eu já disse que não tive culpa. Eu nem ao menos quis que ele se sentasse ali. Tem que acreditar em mim!

— Calma, Hinata. – Ele tirou uma de suas mãos do volante, e enlaçou sua mão na minha. – Eu não estou nervoso com você... É só que... Me senti mal.

— Se sentiu mal?

— Sim. – Fez uma careta. – É só que parece que toda vez que alguém melhor que eu se aproxima de você, ele vai te roubar de mim.

— Hã? – Tive que encará-lo para ter certeza que falava sério. – Não diga besteiras!

— Eu sei. É besteira, mas é o que penso.

— Não pense. – Apertei forte sua mão. – Podem aparecer milhões de caras na minha frente, que eu jamais vou largá-lo por eles. Simplesmente porque eles não são você.

— Uau... – Ele sorriu assim como a menininha do restaurante, e com o mesmo brilho nos olhos. – Você é incrível, Hinata!

                                                      ***

Naruto já andava com o carro há mais de quarenta minutos. Eu não queria ter que comentar, mas já passava das 22 horas e ele ao menos havia me mostrado qual seria a surpresa, e quanto mais eu via as horas passando, mais afastávamos da cidade. Aquilo começou a me preocupar.

Acho que Naruto percebeu a minha angustia, pois depois de um tempo, começou a afagar meus cabelos, e disse um “estamos chegando”.

Tentava localizar onde estávamos, mas quanto mais eu olhava, mais tinha certeza que nunca havia estado ali antes.

Naruto estacionou o carro no meio do nada, e eu o encarei aflita, como se perguntasse “O que? Isso é a minha surpresa?” Mas nem abri a boca, não queria contrariá-lo. Até por que, o que vale é a intenção, não é? Então.

— Temos que concluir o trajeto de pé. – Ele disse, e parecia se esforçar muito para não dar risada. Me perguntei o que era tão engraçado. – Tudo bem pra você?

Dei de ombros. Andar não tiraria pedaço nenhum de mim... Mesmo eu estando com medo por estarmos quase no meio de nada, sem ninguém por perto e naquele horário. Tudo bem, fazer o que.

— Tudo.

Andávamos com dificuldade, quase tropeçando naquela descida íngreme que eu pouco sabia onde iria dar. Quase caí para o outro lado quando pisei em falso numa pedra, e ela saiu rolando.

— Tem que tomar cuidado, Hina. – O loiro disse enquanto me segurava pelas mãos, me salvando de uma queda horrenda.

Andamos por mais 5 minutos, até meu queixo quase cair de surpresa. Era lindo.

Aquele cheiro, a textura do “chão” em que eu pisava, tudo me era familiar... Mas a noite, tudo tinha uma beleza ainda maior.

Apertei forte a mão de Naruto, como se o agradecesse por aquilo.

Observei a lua cheia ao longe, cheia de estrelas minúsculas ao seu redor. Minha avó sempre tinha o hábito de dizer que a lua era dos namorados. Será que ela tinha razão? Não sei. Mas aquela noite... Era.

Tínhamos a mais linda visão do mar. As ondas se quebrando, o aroma de maresia. Era tudo tão perfeito.

Naruto sentou-se na areia, e eu me sentei entre suas pernas.

Ficamos um longo e incontável tempo calados, admirando a linda noite que fazia, observando as ondas se quebrarem e se formarem, observando a lua que mais parecia um quadro.

Não sei ao certo quanto tempo ficamos assim, mas foi só quando percebi Naruto colocar uma música no seu celular que fiquei ainda mais satisfeita do que estava.

Minha mente voou longe. Pensei em todas as coisas que havia passado até então. Todas as dificuldades que havia passado para chegar onde estava. Passei por muitas coisas, não foram nada fáceis. Mas estar ali, enlaçada no abraço do cara que eu amava, no meio da areia, tendo a lua como nossa testemunha, me fazia sentir feliz como nunca havia sentido antes.

Se passar tudo o que passei, significasse estar onde estava... Passaria por aquilo tudo inúmeras vezes, sem ao menos questionar.

Só despertei dos meus devaneios quando senti o hálito do loiro próximo de mim. Sabia que ele queria falar algo.

— Isso tudo não é lindo?

— Mais do que lindo. – Suspirei. – Essa é mais uma das vezes que você me deixa sem palavras.

O olhei por cima dos meus ombros, ele ainda sustentava aquele sorriso encantador nos lábios.

— Estava aqui pensando... – Disse enquanto mexia nos meus cabelos. Notei sua face ganhar uma coloração diferente... Naruto estava envergonhado, e eu segurei um riso quando notei isso. – Você pode nunca ter percebido, mas eu sempre te observava.

Mesmo que aquilo não fosse lá grandes coisas, me pegou de surpresa. Eu realmente nunca tinha notado aquilo.

— Mesmo? – Perguntei sem graça. Queria deixá-lo satisfeito tanto quanto ele estava deixando-me. Vasculhei na minha mente algo que pudesse deixá-lo satisfeito só de ouvir. – Você também não sabe... Mas adoro quando está sem graça e afaga seus cabelos.

Não precisei nem olhá-lo para saber que seu sorriso se intensificou. O conhecia muito bem.

Virei para o encará-lo, e no momento em que me virei, o loiro me puxou para mais perto de si. Nossos lábios se tocaram, e ao som de Coldplay, tive o melhor beijo que já recebi.

                                                          ***

O céu já havia tomando cores diferentes. E nem precisamos observá-lo por muito tempo para saber que um novo dia estava para nascer.

Ver a noite dar lugar ao dia era maravilhoso. Mas ver o dia nascer ao lado da pessoa que amamos, é ainda mais perfeito.

Eu sabia que estava bem ferrada quando chegasse em casa. Mamãe provavelmente já devia ter me ligado milhares e milhares de vezes. Com certeza eu teria que dar-lhe muitas explicações e ficaria de castigo pelo resto da minha vida. Porém tudo valia a pena á tudo o que passei aquela noite.

Surpresa. Depois daquele dia... Passei a amar!