História Diário de uma jornalista - Parte 2

A porta se abriu e ela não pôde acreditar no que viu. Era ele, mas não era o que ela esperava.

Downey estava de roupão, em baixo só uma samba canção. Chinelos, um saca rolhas numa mão e uma garrafa de vinho na outra, na boca o cigarro pendia. Ele parecia cansado e displicente, nem um pouco preocupado, parecia ter esquecido seu compromisso, parecia realmente não esperar por ela.

Ele olhava pra baixo, pra ela, na escada do hall de entrada. Com a cabeça levemente pra cima, como com alguma dúvida do que Claire fazia em sua porta, ele perguntou: “Você é a repórter?” Seus olhos semicerrados e o cigarro balançando enquanto ele falava. Não, ele não havia esquecido.

Ela estava chocada com a visão e a forma como ele tratou aquela entrevista, como se não tivesse importância. Mas ela precisava dele e tinha deixado seus sentimentos de lado antes de subir aquela escada, agora ela era a repórter e tentava parecer, apesar de tudo, simpática. Ela sorriu e respondeu: “Sim.”

-Entra...

Ela havia entrado, seus olhos percorriam cada detalhe da sala. Do teto ao chão e ao seu lado esquerdo, sentado no tapete, estava um menino. Cabelos loiros, compridos, uns 6 anos, brincando com bonecos e carrinhos. Era a Indio, o filho de Downey.

Ela voltou seus olhos para Downey e ele não se preocupou em explicar nada, nem se quer se desculpar. Robert simplesmente disse: “Espera um pouco aí, eu vou pegar umas coisas na cozinha.”

Lá estava ela, calada, em pé no meio da sala. Seus olhos bateram novamente em Indio e ele olhava para ela com dois grandes olhos, infantis, puros. O menino era uma graça. Claire não tinha jeito pra crianças, ela não brincava com elas, mas as achava um amor. Ela se encantou de cara pelos olhos grandes e redondos.

Robert estava de volta e entregava a ela uma taça de vinho, Claire aceitou e deu seu primeiro gole. A garrafa continuava com ele, junto a outra taça vazia.

-Vamos pra biblioteca, meu escritório fica lá. E eu também tenho um convidado.

Indio tinha ficado na sala, ela espiou e o viu acompanhando-os enquanto adentravam a casa. Ela deu um sorriso pro menino, uma forma de dizer até mais.