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História Diário de uma Ex-Criminosa - Diário 15 - O Ataque (25 - 26 anos)


Escrita por: tammyendres

Notas do Autor


Histórias usadas: Harry Potter, Grey's Anatomy, Orfanato da Srta.Peregrine para crianças peculiares, House, X-Men, Xena: Warrior Princess.

Capítulo 16 - Diário 15 - O Ataque (25 - 26 anos)


Fanfic / Fanfiction Diário de uma Ex-Criminosa - Diário 15 - O Ataque (25 - 26 anos)

Com a casa pronta, e restabelecidas da nossa breve aventura no mundo dos "Contos de Fadas", era hora de eu arranjar uma atividade para mim. Montei uma academia nos fundos do pátio, e fazia Daniel e Z treinarem o máximo que fosse humanamente possível. O verão estava mais seco que o normal, então muitos treinos eram na piscina. Nick assistia, preocupada que eu fosse matar meus filhos e seguia insistindo para que eu desse um descanso para os dois.

Luana havia transformado o porão em um quarto e ateliê lindos. Com minha ajuda, transformou alguns palets e almofadas feitas por ela mesma, em um lindo sofá.

- Sabe que vou passar a semana toda lá né? – me perguntou, quando entrei em seu quarto e me sentei no sofá, observando ela arrumar as malas.

- Sei... – respondi, encarando o chão.

- Angel... – disse ela, puxando um banco e sentando a minha frente – Eu queria me desculpar com você...

- Não sei por quê... – falei, olhando-a nos olhos.

- Porque dificultei tudo quando viemos morar com você... A Rafa não tem lembranças deles, mas eu tinha 10 anos quando nossos pais fugiram no meio da noite, nos deixando sozinhas em casa...

- Esquece isso – pedi, segurando suas mãos – Está tudo certo agora.

- Eu tinha ódio dos meus pais e achei que você fosse fazer como eles quando nos conhecesse melhor. Passamos 6 anos naquele abrigo, sendo rejeitadas com as mais diversas desculpas, acho que criei um escudo para nos proteger.

- Acredita em destino, Lu?

- Talvez... por quê?

- Daniel e Vanessa estavam destinados a mim, centenas de anos antes de eu nascer. Na verdade, o Daniel a mim e a Vanessa ao Richard. Quando eu decidi adotar mais um filho, me perguntei se existiria alguém, que como eu um dia já precisei, também precisasse de uma segunda chance. Eu fui no intuito de adotar alguém com mais de 11 anos e um péssimo histórico comportamental, independente de ser bruxo ou trouxa. Como sou bruxa, eles me apresentaram primeiro crianças bruxas. Seu nome era o último da lista, e isso me chamou a atenção.

- Eu era a mais velha, quem iria querer me adotar?

- Exato, por isso falei que queria te conhecer. Foi quando fui informada que você tinha uma irmã com Síndrome de Down, e que estavam no abrigo a quase 6 anos, sempre rejeitando famílias. Quando falei com você, e você me disse que eu não sabia onde estava me enfiando, tive a certeza de que eram vocês. Que talvez ninguém tenha adotado vocês antes porque era para eu fazer isso.

- Acredita que, como Daniel, estávamos destinadas a você?

Tirei um papel do bolso e entreguei a ela.

- O que é isso?

- Coisa do Dragons – respondi – Leia.

- “Ao assumir esta vida, assumirá também tantas outras, por bebês serás responsável, por jovens e crianças terá que zelar, cada um ao seu tempo em sua vida entrará, cada qual sua estrutura irá abalar. Um reino de diferenças é o que deve ter, e com todos seus descendentes deverá aprender, mesmo com aqueles que apenas dor poderão lhe trazer” – leu ela em voz alta – O que ele quis dizer com “apenas dor poderão lhe trazer”?

- Gabriel e Draco Júnior – respondi – dois filhos que me trouxeram terrível dor ao serem arrancados de mim. Olha a data.

- 31 de outubro de 1988... Mas essa não é...

- A data do meu nascimento. Quando eu descobri que os dragões que eu poderia controlar eram da luz, Dragons riu de mim. Desde que surgiu a profecia, e nasceu o primeiro dragão, eles sabiam que Richard iria trair o reino, pois podiam ver e ouvir uma parte de nossos espíritos que ninguém mais era capaz, nem nós mesmos.

- Então Dragons sabe todo o seu futuro?

- Não, só as coisas imutáveis. Se eu tomar uma atitude inesperada com relação a algo, o resultado final também será diferente, mas coisas como a quantidade de filhos, minha morte, amores reais, isso já estava escrito desde antes de nascermos, por isso Richard sempre teve controle sobre os dragões das trevas e eu sobre os da luz, e não o contrário como deveria ser quando tudo isso começou.

- Ele vai te contar quando vai morrer? – perguntou ela, sentando ao meu lado.

- Na hora certa sim, para que eu não deixe vocês desamparados.

- Você nunca pode morrer – falou ela, me abraçando e colocando a cabeça em meu peito – Não pode...

- Um dia vai acontecer minha filha – falei, colocando os braços ao redor dela, abraçando-a.

- Eu não entendo por quê você não pode matar ou mandar matar o Richard… Já conversei com a Nêssa sobre isso, ela tem opiniões confusas quanto a ele, mas me disse que sabe que vai ser alguém melhor se tiver o menor contato possível com ele…

- Uma coisa que aprendi com os anos, é que algumas coisas simplesmente precisam acontecer… Lucas escolheu ficar comigo e morrer jovem, ao invés de viver muitos anos longe de nós. Quando Dragons decide algo, por mais que eu tente burlar  as decisões dele, ou adiar o que precisa ser feito, algumas coisas não podem ser mudadas definitivamente…

- Como assim?

- Tem um grupo de outra terra, são viajantes do tempo, e digamos que se algo tem que acontecer, vai acontecer independente da interferência de alguém… Um exemplo disso é Hitler…

- Você conhece alguém que viaja no tempo?

- História para outro momento… Mas digamos que alguém voltasse ao passado e impedisse que Johann Kuehberger, que anos depois se tornou padre, salvasse o jovem Hitler de ser afogado, outra pessoa surgiria e cometeria atrocidades ainda maiores do que Hitler fez, pois todo o mal causado naquela época, simplesmente era para acontecer…

- Isso é irritante, e confuso… Mãe... Nick estava nas previsões?

- Não – respondi rindo – Nick é a criatura mais imprevisível que existe na face da terra. Dragons fica louco com ela, foi por Nick que tive muitas mudanças repentinas, sem nem pensar, em muitos casos. Isso dificulta a vida dele, já que é ele que organiza tudo e decide certos acontecimentos para mim.

- Se ele pode mexer no seu destino, por que não impediu que Lucas morresse?

- Por que eu deveria perder ele, para compreender o mal que fazia as famílias de quem matava... Lucas foi avisado por Dragons, que se decidisse ficar ao meu lado, morreria… E além disso, Nick não poderia ter entrado em meu caminho.

- E por quê ela?

- Era para ser só uma aventura para me trazer de volta a alegria, mas Nick é muito impulsiva e tomou o lugar de outra pessoa como o amor da minha vida, nos planos de Dragons... Ele disse que quando algo ruim acontece, é para me ensinar a amadurecer. Todos temos uma missão aqui na terra minha filha, a minha é aprender pela dor e ensinar pelo amor... Só espero que agora a parte da dor tenha acabado... não sei quanto tempo mais vou aguentar...

- É como se o responsável pela morte dos seus bebês, fosse Dragons…

- De certa forma é… E isso me deixa transtornada de raiva, eu te garanto, é bem difícil responder por mim, mas Dragons é a base da magia do reino, estamos unidos como um ser só… Eu sinto aquele dragão velho como uma parte do meu corpo, e essa conexão de certa forma diminui a dor da perda, ele faz doer menos… Nem Gabriel, nem D.J deveriam crescer e conhecer o mundo, e por mais que isso me irrite muito, não há nada que eu  possa fazer com relação a isso...

- Olha mãe... sei que isso não é muito, mas juro que ainda vou te dar muito orgulho e muita alegria...

- Já faz isso, minha vida – falei olhando-a – Sou uma mãe de sorte, tenho filhos de ouro.

- Isso porque você é uma mãe de ouro.

Ela me deu um beijo no rosto e me abraçou mais forte. Luana foi um presente que a vida me deu e o destino tornou real.

- Lu, eu trouxe... – falou Dani, entrando no porão e parando na escada quando me viu – Er... boa noite, senhora Angel, desculpe, eu não sabia...

- Imagina – falei, soltando Luana e levantando do sofá – Já aluguei a Lu demais por hoje... Te amo muito minha filha.

- Te amo mãe – falou ela sorrindo.

- A senhora está com dificuldade de aceitar que em duas semanas ela estará indo para a Universidade, não é? – perguntou a menina, descendo as escadas e parando a nossa frente.

- Mais do que eu previa... – concordei.

- Ela vai estar a 20 minutos daqui, vão poder se ver direto – riu Dani – Logo a senhora supera.

- Você logo também nos abandonará – falei.

- Pois é, graças a senhora – riu ela – Estou indo para a Universidade de Nova York em duas semanas também, mas como a Lu, estarei perto, venho sempre que quiser...

- E se eu disser que quero que se mude para cá? – perguntei, colocando as mãos nos bolsos e observando-a.

- A senhora conta piadas muito mal – riu ela.

- To falando sério – falei – Tem muitos quartos sobrando aqui, essa casa é enorme, e você e Luana se dão muito bem, quando não estiver na Universidade, fica aqui com nós...

- A senhora não existe – sorriu Dani se emocionando – Obrigada, a senhora é um anjo...

- Sou um monstro – falei, respirando fundo – Afugentei toda minha família... Bom, vou deixar vocês conversarem, preciso ver como a Nick está, depois vamos buscar suas coisas e liberar seu apartamento no Brooklyn.

- Acho que vi a Nick arrancando as pernas de um urso de pelúcia quando cheguei... – contou Dani.

- Então ela está ótima – respondi, subindo as escadas – Hoje vocês escolhem a janta.

- Qualquer coisa que mantenha a senhora longe da cozinha – riu ela.

Sai do porão e fui atrás de Nick. Ela estava sentada na escada da varanda, arrancando os braços do urso, e falando baixinho algo que eu não conseguia compreender.

- Nick – chamei, me aproximando e sentando ao seu lado – O que está acontecendo? Por que está destruindo esse urso?

Ela me olhou com os olhos vermelhos devido ao choro e me entregou o que ainda restava do bichinho de pelúcia. Na barriga havia uma mancha vermelha de sangue e no lugar dos olhos, uma costura em forma de X. Nick me alcançou uma caixa e na tampa estava escrito “SEU BEBÊ”.

- Quem mandou isso? – perguntei séria.

- Não sei – respondeu ela entre soluços – Saí para conferir o correio e isso estava na varanda... Angel, alguém quer matar o nosso bebê...

- Eu não vou deixar meu amor – falei, abraçando-a e lhe dando um beijo na cabeça – Ninguém vai machucar você ou o nosso filho, eu te juro...

- Mãe... – falou Daniel, se aproximando de mãos dadas com Z, vindos da rua – Aconteceu algo?

- Dan, junta para a mãe todos os pedaços desse urso e coloca na caixa, mas não toca na espuma, vou levar para análise.

- Claro... – falou ele, juntando tudo com ajuda de Z e colocando na caixa, tampando-a – Quer que eu chame Adrienne?

- Quero – falei, levantando e ajudando Nick a fazer o mesmo – Vou levar Nick ao hospital, mande Cameron me encontrar lá também.

- Pode deixar – respondeu Z.

Levei Nick primeiro para lavar bem as mãos e depois fomos para o hospital. Nick ainda chorava muito e estava com as mãos frias. Chegamos ao hospital em 15 minutos e eu coloquei Nick em uma cadeira de rodas, pois ela não tinha condições de se manter em pé. Assim que chegamos ao balcão de informações, uma enfermeira veio nos atender.

- Precisam de ajuda?

- Estamos esperando nossa médica, Dra. Allison Cameron – respondi, colocando no balcão o documento de Nick e o cartão do convênio.

- A Dra. Cameron não trabalha mais conosco – respondeu a enfermeira – Desculpe...

- Ela trabalha para mim – falei, colocando meu documento e minha carteirinha do CRM diante da mulher.

- Er... só um momento.

A mulher pegou o telefone para falar com alguém e eu me agachei diante de Nick, segurando suas mãos, ainda frias.

- Você está com febre... – falei, tirando meu casaco e colocando sobre os ombros dela, me ajoelhando a sua frente – O que está sentindo?

- Tonta – resmungou ela entre tremedeiras.

- Posso lhe ajudar? – perguntou uma voz conhecida atrás de mim.

Me levantei e encarei a mulher, era da minha altura, cabelos negros, extremamente bonita e encorpada, usava uma elegante roupa e tinha um crachá fixado ao peito.

- Cuddy? – perguntei me aproximando.

O homem que estava com ela era mais velho, magro e apoiava-se numa bengala, suas roupas eram normais, talvez até um pouco mal cuidado, a barba por fazer.

- Angel? – perguntou ela, me abraçando – Nossa a uns 3 anos não te vejo...

- Pois é – falei, e então apertei a mão de House.

- Para quem era uma adolescente irritante, você evoluiu incrivelmente... – comentou ele.

- Algumas pessoas conseguem – falei, séria.

- O que você precisa? – perguntou a administradora do hospital.

- Minha esposa Nicole – falei, fazendo um gesto na direção dela – Acho que tentaram envenená-la.

- E o rapaz loiro? – perguntou House.

- Morto – respondi.

- Barba azul - riu ele.

Cuddy caminhou até o balcão e se dirigiu a enfermeira.

- Preciso do melhor consultório, urgente, ela é VIP.

- Sim senhora, mas e o médico?

- Angel é médica, mas pode por no meu nome e no de House.

- O meu? – perguntou ele.

- Sabe que ganha 5 mil dólares cada vez que ajuda a mim ou a minha família né? – perguntei.

- Sra. Nicole, vamos descobrir o que a senhora tem... – falou o médico, passando por mim e caminhando até Nick.

- Esposa? – perguntou a médica, guiando a cadeira de Nick pelo corredor.

- E grávida de um filho meu – falei – Lisa, quero o melhor obstetra aqui para examinar ela, não poupe gastos, chame a Dra. Montgomery se precisar, a que cuidou de mim e dos gêmeos. A obstetra dela já está a caminho, com Cameron.

Cuddy deixou Nick sendo examinada por House e me puxou para fora da sala.

- Uma mulher? – perguntou, me olhando nos olhos.

- A única mulher – falei, e a médica compreendeu.

- Tipo Lucas... – falou ela.

- Mais forte... – respondi.

- Dra. Cuddy – chamou a enfermeira do balcão, se aproximando.

- Fale Eliza.

- Tem um helicóptero pedindo autorização para pousar no heliporto.

- Deve ser Cameron – falei – Pedi para o Daniel chamá-la.

- Autorize – falou Cuddy – E busque-os.

- Sim senhora – falou a enfermeira, dando o ok pelo rádio e entrando num dos elevadores.

- Por que acha que tentaram envenená-la?

- Alguém deixou uma caixa na nossa porta, com um urso de pelúcia com X no lugar dos olhos, a barriga estava suja com sangue de algum bicho, tava quente ainda, e tinha algo familiar no cheiro... Era para Nick, estava escrito “SEU BEBÊ” na tampa.

- Será que não era para você?

- Não – falei – Sou desconfiada, nem tocaria no urso, mas Nick é explosiva, rasgou ele inteiro, a pessoa que mandou sabia que ela faria isso.

A porta do elevador abriu e a enfermeira entrou acompanhada por Cameron, Ryan e outra mulher que não reconheci de imediato. Quando se aproximaram que a identifiquei.

- Boa noite – disse Cameron.

- Bom vê-la – respondeu Cuddy.

- Adrienne? – perguntei, observando a loira, que não usava sua habitual farda, e sim uma blusa social branca e calça jeans.

- Angel – cumprimentou ela.

- Não te reconheci sem farda...

- Somos sua nova equipe médica – avisou Allison.

- Me chamo Ryan – falou meu cunhado, também vestido como civil, carregando uma mochila – Sou Otorrino e Químico.

- Me chamo Adrienne – avisou minha amiga militar olhando para Lisa – Sou obstetra, estou acompanhando a gravidez da senhora Nicole.

- Você é médica? – perguntou Cuddy, surpresa – tão... forte?

- Ginecologista Obstetra, médica da família e Major – sorriu ela – Sandro, meu irmão, também é médico, só que pediatra e ebiatra.

- O que aconteceu com a Nick? – perguntou Allison, colocando seu jaleco, os outros dois fizeram o mesmo.

- Me acompanhem – pediu Cuddy, seguindo para dentro do consultório e fechando a porta.

House havia posto Nick numa poltrona confortável e terminava de tirar uma amostra de sangue, largando em uma pequena caixa o frasco cheio.

- A temperatura dela caiu 2°c nos últimos 5 minutos, e ela não consegue falar, já fiz o teste – avisou o médico – te ofendi bastante pra fazer isso, Dragons...

- E ai cunhada... – falou Ryan, se agachando na frente dela e retirando um frasco da mochila – Da um sorriso para o seu concunhado favorito? - Nick deu um leve sorriso e uma lágrima caiu de seus olhos – Muito bom, sabe que tem o sorriso mais lindo dos mundos né? Se Lorraine me ouvir dizendo isso vai me matar, mas Angel já deve ter lhe dito...

- Vou gravar e mostrar a minha irmã – brinquei – Mas você está certo meu cunhado, o sorriso dessa menina hipnotiza qualquer ser vivo... Sou uma mulher de muita sorte por ter sido escolhida por ela...

Nick forçou mais um sorriso e fez um leve gesto afirmativo com a cabeça. Ryan sorriu de volta e ergueu o frasco para que ela cheirasse o líquido esverdeado.

- Se o cheiro for ruim, azedo, você me dá um sorriso ta? – pediu ele, e ela sorriu novamente – ótimo, agora eu quero que prove e faça o mesmo, se for amargo, sorria, ok?

Ele pegou um palito, colocou a ponta no líquido e colocou na boca dela. Desta vez Nick não sorriu.

- Não entendi a brincadeira – falou House.

- Ela só inalou, se tiver algum corte pode ter entrado no sangue, mas só um exame vai garantir o que foi afetado... – falou Ryan, olhando as mãos de Nick com cuidado – Aqui... é pequeno, mas se tocou aqui pode ter entrado na corrente sanguínea...

- Eu fui cozinhar e ela me expulsou da cozinha – falei – Hoje de manhã... tava irritada e não prestou atenção, acabou se cortando.

- Fez bem em tirar a faca dela – riu Ryan para Nick, levantando e dando um beijo em sua testa – Se não ao invés de envenenada você acabaria intoxicada...

- É muita implicância com a minha comida – falei rindo também.

- Isso foi sério? – perguntou House – Acha que sabe se ela está envenenada só com um líquido verde do seu kit de química?

- Chamaram? – perguntou Robert, médico da equipe de House, entrando no consultório – Er... Oi Allison...

- Olá – respondeu ela com frieza, virando-se para Nick e examinando-a.

- Chamei – falou Lisa – Quero que leve o Dr. Ryan ao laboratório e ajude-o no que ele precisar.

- Vou levar isso – falou o Major, tampando a caixa com as amostras de sangue de Nick e pegando-a.

- Claro – falou o médico – Só me acompanhar.

Os dois saíram e House se aproximou de mim, observando Cameron que conversava com Nick enquanto examinava-a.

- Ela está tão feliz, tá namorando? – perguntou ele.

- Não – respondi colocando as mãos nos bolsos – Só está vivendo longe de você...

- Você ficou mais bonita, mas continua sendo terrivelmente cruel...

- É o meu charme – respondi sorrindo – Allison...

- Os sinais dela estão bons – avisou a médica – Ela também sente normalmente o corpo, apesar de não conseguir mexer, então isso é um bom sinal. Adri, vê pra mim o remédio para dar a ela...

- Já estão a mão – respondeu a militar, tirando a mochila das costas e pegando algo que parecia uma garrafa térmica prata.

- Vocês trouxeram tudo? – perguntou Lisa – Somos um hospital respeitado, temos remédios aqui...

- Não esse que trouxemos – respondeu Adrienne, pegando um copo pequeno da bancada e colocando um líquido cinza até metade do copo, depois pegou outro frasco e com uma seringa retirou pouco mais de 10 ml – Nick, vou precisar que beba isso ok?

Nick fez um leve gesto com a cabeça e Adrienne colocou o copo em sua boca, virando-o devagar. Quando ela bebeu todo o conteúdo do copo, Adrienne pegou seu braço, limpou, localizou a veia, e aplicou o outro remédio.

- Vão medicá-la sem saber o que ela tem? – perguntou Cuddy, apavorada.

- Finalmente! – comemorou House – Alguém mais doido que eu!

- Cameron já fez mais 3 especializações e um Doutorado desde que foi trabalhar comigo – falei – Comanda o hospital e é a única autorizada a tocar em mim.

- Você não tem ciúmes? – perguntou House para Nick – Essa frase ficou muito estranha...

- Me chamaram? – perguntou Eric, parando na porta do consultório.

- Não – respondeu Cuddy.

- Sim – disse House – Eu chamei. Quero que faça uma ressonância na Srta. Nicole.

- Senhora Dragons – corrigi – Ela é casada comigo e está grávida de mim, não é senhorita. Adrienne vai junto.

- Claro – respondeu ela, colocando a mochila nas costas e pegando Nick nos braços com cuidado, colocando-a na cadeira.

- Huau – falou Eric – Você é muito forte...

- Sou militar – respondeu ela – Além de médica.

- Adrienne também é minha Major – respondi – ela e Ryan na verdade. Me mantém informada, por favor...

- Claro, pode deixar – falou ela, pegando a cadeira de Nick.

Me agachei diante da cadeira e olhei minha amada nos olhos, segurando sua mão.

- Eu te amo ok? Nada vai te acontecer... eu te juro...

Nick deixou escapar uma lágrima e eu me levantei, beijando-a de leve. Adrienne guiou-a para fora do consultório acompanhada pelo neurologista da equipe de House. Segui com o médico, Allison e Cuddy até a sala de House, e me atirei numa poltrona, tirando os óculos e esfregando os olhos com as mãos.

- Voltou a estudar? – perguntou Allison, sentando no braço da minha poltrona.

- To concluindo um Pós-doutorado, fui convidada para dar aula na Universidade de Columbia.

- Isso é ótimo – sorriu Cuddy – Quando fez Mestrado?

- Logo depois de concluir minha graduação, engatei no mesmo ano pra não perder o ritmo, Mestrado em Educação e em Matemática Aplicada com Ênfase na Educação, agora to fazendo Pós-doutorado em Educação. Quanto tempo até termos notícias da Nick?

- Tempo o suficiente para ela voltar antes de você casar novamente. Pelo menos eu espero... – debochou House.

- Pelo menos não estou encalhada.

- Podia ter ficado sem essa – respondeu Allison.

- Você virou piadista desde que saiu daqui – falou House, encarando a médica – Está se achando incrivelmente inteligente né?

- E incrivelmente rica – retrucou ela.

- E por que vieram aqui? – perguntou o médico – Se não precisam de nós.

- Diz pra ele, Lisa – pedi.

- Angel é a nova dona do Princeton-Plainsboro, em Princeton, e do New York-Plainsboro, comprou 77% das ações dos Plainsboro pelo país – contou a médica.

- Sou uma compradora compulsiva – admiti, voltando a colocar os óculos – é mais forte que eu.

Eric voltou conversando com Adrienne e entraram na sala.

- Vocês precisam ver isso – falou Eric, e o seguimos até a sala de ressonância – O cérebro da Sra. Nicole apresenta pontos nulos, sem qualquer atividade, e pontos com uma atividade 7 x superior ao normal.

- Precisamos “acordar” a parte inativa – falou House, se aproximando da tela e observando melhor alguns pontos que pareciam se mover – O que é isso?

- O Benzonit – falou Adrienne – são organismos que agem anulando o efeito da droga recebida, impedindo maiores danos.

- Nunca ouvi falar – falou House, desconfiado – Quantas miligramas recebeu?

- 95 miligramas, sendo 17 direto no sangue e o restante ingerido – respondeu Adrienne – Esse remédio impediu que ela ficasse completamente paralisada.

- Vamos levá-la para Dragons – avisei, sem prestar atenção ao que diziam, observando a atividade cerebral no computador, séria.

- Deve ter outra alternativa – falou Allison ao meu lado, me observando.

- Não posso levá-la ao St Mungus, ela é uma Não-Maj, uma trouxa... – falei pensativa – E ela não vai poder ser tratada por médicos daqui, eles não saberiam o que fazer...

- Não temos especialistas nesta área específica em Dragons – ponderou Allison, sem tirar os olhos de mim – Nem os equipamentos daqui, sabe que somos só uma enfermaria e um laboratório...

Peguei meu celular sem tirar os olhos do computador e liguei, analisando a parte da cabeça de Nick piscando fortemente como luzes de natal.

“- Alô” – atendeu a voz de mulher do outro lado da linha.

- Ororo? – perguntei.

“- Sim?”

- É a Angel – respondi – Angel Dragons...

-“ Apocalipse?” – perguntou a mulher, surpresa – “O que... aconteceu algo?”

- Sim, tem como você vir até o hospital New York-Plainsboro? Eu preciso de ajuda, e não consigo pensar em mais ninguém além de vocês...

- “Claro, eu vou. Chego aí em 10 minutos.”

- Obrigada, estou no 2º andar.

A mulher desligou o telefone e eu voltei a olhar para o grupo ao meu redor, ainda conversando, Adrienne e Allison me observando.

- E ai? – perguntou Adrienne.

- Tive uma ideia. Lisa, você reformou o andar que pedi?

- Sim – respondeu a médica – é no 7º, “Andar Lucas Gabriel Augustus”. Também fiz o quarto especial que me pediu.

- Ótimo, é lá que vamos cuidar da Nick, vou arrecadar os médicos com as especialidades que precisamos e levá-los todos para lá, fechamos o andar, ninguém terá acesso e não ficaremos expostos – respondi com tranquilidade, sentindo todos meus músculos contraídos.

- Você comprou um andar inteiro? – perguntou House – Como eu não sabia disso?

- Você só descobre o que te convém – respondeu Lisa impaciente – Podem levar a sra. Nicole para o 7º andar.

- Vou acionar a equipe Alfa completa... – avisou Adrienne, pegando o celular.

Saímos da sala e seguimos para o 7º andar. Cuddy organizou um andar inteiro para o que eu havia pedido, pouco depois da morte de Draco Júnior. Metade pediatria, metade clínico geral. A maior diferença deste andar é que eu havia escolhido todos os contratados e eles eram todos mutantes ou bruxos, mas para a administradora eles eram apenas gênios em suas áreas e a descrição era mantida, apenas eu sabia quem eram de verdade e o que cada um fazia.

- A quanto tempo isto existe? – perguntou Allison, me olhando séria, quando entramos no andar.

- Dois anos – respondi com indiferença – Devo ter esquecido de te contar.

- Sim, esqueceu – disse a médica observando tudo – Depois conversamos sobre isso. Quem é atendido aqui?

- Somente pessoas que chegam aqui com este requerimento – respondeu Cuddy, pegando um papel vermelho e mostrando para Allison – Quando chegam aqui com isso, sobem direto para cá. Cuido daqui, mas não administro.

- E quem administra? – perguntou minha médica, irritada.

- Amanda Reynaldo é a responsável legal – respondeu a diretora – Aqui meu papel é específico, cuido da folha ponto, evito que falte o que precisam e presto contas a Srta Amanda. Só isso.

- Allison – falei observando o andar – Parabéns, é a nova Diretora, mas só deste andar, Amanda segue administrando.

- Em casa conversamos – falou a médica.

- Huau! – falou House – Será que a Sra. Nicole sabe que vocês vão discutir a relação em casa? Allison, você acabou de ser promovida?

- Cala a boca – respondeu ela.

- Respondo a quem afinal? – perguntou Cuddy com firmeza.

- A Amanda ainda – respondi – Vocês duas trabalharão em parceria, mas Cameron não irá interferir no restante do hospital. Me mostre o quarto.

- Claro, venham – chamou a doutora, nos guiando até um quarto muito grande, havia um sofá, além da cama do paciente e de todo o aparato, um banheiro espaçoso, televisão, guarda-roupas e mais algumas poltronas – Esse é o quarto A.D.

- Esse lugar é maior que o meu apartamento – falou House, surpreso, observando tudo e caminhando pelo quarto – Como esconderam tudo isso?

- Foi só manter seu estoque de Vicodin e te encher de pacientes chatos, além daqueles que te fazem querer trabalhar – respondeu Cuddy -  Ainda precisam de mim? Não tenho muita autoridade aqui dentro.

- Pode ir Lisa, obrigada – falei, respirando fundo e olhando o quarto – Nick será instalada aqui... Agora é com a gente.

Lisa saiu do quarto e Ryan entrou acompanhado por Robert, entregando um papel para Adrienne.

- É alguém que sabe QUEM ela é – disse ele – Mas não tem ideia de QUEM ela carrega no ventre.

- O filho de um casal gay? – perguntou House.

- Como nos localizou aqui neste andar? – perguntei, ignorando a brincadeira de House.

- Todos do G.A.F.A possuem um rastreador – respondeu Adrienne.

- E se esquecem de andar com ele? – perguntei curiosa.

- É colocado no corpo – falou Ryan.

- Isso é horrível – comentei com uma careta.

- Os fins justificam os meios – justificou ele – É um soro, e todos precisam receber, a senhora também tem. Cameron autorizou...

- Tem um componente aqui que eu não conheço – comentou Adrienne, analisando o relatório.

- Deixe-me ver – pediu House, pegando o papel e lendo-o – Fentanil, é um analgésico muito forte, 10 vezes pior que a morfina, causa paralisia total na dosagem errada, mas alguns nomes aqui nem eu conheço... Você e seu Kit de química acertaram, ela foi envenenada.

- Ele é realmente necessário aqui? – perguntou Ryan, me olhando.

- Se vocês não conseguirem curar a Nick sozinhos, sim. Ele é insuportável mas é um gênio. Só tem uma coisa, House – falei, olhando-o nos olhos – Se você machucar minha esposa, te castro e te tiro seu Vicodin. Allison e Adrienne ficarão de olho em você, Adrienne tem autorização para usar a força física, e ela está sempre armada, posso te dar mais um tiro, e tenha certeza que não vai gostar.

- Licença – falou um enfermeiro se aproximando – Dra. Cuddy pediu que eu mostrasse a sala onde vocês ficarão.

Eric entrou no quarto acompanhado de uma enfermeira que guiava a cadeira de Nick.

- Vou ficar, e quero ficar sozinha – falei, fazendo-os sair do quarto – Eu coloco ela na cama, obrigada.

A enfermeira saiu fechando a porta e nos deixando sozinhas. Peguei Nick com cuidado no colo e a coloquei na cama.

- A culpa não é sua – falou ela, me assustando.

- Você está falando – respondi, fazendo carinho no rosto dela.

- Foi o bezoar – sorriu ela – E você tem que parar de se culpar...

- Você só tá sofrendo esses ataques porque está comigo – falei, baixando a cabeça – Daniel não deveria ter te procurado, você deveria ter ficado onde estava, longe de mim e em segurança. Dragons nos avisou que ignorar as ordens dele, poderia custar caro para você...

- Aquele dragão velho me odeia… E viver com você nunca é uma rotina. Não me arrependo de nada, nem por um segundo. Se eu morrer agora, morro feliz por ter vivido ao seu lado. Mandou construir este andar quando reatamos, não foi? – perguntou ela, erguendo meu rosto com carinho.

- Sou parte bruxa, parte mutante, precisava de um lugar onde uma pessoa como eu, pudesse ser tratada. Onde alguém que vive entre os 3 mundos possa ter a certeza de que seria atendido da melhor forma. Não foi caridade, foi necessidade. 

 - Ouvi as pessoas comentando que este andar atende sem cobrar. É o único lugar nos Estados Unidos que faz isso… Estou orgulhosa de você...

- Você é completamente pirada – falei, lhe dando um beijo de leve e passando a mão direita em seus cabelos, segurando firme sua mão com a esquerda – como se sente?

- Presa. Minha cabeça está bem, mas o corpo não responde, e o bebê tá inquieto.

Ouvimos uma batida leve na porta e então uma mulher negra, com traços delicados, de cabelos curtos e arrepiados, abriu-a parcialmente.

- Ororo? – perguntei, quase não reconhecendo-a.

- Tudo bem com você? – perguntou ela, entrando e me abraçando com força.

- Podia estar melhor, e você?

- Bem... trouxe uma pessoa que talvez goste de ver...

Ela abriu mais a porta e o homem careca na cadeira de rodas entrou sorrindo para mim.

- Professor? – perguntei surpresa – Achei que tinha morrido...

- Talvez seja um pouco mais difícil me matar do que parece. Vim porque Tempestade me avisou que precisava muito de ajuda, o que houve?

- Esta é minha esposa, Nick, ela é trouxa, uma pessoa normal, mas está grávida de um filho meu...

- Uma possível criança bruxa-quimera... – compreendeu o professor.

- Exato – confirmei – A questão é que alguém não quer o nascimento desta criança e mandou uma encomenda envenenada pra Nick.

- Sinto meu corpo – contou ela, quando Charles e Ororo se aproximaram da cama – Mas não consigo mexê-lo.

- Esta é a tomografia que acabaram de fazer nela – avisei, entregando o exame a ele – Um lado sem atividade, o outro com atividade 7 vezes superior ao de uma pessoa normal, imagino que esta criança seja uma mutante, é a única forma de explicar esta atividade, e eu não sei como lidar em caso de gestação de mutantes...

- É o bebê que está possibilitando que Nick continue falando – analisou o professor, atento aos exames – Já tentou se comunicar com a criança?

- Já, a meses tento fazer isso – respondi sem soltar Nick – Mas nem os pensamentos da Nick consigo ouvir, ele me bloqueia.

- Esta criança deve ter o seu temperamento.

- É o que parece.

- Nick, me avise se sentir dor – pediu Charles, colocando a mão sobre a barriga dela e a outra na própria têmpora.

- Ele nasce quando? – perguntou Ororo.

- Final de outubro – respondi, observando o professor e me obrigando a dar um passo para trás.

- Angel... – chamou Charles – Vem aqui...

- Diga, professor – respondi, parando ao seu lado.

- Alguém quer falar com você...

Me concentrei no bebê e Charles tocou minha têmpora, se utilizando de ponte para que eu tivesse acesso ao que ele via, dentro da barriga de Nick, através dos olhos do bebê, observando outro bebê com as mãozinhas apertando a cabeça, e então eu compreendi o que estava acontecendo com Nick.

- Um é como eu e outro como ela… - falei, olhando para Charles.

- Quase isso... talvez um mutante e outro bruxo... é uma possibilidade...

- Como assim? – perguntou Nick – São gêmeos? Mas e as outras ultras, como não viram ele aí, se tem dois?

- Deixa ela ver – pedi, olhando nos olhos de Charles – Por favor professor...

Charles fez o que pedi e Nick fechou os olhos. Não demorou 2 segundos para que lágrimas começassem a rolar pelo seu rosto. Ela abriu os olhos, e Charles se afastou para que eu me aproximasse melhor.

- É uma menina... – disse ela sorrindo, e mais lágrimas rolaram – Eu senti...

- É sim – respondi sem conter a emoção e acariciando seu rosto de leve, os olhos lacrimejando – E um menino...

- Por que ele está com as mãozinhas na cabeça? - perguntou Nick.

- Dor – respondeu Charles – ele é exatamente como você, Nick, e a força que a irmã faz para permitir que você possa falar, assusta ele e machuca ao mesmo tempo. Essas crianças amam muito as duas mães e sabem o quanto são amadas e aguardadas...

- Professor, o que fazemos? – perguntei, secando na manga as lágrimas que caíram e me recompondo, olhando-o nos olhos – É só dizer... Qualquer coisa...

- Estabilizar o corpo dela, para que o bebê possa parar de fazer força. O corpo de Nick não tem estrutura o suficiente para suportar uma carga tão forte e ela pode entrar em colapso.

- Posso pedir que fiquem aqui? – perguntei – Eu... preciso de vocês.

- Um mestre jamais abandona seu discípulo quando o mesmo precisa de sua ajuda – sorriu ele – Nós ficaremos o tempo que for necessário, pode ficar tranquila.

- Fui uma péssima aluna, e mesmo assim o senhor me ajuda... Não sei nem como agradecer...

- Já fez isso cedendo este lugar para pessoas como nós serem atendidas da melhor forma sem pagar...

A porta abriu, nos pegando de surpresa.

- Tem certeza? – perguntou Ryan, entrando no quarto conversando com House e Adrienne, só então notou nossa presença – Er... perdão, atrapalhamos?

- Não – respondi – Esse é o professor Charles Xavier, e esta é a professora Ororo Monroe, são mestres de um internato que frequentei na adolescência. Vão ficar aqui conosco.

- O senhor não é o Diretor-Fundador daquele Instituto para Jovens Superdotados? – perguntou House, reconhecendo Charles.

- Eu mesmo, é um prazer conhecê-lo, Dr. House... – sorriu Charles.

- A uns anos atrás atendi a mãe de uma aluna sua, ela dizia que a filha sugava a energia vital das pessoas. Um caso grave de esquizofrenia psicótica, tivemos que mantê-la dopada para que pudéssemos fazer os exames, a menina veio aqui, mas não conseguiu nem chegar perto da mãe, tivemos que interná-la na psiquiatria, ela gritava o tempo todo que a filha era uma aberração.

- Anna – lembrei – Estudei com ela.

- Anna é hiperativa, leva qualquer um a exaustão, como se sugasse a energia da pessoa, não é fácil acompanhar o ritmo dela, dormia menos de 3 horas por noite e corria para se distrair – explicou o professor – Uma menina realmente brilhante, um dom impressionante para física...

- Frequentou esta escola também? – perguntou House, me olhando.

- Me formei em medicina e matemática aos 18 anos, aos 20 concluí o Mestrado, o que acha? - respondi sem paciência.

- Queremos testar algo em Nicole – falou Ryan, me observando – Podemos?

- Adri? – perguntei, olhando-a.

- É seguro – confirmou ela.

- Já temos a confirmação do motivo da aceleração em metade do cérebro – falei, olhando para Ryan e Adrienne – é a causa imaginada.

Ryan se aproximou de Nick e tirou uma seringa do bolso. Uma enfermeira entrou no quarto e pendurou o pacote de soro na haste da cama, entregando para Adrienne a sonda e o acesso com as agulhas.

- Está com a vida de seus sobrinhos nas mãos – avisou Nick a Ryan – O primeiro passo foi muito bem sucedido, continue com cuidado...

- Prezo a vida desta criança mais do que a minha própria, isso posso te garantir – respondeu ele sorrindo, quando Adrienne terminou de por o acesso na mão de Nick e conectou os aparelhos para controlar seus batimentos.

Ryan colocou o remédio no soro e descartou a seringa, segurando a mão livre de Nick, acariciando-a com o dedo.

- Logo a senhora estará jogando coisas na General novamente – sorriu Adrienne, olhando-a com carinho.

- Adri... – falou Nick, com um pouco de dificuldade – Eu queria lhe pedir uma coisa...

- O que quiser...

- Quero que seja madrinha dos gêmeos... da minha parte… Eu não tenho ninguém, você é o mais perto de uma família que tenho, além das crianças e da Angel...

- Como assim? – perguntou Adrienne, se aproximando mais, confusa – Gêmeos? Como? Fizemos todos os exames...

- É um casal – contei – Nick vai ter um menino e uma menina. Ela é como eu, deve ter confundido os exames.

- Isso é uma notícia incrível! – comemorou a Major, radiante – Claro que aceito, é uma honra!

- Ryan... – chamou Nick, fechando os olhos e segurando a mão de Ryan, respirando fundo – Aceita ser o padrinho da minha parte?

- Aceito sim – respondeu ele sorrindo, a voz leve, beijando a mão dela – Agora descanse.

Nick não falou mais, adormecendo. Segundo House, ela deveria dormir pelas próximas 12 horas, e neste período receberia a medicação. Com o corpo em repouso, os bebês também podiam descansar, causando menos danos para o corpo frágil da mulher que eu amava. Saímos todos da sala e deixei uma enfermeira com ela no quarto para que eu pudesse resolver algumas questões, não me sentia segura deixando-a sozinha.

Na sala de reuniões haviam poltronas para dormir, frigobar e um armário com lanches. Tinha tudo que uma pessoa poderia precisar para passar dias ali dentro. Ma atirei no sofá e fechei os olhos, respirando fundo.

- Devo ligar para os herdeiros? – perguntou Adrienne, me observando.

- Deixa que eu ligo – falei, sentando no sofá e pegando o celular, discando o número da minha mais velha – Oi Lu...

“- Oi mãe, o que aconteceu? Onde está todo mundo?”

- Como assim, e o Daniel e a Z? – perguntei preocupada, me levantando.

“- Não sei, achei que estavam com a senhora...”

- Vanessa e Leonard já voltaram do cinema?

“- Já, estão aqui comigo e a Dani, onde vocês estão?”

- No New York-Plainsboro – falei tentando pensar – Nick foi envenenada, vou mandar alguém para ficar com vocês, deixa eu falar com o Leonard.

O menino pegou o telefone que estava no viva-voz e olhou para as meninas.

“- Na escuta, majestade” – falou ele.

- Leonard, cuide das minhas filhas, tranquem a casa e acione a Guarda Real. Não quero ninguém na rua.

“- Pode deixar, cuidarei de tudo” – respondeu o menino, apertando o colar no pescoço e usando o código para chamar reforço.

Desliguei o telefone e caminhei até Adrienne, que falava séria no celular com alguém.

- Localizei o PD – respondeu ela, ao meu olhar – Sandro está trazendo ele e Z para cá...

- O que aconteceu com o meu filho?

- O mesmo que aconteceu com Nick – falou a major, guardando o aparelho no bolso – Só que a reação dele e de Z foram diferentes. Já foram pré-medicados lá mesmo.

- Eu não deveria ter pedido para juntarem os pedaços do urso... – falei, me sentindo culpada por meu filho estar doente também – Eu só... só queria acalmar Nick, não usei meu lado racional...

- Calma – falou ela, passando as mãos nas minhas costas – Logo estarão aqui, Sandro vem com eles, e meu irmão é o melhor no que faz... Vou pedir a uma enfermeira para preparar um quarto para os dois, ao lado do de Nick.

- Meus filhos estão conscientes?

- Sim, e se mexendo – falou Adrienne com um tom tranquilizador e confiante – Se acalma, ok? Confie em nós...

A militar saiu e eu meu sentei no sofá novamente, apoiando a cabeça nas mãos. Por um erro idiota meu, minha esposa e dois dos meus filhos estavam em risco.

- Ei – falou Allison, com um tom doce, passando a mão em meus cabelos – O que é isso? Cadê a minha chefe guerreira e casca grossa?

- Estou matando minha família aos poucos – respondi, e algumas lágrimas escaparam, não tive coragem de encarar a médica.

- Para com isso, sabe a dificuldade que foi chegar onde você chegou e ser quem você é. E para mim, você é um exemplo. Seus filhos não podem te ver assim...

- Ei cunhada – falou Ryan, se agachando a minha frente – Tudo isso vai ser resolvido, fui claro? Só preciso que você se mantenha forte...

- Vocês estão certos – falei, respirando fundo.

- Tenho uma coisa para você – falou ele, me entregando uma mochila preta com o símbolo do G.A.F.A.

- Uma farda? – perguntei, olhando o conteúdo da mochila.

- SUA farda – corrigiu ele – Vista, lave o rosto e volte aqui para começarmos a trabalhar.

- Você é um ótimo cunhado – agradeci, levantando – Vou me vestir e já volto.

Saí para o banheiro e Ryan sentou ao lado de Allison que se escorou, respirando fundo.

- Ryan – falou Ororo – Por que a farda?

- Fortalece ela – respondeu ele – A farda a faz virar de pedra, e ser fraca agora não é uma possibilidade, vi no olhar de Adrienne, que Daniel está pior do que ela quis falar, mas se a Angel não está em condições de perceber isso, é porque ela está ainda mais abalada do que tá deixando transparecer... Nicole é o ponto fraco dela... Como o senhor Lucas foi um dia.

Ryan colocou Charles e Ororo a par dos acontecimentos da minha vida enquanto eu me arrumava. Adrienne voltou com a equipe médica e todos sentaram ao redor da mesa para discutir o que seria feito.

Voltei para a sala e me sentei no sofá, inquieta. Quando Sandro entrou na sala, levantei e caminhei até ele, que bateu continência.

- Como ele está? – perguntei.

- Dormindo, os dois. Cada um teve uma reação ao veneno. Daniel teve paralisia apenas na mão direita, Z teve enfraquecimento e perda do “dom”. Coloquei os dois no mesmo sono que colocaram a senhora Nicole.

- E o veneno no urso?

- Bruxo e trouxa – respondeu ele – Para Daniel já estamos preparando uma poção, mas Z e a sra. Nicole são casos mais delicados.

- Ororo e o professor Xavier são mestres mutantes – apresentei – E House é infectologista e nefrologista, tenho aqui profissionais dos 3 mundos para atender cada um dos três. E a equipe Alfa está a caminho.

- Então a senhora pode ficar tranquila – sorriu ele – Sou especialista nos 4 mundos. O PD e a soldado Z ficarão bem.

- Mandei um Guardião para sua casa – avisou Adrienne – E Mélany foi junto para vigiar os pequenos.

- Ótimo – concordei – Alertei Leonard também, ele está lá com as meninas, precisam inserir Daniela no quadro de vigia da casa, ela irá morar conosco.

- Já estou fazendo isso – respondeu Adrienne, fazendo uma programação pelo celular – Pronto...

- Agora façam “O Cerco” com os médicos daqui – pedi, e no mesmo instante House, Eric e Chase olharam para os militares, Sandro era o único fardado e seu tamanho assustava.

- Levantem-se – ordenou Sandro, num tom firme, nenhum deles obedeceu.

Ryan se levantou, e juntou-se a Sandro e Adrienne, os três caminharam até os médicos, obrigando-os a levantar. Allison cruzou os braços e segurou o riso. Eles foram postos contra a parede e ficaram perigosamente próximos aos militares.

- O que está acontecendo? – perguntou House, e pela primeira vez, não senti tom de brincadeira em sua voz.

- Vocês três irão presenciar coisas impossíveis – começou Sandro – Irão ver coisas que não cabe a vocês, compreender, apenas respeitar. Se qualquer um tiver um ataque ou contar para alguém sobre o que foi conversado ou visto aqui, vai sumir misteriosamente sem jamais reaparecer, e sem vestígios. Farão uma viagem sem volta para seu pior pesadelo. Eu mesmo me encarregarei disso.

- O que vocês são? – perguntou Robert, visivelmente apavorado.

- Bruxos – respondeu Adrienne, usando seu olhar mais feroz.

- Mutantes – acrescentei.

- Militares treinados para tudo – concluiu Sandro – Somos capazes de coisas só vistas em filmes, mas não podem ser revelados a ninguém, se escapar de vocês tal informação, vale a regra antes mencionada, fui claro?

- Eu vou ganhar meu dinheiro? – perguntou House.

- Sim – respondi impaciente – E acesso ilimitado ao seu amado Vicodin.

- Alguma chance de me livrar de atender na Clínica?

- Se salvar a vida da minha esposa e dos meus filhos, por 6 meses não precisa pôr os pés lá.

- Eu topo – respondeu ele, mancando para se afastar e passando entre Sandro e Ryan, sentando-se novamente, a bengala apoiada na mesa – Angélica Dragons é uma bruxa, ou uma mutante?

- Para a sua infelicidade – respondi, cruzando os braços – Os dois.

- Dr. Robert Chase? – perguntou Sandro.

- Juro que não falo nada.

- Dr. Eric Foreman? – perguntou o militar.

- Vocês tem minha palavra – falou o neurologista – temos mais dois com o mesmo quadro?

- Não – respondeu Adrienne, voltando para a mesa com os dois médicos – Z é mutante e Daniel é bruxo, estruturas orgânicas diferentes, ambos com 16 anos...

- Um bruxo semi-metamorfo – lembrei.

- E Nicole uma trouxa... – concluiu Sandro, sentando ao lado de Allison e olhando de forma ameaçadora para Robert.

- O que é trouxa? – perguntou Eric, puxando um bloco de folhas e pegando uma caneta do pote em cima da mesa, fazendo anotações.

- Pessoas que não são bruxas – explicou Allison – Ou seja, que não é um deles. Você é um trouxa.

- Concordamos quanto a isso – riu House, e então acrescentou, olhando para Allison - A quanto tempo você sabe disso?

- Desde que Lucas Augustus foi meu residente – respondeu ela, com ar de superioridade.

 Desde a chegada de Sandro, Allison parecia mais disposta a provocar os ex-companheiros de equipe.

- Professor – falei, olhando para Xavier – Z é uma mutante capaz de criar centenas de cópias suas e todas serem semi-independentes de acordo com a vontade dela, podem inclusive agirem como holograma se ela quiser... É seguro fazer uma tomografia nela?

- Eu preciso ver ela antes, é possível? – perguntou o professor.

- Adrienne – chamou Sandro – Pode levar o professor?

- Eu levo – falou Ryan – Já aproveito e vejo meu sobrinho. Angel, você vai ficar bem?

- Vou, obrigada – respondi – Mesmo... não estou em condições agora.

Ryan guiou Xavier para fora da sala e eu caminhei até Allison que conversava aos sussurros com Sandro, que concordava em silêncio.

- Ordens de Chefe para subordinado, ou a algo que eu deva saber? – perguntei assustando-os.

Adrienne cruzou os braços e deu um sorriso maldoso para eles.

- Ok – falou Allison levantando – A quanto tempo você sabe, Angel?

- Desde que entrei na sua mente, 15 minutos antes de Sandro chegar – respondi.

- Precisa parar de fazer isso – reclamou ela, corando.

- Perdemos algo? – perguntou House.

- Sou namorado da Dra Cameron – respondeu Sandro, ainda sério, cruzando os braços e deixando os músculos a mostra.

- Desde quando? – perguntei.

- Desde que meu filho se machucou e eu tive que voltar... Quando estávamos em missão – falou Sandro – Allison cuidou dele... e me acalmou...

- Vocês tem minha bênção – falei, puxando uma cadeira e olhando para os outros – E agora, qual é o tratamento deles? Quero minha família bem o mais rápido possível.

- Uma tomografia no PD seria o ideal – falou Sandro – O exame de sangue dele deu positivo para Fentanil 2.000, darei a ele uma poção e um remédio que vai retardar o efeito, vai diminuir, mas não resolver. Mandei dois homens meus investigar quem comprou ou teve acesso a esse remédio nos últimos tempos.

- É alguém que vive entre os dois mundos – falou Adrienne.

- Quando vocês dizem “dois mundos” estão se referindo a... – falou Ororo, sentando ao lado de Adrienne.

- Bruxos e trouxas – falou Sandro, levantando, pegando uma caneta e indo até o quadro branco – Para vocês entenderem, existe o mundo dos bruxos, onde apenas bruxos são bem-vindos e possuem direitos num apanhado geral. Existe o mundo dos trouxas, onde tudo é muito limitado, onde o inexplicável é filme. No mundo dos mutantes, pessoas com dons especiais são absolutamente normais, muitos possuem aparência absolutamente comum, mas possuem “poderes especiais” como um super-herói das HQ’s, que é o mundo da professora Ororo e do professor Xavier. E existe então um lugar onde esses 3 grupos, somados a criaturas mágicas, possuem direitos e deveres e são tratados sem distinção de espécie, o 4º mundo nada mais é que a união harmônica dos outros 3.

- E onde fica este lugar? – perguntou Eric, como uma criança atenta, anotando tudo que ouvia.

- Em Dragons – respondi – Dragonianos legítimos são chamados de cidadãos do 4º mundo. Sandro nasceu em Dragons, vive lá, é um bruxo, formado em medicina, militar portador de arma de fogo e varinha, que divide o alojamento com elfos humanos. Ele deve responder as leis trouxas, bruxas e Dragonianas, ou seja, é um cidadão do 4º mundo. Não é uma vida fácil, mas pode ser gratificante.

- Você criou um mundo ideal... – falou Ororo pensativa.

- Prefiro dizer que criei um reino que está constantemente em busca do ideal – respondi – Temos leis bem severas e o povo do reino tem voto com peso em decisões que envolvam suas vidas.

- Vivemos uma mescla de democracia e monarquia – contou Adrienne – Angel é nossa rainha, mas tudo passa pelo povo antes, apesar da decisão final, ser dela. No caso de Dragons a democracia completa não é uma opção, e nunca será, o povo não quer...

- Foi por isso que parou de frequentar o Instituto? – perguntou Ororo.

- Parei de frequentar porque fui presa – respondi – Fugi, fui presa novamente, fugi de novo, engravidei, casei, fiquei viúva e perdi meu filho... Foi tudo muito intenso na minha vida, quando Eduardo me contou da morte de Jean, minha vontade de voltar morreu junto.

- Vocês eram muito amigas? – perguntou Robert.

- Não – respondi sorrindo – Jean era minha mentora, responsável por mim, era como uma irmã mais velha. Vivíamos brigando… Mas no fundo eu adorava nossas brigas e implicâncias...

A porta abriu e Ryan entrou sozinho.

- Está tudo bem? – perguntou House, para ele.

- Sim – respondeu ele – Já podem fazer a tomografia em Z, o professor autorizou, e Daniel quer ver a mãe.

- Ele não recebeu o mesmo medicamento que a senhora Nicole? – perguntou House.

- Ele tem parte do meu sangue nas veias, deve ter encurtado o efeito – respondi levantando – Eu vou lá... Adrienne se importa de vir comigo?

- Claro, vamos – respondeu ela, levantando e me seguindo para fora da sala.

Quando saímos do escritório, ela segurou meu braço me olhando nos olhos.

- Não – respondi olhando-a – Não to nada bem, mas tenho que ficar, eles precisam de mim...

- Trabalhamos juntas a pelo menos 4 anos – falou ela com firmeza – sabe que pode me chamar para conversar, ou treinar, quando quiser.

- Pode ter certeza que vou precisar – respondi, abrindo a porta do quarto de Daniel e Z, e entrando.

- Oi mãe, oi Major – falou ele, sentado na cama, lendo um livro.

- Oi meu filho – falei, me aproximando da cama e pegando sua mão esquerda, com as veias saltadas e escurecida – Como você está?

- Bem – sorriu ele – Nunca estive internado, é estranho...

- Tem um filho incrível – falou Xavier, ao lado da cama de Z, me olhando – Impressionante o conhecimento dele sobre história e astrologia.

- O professor me emprestou esse livro sobre história trouxa, é demais! Ele disse que vai me emprestar um sobre história mutante – contou Daniel, animado – Mãe, eu to acordado por que tenho seu sangue?

- Exato – respondi, passando a mão em seus cabelos – Nosso sangue é muito forte, e você tem parte dele, por isso você raramente fica doente...

- Hum... e é por isso também que não estou sentindo minhas pernas?

- Como assim PD? – perguntou Adrienne, se aproximando mais da cama.

- É como se minhas pernas estivessem dormindo – contou ele tranquilamente – A direita tá formigando, a esquerda ainda não sei... Achei que fosse normal...

Adrienne tirou as botas dele e as meias, e o pé esquerdo estava escurecido como a mão. Puxei a adaga e cortei a calça dele na lateral esquerda, Adri fez o mesmo com o lado direito. A parte escura estava no joelho já.

- Adri, preciso de uma agulha e uma seringa, urgente – falei, e ela pegou as embalagens no balcão e um algodão com álcool, me entregando também um par de luvas – Dan, a mãe vai tirar amostra do seu sangue, me avise se sentir algo...

- Tá... er... depois da para me cobrir? – pediu ele tranquilo – Tem meninas no quarto e tá frio aqui dentro...

- Eu faço isso – falou a militar, pegando dois cobertores e cobrindo Daniel com um deles.

Ela caminhou até Z e cobriu-a também, tirando seus calçados e suas meias. Z não tinha marcas. A porta do quarto abriu e Eric entrou com um enfermeiro.

- Vim buscar Z para a tomografia – avisou ele.

- Ok – respondi, colocando a proteção na seringa e descartando a agulha – Dan, vou falar com os médicos, Adrienne vai ficar com você...

- Eu fico – falou o professor, se aproximando da cama de Daniel – Temos muito a conversar.

- Te amo – falei, beijando a cabeça dele e passando a mão em seus cabelos.

Saí do quarto com a militar e voltei a sala de reunião, abrindo a porta com força demais.

- O Dan está bem? – perguntou Allison, me observando.

- O sangue do meu filho está preto – falei, tentando controlar a raiva e largando a seringa cheia na frente da médica – Quero respostas imediatamente!

- Ryan – chamou ela – Vem comigo, vamos analisar isto agora mesmo.

Os dois saíram da sala e eu fiquei encarando House.

- O que houve? – perguntou ele.

- Quer ganhar 15 mil dólares? – perguntei.

- Quem pensa que eu sou? – perguntou ele, fingindo estar ofendido.

- Um médico corrupto que foi preso e transferido de Princeton para Nova York e que arrastou toda sua equipe depois que foi solto, basicamente por sua culpa as principais pessoas do hospital tiveram que ser transferidos junto com você – respondi séria – Quer ganhar 15 mil dólares?

- É só dizer o que tenho que fazer – respondeu ele, sorrindo.

- Gosta de jogos, não é, House? – perguntei, olhando-o.

- Muito – respondeu ele – Um viciado assumido. O que quer que eu faça?

- Salve a Nick e meus filhos em 72 horas e terá os 15 mil, em dinheiro ou transferência, como preferir. E ainda posso fazer com que tirem sua tornozeleira eletrônica.

- O que me garante que você tem esse dinheiro? – desafiou ele.

Peguei o telefone e liguei para Amanda.

“- Oi – disse ela – Estou me arrumando para ir pra aí…”

- Quando vier, traz 15 mil dólares em espécie numa mala transparente blindada... – falei, quando Eric entrou na sala e sentou ao lado de Robert – E mais duas iguais com 8 mil dólares cada.

“- Só isso?” – perguntou Amanda.

- Sim. Pode vir com alguém da Guarda Real devidamente armado, estou te esperando.

“- To a caminho” – avisou ela, desligando.

Me virei para Eric e Robert, e apoiei a mão na arma.

- Lancei uma aposta – falei – House ganha 15 mil dólares se curar Nick e meus filhos... em cash... Ofereço a vocês 8 mil para cada um, para fazerem o mesmo.

- Por que ele ganha mais? – perguntou Robert.

- Eu aceito – respondeu Eric.

- O dia que você for “O médico”, e não o intensivista da equipe, eu te pago os 15 mil – retruquei - Mas se não quer...

Caminhei até ele e puxei a arma, apontando para a cabeça dele e engatilhei. Ororo levantou pronta para me segurar e Sandro caiu na risada.

- O-O que você pensa que está fazendo? – perguntou Robert, apavorado.

- Ou você aceita e salva minha família em 72 horas, ganhando 8 mil, ou você aceita, e vai ter que salvar minha família igual se não te mato. Na verdade eu poderia simplesmente te expulsar da equipe... Mas não seria tão divertido quanto te ameaçar...

- O que está acontecendo aqui? – perguntou Cuddy, entrando na sala e cruzando os braços – Angélica Dragons, é bom que esta arma não esteja carregada... Isso aqui é um hospital, não um campo de treinamento...

- Quanto tempo será que ele leva para se urinar nas calças? – perguntou Sandro, rindo.

- Vamos descobrir – falei, baixando a arma, tirando o cartucho e colocando no bolso. Do esquerdo eu tirei outro cartucho, desta vez vermelho e cheio, coloquei-o no arma, voltando a apontar para a cabeça de Robert – Essas são aquelas bem explosivas, né?

- São as minhas favoritas – admitiu Sandro, cruzando os braços, ainda rindo.

- Também gosto dessas – concordou Adrienne, imitando o gesto do irmão gêmeo – Faz os recrutas aprenderem por bem, ou por mal...

- Angel... – falou Cuddy – baixa a arma, por favor...

- Quais as opções para um profissional que questiona as ordens da rainha, Adrienne? – perguntei, dando um sorriso maldoso e engatilhando novamente a arma.

- Hum... – falou ela – Vejamos... demissão?

- Pouco... – falei com maldade – e simples demais, outro?

- Tortura… - sugeriu Sandro.

- Pesado demais... ele é praticamente uma criança mimada, não aguentaria nem 2 minutos.

- Reclusão... – continuou Adri, me observando.

- Sem graça... ele é capaz até de curtir as férias...

- Tem a minha favorita – falou ela, sorrindo – Campo de treinamento... Colocar ele a correr com os recrutas.

- To supervisionando este esquadrão – avisou Sandro olhando com maldade para Robert – Vou adorar ter a boneca na minha turma...

- Não pode fazer isso com um médico do meu hospital – falou Cuddy, me olhando.

A porta da sala abriu e Amanda entrou. Toda de preto, salto alto, muito séria e incrivelmente elegante e poderosa. Atrás dela, 3 soldados grandes, bem armados, cada um com uma maleta preta. Ela caminhou até mim e segurou a minha arma pelo cano, olhando para o cartucho.

- É como se tivesse com 14 anos novamente – falou ela, me olhando séria – Solta.

Obedeci a ordem dela, e ela girou a arma na mão, segurando-a pelo cabo e me olhando com ar de repreensão.

- Onde aprendeu isso? – perguntei surpresa e admirada.

- Vivo no castelo e estou administrando tudo nele, inclusive o exército – ela então olhou para os demais na sala, apontou a arma para o ombro direito de Robert, e puxou o gatilho.

Todos gritaram e o líquido vermelho sangue escorreu pela roupa branca de Robert, que soltou um urro de dor. A gargalhada de Sandro ficou mais forte.

- Você atirou em mim! – chorou Robert, botando a mão sobre o ombro e fazendo caretas de dor.

- Vou chamar a polícia, para mim já chega – falou Cuddy, mas o militar barrou a porta e ficou encarando-a – Saia da minha frente...

- Se acalmem – falou Amanda, me encarando séria, enquanto eu abria um leve sorriso – Ele não está ferido, só é um frouxo...

- Você sabia... – comentei rindo.

- EU ESTOU SANGRANDO! – gritou Robert se retorcendo de dor – DÓI MUITO!

- Eu liberei a verba para o desenvolvimento – respondeu ela, para mim – Pare de chorar Dr. Chase, o senhor não está ferido, chega de fiasco.

- Como não?! – perguntou Ororo, preocupada – Estamos vendo o sangue!

- Colleoni, por favor – pediu Amanda, travando a arma encaixando-a nas costas, por debaixo da blusa.

O imenso homem parado na porta apagou a luz da sala e Robert começou a brilhar na escuridão. O vermelho emitia uma forte luz que iluminava o médico quase por inteiro. Ele voltou a acender a luz.

- Como isso? – perguntou Cuddy olhando para Amanda, que mantinha o ar de superioridade e firmeza.

- A menos que o sangue do puxa-saco seja fluorescente – falou House – Não tem como ele estar ferido – ele caminhou até Chase que ainda choramingava e apertou o ombro dele, fazendo-o gritar de dor – Isso é uma arma de paintball... É tinta que brilha no escuro... Gostei do estilo.

House riu com Sandro que apertou a mão do médico satisfeito.

- A maleta com 15 mil é para ele, não é? – perguntou Amanda, me olhando.

- Perceptível, não? – perguntei sorrindo.

- Angel usa uma arma Multi-Classe D – contou Amanda – Pode ser carregada com pelo menos 7 tipos de cartuchos diferentes. O vermelho é usado em treino noturnos, o soldado atingido fica com dificuldade de seguir o treinamento e deve ser socorrido pelo restante da equipe. Angel é louca, mas não a ponto de matar um médico.

- Ou seja – falei cruzando os braços – Além de puxa-saco metido a bom garoto, Chase é um frouxo.

- Bom – falou Amanda, olhando para todos na sala – Me chamo Amanda Reynaldo, sou a Administradora da rede de Hospitais Plainsboro, e irmã da Angel. O médico que se recusar a colaborar será demitido, fui clara Dr. Robert Chase?

- Você não pode fazer isso... – falou ele com arrogância – Acha que só porque tem uma arma de tinta, pode mandar em todos? Cuddy é a única que pode demitir alguém...

Amanda pegou a arma das costas novamente e me entregou, lançando um olhar feroz ao médico.

- Atire no baixo-ventre – falou ela impaciente – Não estou com paciência hoje, descarregue logo toda a arma.

- Assim não tem graça – resmunguei, olhando a arma e conferindo o cartucho.

- Aposto 5% das ações desta filial, que não acerta no dedo médio da mão esquerda – desafiou ela.

- Agora ficou mais legal – respondi rindo, fechando o olho esquerdo e mirando no dedo do médico.

- Isso é sério? – perguntou Cuddy, olhando nervosa para mim, e depois para o médico novamente – Robert, cale a boca pelo amor de Deus...

Atirei mas errei, pois Robert se esquivou na hora, assustado.

- Obrigada – agradeceu Amanda, para o médico.

- O triplo ou nada – falei, me concentrando mais – Acerto na canela, no centro...

- Aceito, se você ganhar, deixo atirar na cabeça dele e apago as imagens das câmeras – concordou minha amiga.

- Isso está ficando cada vez mais divertido – falou House, pegando um pacote de amendoins, sorrindo.

Respirei fundo e atirei, mas acertei de raspão na canela dele, e Amanda comemorou sorrindo.

- Agora sou dona de 15% do New York Plainsboro – falou ela satisfeita, cruzando os braços – E você precisa treinar mais com alvos que se movam.

- É, eu sei – respondi, guardando a arma - Estou fora de forma...

- Estou indo para o quarto da Sra. Nicole – avisou House, saindo – Me chamem se forem atirar no Chase novamente, confesso que é muito relaxante.

- Eu vou para o quarto de Daniel e Z – falou Eric, saindo também da sala.

Sandro levantou e se aproximou de Robert, que ainda fazia caretas de dor, colocando a mão sobre o ombro onde Amanda havia atirado, apertando-o.

- Vamos deixar as coisas bem claras, loirinha – falou o militar, com o rosto muito perto do de Robert – Eu sei quem você é, e o que aconteceu entre você e Allison, então se você pensar em se aproximar dela, vou te ensinar a virar o homem de um jeito que jamais vai esquecer, será que fui claro?

- Sim, senhor – sussurrou o médico, entre gemidos de dor.

- Ótimo – sorriu Sandro – Agora se levanta, troca de roupa, e vai ajudar o Dr Gregory House a salvar a vida da nossa rainha, ou prefere que eu te ajude a fazer isso?

- Não precisa – respondeu ele, levantando com dificuldade e caminhando mancando para fora com Sandro em seu encalço.

Adrienne também saiu, deixando apenas Cuddy, Ororo, eu, Amanda e os 3 militares na sala. Os homens largaram as 3 maletas transparentes na estante e um deles se posicionou ao lado da porta pelo lado de dentro, e os outros dois foram para o lado de fora. Amanda deu um abraço em Ororo que lhe olhou sorrindo.

- Está uma mulher linda! – falou a mutante com sinceridade.

- A senhora também, parece que rejuvenesceu desde a última vez que lhe vi – respondeu minha irmã.

- Dra. Amanda – falou Cuddy, se aproximando devagar – Muito prazer, sou a Dra. Lisa Cuddy, vice-diretora do New York Plainsboro.

- Bom finalmente conhecê-la pessoalmente – respondeu Amanda, apertando a mão da médica – Tem feito um excelente trabalho aqui, precisamos conversar.

- Claro – concordou Lisa – Quer conversar no meu escritório?

- Aqui é melhor – falou Amanda, puxando uma cadeira sentando-se apoiada na mesa – Pensei muito sobre fazer ou não isso, e decidi que era o ideal a ser feito.

- Fiz algo de errado? – perguntou Cuddy, sentando a frente de Amanda, séria.

- Não – respondeu Amanda – A questão é que está muito complicado para mim conciliar o trabalho e os estudos. Administrar a vida da Angel é absurdamente exaustivo, mas sou bem paga para isso. A questão aqui é que haverá uma mudança de gestão parcial.

Allison voltou para a sala acompanhada por Ryan e me entregou 3 folhas com os exames de Daniel.

- O sangue do Dan centralizou o vírus em parte do corpo e o transformou. Parece que o bezoar assustou o que está dentro dele.

- Como assim? – perguntei, lendo os exames – Isso significa que...

- Que não matou. Sandro está comparando o agressor com coisas que existam em todos os 4 mundos, mas temos uma teoria – falou Allison.

- Que seria...

- Quando foi a última vez que sangrou durante uma luta? – perguntou Ryan, me observando.

- No assalto ao mercado – falei, me lembrando da madrugada passada no Walmart.

- E você tocou em quem nesse dia?

- No cara que me agrediu quando eu era criança. Adrienne levou ele para Dragons, para usá-lo como caça viva.

- A caça 8 foi dada como morta três semanas depois que a capturamos – respondeu Ryan – Mas acho que fomos enganados e houve uma troca de corpos na hora da confirmação da morte...

- Isso quer dizer que ele fugiu?

- Existe uma possibilidade – falou Ryan – Já avisei Adrienne.

- Mas ele era trouxa... – falei, lembrando que o ataque havia ocorrido num orfanato trouxa.

- Allison – chamou Amanda – por favor...

- Diga – respondeu a médica, se aproximando da bruxa.

- É o seguinte, Dra. Cuddy – continuou Amanda – Existe no mundo, muito mais do que a senhora pode ver. Independente disso, a partir de hoje, Allison é a nova Diretora da rede Plainsboro, e eu sigo como Administradora financeira.

- Chefe então? – falou Cuddy, estendendo a mão para Allison.

- Apenas colegas – falou a médica, retribuindo o aperto - Como Angel falou, eu vou focar no andar 7 e você cuida do resto, tem funcionado assim e por mim está perfeito...

Peguei o celular e liguei para Leonard.

- “Na escuta” – falou ele.

- Bota no viva voz – pedi, largando o celular em cima da mesa e deixando- no viva voz também.

- “Ok, está” – respondeu ele.

- Boa noite Dragons – falei, e o olhar de todos se voltaram para o celular.

- “Boa noite” – responderam as crianças em conjunto.

- Chamada – pedi, olhando para Amanda.

- “Luana” – falou minha mais velha.

- “Vanessa”.

- “Afinha” – falou Rafaela.

- “Daniela” – respondeu a nova moradora da casa.

- Situação? – perguntei.

- “Protocolo de emergência – respondeu Leonard – Casa lacrada, Guarda Real na rua. Movimentação suspeita diante da casa. Pacote para Angel Dragons, já em análise.”

- Leonard – chamou Amanda – Vou mandar Aurores da Guarda Real para o residencial, fazer uma patrulha...

- “Srta. Amanda, Sra. Angel – chamou Leonard – Vi algo na rua que me chamou atenção...”

 - Adrienne mandará uma equipe de busca – avisou a bruxa – Fique atento ao celular.

- “Sim senhora” – respondeu ele, desligando e olhando para as meninas.

- Protocolo de emergência? – perguntou Luana, sentada ao lado de Dani, com Rafa no colo, observando Leonard.

- Vi a Marca Negra num banco, pichada, quando voltávamos do shopping.

- Ok – falou Lu, respirando fundo e passando Rafa para o colo de Dani – Mamãe deu ordens para caso isso viesse acontecer.

Ela levantou e foi até o quadro de Dragons na parede, passando a ponta dos dedos nos pés do animal, que fez uma reverência com a cabeça e caminhou para o lado, revelando um buraco na parede.

No hospital, Amanda pegou minha mão esquerda e tirou minha luva, mostrando a cicatriz vermelha, inchada. Olhei para minha mão e voltei a olhar nos olhos da minha amiga.

- Sabe o que isso significa né? – perguntou ela, sem soltar minha mão.

- Não pode ser... – falei, sem querer acreditar – De novo não...

- Acho que de novo sim – falou ela – Vou acionar oficialmente o protocolo de emergência.

- Mas não tem como! – protestei, analisando os fatos – Malfoy está morto, Voldemort também...

- E Richard?

- Ele não ousaria...

- A 2 meses, quando você foi buscar as crianças na King’s Cross, como foi o encontro de vocês?

- Cravei uma adaga no ombro dele.

- Saiu a 3 dias a ordem, ele perdeu a guarda da Mel para você. - respondeu Amanda - Definitivamente, ele está proibido de chegar perto da Mel, o Ministério deu a maternidade a você e Nick, ela será registrada como filha de vocês duas, e Vanessa ganhou autonomia para decidir de vez com quem vai viver, e ela escolheu viver com você. Ele tem todos os motivos... Quem mais odeia a Nick?

- Ninguém... que eu saiba... – falei, levantando – Vou matar aquele desgraçado!

- Não pode – lembrou ela – Um não pode matar o outro. A ordem, o desejo, pode ter vindo dele, mas não é ele quem tá executando, ou ele já estaria morto… De alguma forma a profecia que impede que vocês se matem, foi burlada…

- E por que nós não conseguimos burlar e ele sim?

- Ficaria surpresa com a capacidade de persuasão que aquele desgraçado tem…

- Esse é o SEU dom… - respondi, olhando-a nos olhos - Como Amanda? Como?

- Eu consegui reorganizar todo o Ministério com a ajuda da Hermione, mas até eu tenho limitações Angel...

- Desculpe, não estou culpando você por nada… Mas então isso significa que um antídoto com meu sangue, não vai adiantar...

- Provavelmente só vai amenizar, como ocorreu com o Dan. Os genes de vocês não são totalmente iguais. O que eu tiro de conclusão disso, é que Richard deve estar ativando assassinos para te caçarem. Ele não tem nada a perder, Angel, é algo muito maior do que está diante dos nossos olhos. Eu acredito que devemos ativar o Protocolo de Emergência.

Adrienne voltou para a sala falando brava ao telefone e brigando com a pessoa do outro lado da linha. O militar do lado de dentro bateu continência para ela e voltou a posição de guarda.

- Quero um cerco na casa dele – ordenou ela – Sigam ele até descobrir todos os lugares que ele vai e com quem ele fala. Mais um erro e é a cabeça de vocês que vai rolar, fui clara?!

“- Sim senhora” – respondeu o homem do outro lado da linha.

Ela guardou o celular e pegou sua mochila, tirando o casaco do uniforme e vestindo-o no lugar do jaleco branco.

- De acordo com os relatórios – falou ela, pegando o notebook da mochila e abrindo, digitando uma série de códigos e senhas – Esse vírus foi criado com um sangue 50% compatível com o seu. Isso nos direciona ao Sr. Richard Fulton. Já mandei homens para a casa dele na França. A caça 8 foi substituída com a ajuda de alguém de Dragons. Já abri uma sindicância e estou investigando todos os militares do G.A.F.A. Sujeitei até a mim mesma e Ryan a análise. Todas as câmeras estão sendo analisadas.

- Tá tudo bem – falei levantando e indo até ela, puxando uma cadeira e sentando ao seu lado – Adri, respira... Confio em você e Ryan, são praticamente da família...

- Eu sou responsável por vocês – falou ela, e eu podia escutar a força dos seus batimentos – é tudo culpa minha, eu baixei a guarda...

- Adrienne – chamei, e ela me olhou nos olhos – Confio minha vida a você, a culpa não é sua... Por onde começamos?

- Vou ativar o protocolo de emergência. Sandro está trabalhando no remédio – respondeu ela, com os olhos fixos no computador, lançando autorizações de acesso de acordo com os relatórios.

- Acho que posso ajudar – falou Ororo, levantando – Onde Sandro está trabalhando?

- Eu a levo – falou Cuddy, levantando e saindo com a professora.

- Ativar camuflagem GR – falou Ryan, segurando o pingente da corrente presa ao pescoço.

Meu telefone tocou e eu atendi no viva voz.

“- Angel?” – perguntou a voz conhecida.

- Diga Harry – respondi, olhando no que Adrienne mexia.

Allison e Ryan olhavam concentrados em alguma coisa no notebook da sala, Amanda também mexia no seu, concentrada.

“- O Ministério identificou movimentos estranhos no Village Dream – falou ele – Você tem algo a ver com isso?”

- Sim, estou morando lá – respondi, e Adrienne parou e me olhou.

“- Quão mágica é a sua casa? – perguntou uma voz feminina.”

- Oi Mione – cumprimentei – bom... Nada. Só tenho fotos bruxas, tirando isso, tudo na casa é trouxa, fiz questão de estruturar tudo em cima de tecnologia trouxa, ao invés da magia.

- Tem um quadro bruxo na sala – avisou Adrienne - Usei para ocultar um painel. Aliás, é a Major Stankovitz quem fala, médica, curandeira e auror, chefe da Guarda Real Dragoniana.

“- Ok – falou Harry – Mais alguma coisa além disso?”

- Só – respondeu Adrienne – Problemas?

“- Estamos desconfiados de bruxos clandestinos. Tem um pico muito alto de magia vindo de lá. Eu e Hermione vamos investigar agora.”

- Harry – chamei.

“- Diga.”

- Alguém tá começando uma caçada a minha família. Nick está em coma induzido e Daniel só está acordado por causa do sangue e estrutura dele.

- Sr Potter – chamou Adrienne – meu soldado identificou a Marca Negra desenhada em alguns becos de Nova York. Mandei soldados do G.A.F.A fazerem uma varredura pela cidade.

“- Obrigado pelo aviso” – agradeceu Harry.

“- Angel...” – chamou Hermione – “onde você está agora?”

- No New York Plainsboro. Vocês estão aqui nos Estados Unidos?

“- Sim” – respondeu ela – “Estamos atrás de alguns nomes e nossos informantes disseram que eles estariam para esses lados. Estamos na embaixada, num escritório da MACUSA. Vai ficar por aí?”

- Sim – respondi – Não saio enquanto Nick também não sair. Estamos no 7º andar, informe que pertence ao 2º mundo e terá acesso.

“- Ok, nos vemos em breve – falou ela – abraços.”

Hermione desligou e eu voltei a olhar para Adrienne, mas Amanda foi a primeira a falar.

- Potter sempre mentiu muito mal – falou ela, sem erguer os olhos do computador – Só ele não percebe isso. O Ministério está com medo, e mandou os dois para investigarem, se Hermione veio é porque algumas leis da Magia estão sendo quebradas e o julgamento ocorrerá aqui mesmo. Mione foi nomeada Primeira Ministra, tem autonomia para dar sentenças fora de Londres.

- Tem lido o “Profeta Diário”? – perguntei.

- Pouco – falou ela, os olhos atentos ao que havia na tela do computador – Leio mais “O Pasquim” e a “Gazeta Dragoniana”. Sua cunhada escreve melhor do que parece. Achei... Olha o que saiu no Jornal da Universidade de Cornuell ontem...

- É a marca negra... – falei, olhando de perto.

- “Criada nova irmandade no campus da Universidade de Cornuell, em Nova York” – leu Adrienne – “Os irmãos Gabriel e Latifa Gaunt, veteranos da Universidade de Oxford, fundaram a irmandade Comensais da Morte, com o intuito de unir os estudantes que foram rejeitados pelas irmandades gregas e não possuem medo da noite. O patrocinador da ideia, que já possui diversos adeptos, é o herdeiro Richard Fulton, e a marca deles é a caveira e a cobra, segundo Gabriel, a imagem significa que somos todos iguais em nossa essência (caveira) e amantes da escuridão (cobra).”

- Conheço esse nome... – falou Ryan – Gaunt...

- Ancestrais de Voldemort – falou Amanda – E descendente do fundador da Sonserina, Salazar. Gabriel e Latifa foram internos comigo e Angel. Só que pensei que Gabriel estivesse morto… Angel?

- Quando matei aquele menino no 4º ano, eu sabia que ele não era o verdadeiro Gabriel, mas pensei que com a queda de Voldemort, ele sumiria... Me surpreende Latifa, que sempre foi contra a Magia Negra, a única na família na verdade que não era uma Comensal declarada.

- Os pais foram mortos ao lutarem ao lado de Voldemort na Batalha de Hogwarts – contou Amanda – As pessoas mudam ao sofrerem grandes perdas.

- Acham que eles estão tentando tomar o poder a força novamente? – perguntou Ryan.

- Quem é hoje a família mais poderosa do mundo bruxo? – perguntou Adrienne, nos observando.

- Nós – respondi – Somos o nome mais poderoso dos mundos. Não sei se estou pronta para outra guerra... Fiz uma promessa a Nick...

- A questão aqui não é estar pronta ou não, e sim aceitar que o clima de guerra está voltando e desta vez, o alvo é você – falou Amanda – Até confirmarmos quem está mandando presentes contaminados para vocês, será necessário que sumam.

- Os vizinhos vão achar estranho – falei – Nos mudamos a dois meses e meio, não podemos simplesmente sumir.

- Tive uma ideia – falou Adrienne, mexendo no computador – Mas claro que vai da senhora aceitar ou não.

- Se me chamar de senhora novamente... – avisei, olhando-a – Te exonero.

- Desculpe – falou ela – força do hábito.

- Qual a sua ideia? – perguntou Amanda.

- Angel tem 6 filhos e uma nova afilhada, além do genro e de Z – falou Adrienne – Faria sentido ter uma babá e uma governanta. Mélany cuidaria do Lu, da Mel e da Rafa...

- E quem você pensou para governanta? – perguntei.

- Eu – respondeu ela – Com a sua autorização, e Ryan também concordando, eu iria me mudar para a casa com a justificativa de ajudar com os adolescentes. Você é General, nada mais lógico que ter uma militar como governanta.

- Genial – falei – Aceito.

- Esta decidido então – concordou Amanda.

Na casa, Luana digitava o código que apareceu em seu relógio, no painel dentro do quadro.

- O que é isso? – perguntou Vanessa.

- Um alojamento anti-bombas – falou Luana, caminhando até a cozinha – Me sigam.

- Para que precisamos de um alojamento anti-bombas? – perguntou Dani, preocupada, seguindo o grupo com Rafa.

- Mamãe gosta de coisas diferentes – respondeu ela, abrindo um dos armários e revelando uma descida – Criar essa parte foi divertido para ela, é muito mais que um simples alojamento.

Ela desceu na frente, pelo estreito corredor todo de aço. Quando chegou a uma segunda porta, digitou outra senha e colocou a palma da mão em uma placa de vidro. No visor piscou o nome dela e a porta se abriu, revelando uma sala grande com sofás e uma televisão. Todos entraram e Leonard lacrou a porta. Na sala havia geladeira, fogão, armários de vários tamanhos e cores, além de um imenso quadro branco e pufes grandes espalhados por tudo.

- Essa é a sala de lazer e reuniões – avisou Lu – Tem muita comida nos armários. A porta roxa é banheiro, me sigam.

Ela seguiu por outra porta que revelou outra peça, essa com 10 beliches distribuídas igualmente e armários cumpridos de metal a um canto.

- Como a mamãe fez tudo isso? – perguntou Vanessa, pasma.

- Esse é o lugar para dormir, alojamento em si, venham comigo... – continuou Luana, mostrando o lugar.

Ela entrou em outra porta e o grupo continuou seguindo-a. Esta sala era diferente, haviam várias divisórias com portas de vidro blindado, cada sala havia uma coisa diferente. Em umas, mesas, em outras, tatames, outras alvos e etc.

- Isso é um CT – falou Vanessa, pasma – Aliás, um mini CT completo. Por que temos um Centro de Treinamento em baixo da casa?

- Isso eu posso explicar – falou Leonard – Dra. Kat, do futuro, e a General, descobriram que houve uma época em que os Dragons foram perseguidos e mortos em massa, e que quando isso começou, ela ainda era viva. Ela criou esse CT para garantir que todos os herdeiros ficariam seguros. Aqui todos receberão treinamento necessário. Luana é a guardiã primária dos filhos. Na falta dela, o segundo mais velho assumiria as senhas para abrir o abrigo, mas ele só pode ser ativado porque a Major Stankovitz acionou o protocolo de emergência, é ele que libera a primeira senha.

- Você sabia desse lugar? – perguntou Vanessa, olhando-o surpresa.

- Sim – respondeu ele com simplicidade – Sou soldado da Guarda Real...

- E agora? – perguntou Luana – qual o procedimento?

- Aguardar novas ordens – respondeu Leonard – vamos para a primeira sala.

Eles seguiram para a sala enquanto eu seguia para o quarto de Nick. Ela estava tão serena, que era difícil acreditar que estava em coma, e parecia estar apenas adormecida. Passei a mão em seus cabelos e peguei sua mão, beijando-a. Adrienne entrou na sala e parou ao lado da cama, examinando os sinais de Nick e dos bebês.

- Você tem sorte – falou a Major.

- Sorte? – perguntei, olhando-a.

- Ela é linda – respondeu ela – Na verdade toda a família real é linda. Admiro muito vocês, um dia também terei uma esposa e filhos, pequenos militares...

- Como está com a professora? – perguntei, acariciando a mão de Nick.

- Não tive coragem de chamá-la para jantar... Sei lá, sou estranha... Eu começo a suar frio quando chego perto dela.

- Eu acho que deveria convidá-la - respondi.

- Esses dias nos esbarramos na biblioteca... Por minha culpa, ela derrubou todos os livros...

- E o que você estava fazendo na biblioteca de Dragons? – perguntei, segurando o riso.

- Lendo – justificou-se ela.

- Sou a única pessoa no mundo que não vai acreditar nunca em nenhuma mentira sua – falei rindo.

- Tava tentando criar coragem para falar com ela – confessou a militar sentando no sofá e me olhando.

- E o que ela disse quando você derrubou as coisas dela?

- Eu pedi desculpas e ela ficou vermelha e disse que não foi nada. Juntei os livros, entreguei a ela e saí da biblioteca. Não nasci para essas coisas de romance, sou desajeitada. Outra vez eu estava sentada com um dragão no estábulo, e ela entrou e comentou que eles eram criaturas lindas...

- E o que respondeu?

- Travei. Só respondi “aham”. Ela ficou alguns minutos ao meu lado e eu não consegui pronunciar nem uma única palavra, foi como se eu tivesse desaprendido a falar. É ridículo...

- Sabe que... esse problema nunca tive. Na verdade tive com Nick, ela me atacava quase todo dia e eu me esquivava nervosa, mas foi a única a me deixar travada. No geral quando um garoto me interessava, eu chegava nele e resolvia isso.

- Até hoje, só vivi para o G.A.F.A, antes dele, para Hogwarts, curso de auror, medicina... nunca tive tempo para namorar...

- A quanto tempo você gosta dela, Adri?

- Desde que a conheci em Hogwarts.

- Se tiver algo que eu possa fazer para ajudar a unir vocês, me avisa, vai ser um prazer...

- Bom, agora não é hora de namorar, é tempo de lutar...

- Boa noite – falou House, entrando no quarto e caminhando até Adrienne, lhe entregando uma folha – Leia.

Ela leu com cuidado tudo e olhou para o médico sorrindo.

- Pode dar certo – falou ela – E não vai fazer mal ao bebê. Autorizo.

Ela tirou uma caneta do bolso da farda e assinou no final do papel. House sorriu e caminhou até Nick, tirando uma seringa do bolso e colocando direto no acesso preso a mão dela. Ele colocou todo o conteúdo do frasco e voltou a liberar o soro que mantinha Nick hidratada.

- Quanto tempo até dar resultado? – perguntei, olhando-o.

- Duas horas – respondeu ele – Volto daqui a pouco. Aliás, ganhei este rádio de um dos armários que estão vigiando todo o hospital.

- Sim – falou Adrienne – Já temos os nossos, se precisar, te chamamos por ele.

- Vocês também têm câmeras?

- Por tudo, sem exceção – respondeu a militar, observando-o - inclusive no banheiro…

- Isso é crime… - ponderou o médico.

- Falou o homem de tornozeleira eletrônica - acrescentou Adrienne.

- Não sabia que tinha me alistado no exército – retrucou ele.

- Te dou 2 mil dólares para não reclamar mais – falei.

- Meu sonho era servir no exército – sorriu ele, batendo continência e saindo da sala – G.A.F.A né? Amo fênix, animal instigante...

- To preocupada com meus filhos – falei, voltando a olhar para Nick.

- Não precisa – respondeu Adrienne, me olhando – Ativei o Protocolo de Emergência, eles devem já estar no abrigo agora.

- Foi genial sua ideia de montar um CT embaixo da casa.

- Temos um em Dragons. Me inspirei nos túneis subterrâneos de Hogwarts.

- Você não tem cara de quem quebrava as regras – falei rindo.

- Fui monitora e monitora chefe, lembra? – riu ela – Achava qualquer um em qualquer lugar. Os gêmeos Weasley me deram muito trabalho, eles tinham o mapa do maroto e eu só tinha meus instintos.

- Você sabia do mapa?

- Sim, vi quando eles roubaram do Filch.

- E por que não pegou de volta?

- Por que era um jogo, meu desafio era pegar eles, o deles era escapar de mim. A vantagem que eles tinham com o mapa do maroto, era um desafio extra.

- E como você se saía?

- No meu tempo de monitora, todas as detenções deles foram com minha ajuda. Você e Fred namoraram né?

- Sim – respondi rindo – Ele era legal, larguei Malfoy por ele.

- Você acha que vocês teriam dado certo, se não tivesse acontecido aquilo?

- Não... – respondi – teria dado certo se eu tivesse desistido de completar a minha missão no 4º ano. Tudo que fiz a partir dali, anulou toda e qualquer chance que pudéssemos ter. Além do mais... eu não teria ela... e ela foi a melhor coisa que já me aconteceu...

- Acha que ele ainda estaria vivo se você tivesse ficado e desistido do plano?

- Não acredito muito nisso. Olha só o que aconteceu com o Lucas, com o Malfoy, e agora com a Nick.

- Tem soldado que tem medo da senhora, dizem que é uma viúva negra – contou ela, rindo.

- Quando a equipe Alfa chega?

- Em dois dias... Seattle está com o aeroporto fechado por um tornado, não é seguro elas virem...

Ficamos conversando sobre bobagens, e já passava das 23h quando houve uma batida na porta, e eu e Adrienne colocamos a mão sobre a arma de forma instintiva.

- Entra – falei, levantando.

- Licença – respondeu Hermione, entrando no quarto.

Ela usava uma calça jeans escura, salto alto, uma blusa social preta e uma capa de viagem com o símbolo do ministério, tinha um ar cansado.

- Bom vê-la – falei, abraçando-a.

- Como você está?

- Cansada, triste… E com medo – respondi, levando-a pela mão até o sofá – Essa é minha Major da Guarda Real, Adrienne Stankovitz.

- E Ryan?

- Agora é responsável pelo restante do exército, Adrienne cuida só da GR.

- Prazer, Hermione Granger Weasley, Ministra da Magia.

- É uma honra – respondeu Adrienne, apertando a mão dela – Em Dragons não seguimos suas leis, mas fora de nossas dependências buscamos ser de uma reputação inabalável, respeitando de forma severa as leis trouxas e bruxas.

- Adrienne é a melhor no que faz – falei.

- Quer me contar o que aconteceu? – perguntou a bruxa, me observando.

Contei a Hermione sobre urso envenenado, sobre as suspeitas em Richard e sobre a volta dos irmãos Gaunt. Ela escutou tudo em silêncio e então contou o motivo de sua viagem. Amanda estava certa, e o Ministério já vinha a algum tempo caçando possíveis seguidores de Voldemort e de Malfoy, que andavam atacando a noite em diversas regiões dos Estados Unidos. Lucius e Narcisa estavam sendo vigiados de perto, mas desde a morte do filho, acolheram Pansy Parkinson e seu filho, Scorpio, na casa deles e viviam em função do neto e da nora que eles faziam questão de dizer que era a sofrida viúva de Draco. Amanda entrou no quarto e acompanhou a conversa. Adrienne verificou os sinais de Nick, retirou uma amostra de sangue e saiu da sala.

- Ela está o tempo todo com você? – perguntou Hermione, se referindo a militar.

- É quase uma sombra – respondi rindo – Descobri ela quando precisei de uma babá disfarçada para cuidar dos gêmeos na mansão. Desde lá, gosto de ter ela perto. Ano passado ela foi para uma missão comigo, convivemos por 1 ano, quando voltamos, dei a ela a promoção. Enquanto eu puder, vou mantê-la perto de mim. E como está o Rony?

- Cansado também, não o vejo a duas semanas, e não vejo meus filhos a um mês.

- Ficaram com os avós?

- Com Gina, ela tirou férias do time da Irlanda de quadribol. Estou com Harry aqui em Nova York e Rony teve que deixar a loja com Jorge para ajudar o Ministério em alguns casos em Londres e na Escócia. Baseada em quê, escolheu esta cidade para vir morar?

- Foi uma somatória de coisas, Luana passou para a Parsons, uma das mais conceituadas escolas de moda, e ela fica aqui, Lu vai poder ir para casa quando quiser. O Village Dream, em 3024, vai ser a nova Dragons, a Dragons Americana.

- E quem mais sabe disso?

- Eu achava que só eu, Daniel, Adrienne e Z, mas pelo visto tem mais gente...

- Desconfiamos de um dos moradores do residencial, tem alguém que te odeie?

- Sou multimilionária, as pessoas não me odeiam, puxam meu saco.

- Será que não desconfia de ninguém?

- Não, e olha que sou a pessoa mais desconfiada que existe...

- Seu juízo não está bom, está apaixonada...

Adrienne voltou para o quarto carregando uma bandeja com copos grandes de café e caminhou até nós.

- Café com chantilly – falou ela, entregando o copo para Amanda – sem açúcar – acrescentou, me entregando outro – e um capuccino...

Ele entregou o copo a Hermione e sentou na poltrona vazia, tomando um gole do próprio café.

- Fale – respondi sorrindo, conhecia ela bem o suficiente para saber que ela havia feito algo grave, por isso o cuidado com o café.

- São 3 notícias – disse ela – primeiro, o tratamento surtiu efeitos positivos em Nick. Segundo: descobrimos uma forma de avançar na busca da cura...

- E terceiro...? – perguntei.

- Sequestrei o Richard – respondeu ela, bebendo o café e me olhando de canto.

- Por quê? – perguntei, segurando o riso - Não que eu esteja reclamando...

- Porque é uma forma de avançar na busca da cura – justificou ela, com um sorriso maldoso.

- Ele sabe que foi sequestrado?

- Se ele foi sequestrado, óbvio que ele sabe – rebateu Hermione.

- Na verdade, não – sorriu Adrienne – Ele acha que está viajando com uma linda norueguesa que está muito interessada nele. Estão saindo a um mês, e a algumas horas ela comprou na internet dois ingressos para um show de rock, aqui. Estão vindo no primeiro voo da manhã, amanhã.

- Por acaso essa norueguesa, é do G.A.F.A? – perguntei rindo.

- Expliquem – pediu Hermione.

- A norueguesa é militar do Esquadrão F do G.A.F.A, faz parte da Equipe de Apoio – contou Adrianne – Que isso fique só aqui, mas temos um grupo de espiões espalhados por muitos lugares, alguns já em missão, outros aguardando serem convocados. Nem todos nasceram no reino mas todos morreriam pelo G.A.F.A.

- O que ela faz quando não está seduzindo franceses para vocês? – perguntou Amanda, curiosa.

- Instrutora de esqui – respondeu Adrienne – Descobrimos que Richard estava fazendo aula e substituímos o instrutor dele.

- Se ele estivesse fazendo aula de dança? – perguntou Hermione.

- Temos uma ótima brasileira dançarina. Temos a pessoa que precisar, na profissão que precisar.

- Você disse que eles estão saindo a um mês, isso significa que se conhecem a quase 2... – falei, tomando meu café e me escorando – O ataque foi hoje... Tem alguma explicação para isso?

- Mantenha os amigos perto, os inimigos mais ainda? – respondeu ela, também se escorando.

- E desde quando ele é seu inimigo? – perguntou Amanda, analisando Adrienne.

- Ele é inimigo da rainha e do reino de Dragons desde que nasceu, então também é meu. Todos nós sabíamos que um dos reis trairia o reino e quebraria a lei sagrada. Quando Angel foi anunciada como rainha, tive certeza...

- Achava que ela iria trair o reino? – perguntou Hermione.

- Não – respondeu Adrienne, com sinceridade – Era óbvio demais para ser ela. Fora que ela sempre foi muito inteligente, jamais faria algo que a fizesse perder todo o ouro e o poder de Dragons. Estudei com vocês, tracei o perfil dos dois. Desde então eu vigio o Richard por conta própria, mas foi só quando Angel foi presa, que ele botou as garras de fora. A questão é que, se é inimigo da Angel, ou de Dragons, é meu inimigo também. Sempre tive admiradores e seguidores, não foi difícil encontrar uma boa equipe...

- Agora entendi porque gosta de ter ela perto sempre – riu Mione – é quase um anjo da guarda.

Houve uma batida na porta e Sandro entrou, batendo continência.

- Descansar – falei.

- Licença, majestade – falou ele, e Hermione o olhou surpresa – Major, a sargento Gillan conseguiu uma carona com uma amiga de infância, e ela estará chegando em Nova York por volta das 3h da manhã.

- Ok – respondeu Adrienne – Pode ativar a fase 2, temos urgência em resolver a situação.

- Positivo – respondeu ele, batendo continência.

- Sandro, fique – pedi, e ele se virou para mim – Por favor.

- Claro majestade, precisa de algo?

- Primeiro faça o que Adrienne pediu – falei.

Ele pegou o celular e ligou. Assim que a pessoa atendeu, ele abriu um sorriso.

- Oi, Nê – falou ele, numa voz tão leve que nem parecia o mesmo – Sei que está viajando com o seu namorado...

“– Ele ainda não é meu namorado, Gui, mas aconteceu algo?”

- Na verdade minha mãe perguntou se você trouxe um casaco para vir para Nova York, tem feito frio aqui e você pode acabar ficando gripada.

“- Claro, to levando sim, obrigada primo.”

- De nada, beijos, até daqui a pouco.

Ele desligou o telefone e o colocou no bolso da farda, parando com as mãos para trás.

- O que eu perdi? – perguntou Amanda.

- Na fase 2, Aline fica muito gripada e eles precisam vir ao hospital – contou Adrienne – Guilhermo, primo dela, vem até o hospital e faz companhia a Richard enquanto ela é atendida.

- E quem é Guilhermo? – perguntou Hermione.

- Genial – falei sorrindo – Ele é o Guilhermo... Simplesmente brilhante...

- Achei que se chamava Sandro... – falou Mione, confusa.

- Sandro Guilhermo Stankovitz – falou ele, parando na frente dela, colocando o joelho esquerdo no chão, segurando sua mão direita e beijando-a – Ao seu inteiro dispor.

- E-Eu me chamo... er... me chamo... – tentou falar Hermione, seu rosto completamente vermelho de vergonha.

- Hermione Granger – falou Sandro, sorrindo com gentileza – A menina mais linda do Baile de Inverno, no Torneio Tribruxo... E de toda a escola...

Ela corou e me olhou desesperada, pedindo socorro, mas foi Adrienne quem respondeu.

- Ele era apaixonado por você quando estudávamos em Hogwarts.

- Mentira – falou ele, levantando – Não era só uma paixão, você foi meu primeiro amor... Para ser muito honesto, se a senhora não fosse casada, ou não amasse tanto o Sr. Wasley desde sempre, eu teria tentado. No Baile eu não lhe chamei porque achei que ia com o babaca. Desculpe, com o Sr. Ronald, fiquei furioso quando descobri que ia com o Krum.

- Isso é pegadinha? – perguntou ela, nos olhando – Eu não lembro de você...

- O Monitor Chefe da Grifinória... – falou ele, observando-a.

- É claro! – falou ela, olhando para Adrienne e para ele – Por Merlin, claro! Os Monitores Chefes, os gêmeos Stankovitz! Claro que eu lembro, vocês fizeram história em Hogwarts! Foi a única vez que irmãos viraram Monitores e Monitores-Chefe juntos, além de serem os melhores em pegar infratores! Quantas condecorações vocês ganharam juntos?

- 80 – respondeu Adrienne – Entre prêmios pelo quadribol e por atividades prestadas a escola.

- No exército trouxa foram mais 25 até os 18 anos – continuou Sandro – Juntos...

- E em Dragons já estamos com 62 até agora – concluiu Adrienne – Juntos somamos 167 condecorações.

- Vocês são uma lenda! – continuou Hermione, encantada, levantando. Sandro não tirava os olhos dela – Quando virei Monitora, pesquisei tudo sobre vocês, só que depois que se formaram, não achei mais nada... Os dois sumiram... Eram tão unidos, um completava o outro como se fossem a mesma pessoa...

- Voltamos para Dragons, e fizemos treinamento para auror no Alasca – contou Sandro – junto com a faculdade de Medicina.

- Não acredito que esqueci de vocês, ou que não os reconheci... me perdoem – falou Mione – Nossa, estou sem dormir a dois dias...

- Vai ficar aqui até quando? – perguntei.

- Até tudo se ajeitar – respondeu ela.

- Então eu vou ter que sequestrar a senhora – falou Sandro – talvez por algumas horas.

- Como assim? – perguntou Hermione.

- Vai com ele – falei – Confia em mim, vai te fazer bem.

Ela corou novamente e aceitou o braço que o militar ofereceu, saindo da sala com ele.

- Er... Sandro, você lembra que sou casada né? – perguntou Hermione.

- Eu jamais iria cortejar uma mulher que não fosse a minha, ou que não fosse solteira, pode ficar tranquila – respondeu ele com gentileza – Superei minha paixão, mas ainda acho que sou mais homem para você do que o ruivo. O problema é que coração não respeita regras. Gosto muito da Dra. Cameron, estamos saindo a algum tempo, mas não nos amamos, entende?

- Tenho certeza que ela jamais olharia para outro homem...

- Na verdade ela está se agarrando com o Dr. Chase neste exato momento – riu ele, respirando fundo – só que ter lhe confessado meus sentimentos passou minha raiva. Antes de ir avisar minha irmã, eu descobri, e depois ia até lá pegar o Chase e ensiná-lo a virar um homem...

- Você deve ter entendido mal... – tentou amenizar a bruxa.

Ele puxou o rádio da cintura e digitou um código, aumentando o volume.

“- Robert, se Sandro descobrir...

- O brutamontes não vai descobrir, e você não ama ele – respondeu a voz de Chase.

- Mas somos namorados – respondeu Allison.

- Então seu namorado é corno agora – riu o médico.”

Sandro desligou o rádio e voltou a prendê-lo na farda.

- Eu e Adrienne somos líderes de equipe, e temos um código que liga o rádio que quisermos e libera o áudio... Questão de segurança.

- Sinto muito – falou ela com sinceridade.

- Tudo bem – respondeu ele, respirando fundo e parando diante de uma porta, destrancando-a e abrindo-a – Entre, por favor.

Ela entrou no quarto que tinha uma mesa branca com 4 cadeiras a um canto, quatro camas embutidas na parede, lado a lado, um carpete e pufes espalhados pela sala, além de uma grande televisão e alguns armários.

- Que lugar lindo... – falou ela.

- É uma sala de descanso – respondeu ele, sorrindo e fechando a porta – Só a família Real tem acesso a ela, no caso a Rainha, os herdeiros e a Srta. Amanda que manda em tudo, inclusive na rainha. A porta abre por dentro, mas por fora só com um código de Token que só eu, Adrienne e a rainha, temos.

- Incrível... E tão... silencioso... – riu ela.

- Tem isolamento acústico – falou ele, caminhando até o armário e abrindo-o – Aqui tem roupas da rainha, imagino que tenham o mesmo tamanho... são novas...

- Ela deixou tudo isso preparado, até com roupas nos armários? – perguntou Hermione.

- A majestade é uma mulher prevenida. Tem roupas novas nos tamanhos de todos os herdeiros, me acompanhe...

- Sandro – chamou ela, segurando-o pela mão – Pode me chamar só de Hermione, ou Mione...

Desta vez quem ficou vermelho foi ele, mas Sandro apenas sorriu e respirou fundo. Ele caminhou até uma porta e abriu, revelando um bonito banheiro.

- Sério isso? – perguntou ela.

- Chuveiro com 12 regulagens, sabonete anti-alérgico e perfumado. No armário grande tem toalhas, neste outro, tudo o que pode precisar: escova de dentes nova, pasta, fio dental, desodorante. E se faltar algo, pode me pedir.

- Isso é muito louco... 

- Temos tudo para nos mantermos aqui por 3 meses, ou mais. Este andar é um forte, caso precise. Vou lhe deixar sozinha para que possa relaxar. Tem um celular em cima da mesa, tem os números na agenda, me ligue qualquer coisa. Não abra a porta para ninguém, em hipótese alguma.

- Muito obrigada. E... deveria ter tentado se aproximar em Hogwarts, eu te achava incrível, teria amado ir ao Baile com você...

Ele sorriu e saiu fechando a porta. Hermione foi tomar um banho e Sandro foi se trocar também. Tirou a farda, colocando um coturno preto, uma calça jeans, uma blusa também preta e uma jaqueta do time de basquete do New York. Ele caminhou até o restaurante e preparou duas viandas de comida com um pote de salada. Pegou dois garfos e duas facas de plástico, um suco natural, e botou tudo numa sacola, voltando a sala de descanso. Hermione estava deitada numa das camas, os olhos fechados. Ele largou a sacola na mesa e caminhou para a porta novamente.

- Já vai? – perguntou a bruxa, olhando-o.

- Desculpe, não queria te acordar – falou ele – Só achei que estaria com fome, peguei um pouco de comida para você.

- To muito agitada para dormir... Er... Come comigo?

- Claro – sorriu ele, voltando e puxando a cadeira para ela sentar – A comida daqui não é nenhum banquete, mas parece gostosa.

- Sei que vou amar – falou ela, sentando – Me conta mais sobre você, o que fez depois que saiu de Hogwarts?

- Foquei nos estudos. Quando o exército de Dragons precisou, me alistei e estou lá desde então. Resolvi me formar em medicina e me especializei em Pediatria e Ebiatria.

- O que exatamente faz um ebiatra?

- Cuida da saúde dos adolescentes, emocional e física.

- Isso é incrível... e ficou solteiro esse tempo todo?

- Não... sou viúvo. Minha esposa morreu um mês depois que nosso filho nasceu. Ela era bem parecida com você, guerreira, linda... e muito inteligente. Não havia muito amor, mas a parceria que tínhamos era tudo o que precisávamos. Ter um filho foi escolha dela, sabia que não chegaria a envelhecer, e queria deixar algo significativo, deixar uma marca.

- E pelo visto ela conseguiu...

- E como...

- O filho de vocês é parecido com ela?

- Tanto que em 90% do tempo deixa bem claro que não precisa de mim para nada. Parece que sou um amigo mais velho, e não o pai dele. Em compensação ele é louco pela Adri.

- Você e sua irmã, são muito próximos né?

- Demais, muitas vezes esquecem que somos dois – riu ele – Já me perguntaram muitas vezes se eu havia sido rebaixado...

- Adrienne é Major, né?

- Sim.

- Como se sente por ela ter subido tanto, sendo que vocês entraram juntos?

- Honestamente?

- Sempre.

- Orgulhoso. Adri merece mais do que ninguém. Ela já esteve em situações fortes, montava guarda disfarçada dentro da mansão Malfoy. E depois, quando meu filho se machucou e eu tive que voltar da missão, ela se ofereceu para ir, sabendo que poderia não voltar mais. Eu não seria metade do homem que sou, se não fosse minha irmã.

- E você mora com quem?

- Com a Adri. Majestade nos deu uma casa maior depois que nossos pais morreram. Ela me ajuda a criar o Victhor. A mãe dele muitas vezes parecia estar mais realizada perto da Adri do que comigo. Ele é igual.

- Mas sua irmã nunca namorou?

- Não. Sei que ela foi apaixonada por alguém na época de Hogwarts, mas minha irmã nunca fala sobre isso.

- Vamos falar de suas condecorações – riu Hermione – 1º ano de Hogwarts?

- Essas histórias são chatas – resmungou ele.

- Duvido, conte.

- Eu e Adri salvamos um colega da Lufa-Lufa de um ataque...

Os dois conversaram por mais algum tempo e Sandro foi ao encontro de Aline. Mione deitou e dormiu. Richard conheceu Sandro quando éramos adolescentes, quando o militar era um rapaz quase metade do tamanho do que tinha agora. Quando o ex rei de Dragons e a mulher entraram no hospital, o militar caminhou até eles.

- Primo – falou Aline, abraçando Sandro.

- Baixinha – respondeu ele, erguendo-a nos braços – O que você tem?

- Acho que peguei uma virose, esse é o Richard...

- P-Prazer – falou o bruxo, apertando a mão dele – Você é grande...

- E você é muito pequeno, como uma daquelas joaninhas vermelhas... – respondeu o militar – Prazer, Guilhermo D’Angelo. Nê, você está com febre, vem comigo...

Ele pegou Aline pela mão e levou-a até o elevador, subindo para o 8º andar. Ela foi atendida e levada para uma sala, e Richard ficou com o assustador primo no corredor.

- Não sei o que deu nela – se justificou Richard – começou a ter febre alta do nada, ficou pálida, estava bem antes...

- Não acho que tenha deixado ela doente, fica de boa, só se fosse um bruxo, não é? – falou Sandro, rindo – desses de filme...

- Não – respondeu Richard, avermelhando – Então... vocês são bem apegados né?

- Ela é praticamente minha irmãzinha, então cuida bem dela...

- Eu vou, juro.

- Ótimo.

- Você malha? É tão grande...

- Jogo futebol americano e sou professor de artes marciais.

- Huau...

Eles ficaram alguns minutos em silêncio até que a enfermeira voltou.

- Sr D’Angelo? – perguntou ela.

- Eu mesmo – respondeu Sandro, se aproximando – Como tá a minha priminha?

- Com muita febre, ela vai ter que ficar em observação. Os exames só ficarão prontos às 7h da manhã, sugiro que vão para casa e descansem, ela está bem cuidada aqui.

- Não tenho para onde ir... – falou Richard, olhando para Guilhermo.

- Nós ficamos aqui – avisou ele – As 7h venho falar com a senhora.

- Claro, qualquer coisa eu aviso.

A mulher saiu e Richard olhou para Guilhermo.

- Vem vermelhinho, vamos tomar um café... você toma café né? – perguntou ele, guiando Richard pelo corredor.

- Tomo...

- Eu pago um para você. Tá com fome?

- Não, obrigado.

- Mas vai comer igual – avisou Sandro, quando entraram na cafeteria – Quero um lanche para o francês aqui e um café Big para mim.

- São 10 dólares – avisou a caixa.

Sandro pagou e ficou no balcão, esperando o lanche. Richard parecia com medo até de respirar ao lado dele. Enquanto Richard comia, Aline vinha ao meu encontro. Ela bateu continência e fez uma discreta reverência.

- Aline D’Angelo, agente especial, Esquadrão F, se apresentando.

- Descansar – falei, observando-a. Ela estava com o nariz vermelho e pálida – Está se sentindo bem, agente D’Angelo?

- Sim, majestade.

- É a fase 2 – avisou Adrienne – Onde está o pacote?

- Com Sandro, provavelmente lanchando.

- Não entendi a fase 2 ainda – falou Amanda.

- Criamos um vírus em laboratório e Aline injetou ele no corpo – falou Adrienne – Era a única forma de parecer real.

- Isso é um horror! – protestou minha irmã.

- Não, não é, Srta. Reynaldo – falou Aline sorrindo – Já fui injetada com o antídoto, em pouco mais de 1 hora eu volto ao normal.

- Vocês são loucas... muito loucas...

- De quem foi a ideia? – perguntei séria.

- Minha – respondeu Adrienne – Armei tudo. Aline apenas cumpre minhas ordens.

- Amanda, providencie um aumento para as duas – falei – a melhor coisa que fiz foi te promover, você foi incrível. Richard não vai sentir sua falta?

- Não – respondeu Sandro, entrando na sala.

- Já? – perguntou Adrienne.

- Ele ta acordado a mais de 30 horas – avisou Aline – Achei que seria mais fácil se ele estivesse cansado.

- Isso é seu – falou Sandro, entregando 4 frascos de sangue para a irmã.

- Vou ligar para o advogado – falou Amanda, saindo da sala.

- House – chamou Adrienne pelo rádio – Sala rainha Nick, agora.

“- Estou a caminho” – respondeu House.

- Acha que Amanda está brava? – perguntou Adrienne.

- Não – respondi – Ela tá em pânico, mas logo se acalma.

- Ela é bonita, tem tudo para casar e constituir família, não entendo por que não faz isso... – respondeu Sandro.

- Ela já tem uma filha – riu Adrienne, me olhando.

- Todos crescem – falei rindo – nem todos amadurecem.

House entrou na sala e Adrienne lhe entregou os frascos de sangue.

- Foi tirado a força? – perguntou o médico, olhando o sangue.

- Ele ta inconsciente na sala de plantão no 8º andar – contou Sandro.

- Volto logo com o remédio – sorriu House.

- Me faz um favor? – pediu o militar, olhando para o médico.

- Você tem 1,90m de altura, é mais largo que um armário e anda armado – respondeu o médico – Claro, o que precisa?

- Quando passar na sala dos enfermeiros, pede para Cameron te auxiliar e para o Chase ir examinar a soldado Elizabeth.

- Peço sim – falou House, saindo da sala e caminhando para o laboratório, ele parou diante de uma porta e abriu-a, assustando Allison e Robert – Só para avisar, seu namorado gigante já sabe que estão se pegando, sejam discretos.

- House – falou Allison, seguindo o médico – Nós só estávamos conversando...

- Não é para mim que tem que se explicar. Só dei o recado.

Enquanto eles resolviam a questão do antídoto, fui até o quarto de Daniel e Z, os dois dormiam profundamente. Dei um beijo na cabeça do meu filho e fiquei olhando-o por alguns minutos. Ter que escolher qual dos dois quartos ficar me deixava nervosa, então pedi que colocassem Nick no mesmo quarto que meu filho e Z.

Depois que ela já estava acomodada, me sentei na poltrona e me escorei, ficando entre as camas, numa posição onde eu podia cuidar dos 3. Em algum momento da minha vigília, adormeci, e Adrienne entrou no quarto e me cobriu com um cobertor.

Sandro voltou ao quarto de descanso onde Hermione dormia, por volta das 6h, com uma bandeja de café da manhã e uma rosa negra. Ele sentou na cadeira e ficou observando Mione, até que não aguentou e caiu no sono. Quando a bruxa acordou e viu o militar sentado de braços cruzados, sentou na cama e sorriu.

- Não posso acreditar... – falou ela para si mesma, levantando e indo até o banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes. Quando voltou para o quarto, Sandro acordou com o barulho da porta – Desculpe.

- Eu que peço desculpas, não deveria ter dormido – falou ele, levantando.

- Você deve estar cansado, é grande mas não é de ferro... Separou o café da Dra. Allison, isso é muito fofo...

- Na verdade é para você – falou ele, sem jeito – Lembro vagamente o que costumava comer em Hogwarts, e tentei imitar... Pedi até suco de abóbora, acho que é o seu favorito né?

- Como lembra disso tudo? – perguntou ela, quando ele puxou a cadeira para que ela sentasse.

- Eu passava muito tempo te observando – respondeu ele, sorrindo e sentando na mesa também – Era bom te olhar. Li quase todos os mesmos livros que você, sei que é muito idiota, mas era o único jeito de me sentir mais próximo de você... Deve estar me achando louco...

- Não – sorriu ela com carinho – apenas diferente... e essa rosa negra?

- Achei que entenderia o significado...

- Entendi, só que fiquei confusa...

- O meu sentimento por você é eterno, poderá contar comigo para sempre.

- Você existe mesmo, ou foi feito em laboratório? – riu ela.

- De onde eu vim, uma dama deve ser tratada sempre como uma rainha.

- Está me deixando sem jeito – riu ela, corando – vai, come comigo.

- Obrigado – sorriu ele, servindo café para os dois.

Enquanto eles conversavam, eu me acordava com Adrienne ao meu lado.

- Temos boas notícias – falou ela, me entregando um copo grande de café. Deu certo, Daniel, Z e Nick não estão mais em coma induzido, estão só dormindo. O efeito paralisante foi centralizado em determinadas partes do corpo deles. Dr. Gregory House não dormiu, parece gostar de desafios.

- Ele foi supervisor do meu estágio – respondi, lembrando quando comecei a residência da faculdade de medicina – Basicamente é movido a vicodin e rancor. É um gênio, por consequência, completamente maluco.

- Notei. O professor Xavier e a professora Ororo estão descansando na sala de reuniões, disseram que só vão embora quando todos tiverem bem.

- Eles são legais... pisei muito na bola, e mesmo assim eles não desistiram de mim. E Mione?

- Tá com o Sandro, no quarto de descanso. As 6h vi ele levando uma bandeja de café para ela.

- Ele ainda é apaixonado por ela, né?

- Vai ser a vida toda. Nem todos nascem para amar, alguns são feitos para lutar.

- Como assim?

- A mãe do Victhor era apaixonada por mim, casou com meu irmão porque eram muito amigos, e ela sabia que eu só a via como amiga, então estar com ele, a deixava próxima de mim.

- E ele sabia disso?

- Nem sonhava, achava que era só carinho de cunhada. Mas na época que tínhamos militares estrangeiros na Guarda Real, ela se relacionou com muitos deles e Sandro sabia. Quando Ryan descobriu, baniu todos os estrangeiros da GR, e só permitiu os melhores guerreiros a ficarem no G.A.F.A. Ficou proibido tocar no assunto, e Sandro impõe medo e respeito, então ninguém fala disso. Achei que a Dra. Cameron era diferente, mas meu irmão ouviu ela e o Dr. Robert se agarrando.

- Devo mandar Allison de volta para Dragons? – perguntei.

- Eu só manteria Robert longe de Sandro, enquanto Hermione estiver aqui, não tem perigo nenhum, Sandro não vai se exaltar. Acha que Granger trairia Weasley com meu irmão?

- Ta aí uma questão bem interessante, não temos como saber. Mudando de assunto, por quantas horas o Richard vai ficar desacordado?

- Em média, 12 horas.

- E qual o plano?

- Assim que terminarmos aqui, eles vão voltar para França. Injetaremos o vírus nele também, Aline vai convencê-lo a voltar para casa, mas ele não receberá o antídoto.

- Alguma chance desse vírus virar uma pneumonia e matar ele?

- Os nossos cientistas criaram o vírus especialmente para ele, então torcemos para que seja sim uma possibilidade...

- Até quando ela vai manter a farsa?

- Até quando for necessário.

- Depois que terminar, dê férias de um ano a ela. Ela tem casa em Dragons?

- Não.

- Dê uma a ela também.

- Você tem um ótimo coração, sabia?

- Me esforço – falei, rindo e pegando o celular – Ligar casa.

O telefone piscou e discou para o número. Foi Leonard que atendeu.

“- Bom dia Majestade.”

- Bom dia Léo, como estão as coisas?

“- Tudo bem tranquilo. E a rainha e o príncipe?”

- Melhorando. Não deixe ninguém sair, nem tocar em nada, ok?

“- Claro, estão todos no abrigo.”

- Pode deixar andar pela casa, mas os guardas quero em alerta. Vão estranhar se todos sumirem. Assim que os 3 ganharem alta, voltamos para casa.

“- Positivo.”

- Diga a todos que os amo e que se cuidem.

“- Certamente, majestade.”

- Leonard... – falei.

“- Sim?”

- Esta responsável pelos meus maiores tesouros, não me decepcione.

“- Nunca, majestade.”

- Até mais.

Desliguei o telefone e respirei fundo, levantando e terminando meu café.

- Ele é um ótimo soldado – me tranquilizou Adrienne – Melhor até que o PD. E mandei meu grupo de elite disfarçado para lá.

- Dói ver ela assim... – falei, olhando para Nick.

- Logo eles melhoram, pode ter certeza.

- Valeu por estar comigo sempre, Adri.

- Você merece – sorriu ela.

House entrou na sala e ficou nos olhando por alguns segundos.

- Desculpe atrapalhar a linda cena, mas temos problemas – falou ele.

- Diga – falei.

- O quanto você entende de maldições? – perguntou o médico, me encarando.

- Sou especialista – respondi.

- Ótimo, o senhor cordialidade, digo, Major Ryan, disse que o que tem dentro de sua esposa e dos seus filhos, é vivo, e está sob uma maldição. Segundo ele, já foi tentado tudo para parar a criatura, mas parece que a ordem dela é destruir tudo por onde passa.

- Mostre a ele o que é uma maldição, Adrienne – falei, tentando pensar.

- Como assim? – perguntou ela, confusa.

- Pega sua varinha – falei, séria – Use a maldição Imperius em mim, para House entender o que está acontecendo.

- Não posso fazer isso... – falou ela, sem entender.

- É uma ordem – falei, olhando-a nos olhos – Sem piedade, finja que sou o Richard.

- Me perdoe, majestade...

- Está tudo bem.

Ela respirou fundo e sacou a varinha, apontando para mim. O movimento foi rápido e senti a maldição tomar meu corpo, não lutei para impedir, House observou com curiosidade.

- Sente-se – ordenou Adrienne, visivelmente incomodada por ter que fazer aquilo.

De imediato obedeci e House sorriu. Adrienne fez com que eu me deitasse no chão e tocasse meu próprio nariz, e ele então compreendeu. Levantei e me concentrei no meu próprio corpo. Deixei os olhos avermelharem e a mutação tomou meu corpo por dentro, fazendo a maldição virar apenas um desconforto.

- Minha mutação faz com que eu seja muito mais resistente a maldição - expliquei - Quando “ativo” a parte mais física, uma mudança ocorre também na maldição e em alguns feitiços...

Os olhos de House faiscavam de curiosidade por esse novo mundo, mas quando ele ia fazer outra pergunta, o professor Xavier entrou na sala acompanhado de Ororo, conversando.

- Bom dia – sorriu Charles – evoluímos?

- A cada segundo – respondi, entendendo a pergunta – Professor, tem como transferir minha mutação para outra pessoa?

- Não... – falou ele, pensativo.

- Mas temos algo que é quase isso – falou Ororo – Lembra da Anna Marie?

- A Vampira – falei, me lembrando da minha colega de quarto – Claro que lembro...

- Ela foi embora do Instituto a alguns anos, mas acho que é o mais perto que chegamos de uma solução... – concordou Charles – Consegue localizar ela?

- Amanda localiza qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo – respondi.

- Vocês estão falando da Anna Marie Raven? – perguntou Adrienne, pegando o celular.

- Conhece ela? – perguntei surpresa.

- É nossa agente da reserva – sorriu Adrienne, discando um número – Só que ela não é mais a Vampira.

“- Akerman” – falou a voz do outro lado da linha.

- Preciso de você – falou Adrienne, sorrindo – New York Plainsboro.

“- Quanto?”

- GR.

“- Chegou em 1h” – avisou ela, desligando.

Olhei para Adrienne, aguardando uma resposta.

- É um mundo pequeno – se justificou a militar – Peguei-a brincando de fazer justiça com as próprias mãos. Fizemos um acordo e agora ela atende quando chamo. Ann Akerman vive aqui em Nova York. Se ela disse que chega em 1h, é porque tem um trabalho antes.

- Estamos rastreando ela a anos – falou Ororo chocada – como a achou?

- Sei onde estão cada uma das pessoas que fizeram parte da vida da Angel. Sou uma Major, preciso estar pronta para tudo.

- Eu deveria ter medo de você? – perguntei para Adri, sorrindo.

- Nunca. Eu daria minha vida por você, pois sem sua ajuda, nem eu nem Sandro teríamos futuro.

- Que romântico – ironizou House – E ai, qual a solução?

- Esperar Ann – respondi – E ver o que fazer quando ela chegar.

- A quanto tempo não a veem? – perguntou Adrienne.

- Uns 12 anos – respondi.

- Mais ou menos isso – concordou Ororo.

- Não vão reconhecê-la – riu Adrienne.

- Quantas horas temos antes de eu perder minha grana? – perguntou House.

- Menos de 36 – respondeu Adrienne, rindo.

- Esse dinheiro vai ser meu – resmungou ele, saindo da sala.

Adrienne ficou com minha família no quarto para que eu pudesse tomar um banho e comer alguma coisa. Quando entrei na sala de descanso, Hermione e Sandro riam de algo, mas silenciaram.

- Não queria atrapalhar – falei, pegando uma farda no armário.

- Desculpe majestade – falou Sandro, levantando.

- Já proibi sua irmã de me chamar assim, estou proibindo você também. São meus médicos e militares mais preciosos, não precisam de formalidades. Er... quer voltar para Dragons? Posso te dispensar...

- Por favor, não – pediu ele – Eu quero ficar...

- Quer que eu mande Allison embora?

- Não há necessidade, - respondeu Sandro - está tudo bem, na medida do possível... não é a primeira vez para mim, obrigado.

- Você merecia ela – falei, olhando para Hermione, e sorrindo – seriam um casal incrível.

- Angel... – falou Hermione, corando.

- Nunca gostei do Ronald e sempre te deixei isso bem claro.

- Rony sempre foi intolerante e medroso, quando se tratava de você – falou ela – No geral, ele te odiava...

- A recíproca é verdadeira, tirando a parte do medo – respondi entrando no banheiro e fechando a porta.

- Ela não falou por mal – disse Sandro.

- Eu sei – disse Mione, tocando o braço dele que arregalou os olhos e corou ligeiramente – Angel só fala o que pensa, ela não se preocupa em ser gentil, e isso na verdade é bom.

- Er... Eu queria te pedir uma coisa, se não for abuso...

- Pede – falou ela, quando ele abriu a porta e esperou ela passar.

- Fica do meu lado, por favor? Eu não sei do que seria capaz se eu ficasse sozinho com Dr Chase...

- Vai me proteger? – perguntou ela, rindo e enganchando o braço no dele.

- Sempre – riu ele – é só chamar, que eu vou, sempre.

Tomei meu banho, me vesti, comprei algo para comer e fiz outro pacote, levando para o quarto. Adrienne examinava Nick que ainda parecia adormecida.

- Trouxe café da manhã – avisei largando os pacotes no balcão – Queria te pedir uma coisa.

- Claro – respondeu ela – o que precisar.

- Vai dormir, descanse. Se precisar, chamo, tem minha palavra.

- Você é uma ex-comensal, o que você fala é sempre dúbio. Mas vou tirar um cochilo sim, 1 hora no máximo e to nova.

- Sem pressa – falei, entregando o pacote com o lanche para ela.

Esperei ela sair e fechei a porta, ligando para Amanda.

“- Fala” – disse ela.

- Ta onde?

“- No bar, tomando café.”

- Ótimo, liga para Mélany para mim? Quero ela e a professora lá em casa.

“- A que tem uma queda pela Adrienne?”

- Ela mesma.

“- Vou ligar agora para ela – avisou Amanda – Eu vou dormir um pouco, qualquer coisa...”

- Eu ligo – respondi, rindo – bom descanso.

Guardei o celular e caminhei até a cama de Nick, passando a mão em seus cabelos com carinho.

- Ela e meu irmão vão ficar bem, né? – perguntou uma voz fraca, atrás de mim.

- Meu filho... – falei, caminhando até ele e segurando sua mão – Como você está?

- Diz, mãe... – pediu ele, e uma lágrima escapou de seus olhos – Nick e meu irmãozinho, vão se curar?

- Eu juro – falei, sem conter uma lágrima que me fugiu dos olhos – Todos vocês vão, custe o que custar, meu amor...

- Eu amo muito a Nick, sou muito feliz por ter vocês duas, e não quero perder minha segunda mãe...

- Você não vai. Tá todo mundo trabalhando para resolver isso, confia em mim?

- Confio – falou ele, fechando os olhos devagar e voltando a adormecer.

Fiquei fazendo cafuné em meu filho e olhando-o.

- Seu olhar para ele é o mesmo da época da nossa adolescência – falou Hermione, parada atrás de mim.

- Até pode ser – respondi sorrindo – Mas meu amor por ele é um milhão de vezes maior.

- Eu vejo.

- Mione, você acredita em Deus?

- Dá pra se dizer que sim.

- Você acha que ele está castigando meu filho, por causa do mal que eu fiz?

- Não acho que Deus seria capaz de castigar outro para nos ver sofrer. Até onde se sabe, ele é só amor. O que você fez, você já pagou quando mudou de lado. Lucas era grego e politeísta, né?

- Sim. Sabe... me pergunto se existem várias formas de “céu” e “inferno”... se quando se morre, vamos para o lugar que nosso espírito pertence...

- Se isso existir de verdade, certamente Lucas está nos Campos Elíseos, junto com o filho de vocês.

- Você deve estar certa, sempre está. E quando sonhei com ele, algumas vezes, ele estava lá... – comentei - A minha dúvida é... para onde vão as pessoas que não acreditam em nada?

Hermione ficou ali conversando comigo, até que Cameron entrou na sala, nervosa, e parou me olhando.

- Preciso de autorização para voltar para Dragons, agora mesmo.

- Aconteceu algo? – perguntei, segurando o riso.

- Não – mentiu ela.

- Sabe que posso ler sua mente né?

- Sandro não está falando comigo.

- Vocês não são crianças… - comentei analisando-a.

- Ele me pegou transando com o Robert na sala de plantão – respondeu ela, corando – Por favor, eu preciso sair daqui...

- Ele te ameaçou, fez algo com você? – perguntei, observando-a.

- Não – chorou ela, sentando no sofá e cobrindo o rosto – Ele pediu desculpas por atrapalhar, no tom mais educado do mundo, e saiu. Tentei falar com ele, mas ele não reage, não briga, não grita... Só me deu um beijo na testa e falou que queria minha felicidade... Ele é bom demais, eu não mereço ele...

- Concordamos em algo – retrucou Hermione.

- Na sala de plantão? – perguntei séria – Sério que você estava com aquele projeto de quase homem, na sala do plantão?

- Eu e o Robert, tivemos um envolvimento anos atrás... Quando o vi, veio tudo a tona, foi mais forte que eu...

- Estou decepcionada – respondi – Pode ir, mas tente manter distância de Sandro, ele é educado demais para fazer qualquer coisa, e merece respeito. Não quero que isso caia nos ouvidos de ninguém. Aproveite e tire férias, ou vá fazer outra especialização, eu pago. Suma por um bom tempo.

- Obrigada – falou ela, levantando.

- E depois você vem para cá e assume o hospital. Veja casa, carro, o que for, quero você bem longe de Dragons.

- Está me demitindo?

- Não, só estou te mantendo longe de um dos meus melhores militares. Ainda trabalha para mim. Pode comprar uma casa, eu pago. Agora vai, não quero que Sandro te veja mais aqui.

Ela caminhou até a porta, mas Sandro entrou de surpresa e ela parou, olhando-o. Ele segurou a porta aberta para ela, o olhar neutro. Ela baixou a cabeça e saiu, e ele voltou a fechar a porta, caminhando até nós com uma bandeja com 4 copos térmicos grandes.

- Resolvi trazer um agrado para as duas mulheres mais lindas que eu já tive a honra de conhecer... – falou ele, sorrindo e caminhando até nós.

- Gosto quando você e sua irmã me mimam – falei rindo – O que trouxe?

- Sabor de lembrança – respondeu ele, sorrindo e entregando um copo para Hermione, outro para mim.

Mione sentiu o cheiro e abriu um sorriso.

- Cerveja amanteigada... – falou ela, tomando um gole e arregalando os olhos – Por Merlin, é igual o que a Madame Rosmerta fazia!

- E isso é para vocês duas – falou ele, abrindo o 4º copo.

- São doces da Dedosdemel... – falei, pegando um e colocando na boca – Só que a cerveja...

- Não tem nem uma gota de álcool – falou ele, sorrindo – Nem a minha, nem a sua.

Nos sentamos no sofá e ele largou o copo com os doces entre nós duas.

- Onde achou uma cerveja amanteigada tão idêntica a da Madame Rosmerta? – perguntou Hermione.

- Ele foi no Três Vassouras – falei, observando-a e colocando mais um doce na boca.

- Você fez o que? – perguntou Hermione, sem acreditar.

- Você comentou que estava com saudades da época que passeava nos finais de semana em Hogsmead, então pensei que poderia gostar de relembrar um pouco pelo menos – contou ele, sorrindo.

- Ainda tenho dúvidas se ele é mesmo real... – riu Mione, me olhando.

- É real e apaixonado por você – respondi rindo e enfiando mais um doce na boca, os dois coraram.

A porta abriu e Adrienne entrou, agora completamente fardada, e acompanhada por uma bonita mulher de cabelos negros com uma mecha branca na franja.

- Achei que tinha ido descansar – falou Sandro, olhando-a.

- Meia hora foi mais que o suficiente – respondeu ela, ainda parecendo cansada – trouxe a agente Ann Akerman.

- Vou chamar o professor – avisou Sandro, saindo do quarto.

- Isso é sério? – perguntou Ann – é para você que eu trabalho?

- Lembra da Angel, Ann? – perguntou Adrienne.

- Ela incendiou o quarto que eu dividia com ela, Lupina e Kitty Pride, duas vezes, fora as vezes que acordávamos com algo muito pesado flutuando sobre nossas cabeças. Seu nome não era Kubschesk Feberman?

- Mudei de nome aos 14 anos, virei Dragons. Mas teoricamente você trabalha para Adrienne, eu descobri hoje, que você era uma de nossas agentes.

- Não acredito que você é a rainha... isso é muito ridículo... Sabe que o que sou hoje, é culpa sua né?

- Então eu fiz um ótimo trabalho – falei, olhando-a e tomando mais um gole de café.

A porta voltou a abrir e professor Xavier entrou com Ororo e Sandro. A mutante olhou confusa para Adrienne.

- Ola Vampira – falou Ororo sorrindo.

- Ola... Tem algo que eu deva saber? – perguntou ela.

- Está aqui para salvar a vida da minha esposa – respondi – Ororo e Xavier estão aqui, porque meu filho corre perigo.

- PD é SEU filho? – perguntou ela, olhando para Daniel.

- Conhece-o?

- Sim, é um garoto genial. O que precisam de mim?

- Que absorva minha mutação e do rei deposto, ao mesmo tempo, para que possamos criar um antídoto.

- Absorver os seus poderes? – perguntou ela, sem acreditar.

- Isso – confirmei.

- Quantas mutações você possui?

- Em torno de 9, com uma margem de erro para mais – respondi.

- Sem chance... é perigoso demais. Eu posso acabar te matando... ou eu mesma posso morrer, você é poderosa demais...

- Vamos fazer um teste rápido... - sugeri - Se não aguentar, paramos.

- Ok, quer fazer isso sentada? Vai doer... Lembra que quase matei o Logan, e ele é imortal... – falou ela.

- Não precisa – respondi, largando o copo no balcão e entregando as luvas sem-dedo para Hermione – Quero testar uma coisa...

Respirei fundo, me concentrando, meus olhos avermelharam e meus caninos cresceram.

- Eu tinha esquecido disso – comentou Ann, me observando e tirando as luvas, enfiando-as no bolso – pronta, majestade?

- Sim – respondi, estendendo a mão direita para ela, que a segurou com as duas mãos.

Assim que nossas peles se tocaram, senti uma sensação desconfortável e um pouco de sono. Ann arregalou os olhos e respirou fundo. Seus olhos ficaram azul-água da cor dos meus e ela soltou minha mão no instante que cambaleou e Adrienne a segurou pelas costas para que não caísse.

- Você está bem? – perguntou Adrienne, ainda segurando a mutante firme em seus braços.

- Você tem braços fortes – falou Ann, ainda um pouco zonza, segura nos braços da militar.

- Obrigada – respondeu Adrienne, corando.

- É assim que você se sente? – perguntou a mutante, me observando – Como coordena tudo isso?

- Nasci assim, não sei como é não ter.

- Não sentiu sua energia vital sendo sugada do seu corpo? – perguntou Ororo.

- Não – respondi com sinceridade.

- Mas eu senti algo – falou Ann – Senti que tudo isso poderia me matar...

- O poder de Angel, foi feito só para ela – falou Xavier – Dentro de outro, causaria uma sobrecarga. Como tentar encher um carrinho de mão com a areia de um caminhão. Angel só pode ser morta da forma humana, é sua única fraqueza.

- Você é um caos em todos os sentidos – retrucou Ann, parando em pé sozinha – Obrigada Adri, digo, Major. O rei deposto tem os mesmos dons?

- Não – respondi – Richard só controla os Dragões das Trevas. E se você absorver minha mutação e usar a vampira para se manter forte para continuar absorvendo as outras?

- Como você faz essa coisa acontecer? O lance dos olhos e dos dentes?

- Ódio – respondeu Amanda, entrando no quarto – Quanto maior a raiva, mais forte a mutação. Quando éramos adolescentes e ela estava sempre com ódio, ela nem sentia a transformação.

- Você não tinha ido dormir? – perguntei.

- Não consigo, tem gente demais nesse quarto, bora dispersar? Sandro?

- Sandro não – falei – Ele está liberado.

- Eu queria ouvir mais do que descobriram... – falou Mione, olhando de canto para o militar.

- Eu faço isso – respondeu ele – Me acompanha?

- Com prazer – respondeu ela, entregando minhas luvas para Adrienne e saindo com o militar.

- Adrienne? – perguntou Amanda.

- Nem adianta, ela não vai sair daqui – respondi – Não obedece nem a mim.

- Precisam de mim? – perguntou Amanda.

- Allison vai vir morar aqui, cuide da parte burocrática.

- Claro, qualquer coisa chamem – falou Amanda.

Ela saiu da sala e Ann voltou a me olhar.

- Ela parece a Jean, quando nos colocava de castigo por sua causa... Ok to pronta. Primeiro a mutação chefe, vamos lá. Aprendi uma técnica para manter os dons pelo dobro do tempo que levei absorvendo.

Fizemos a segunda tentativa e dessa vez ela desmaiou de verdade, Adrienne a segurou a tempo, pegando-a no colo. Esperamos ela se recuperar e tentamos novamente. Foram 4 tentativas até ela conseguir segurar minha mão por cerca de 1 minuto.

- Isso é incrível... – falou ela, observando uma bola de fogo que ela mesma havia criado – Na real, todos seus dons são incríveis.

Ela sumiu por alguns segundos e reapareceu menos de 10 segundos depois.

- Gostou do passeio? – perguntei rindo, cruzando os braços.

- Sério que faz isso? - falou ela, radiante.

- Aos 15 anos – respondi – Usei para fugir da prisão.

- Show. To pronta, cadê o rei deposto?

- Venham comigo – pediu Adrienne, saindo do quarto.

Dei um beijo de leve em Nicole e seguimos a militar. Xavier e Ororo ficaram cuidando de Nick e as crianças. Em casa, as crianças já haviam voltado para cima, mas eles estavam mudados. Rafa foi posta na cama cedo e Luana, Dani e Vanessa começaram a receber treinamento. Outros dois pacotes foram deixados na frente da casa, e os dois continham o mesmo veneno, mas nenhuma digital registrada.

Os militares que me acompanharam na missão, agora circulavam pelo pátio. Um como jardineiro, dois como operários que estavam construindo a quadra de basquete e futebol, e outros dois como pintores de casa. Próximo ao meio dia a campainha tocou, Leonard, Vanessa, Luana e Dani jogavam vídeo-game na sala, enquanto Rafa brincava com sua boneca, sentada na escada.

“- Pode abrir” – veio a voz de Rudolf, do rádio preso a cintura de Leonard.

- Eu abro – falou Luana, levantando e indo até a porta – Você?

- Sua mãe não vive sem mim – riu Mélany, com Luciano em seu colo – Vou precisar de uma ajuda... Leonard!

- Estou indo – falou ele, indo para a rua e pegando umas malas.

Quando Mélany entrou, que Luana notou que havia uma mulher atrás dela, com Melissa no colo.

- Olá, não lembro de você... – disse ela, pegando as malas da mulher e entrando.

- Viemos morar com vocês – avisou Mélany com um grande sorriso.

- A plofe! – falou Rafa, correndo até a mulher.

Ela entregou Melissa para Vanessa e pegou Rafa no colo.

- Que saudade de ti, minha linda – falou a mulher, enchendo ela de beijos.

Rafa fechou os olhos e apertou a mulher, mais forte. Mélany sentou no sofá e largou Lu no chão, a mulher sentou ao seu lado e manteve Rafa no seu colo.

- Me chamo Amy Hendrix, sou coordenadora do núcleo de Inclusão de Dragons. Não tenho bem certeza do por que, mas a rainha pediu que eu viesse com Mélany para cuidar dos menores.

- Mamãe preza muito pelo desenvolvimento deles – falou Luana – Faz questão que estejamos sempre em constante processo de aprendizagem.

- Amy é especialista em crianças surdas e crianças com Down – comentou Vanessa – foi a ela que recorri quando decidi rever meus conceitos.

- Vanessa passou bastante tempo acompanhando meu trabalho – sorriu a professora.

- Amy – falou Luana – Você anda armada?

- Todos andamos – riu ela – sou da parte de acompanhamento e coordenação docente do G.A.F.A também. Basicamente ensino militares a serem bons professores.

- Precoce como a mãe de vocês – comentou Mélany, rindo – Bom, eu vou ficar no quarto com os bebês. Amy vai ficar num quarto só para ela.

- Vocês tem um espaço para estudo? – perguntou Amy.

O celular dela tocou, e ela pegou, lendo a mensagem.

- Tá tudo bem? – perguntou Leonard.

- Srta. Amanda – falou ela, voltando a guardar o celular – A rainha autorizou pegar um dos quartos e transformar em sala de aula. Só preciso pedir para o Rudolf o que eu preciso.

- Quero conhecer a casa e ver nosso quarto – avisou Mélany.

- Vou junto – disse Amy.

Enquanto as crianças apresentavam a casa para elas, Ann se recuperava da experiência de absorver os dons tão fortes e ter seu sangue coletado para trabalho. Richard já havia acordado e voltava para França acreditando que havia pego uma grave gripe.

Já passavam das 23h quando acordei com alguém me chamando. Levantei do sofá procurando de onde vinha a voz.

- Louca – sussurrou Nick, e eu corri até ela, parando ao seu lado na cama.

- Por você – falei, passando a mão com carinho em seu rosto – pela mãe de meus filhos...

- Como você está? – perguntou ela, ainda fraca – Ta com cara de sono...

- Agora que você acordou, estou ótima e realizada – falei, lhe beijando – Logo saímos daqui e voltaremos a ter nossa vida normal.

- E as crianças?

- Estão bem protegidas em casa.

- E Daniel?

- Logo acorda – falei – Quero voltar para casa e ter uma vida pacata e normal ao seu lado.

- Não nascemos para ter uma vida normal – riu ela – Quero te pedir uma coisa...

- O que quiser meu amor...

- Nunca esqueça o tamanho do amor que eu tenho por você...

- Jamais - falei, voltando a beijá-la – Você não vai se livrar de mim... Quem mais vai ter coragem de me enfrentar? Quem vai mandar em mim sem medo?

- A Amanda – riu ela, fechando os olhos.

- Ela é minha irmã, não conta – respondi, sem querer e sem poder me afastar dela.

- Quero ir para casa... quero ver meus filhos – resmungou ela.

- Iremos assim que ganhar alta, eu prometo...

- Quero ver Jacob e Emma...

- Não os vemos a quase 6 anos, não sei se conseguirei encontrá-los meu amor...

- Você consegue... sabe que consegue... por favor...

- Por que quer vê-los?

- Se eu morrer, quero que eles saibam o quanto os admiro... senti algo especial por eles...

- Você não vai morrer... – falei, e as lágrimas rolaram livres de meus olhos – Entendeu? Eu não vou deixar, você não vai morrer...

- Só... encontre-os... por favor...

Ela voltou a adormecer e eu baixei a cabeça, chorando mais, segurando sua mão com carinho. Eu estava me sentindo destruída por dentro... incapaz de fazer algo para salvar a pessoa que mais amava nesse mundo, presa e inútil, vendo minha mulher e meus filhos sofrerem por algo que eles não tinham culpa. 

O único erro dos três, foi terem entrado no meu caminho, estariam seguros se nunca tivessem me conhecido. Isso me fez pensar em outra coisa, algo que eu poderia fazer para que Nick não precisasse mais sofrer.

Ao longo dos dias, Daniel e Z se recuperaram e voltaram para casa, e então para a escola, Daniel e Vanessa estava entrando no seu último ano em Hogwarts, mas Nick ainda estava muito fraca, pálida, com olheiras profundas. Os dias passavam, e eu não sairia daquele hospital até que Nick estivesse bem. 

Arizona e Addison não conseguiram ir para Nova York com a urgência necessária pois Seattle havia declarado estado de calamidade e todos os médicos haviam sido convocados. Meu caso era importante, mas as pessoas estavam morrendo e precisavam mais delas que eu. Assim que fossem liberadas, seriam levadas para a Nova York. 

Guardei o pedido de Nicole comigo por algumas semanas, até que uma noite, ela voltou a pedir que eu buscasse os dois adolescentes peculiares, pois sentia que a vida estava deixando seu corpo.

Quando amanheceu, Adrienne foi até o quarto e eu contei o que Nick havia me pedido, ela concordou que eu deveria ir buscar as crianças, se era tão importante para ela. Tomei um banho, troquei de roupa e fui até a casa do menino Jacob.

Respirei fundo me acalmando, e toquei a campainha da casa dos Portman, dando um passo para trás, parando com as mãos nas costas. Uma mulher abriu a porta e ficou me observando preocupada.

- Tudo bem, sra Policial? – perguntou a mulher.

- A senhora é Mary Ann Portman, mãe de Jacob Portman? – perguntei.

- Eu mesma, o que meu filho fez agora? Olha, sra. Policial, meu filho é um bom garoto, seja lá o que ele tenha feito, não foi por mal, ele só ta empolgado com os novos amigos, só isso...

- Eu gostaria muito de falar com ele, se possível – pedi com gentileza – Posso entrar?

- Não sei se é apropriado... Estamos com visita...  – disse a mulher, nervosa.

- Sra Dragons? – perguntou o garoto, aparecendo ao lado da mãe – Que bom vê-la!

- Conhece a policial, Jake? – perguntou Mary Ann.

- Sim, fiquei uns dias na casa da sra. Dragons, entre por favor...

- Licença... – falei, quando a mulher deu um passo para o lado e eu entrei na casa, seguindo Jacob.

Ele passou o braço ao redor da minha cintura e me levou até o pátio dos fundos, onde algumas crianças e adolescentes riam das histórias de uma senhora com ar de dama londrina do século XX (20).

Emma estava sentada mais afastada, em um grande pano no gramado, usava um vestido azul claro, parecia mais velha de quando a conheci, o que era estranho, já que, pelo que me contaram de fendas do tempo, nenhum deles deveria envelhecer. Ela levantou e caminhou até mim, me abraçando forte. Todas as crianças e jovens, além da mulher, me olhavam curiosos.

- É bom vê-la novamente, Angel – disse ela, me soltando e sorrindo.

- Eu avisei que não precisariam da minha ajuda para ficarem juntos, não falei? – perguntei, puxando os dois para mais um abraço.

- É, estava certa – falou Jacob, sorrindo.

- E olha para vocês dois, estão envelhecendo no mesmo ritmo, juntos... são destinados um ao outro.

- Venha – falou Emma, me pegando pela mão – Gostaríamos de lhe apresentar nossa Ymbryne...

A menina me levou até a mulher, que levantou do banco onde estava e apertou minha mão, me olhando nos olhos.

- Alma LeFay Peregrine, Ymbryne das crianças e diretora do orfanato – se apresentou a mulher.

- Angel Dragons, não sei bem o que sou na vida dessas crianças, mas resumo como uma rainha com muitas responsabilidades – respondi – As crianças falaram muito da senhora, tem guerreiros incríveis.

- É a senhora que fala com Dragões? – perguntou uma menina com uns 9 anos, com sapatos pesados.

- Eu mesma, e você é Olive, certo?

- Ela sabe meu nome! – disse ela, radiante.

- Como descobriu onde estávamos, sra. Angel? – perguntou Jacob – Já fazem 6 anos...

- Sou uma rainha, militar, lembra? – falei sorrindo, mas um sorriso triste – Eu vim pois preciso conversar com a Srta. Peregrine...

- Vamos entrar – convidou a diretora – crianças fiquem aqui.

- Eu gostaria que Emma e Jacob viessem junto – pedi, e ela me olhou surpresa mas concordou.

Voltamos para dentro da casa e caminhamos até o escritório. A mãe de Jacob levou uma bandeja com café até nós e saiu em silêncio.

- A senhora está com um ar preocupado e cansado – falou Emma, segurando minha mão com carinho – Está diferente... O que aconteceu? Nick está bem?

- Muita coisa rolou desde os dias que passaram comigo. Eu e Nicole nos afastamos, eu tive 2 filhos, voltamos a nos aproximar...

- A senhora teve mais 2 filhos?! – perguntou Jacob, surpreso.

- Sim, passei por uma situação complicada envolvendo meu ex-marido, foi quando tive Melissa, e depois fui forçada a casar com um monstro em troca da vida de Nicole e dos meus filhos. Depois voltei a reencontrá-la, acabamos casando, Nicole engravidou...

- Como? – perguntou Emma – Como a senhora...

- Ciência – respondi, rindo sem alegria.

- Nicole é sua filha? – perguntou Srta. Alma, confusa.

- Minha esposa – respondi – é por causa dela que vim falar com a senhora.

- O que houve com a Nick? – perguntou Emma, preocupada.

- Está nos hospital – falei, encarando minhas próprias mãos – ela foi envenenada... quando tudo isso acabar, eu queria pedir para a senhora me apagar da mente dela... A mim e tudo relacionado ao que sentimos uma pela outra...

- Mas por que a senhora quer fazer isso? – perguntou Jacob.

- Porque isso é só uma amostra do caos que a vida da Sra. Angel irá se tornar daqui para frente – respondeu a Srta. Peregrine – A senhora tem certeza?

- Absoluta, é para a segurança dela... Já conversei com um velho conhecido que assumirá a responsabilidade sobre ela, vai assumir os bebês e protegê-la. Tive uma amostra do futuro e sei que essa perseguição vai durar, e eu não posso impor estes riscos a ela... A amo demais para permitir algo assim...

- Mas vocês se amam! – protestou Jacob.

- Exatamente por isso – falou Emma, compreendendo e se aproximando enquanto eu a envolvia em um abraço – Ela a ama tanto, que não suporta a ideia de vê-la sofrer e passar pelo que a família dela vai passar...

- Nick é humana, não pode se defender como nós... – falei, apertando mais Emma e deixando as lágrimas rolarem – Dragons me disse que, ou ela se afasta de mim, ou ela morre em menos de 6 meses...

- Eu faria isso... – falou Srta. Peregrine, com carinho.

- Nós podemos vê-la no hospital? – perguntou Emma, sem me soltar.

- Não acho que seja apropriado, crianças – falou a diretora, mas interrompi.

- Ela vai amar – falei sorrindo – Me pediu para levar vocês... Se a senhora permitir, vai fazer bem a ela... ela fala tanto de vocês dois...

- Podemos ir, Srta. Peregrine? – perguntou Emma.

- A senhora tem certeza? – perguntou Alma.

- Absoluta – confirmei – Posso levá-los hoje mesmo e trazê-los de volta em segurança.

- Eu autorizo – falou a diretora, me olhando nos olhos – Podem ir.

Os dois pegaram casacos e os levei de carro até o hospital, onde subimos direto para o quarto de Nick. Ela dormia sob a vigilância de Adrienne. Quando nos viu, levantou e caminhou até mim.

- Ela acordou chorando, chamando pela senhora, dei a ela algo para relaxar um pouco, de curto efeito – avisou a militar – Vou aproveitar e comer algo...

- Durma um pouco – falei a ela, tocando seu ombro – Você está precisando.

Me aproximei da cama de Nick e toquei sua barriga, fechando os olhos.

“Estamos bem” respondeu minha menina, e eu passei a mão com carinho nos cabelos de Nicole, observando-a.

- Você está aqui... – falou ela, sem abrir os olhos, sorrindo.

- Como sabia? – perguntei, olhando-a e me aproximando mais para beijá-la, mas ela colocou a mão sem força, em meu rosto – O que foi?

- Estou fedorenta – riu ela, ainda de olhos fechados.

- Como sabia que era eu? – perguntei, segurando a mão dela e beijando-a.

- Seu cheiro – sorriu ela.

- Amor, abre os olhos, fui buscar duas pessoas para te verem...

Ela abriu os olhos devagar enquanto Jacob e Emma se aproximavam da cama, quando os viu, seus olhos brilharem.

- Vocês... – falou ela, esticando a mão na direção deles, Emma se aproximou e segurou sua mão – Vocês estão juntos... Angel estava certa...

- Ela sempre está certa – sorriu Jacob – E você vai ter um bebê!

- Dois – disse ela, sorrindo apesar da fraqueza – Um menino e uma menina.

- Parabéns – sorriu Emma, beijando a mão de Nick.

Minha amada estava feliz, e era bom ouvir ela contando as novidades para o casal que tanto adorava. Os dois conversaram horas com ela, que também ouviu atentamente a aventura dos dois e do que havia acontecido desde que saíram do reino para a batalha, onde salvaram sua Ymbryne e seus amigos. Por volta das 20h fiz todos comerem, inclusive Nick, que com os amigos por perto, comeu sem reclamar.

Por volta das 22h avisei que os levaria para casa e Nick segurou mais forte a mão de Emma, olhando-a nos olhos, fazendo Jacob se aproximar também, e falando quase num sussurro.

- Sei que ela vai me afastar dela, para o meu próprio bem... – falou Nicole, quando saí do quarto para chamar Adrienne, mas parei do lado de fora para ouvir – Sei que ela tem medo que me machuquem por estar com ela, mas vou me machucar muito mais se tiver que perdê-la... Eu morreria pela Angel, ou por nossos filhos, não só esses que eu carrego, mas todos... Conversem com ela... Não permitam que ela me abandone... por favor... eu imploro...

Ouvir aquilo me rasgou, Nick sabia o que eu pretendia. Adrienne voltou com um ar um pouco mais descansada e com 3 livros nas mãos. Ela me olhou nos olhos e pela primeira vez em anos, me senti fraca e covarde, ela parece ter compreendido, pois me abraçou sem dizer nada, deixei umas lágrimas rolarem e respirei fundo, passando a mão no rosto e soltando Adrienne.

- Vai levar as crianças – falou ela, passando as mãos em meus braços – Eu fico aqui...

Voltamos para dentro do quarto e fui me despedir de Nick, que desta vez não fugiu do meu beijo, e segurou meu rosto mais tempo perto dela, me olhando nos olhos...

- Vamos ter 2 bebês... – disse ela, sorrindo – E seremos muito felizes, nós duas e todos os nossos filhos... Angel, eu te amo e estou disposta a tudo por nós... lembra disso...

Beijei-a sem pressa, com todo o amor que meu corpo permitia, aproveitando cada segundo. Quando soltei-a e me virei para sair do quarto antes das lágrimas caírem, esbarrei em House que me olhou, pela primeira vez não vi sarcasmo em seu olhar.

- Descanse, por favor – pediu ele, tocando meu ombro, num tom que lembrava algo quase paternal.

Saímos do hospital e levei os adolescentes para casa. Antes de voltar ao hospital, fui a Dragons, deixando o carro estacionado em frente a casa dos pais de Jacob. Parei em frente aos muros do reino e tirei a luva, mostrando a cicatriz. Um oficial estacionou o jeep ao meu lado e eu subi no banco do carona ao lado dele. Seguimos para dentro dos terrenos e pedi que me deixasse em frente ao pavilhão de Dragons. Entrei e o guarda levantou assustado.

- Saia – ordenei, e ele obedeceu em silêncio, caminhando para a rua e fechando a porta, caminhei até Dragons que me olhou com superioridade.

- Demorou para vir... – falou ele com calma.

- Chega! – falei, chutando um toco de árvore que era usado como banco – Estou cansada dessa palhaçada de você decidir o que EU vou fazer! Você disse que eu e Nicole não ficaríamos juntas, e 6 anos depois eu ainda a amo, mais do que a mim mesma, e ela me ama... ela me esperou e vamos ter dois filhos juntas, você errou!

- Ela corre perigo... – falou ele na mesma tranquilidade de sempre.

- TODOS AO MEU REDOR CORREM PERIGO O TEMPO TODO! MAS EU VOU CUIDAR DELA, ELA VAI ESTAR SEGURA COMIGO!

- Ela vai morrer...

- NÃO VAI! – gritei, arremessando uma bola de fogo na parede – VOCÊ TAMBÉM ERRA! NÃO É PERFEITO, VOCÊ MESMO DISSE QUE ELA É DIFERENTE!

- Você está exaltada... Precisa se acalmar...

- EU NÃO ESTOU EXALTADA! – continuei gritando, e uma grande bacia de água explodiu, nos encharcando enquanto minhas mãos emanavam fogo – SÓ ESTOU AVISANDO QUE CANSEI DESSE PAPO DE “DESTINO” E AGORA NA MINHA VIDA, MANDO EU!

- Não é assim que funciona, não é você quem escolhe e por sua causa, se você insistir nisso, ela vai morrer... – insistiu a criatura com a mesma calma de sempre que tanto me irritava.

- ENTÃO EU MORREREI TENTANDO MANTÊ-LA VIVA! – gritei, e outra parte do pavilhão explodiu. Minha raiva se misturando com o choro – Eu sempre fiz tudo o que me falou... Nunca pedi explicações ou outra coisa em troca... nem mesmo quando Lucas, Gabriel e D.J morreram e você me disse que assim era melhor, que eles precisavam morrer... Você falou que Nicole não respeita as visões... Jamais questionei suas ordens... Eu preciso de mais tempo...

Me escorei em uma mesa e deixei as lágrimas correrem livres apoiando as mãos nos joelhos.

- Eu sei que a ama de verdade, Angel, e sei que não amará mais ninguém além dela...

- Então a ideia sempre foi me fazer sofrer? – perguntei, encarando-o enquanto a água, choro e o suor escorriam pelo meu rosto, os olhos vermelhos e os caninos a mostra – Eu não tenho o direito de ser feliz, isso?

- Sinto muito...

Eu sentia todos meus dons colidindo dentro de mim, como se fossem explodir. A força da raiva que eu não sentia desde criança, amplificando e potencializando o poder de destruição. Mais coisas explodiram ao nosso redor, e outras tantas incendiaram, outras congelaram, meu corpo mesmo parado, destruía tudo ao redor. Me mantive de cabeça baixa, chorando e Dragons manteve a mesma calma, me observando.

Quando saí do pavilhão, seguida por Dragons, as pessoas do vilarejo e moradores do castelo, além dos militares, olhavam assustados para o fogo que tomava o pavilhão cercado por estacas pelo gelo. O militar vigia estava chocado e com olhar de culpa. Caminhei até ele, e o homem bateu continência para mim.

- Arranje novos aposentos para Dragons, no último andar do castelo, antes do térreo. Quero o andar inteiro só para cuidados com os Dragões. Transforme este pavilhão em um centro de treinamento.

- Sim senhora.

Toquei minha varinha no meu pescoço.

- Sonorus – falei, e minha voz ampliou-se magicamente – Atenção moradores de Dragons... Entraremos em estado de alerta máximo e ninguém entra ou sai do reino sem a autorização do Major Felltphs ou Stankovitz. Qualquer um com mais de 16 anos que queira entrar para o G.A.F.A, será bem vindo. Precisamos de intelectuais e de guerreiros.

- Quando a rainha Nicole volta?

A pergunta veio de alguém no meio da multidão que se aproximava.

- Espero que logo – respondi, lançando um feitiço em minha garganta e fazendo minha voz voltar ao normal.

- Angel – chamou Ana Lúcia, se aproximando correndo com uma equipe que começou a apagar as chamas – precisa que eu vá para o hospital com você?

- Não, madrinha... – respondi – preciso que cuide de tudo aqui pra mim...

- Me chame... para o que decidir... lembre que também sou madrinha de Nick e ela vai precisar da família se decidir tira-la de sua vida...

- Eu chamarei.

Caminhei por entre as pessoas que abriam caminho para mim, e fui direto para dentro da floresta, caminhando até a clareira onde ficavam os túmulos de quem eu havia perdido. Meu pai, Lucas, Gabriel, Draco Júnior e um simbólico da vó Nanda e da minha mãe Débora, já havia gente demais naquela clareira e eu não queria ter que enterrar mais ninguém. Xena e Gabrielle, que ainda viviam em Dragons, me encontraram sentada no chão de olhos fechados, escorada na lápide de Lucas.

Gaby sentou ao meu lado e segurou minha mão com carinho. Eu tinha que tomar uma decisão que iria mexer com a vida de toda minha família, e não sabia o que fazer.

- Converse com ele – sugeriu Xena, me observando – Ele vai poder te responder...

- Sabe que não acredito nisso... aquelas vezes, só conversamos porque ele me chamou... – falei, respirando fundo – Só preciso de um tempo para pensar...

- Levante – ordenou Xena, e eu obedeci – Largue as armas e tire o casaco, vamos lutar.

Obedeci, largando as coisas para que Gabrielle segurasse e parei diante de Xena que se preparou para me atacar. Não consegui tomar atitude, minha cabeça estava longe, e acabei tomando um forte soco ao lado da orelha. Me apoiei em uma árvore para respirar e ataquei Xena.

Nossa luta durou cerca de 40 minutos e apanhei e bati quase que de forma equilibrada, mas obviamente fiquei bem mais machucada que a guerreira. Depois da luta, entrei no lago próximo, de roupa e calçados, e mergulhei. Fiquei completamente submersa por 8 minutos, sentindo meus ferimentos arderem e o corpo doer. Voltei para cima, saindo da água e me deitando na grama, respirando fundo. Xena e Gaby me observavam com olhar de carinho.

- Já tomei uma decisão – falei, respirando com um pouco de dificuldade.

- Vamos nos trocar lá em casa – falou a guerreira, oferecendo a mão para me ajudar a levantar.

Xena e Gabrielle eram ótimas amigas e conselheiras, e sempre sabiam a hora certa de falar ou fazer algo. Vesti a farda deixada para mim, peguei uma fruta e caminhei para fora dos terrenos do reino.

De volta a casa dos Portman, encontrei Jacob e Emma escorados no carro, com a Srta. Peregrine fumando seu cachimbo em um balanço de madeira na varanda, observando o casal abraçado.

- Não está tarde para vocês dois estarem na rua? – perguntei, me aproximando do carro e enfiando as mãos nos bolsos – Boa noite Srta. Peregrine.

A diretora sorriu e fez um discreto gesto com a cabeça.

- Ficamos preocupados – respondeu Emma, me olhando melhor – O que houve com você? Está muito machucada...

- Fui em Dragons, pensar no que faria. Preciso voltar ao hospital – falei, puxando a varinha e conjurando um buquê de flores – eu ligo para vocês, mantenho os dois informados, agora vão dormir, em quartos separados, claro, não é hora de estarem na rua.

Dei um beijo e um abraço em cada um e entrei no carro, largando o buquê no banco do carona. Dirigi até o hospital e estacionei na minha vaga, subindo e indo direto para o quarto de Nick. Adrienne e Allison conversavam aos sussurros enquanto Nick dormia.

Fiz um gesto para que as duas saíssem e tranquei a porta, caminhando até a cama de Nick e largando o buquê com cuidado em seu colo. Ela abriu os olhos devagar e se assustou quando viu meus machucados.

- Meu amor... – falou, tocando de leve meu rosto – O que...

- Xena – respondi sorrindo, tocando minha testa na dela – Ela viu que eu precisava... Gostou das flores?

- Eu te amo... – falou ela, me beijando.

Larguei as flores na mesinha ao lado da cama e tirei o casaco, deitando na cama ao lado dela e olhando-a nos olhos.

- Nick, lembra quando tudo começou?

- Sim – sorriu ela, sem desviar o olhar.

- Desde que nos beijamos a primeira vez, eu sabia que você teria um efeito perigoso em mim, só não imaginei que você seria a pessoa por quem eu estaria disposta a morrer...

- O que quer dizer com isso?

- Que não vou te afastar de mim. Não vou abrir mão de você... Fizemos um voto e nele prometi te amar enquanto eu pudesse... bom... eu posso o resto da minha vida...

Nicole me impediu de continuar falando e me beijou, de forma lenta, suave, e eu sentia o amor dela de todas as formas. Destranquei a porta sem me levantar da cama e me ajeitei melhor, fazendo Nick deitar a cabeça em meu ombro e acariciando sua barriga, cantando baixinho.

O veneno, apesar de já não estar mais no corpo de Nicole, havia debilitado-a muito, e sair do hospital ainda não era uma opção. Deitada ali com ela, pela primeira vez em 50 dias eu dividia a mesma cama com minha amada, e finalmente consegui descansar.

Acordei o que pareceu horas mais tarde, já começava a amanhecer e ouvi alguém mexendo na maçaneta. Saquei a arma e apontei, engatilhando e me preparando para levantar. Adrienne entrou carregando uma bandeja de café.

Levantei devagar, voltando a travar a arma e prendendo-a na perna. Me sentei no sofá, ao lado da militar, e peguei um copo grande de café com meu nome e um sanduíche, me escorando.

- Se decidiu, não foi? – perguntou ela, comendo.

- Não vou deixá-la. As crianças estão em Hogwarts, vou mandar Z para treinar em Dragons, e Luana já começou em Parsons. Eu fico aqui e só saio quando ela melhorar, e sair comigo.

- Eu tinha certeza que não a deixaria... Fiquei sabendo do estrago que fez em Dragons...

- Aquele dragão é muito enxerido... não aguento mais ele decidindo o que posso ou não fazer... Adri, quero que ligue para saber de Addison Montgomery e Arizona Robbins... Veja se consegue uma autorização para trazê-las... Sei que metade de Seattle foi destruída durante a passagem do furacão, mas quero as duas aqui imediatamente... Chame-as e as coloque a par do caso da Nick... eu preciso de um banho...

- Pode deixar, eu vou cuidar de tudo... Vá se trocar, tira um pouco esta farda...

- Eu... Eu destruí a vida dela, não foi?

- Você DEU uma vida a ela... É diferente. A sra Nicole, a ama... como nunca vi ninguém amar outra pessoa... Não se culpe, ela sabia o que estava fazendo, desde o início.

- Talvez quem não soubesse, fosse eu... – respondi com tristeza – Er... já volto.

Saí do quarto e caminhei perdida em pensamentos pelo corredor.

- Angel? – perguntou uma voz conhecida, a minha frente.

Ergui a cabeça e caminhei na direção da mulher, surpresa. Quando cheguei perto, a abracei forte, fechando os olhos. Ela passou a mão de leve nas minhas costas, retribuindo o abraço. As lágrimas rolaram livres, eu estava numa batalha comigo mesma sobre o que era certo, e o que meu coração me mandava fazer.

- Sabe... – falou ela, abraçada em mim, me levando pelo corredor – Aprendi que não precisamos ser fortes o tempo todo... as vezes, ser humana, pode ser bom... Aqui, tem uma sala vazia... Vamos usar ela...

Entrei na sala e ela me colocou sentada na maca, eu não conseguia parar de chorar. A mulher fechou a porta e parou a minha frente, me abraçando e fazendo carinho em meus cabelos. Por 10 minutos eu apenas chorei... Não havia o que falar, apenas dor, muita dor, algo que beirava o desespero. Quando me acalmei, ela me deu lenços e sentou ao meu lado na cama, passando a mão nas minhas costas, esperando os soluços diminuírem.

- O-Obrigada... – falei, respirando fundo e secando os olhos no lenço.

- Tá tudo bem... sou especialista em crises de choro, lembra? – riu ela, me dando um beijo no rosto, ainda passando a mão em minhas costas – Tá mais leve?

- Acho que estou... o que faz aqui?

- Me mudei para Nova York a uns 2 anos... Vim para ficar com uma namorada... Trouxe Sophia comigo... Perdi a namorada... e agora Sophia pediu para ir morar com Arizona...

- Como assim namorada, Callie...? E a Arizona?

- Arizona me traiu... pediu um tempo, fizemos terapia, e eu terminei... muita coisa aconteceu desde que nos vimos a última vez... Trabalho com pesquisas neste Hospital, quando me disseram que a dona do lugar estava internada aqui, fui investigar quem era a pessoa, e achei seu nome...

- E como teve acesso ao esse andar?

- Digamos que este crachá, tem poderes especiais – riu ela, mostrando o crachá com os dizeres: “Ortopedista – Equipe Alfa – Dragons”, logo acima da foto – parece que ele abre muitas portas e dá acesso a lugares bem interessantes... Quer me contar o que houve?

- Nicole está grávida... de um filho meu...

- Me conta como fez isso?

- Ela fez – respondi, dando um sorriso, e ela sorriu também – Usou meus óvulos e um doador anônimo, para engravidar quando eu estava viajando em missão... Ela estava grávida quando voltei... as crianças devem nascer em menos de um mês...

- Essa menina te ama demais...

- Nos casamos... – contei, fungando – Do jeito errado... mas nos casamos... ou quase isso, fizemos um voto perpétuo, e depois a cerimônia. Eu... eu não suportaria perdê-la...

- É uma gravidez de risco?

- Não era... até ela ser envenenada... agora é...

- Algo que eu possa fazer?

- Não... na verdade... sim, tem...

- O que? É só me dizer...

- Fica aqui comigo... não me deixa sozinha... Eu não aguento mais ser forte... o meu corpo não aguenta mais... e eu to sentindo que posso perder a cabeça a qualquer momento...

- Eu não vou deixar – respondeu ela, me dando um beijo na cabeça – Estou aqui com você... Torres e Dragons, novamente juntas, tocando o terror no hospital...

- Obrigada Callie...

- Não tem que me agradecer, trabalho para você, lembra?

- Devo te demitir?

- Não, mas eu aceito um aumento... – riu ela, levantando da cama – Onde estava indo?

- Tomar um banho...

- Vem, eu te levo... – falou ela, pegando minha mão – Deixa eu cuidar de você... Sempre sonhei te ver nua, será uma excelente desculpa...

- Eu realmente deveria te demitir...

- Vem logo – riu ela, me puxando.

Callie me levou até a sala de descanso, e eu tomei um banho, coloquei um abrigo e me deitei numa das beliches, de olhos fechados. A ortopedista deitou comigo, e eu acabei caindo no sono, acordei com Adrienne me chamando, Callie não estava mais no quarto.

- Está melhor? – perguntou minha Major, me entregando um copo de café.

- Apaguei quanto tempo? – perguntei, passando a mão no rosto e colocando os óculos.

- 6h...

- A Nick... – falei, levantando assustada.

- Relaxa, Dra Torres tá com ela, só te acordei porque preciso de você, as médicas que convocou, estão chegando, vão descer no heliporto...

- Vamos... – falei, calçando as botas e pegando o casaco pendurado na cadeira.

Adrienne subiu comigo para o terraço, e esperamos o helicóptero em silêncio. Quando ele chegou e as médicas desceram, se aproximando, Addison foi a primeira a me abraçar, enquanto entrávamos no elevador.

- Está abatida – falou Addison, me olhando bem enquanto Arizona me abraçava – perdeu peso... Allison te deu algo para tomar?

- Mandei Allison para outro país, para estudar – respondi, soltando Arizona, que também começou a me observar.

- Vamos fazer um exame de sangue nela – avisou Adrienne – ver como está a anemia... Desculpe, não me apresentei, Adrienne Stankovitz, obstetra da Sra Nicole...

- Addison Montgomery – falou a médica, apertando a mão dela – A melhor obstetra do país... Fiz o parto dos filhos da Angel...

- Arizona Robbins – falou a loira, também apertando a mão de Adrienne – Cirurgiã fetal, e pediátrica.

- É uma honra conhecer toda a equipe Alfa – falou a militar.

- Conhece a Callie? – perguntou Arizona.

- Sim, a algum tempo...  – confirmou Adri, quando saímos do elevador e caminhamos para o quarto de Nick.

Quando paramos na porta do quarto, ouvimos uma gargalhada conhecida, e Arizona e Addison se olharam. Adrienne abriu a porta e fiz um gesto para que as duas entrassem na frente.

- Que bom que voltaram – riu Callie, mas ficou séria ao ver a ex mulher – Arizona?

- Você está aqui... – falou a pediatra, corando – e está... muito bonita...

- Eu... oi... – falou Callie, levantando e caminhando até Addison, lhe abraçando – bom te ver...

- Pena que em uma situação assim... – respondeu a obstetra.

- Como está, Nick? – perguntou Arizona, tentando não olhar para Callie.

- Explodindo – riu ela, abatida – Não precisava convocar toda a equipe Alfa para isso, Angel...

- Eu tentei convocar antes, mas Seattle está em estado de calamidade por causa de um tornado – respondi, me aproximando e dando um beijo de leve nela – agora você tem Adri, Addison e Arizona pra cuidar e você...

- E Callie cuida de você – riu Nick – Ela disse que te mandou para o banho e dormir...

- Ela quebra ossos, melhor não desobedecer...

- Onde podemos nos trocar? – perguntou Addison.

- Eu mostro – falou Callie – vamos deixar o casal se curtir um pouco...

As mulheres saíram do quarto e foram para o vestiário.

- Está vivendo em Nova York então? – perguntou Addison, abraçando Callie, que olhava de canto para a ex mulher.

- Sim... trabalho aqui, neste hospital... Er... Arizona, como a Sophia está?

- Ficou com a Meredith... Chegou aqui a muito tempo?

- De manhã... mandei Angel para o banho e a coloquei para dormir... tirei sangue dela e já mandei para o laboratório... Ela esta sem sair deste hospital desde que Nick foi internada... quase não come, não dorme, vai desabar a qualquer momento...

- Qual é realmente o quadro de Nick? – perguntou Addison, quando elas entraram no vestiário e começaram a se trocar.

- Crítico – admitiu Adrienne, se sentando no banco e passando a mão no rosto.

- A culpa não é sua – falou Callie, colocando a mão sob os ombros da militar – tem feito o que pode, mas não pode se responsabilizar por tudo que aconteceu...

- É o meu trabalho... – falou Adrienne, olhando para as médicas, que terminavam de se trocar – sou a responsável pela segurança da família e falhei no meu trabalho...

- Conseguiram controlar o veneno... – falou Callie, olhando-a – Salvaram a vida da Nick...

- Mas a menina está fraca... – respondeu a militar – Não sei se sobrevive ao parto...

- É pra isso que estamos aqui – respondeu Addison – vamos salvar estes bebês...

Uma sirene disparou e Adrienne levantou rápido, colocando a mão sobre a arma, assustando as médicas.

- Algo me diz que esse som não é bom – falou Arizona.

- Callie, leve as duas para o quarto da majestade e tranque a porta. Código preto.

- Venham – pediu Callie, puxando uma arma da cintura e saindo para o corredor, atenta as pessoas correndo.

- A quanto tempo tem porte de arma? – perguntou Arizona, surpresa.

- Desde que nos separamos – respondeu ela, guiando as médicas – recebi treinamento para casos assim... pedido da Angel, entrem.

Ela abriu a porta e faz um gesto para que as médicas entrassem. Eu estava a frente da cama de Nicole, a arma apontada para a porta e o dedo no gatilho.

- O que está acontecendo? – perguntou Addison.

- Código preto – respondi, indo até a janela e olhando para fora, a arma ainda em mãos – invasão. Ninguém sai deste quarto até eu mandar.

- O que quer dizer com invasão? – perguntou Arizona, assustada.

- Que alguém veio terminar o que começou – respondeu Nick, olhando para as médicas – vieram me matar...

- Vão ter que me matar primeiro – respondi, guardando a arma e puxando a varinha, fazendo um movimento amplo, circulando o quarto – Protego totalum, Aparato repelio, Cave Inimicum, Repelo Inimicum, Protego Maximo, Fianto Duri!

- O que ela tá fazendo? – perguntou Arizona, me observando confusa.

- Tem algo que não contamos sobre a Angel – falou Nick, olhando para as médicas – basicamente, bruxos existem... Angel tem tanto dinheiro porque é uma rainha bruxa... ela está fazendo escudos de proteção ao redor do quarto. Somos atacadas frequentemente por trouxas, pessoas como eu e vocês, e por bruxos, pessoas como ela...

- Acho que preciso sentar... – falou a pediatra, sentando devagar no sofá -  Callie, a quanto tempo sabe disso?

- Desde que levamos Nick para vê-la... Mark já ficou com a cunhada da Angel, e ela também é bruxa...

- Pronto – avisei, voltando a guardar a varinha e puxando a arma, olhando para a porta – Callie, se me derrubarem, você atira pra matar...

Houve uma explosão e um clarão verde, enquanto o hospital inteiro estremecia, Addison e Arizona pareciam aterrorizadas, mas se colocaram na frente da cama de Nick, como um escudo humano. Mais explosões e tremores atingiram o hospital.

- Esse prédio não vai aguentar – falou Addison, preocupada.

- Hogwarts não aguentou, imagina um prédio trouxa – falei, sem tirar os olhos da porta.

Caminhei até a janela que dava para o corredor e vi Adrienne duelando contra 5 bruxos encapuzados, e ela parecia estar com dificuldade de mantê-los longe. Olhei para as mulheres no quarto comigo, e caminhei até Nick, lhe beijando.

- Te amo... – falou a grávida - vai e faz o que precisa fazer...

- Eu volto... – sussurrei.

- Eu conto com isso – respondeu Nick, passando a mão em meu rosto e sorrindo.

- Callie não deixa ninguém sair, estarão seguras aqui – falei, destrancando a porta, saindo, e voltando a fecha-la.

- O que ela vai fazer? – perguntou Addison, caminhando até a porta e espiando pela janela.

- Vai salvar os guerreiros dela... – falou Nick, segurando a mão de Callie – Angel não tem muitos amigos... se algo acontecer comigo, por favor cuida dela para mim...

- Não vai te acontecer nada – falou Arizona, ainda atônita – tem as melhores médicas com você... bruxa? A madrinha da Sophia é uma bruxa?

- Uma rainha – sorriu Nick, de olhos fechados – A minha rainha...

Avancei contra os homens que duelavam contra Adrienne, puxando a adaga e enfiando na barriga de um deles, incendiando as mãos e ateando fogo em outro, as coisas explodiam ao redor, o chão vibrava, haviam mais homens encapuzados duelando contra os bruxos pelos corredores, e tiros riscavam o ar ao lado de feitiços e descargas elétricas, espinhos e rajadas de vento que jogavam os homens contra a parede, vindos dos enfermeiros e médicos pelos corredores e salas.

- Ei Dragons – chamou uma voz conhecida, aparecendo no corredor – sentiu minha falta?

- O que quer, Gabriel? – perguntei, segurando a varinha com força e olhando-o nos olhos – o que acha que vai ganhar com isso?

- O prazer de matar mais um de sua família... ou mais 3... sua bela esposa e os gêmeos... tem um gosto especial matar quem você ama... Tenho um novo empregador, e ele concorda com meus métodos...

- Quem é seu novo empregador, Gaunt?

- Você tem tantos inimigos que fica difícil saber qual pagaria para te ver morta né? Mas, pode ficar tranquila, Angel... você não é nosso alvo... só sua família... Mandamos Yaxley matar seu gentil marido e aquela criatura nojenta que carregava meu nome, depois ele matou seu namoradinho ruivo, contratamos o caçador para matar seu marido e as versões em miniatura dele, mas o cara não era muito bom e fracassou, deixando um dos bebês vivos... contratamos “o gênio” para envenenar sua amada esposa, mas você parece ter excelentes recursos e salvou sua esposinha e filhos, então vim pessoalmente terminar o trabalho.

- Vai ter que me matar primeiro – falei entre os dentes, os olhos vermelhos, tomada pela raiva.

- Você se esforça demais para salvar uma reles trouxa... – falou ele, em tom de reprovação – Eu vi que era uma covarde no momento que foi chamada para a Grifinória... Você é arrogante, metida a herói, mas não passa de uma fracassada, como seu priminho que você permitiu que matasse Milorde...

- Se ele foi morto por um garoto de 17 anos que só sabia usar “Expelliarmus”, devo ressaltar que talvez ele não fosse tão soberano e poderoso quanto dizia... vamos terminar logo com isso Gaunt, me mata...

- Acho que prefiro te ter como escrava... – sorriu ele, girando a varinha entre os dedos - ou acha que esqueci o sabor do seu sangue mágico-mutante? Como Malfoy conseguiu te manter sob custódia por tanto tempo? Viver entre esses imundos, te deixou burra e fraca?

- Sectumsempra! – falei, com um movimento rápido da varinha.

- Protego! – reagiu ele, com uma risada louca – Sério? Não lembra mais como usar uma maldição, ou será que essa sua versão doce, meiga e covarde, não acredita no uso de Magia Negra?

- Cruccio! – reagi, e seu sorriso virou uma careta de dor que o fez cair de joelhos no chão e começar a se contorcer, mantive a varinha apontada para ele – Eu não sou covarde, não virei meiga e boba, e não vou admitir que entre no meu hospital, e mate as pessoas que estão sob minha responsabilidade! Avada Kedrava!

O jorrão de luz verde saiu da minha varinha e atingiu Gabriel no peito, fazendo-o arregalar os olhos e desabar no chão, sem vida. Assim que os homens viram o corpo do bruxo, começaram a desaparatar, um a um, até que todos sumissem.

- Está bem? – perguntou Adrienne, correndo até mim e olhando o corpo no chão – Acabou... Matou Gaunt, ele não vai mais dar trabalho...

- Esse não é o verdadeiro Gabriel, ele não viria pessoalmente... – respondi, voltando a guardar a varinha -  você está bem?

- To sim... vou ver a equipe, volte pra Nick...

- Obrigada – respondi, dando um tapinha no braço dela e seguindo para o quarto.

Quando entrei, dei de cara com Callie, com a arma apontada para mim, e Addison socorrendo Nick, enquanto Arizona segurava sua mão.

- Nome completo de sua afilhada e como descobriu que eu estava grávida? – perguntou a ortopedista, sem mover um músculo.

- Callie, é a Angel, o que está fazendo? – perguntou Arizona.

- O meu trabalho – falou Callie, séria – Responda...

- Minha afilhada se chama Sophia Robbins Sloan Torres, e eu soube dela no dia te que ensinei a atirar, algum tempo depois que meu filho morreu...

Tirei a luva da mão esquerda e mostrei a cicatriz, e a médica baixou a arma, parecendo aliviada. Me aproximei, dando um abraço nela e então caminhando até a cama, Nick tinha entrado em trabalho de parto e Addison verificava a posição dos bebês com uma ecografia. Apertei o rádio na cintura, chamando Adrienne, e parei ao lado da cama, trocando de lugar com Arizona e pegando a mão de Nick.

- Você voltou... – sorriu ela, visivelmente com dor.

- Eu prometi – respondi sorrindo e lhe beijando – Addison, e ai?...

- Preciso falar com Adrienne e Arizona – avisou a obstetra, desligando o monitor e pegando o prontuário eletrônico, digitando algumas informações – é seguro sair?

- Sim – respondeu Adrienne, abrindo a porta – Venham...

As médicas saíram, deixando apenas Callie, eu e Nick no quarto, fechando a porta.

- O que você viu? – perguntou Arizona, olhando para a ruiva.

- Precisamos tirar os bebês o mais rápido possível, olhem isso... – respondeu a médica, puxando as imagens que havia feito e mostrando para as duas – eu sei que a Angel é uma mutante, a novidade para mim, é esse lance de bruxa, acha que isso pode ter causado... isso...?

- Não, biologicamente as crianças bruxas nascem idênticas as trouxas, digo, crianças não-mágicas – respondeu Adrienne – Mas sei o que pode ter causado o que estamos vendo... vou pedir uma sala, preparem ela, entraremos nós 3, vamos precisar de todos os braços possíveis. Vou deixar Callie de olho em Angel durante o parto, ela vai querer entrar, e é médica, não podemos impedir...

- Onde está Amanda? – perguntou Addison – Era ela quem mantinha Angel calma...

- Amanda é muito boa, mas não sabe lidar com situações como essas, além do mais, ela tá garantindo que a vida do castelo não pare, mantendo todos tranquilos e confiantes. Nick é bem vista no Castelo, os Dragonianos amam ela, é nossa rainha tanto quanto Angel.

- Castelo? – perguntou Arizona.

- Agora que sabem de tudo, poderão ir lá sempre que quiserem, Callie já foi algumas vezes, vamos ao trabalho, vejo vocês na sala de cirurgia.

Adrienne se afastou, e Addison e Arizona observaram por alguns segundos, homens e mulheres vestidos de médicos e enfermeiras, movimentando varinhas e fazendo as coisas quebradas, voltarem ao lugar, completamente inteiras. O movimento de concerto era como ver um vídeo ao contrário, quase hipnotizante. Elas voltaram para dentro no quarto no momento que eu terminava de vestir a blusa azul escura, observando Nick adormecida.

- Estamos prontas para ir pra sala de cirurgia – avisei, e as duas me olharam surpresas, quando Callie saiu do banheiro também vestida.

- Vocês ouviram nossa conversa? – perguntou Addison, caminhando até Nick e verificando algumas informações no monitor, fazendo registros.

- Angel tem uma audição capaz de ouvir uma agulha caindo do outro lado deste hospital, além de saber ler mentes – respondeu Callie – foi assim que ela soube o que Karev pensou sobre ela, quando estava para ter os gêmeos.

- Então leu nossa mente quando saímos? – perguntou Arizona.

- Esse quarto tem um bloqueio para que eu não faça isso – respondi – mandei fazer assim para que me controlasse, as vezes é bem difícil.

- Ela é bem metida mesmo – falou Nick, fazendo uma careta de dor – mas as vezes faz sem querer... meus bebês vão nascer?

- Vão Sra Dragons – sorriu Addison – tem a equipe Alfa cuidando dos seus bebês, estamos fazendo tudo para que vocês fiquem bem logo, ok?

- Angel confia em vocês – falou ela, quase sem forças – Então eu confio em vocês... Só tenho uma coisa a pedir...

- Fala Nick, o que podemos fazer por você? – perguntou Arizona, colocando a mão com carinho em sua perna.

- Quero estar acordada, no momento que eles nascerem... depois que eu ver os dois, podem me apagar, mas só depois de eu ver o Anthony e a Débora...

- Eu prometo – respondi, dando um beijo na minha esposa – vai dar um beijo nos seus filhos antes de dormir...

- Angel... – chamou Nick.

- Fala, meu amor...

- Não deixa nossos bebês morrerem... eu nunca me perdoaria por ser responsável pela morte de mais um filho seu... se for para escolher entre mim e os bebês... escolha os bebês... mas nunca esqueça que te amo mais do que a mim mesma...

- Nada vai acontecer meu amor, você não vai sofrer mais... eu juro – respondi, respirando fundo para não chorar – lembra que tudo que faço, é pra sua felicidade...

- Vivi os anos mais felizes da minha vida, ao seu lado – sorriu ela, apesar da dor – não mudaria nada se pudesse voltar no tempo...

Adrienne voltou e as médicas soltaram as travas da cama e a puxaram pelo corredor, agora completamente inteiro novamente, como se o ataque não tivesse existido. Fiquei mais para trás, com Callie, que notou que eu parecia prestes a desabar.

- O que você sabe, que eu ainda não sei? – perguntou ela, me observando.

- Preciso ligar para duas pessoas, e já vou... – falei, respirando fundo e pegando o celular do bolso – vai e fica com ela até eu chegar...

- Não vai fazer nenhuma bobagem né?

- Vou fazer o que é certo – respondi, olhando-a nos olhos, colocando o celular na orelha.

- Respira, por favor – falou ela, me dando um beijo no rosto e correndo para alcançar as médicas.

Terminei as ligações e corri para a sala. Nick estava na maca de cirurgia, Addison seria a cirurgiã chefe, Arizona e Adrienne estavam sob o seu comando. Lavei as mãos e entrei na sala de cirurgia, parando no lugar de Callie, que se afastou para me observar.

O parto começou, cada movimento das médicas parecia muito calculado e as três trabalhavam em perfeita sincronia. O primeiro bebê retirado foi o menino, forte, com uma garganta e tanto. Adrienne o pegou, fez uns exames rápidos, o limpou um pouco e colocou o menino nos meus braços. Levei ele até Nick, que chorava, para que ela pudesse ver o filho.

- Ele é perfeito – chorou ela, beijando o filho.

- Como você – respondi, dando um beijo nela e outro nele, controlando ao máximo a vontade de chorar.

- Agora precisamos levá-lo para fazer todos os exames – falou Arizona – prometo que vão voltar a vê-lo em breve...

- Tudo bem – soluçou Nick – Vamos esperar a Deh...

Entreguei Anthony para Arizona e olhei para Addison, falando por pensamento:

“Eu quero pegá-la também, por favor... Sei as consequências...”

- Vamos tirar essa guerreira, pra que ela possa ver as mães lindas que ela tem – falou Adrienne.

Alguns minutos depois saiu o segundo bebê, sem chorar, a menina era delicada e pequena, frágil, e respirava com um pouco de dificuldade. Me aproximei e estiquei os braços na direção dela, enquanto Addison a enrolava num pano branco e me entregava. Aproximei a pequena cabecinha da menina do meu rosto, as lágrimas escapando dos meus olhos, completamente sem controle. A pequena tocou meu rosto com a mãozinha que não era maior que uma moeda, e eu pude ouvi-la.

“Ele ta bem?” me perguntou ela.

“Graças a você” respondi, levando-a até Nick “fale com ela...”

“Sabe o que deve fazer depois, mamãe...”

- Eu sei... – respondi, deixando-a próxima o suficiente para que ela pudesse tocar o rosto de Nick.

“Você é linda como um anjo, mamãe... não foi culpa sua, eu te amo e nunca vou te esquecer... cuide do meu irmão...”

- Por que ta dizendo isso? – perguntou Nick, começando a se exaltar, seu coração agora batendo com o dobro de força – Angel, o que ta acontecendo? Não... não... não! Não pode ser...

A menina fechou os olhos e sua cabecinha caiu para o lado, enquanto o desespero de Nick aumentava. Callie se aproximou e pegou o frágil corpo da menina, entregando para uma das assistentes que a tirou da sala.

- Nick, eu te amo e sempre vou te amar, mas agora você não vai mais sofrer, como eu prometi... – falei, chorando e dando um beijo nela.

A anestesista se aproximou e Nick adormeceu, enquanto Adrienne e Addison tentavam estabilizar a pressão e os batimentos dela. Callie se aproximou de mim e me puxou para fora da sala, deixando as médicas trabalharem. Assim que saímos, me apoiei na pia e chorei... tudo que segurei desde que Nick foi hospitalizada, eu me permiti desabar enquanto Callie me abraçava e passava a mão em minhas costas.

Levei alguns minutos até me recuperar, e então fui até a sala de reunião, onde House olhava para o quadro branco, sem parecer pensar em nada, enquanto era observado pelo meu ex-namorado, Doug Matarazzo, e pela Srta Alma LeFay Peregrine, ymbryne dos meus pequenos amigos Emma e Jacob.

- No final das contas, eu não consegui, não é mesmo? – falou House, ainda olhando para o quadro – meu trabalho era salvar a mulher da sua vida e os seus filhos, e eu falhei...

- Você ajudou a curá-la... – respondi, olhando-o – é responsabilidade sua, ela ainda estar viva...

- Ainda assim eu falhei... eu... preciso de um café... fiquem a vontade...

- Ele foi o seu orientador na residência?  - perguntou Doug, se aproximando – Sempre imaginei um cara mais forte e mais... sarcástico...

- Obrigada por ter vindo, e por aceitar essa loucura... – agradeci, puxando-o para um abraço.

- É uma guerra, se preciso escolher um lado, eu escolho o seu... Eu não tenho mais ninguém, além de um irmão caçula mal agradecido... Faço isso por você, minha eterna rainha...

- Sabe a responsabilidade que está recebendo né?

- Sim... E não vou te decepcionar...

- Conto com isso – respondi, e então me virei para a mulher – Srta Alma, obrigada por ter vindo...

- Tenho uma divida eterna com você, pelo que fez pelas minhas crianças... Pode sempre me chamar...

- Eu... só preciso de alguns minutos... – falei.

- Leve o tempo que precisar – respondeu Alma.

- Com licença, Callie, pode fazer companhia para os dois?

- É isso mesmo que quer fazer? – perguntou a ortopedista.

- Já está decidido – respondi, saindo da sala e indo até o berçário.

Arizona terminava de examinar Anthony, e ergueu os olhos quando entrei.

- Sinto muito... – falou ela.

- Eu sabia que ela não sobreviveria muito tempo depois do parto... ela disse que só estava esperando para nos ver, antes de partir...

- Falou com sua bebê quando ela ainda tava na barriga da Nick? – perguntou a médica, confusa.

- Débora é como eu... telepata... ela que manteve o irmão seguro durante o ataque biológico que Nick sofreu... usou todas as forças para manter o Anthony respirando...

- E não contou para Nick, que a menina não iria sobreviver?

- Ela não suportaria...

- E você?

- Eu já perdi 3 filhos, contando com a Deh... depois de um tempo meio que nos acostumamos com a dor... Mas agora ela não vai mais sofrer, eu só... só preciso me despedir do meu menino... Ele terá uma vida segura a partir de hoje...

- O que quer dizer com isso? – perguntou Arizona.

- Que ele crescerá longe da loucura que é a minha vida... como uma criança normal... – falei, tocando de leve, a minúscula mãozinha de Anthony – Cuida da sua mãe por mim, seja um bom menino... mais como ela, menos como eu... Juro que nunca vai te faltar nada, estará seguro meu amor, e você sempre estará no meu coração...

Passei a mão de leve na cabeça dele, tentando me manter forte. Era a primeira vez que eu escolhia afastar um filho de mim, mas precisava fazer isso por ele e por Nick.

Voltei a sala de reuniões e dei o ok para Alma e Doug, sem coragem para ficar, assim que soube que Nick estava recuperada, troquei de roupa, colocando minha farda preta, peguei o pequeno corpo sem vida de Débora e fui para Dragons, acompanhada por Callie e Adrienne, deixando Nick aos cuidados de Addison e Arizona, que foram devidamente instruídas do que fazer e o que poderiam dizer. Luana me esperava em Dragons, com Z e meus pais Kate e Tom, que agora estavam passando uma temporada no castelo a pedido meu.

- Mãe... – falou Lu, me abraçando com força – Estou com você, eu juro... O que faremos agora?

- Vamos nos preparar para uma guerra que só os Dragons precisarão lutar... – respondi – foi aberta a temporada de caça dragoniana, e nós somos o alvo...


Notas Finais


Finalizado: 04.12.2017 - 06h53
1° x editado: 05.01.2019
2° x editado: 22.03.2019
3° x editado: 22.08.2019
4° x editado: 28.08.2020


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