História Diário de Hinata Hyuuga. - Flash back, part. II .

Faltavam-me palavras, e quando tudo apareceu em minha boca, Sai, Kiba e Gaara aparecerem do nada.

— Hmmmmmmmmmmmmmmmm. – Exclamou Sai com o dedo indicador no queixo, fazendo uma cara maliciosa. – O que estão fazendo aqui afastados de todo mundo?

— Estávamos conversando, até pessoas intrometidas chegarem. – Naruto respondeu bravo.

Sai e Naruto nunca se deram muito bem. Sai era uma pessoa muito ingênua, e muitas das vezes não falava as coisas por mal, mas suas gracinhas sempre deixavam Naruto pé da vida.

— Até certas pessoas intrometidas chegarem? – Perguntou Sai com um sorrisinho meio falso nos lábios. Leu algo em seu livro, e então disse. – Segundo meu guia, quando as pessoas se irritam com facilidade quando são flagradas fazendo algo, é porque estavam fazendo alguma coisa errada.

— Você por acaso tem guia de primeiros socorros? – Naruto perguntou com o cenho franzido.

— Não. Por que teria um?

— Acho que você vai precisar de um, depois do soco gigantesco que eu irei dar em você, se não fechar essa boca!

— Nossa, que petulância. – Sai fez uma cara neutra.

— Mas... O que diabos vocês estavam fazendo aqui? Hein, Hinata? – Perguntou Kiba olhando para mim, meio desconfiado.

— A-Apenas conversando.

Realmente era estranho estarmos longe de todos, apenas para conversar. O Gaara apenas observava toda aquela situação, com uma cara de tédio, que supus que ele não estivesse em um dos seus melhores dias.

— Acho estranho vocês estarem sozinhos aqui... No meio de uma floresta. – Exclamou Kiba extremamente malicioso.

Aquilo bastou para que meu rosto queimasse ainda mais do que já queimava.

— Oras, o que está querendo insinuar, seu idiota? – Perguntou Naruto fechando os punhos, pronto para voar no pescoço de Kiba, caso não gostasse de sua resposta.

— Relaxa, Naruto. – Kiba deu toquinhos em seu ombro, pra então dizer entre risos. – Sabemos que você é incapaz de fazer qualquer coisa com a Hinata. Afinal, parece mesmo uma marica...

— O QUE????????????????? – Gritou com fogo nos olhos. – SEU PUUUUUUUUUTO! Volte aqui que vou quebrar todos seus dentes, seu vira-lata de uma figa!

Porém, naquelas horas Kiba já estava longe, gargalhando muito de toda aquela zona que havia armado.

Naruto ficara furioso, havia ficado até rubro de tanta raiva. E tudo o que tenho a dizer, é que ele ficava lindo de carranca.

— Não ligue pra eles, Hinata. São todos uns babacas, afinal.

— O único babaca aqui é você. – Sai disse virando-se para um lado.

— Isso mesmo. – Gaara concordou.

— SUMAMMMMMMMMM daqui vocês dois! – Naruto gritou com raiva.

— Retardado. – Gaara murmurou saindo dali, acompanhado de Sai, que mostrava língua á Naruto, e recebia um dedo do meio do loiro.

Sabia que aquele era o momento em que Naruto se lembraria do que eu iria lhe contar. Apesar de ter me preparado bastante psicologicamente para esse dia, naquele instante, não me sentia mais confortável para dizer mais nada. Como se eu adivinhasse, que se contasse, nada iria acabar bem. E talvez eu tinha razão.

— Bem... Onde paramos mesmo? – Coçou a cabeça algumas vezes, tentando buscar na mente o que havíamos conversado anteriormente. – Ah sim! Você ia me contar algo... O que era?

Suspirei pesadamente, teria que mentir.

— B-Bobagem. Falamos-nos d-depois.

— Tudo bem então. – Respondeu baixando o ombro, desanimado.

Lembro-me que aquele dia, corri o mais rápido que pude para perto de Sakura. Como se ela, de alguma forma, pudesse me ajudar.

Mesmo não tendo acontecido nada – e era exatamente isso que me incomodava – eu me sentia derrotada. E na verdade, eu era mesmo uma derrotada. Uma covarde, que não tinha coragem nem de falar sobre meus próprios sentimentos.

Tentei parecer alegre, mas o olhar cabisbaixo da minha amiga me fez notar que eu não conseguia enganar á ninguém. Sabia que ela me encheria de perguntas, e tudo o que não queria era ter que respondê-las.

Apenas disse que não consegui falar, que fracassei. Minha amiga notou que eu não precisaria de julgamentos naquela hora, e eu fiquei ternamente grata por isso. Ela me compreendeu, como sempre.

Falar que eu estava bem, era uma das piores mentiras que eu poderia dizer.

Cheguei em casa pra lá de abatida. Ninguém percebeu, porque como de costume, papai e mamãe estavam brigando. Nem procurei saber o motivo, não me importava mais. Não que não me deixasse triste. Deixava e muito. Só que achava que aquele assunto não me cabia, eles eram adultos, afinal.

Subi para o meu quarto, e notei Hanabi com a cabeça no travesseiro. Seus ombros desciam e subiam, e com isso deduzi que ela estaria chorando. Ela normalmente fazia isso quando meus nossos pais brigavam, e eu como irmã mais velha me via na obrigação de consolá-la.

— Hanabi? – Chamei-a, sentando-me á cama. – O que você tem?

— Você sabe, Hinata. – Respondeu abafado, por ainda estar com o rosto afundado no travesseiro.

É claro que eu já sabia.

— Não fique assim. – Engoli em seco, provavelmente por ter que mentir á minha irmã. – As coisas vão ficar bem!

— Não minta pra mim, Hinata. – Minha irmã suspirou pesadamente. – Você pensa que só por eu ser menor, não entendo as coisas. Mas está enganada! Eu entendo, e muito bem... Nada vai ficar bem.

— Tá certa. – Dessa vez quem suspirou foi eu, derrotada. – T-talvez eu não saiba se vão. Mas... Arrumaremos um jeito de ficar bem. Agora vamos dormir!

Hanabi concordou com a cabeça, e tomou a atitude mais inesperada do dia: abraçou-me forte. Um abraço tão necessitado, que senti meus olhos marejarem. Ela estava sofrendo com aquilo tudo, e eu não podia fazer nada. Minha irmã nunca fora de demonstrar seus sentimentos á ninguém, e vê-la fazendo aquilo, apertou ainda mais meu coração.

— Bons sonhos. – Disse aconchegando-me já em minha cama.

— Obrigada, mana. – Agradeceu sorrindo. – De todas as pessoas do mundo... Você é a única que me conforta!

E ali eu havia ganhado meu dia.