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História Dias de Guerra - Dia XXIII Apenas um dia mundano de servos da morte.


Escrita por: KimonohiTsuki

Capítulo 23 - Dia XXIII Apenas um dia mundano de servos da morte.


Fanfic / Fanfiction Dias de Guerra - Dia XXIII Apenas um dia mundano de servos da morte.

Dia XXIII – Apenas um dia mundano de servos da morte.

Kairos soltou um longo bocejo, apoiando seu rosto nas costas de sua mão, enquanto seu cotovelo estava contra um dos troncos de uma árvore.

Estava deitado espargido entre seus galhos, olhando desinteressadamente como um homem de altura mediana, com cabelos loiros curtos e espetados, e uma predominante sobrancelha que se unia acima de seu nariz, limpava o sangue que escorria de sua boca encarando desafiante três homens com o dobro de seu tamanho, não tinha mais que dezesseis anos, enquanto seus adversário já deviam ter passado pelo menos dos vinte e cinco. O do meio, um homem de corpo musculoso e olhar arrogante sustentava um ferido Valentine pelo pescoço em um mata leão.

- Irmão, por favor, fuja daqui! – Exclamava o leal servo, tentando se soltar sem resultado. Seus cabelos eram longos, loiros, quase brancos, muito espetados em cima, e possuía pequenos, porém, vividos olhos amarelos.

- Fugir? – Repetia o juiz do submundo, cuspindo um punhado de sangue no chão. – Eu jamais faria algo como isso, ainda mais frente a uns insignificantes quanto esses aí!

Os homens bramaram com raiva frente a essa afirmação, enquanto Kairos revirava os olhos.

- O ego dele ainda vai matá-lo – Resmungou mantendo atenção sobre a cena – Se eu soubesse que tudo ia tomar esse desfecho, teria trazido pipoca.

Porém para sua surpresa, quando um dos homens musculosos tentou dar um soco em Radamanthys, este desviou com agilidade, dando um golpe na nuca do ser desmaiando-o imediatamente.

Mephistofeles soltou um assobio quanto a essa agilidade.

- Vejam só, um mês no exército britânico e esse menino já está assim – Comentou para si mesmo com um novo interesse. – Nada mal, nada mal.

O terceiro brutamontes também tentou avançar contra o loiro, visando um chute em sua cara, golpe o qual o juiz defendeu com os dois braços juntos, para então forçá-los para a frente,  desequilibrando o adversário, e assim conseguindo espaço para chutar a parte de trás de seus joelhos, fazendo-o perder definitivamente o equilíbrio e cair no chão com um estrondo seco, enquanto Kairos dava alguma palminhas em admiração.

- Faça mais um movimento e eu quebro o pescoço de seu irmão! – Afirmou o último de pé, apertando Valentine com mais violência, impossibilitando-o de falar.

Radamanthys franziu a expressão quanto a isso, tomando pelos cabelos aquele que tinha acabado de derrubar e tentava se erguer sozinho, e aplicando nele um ligeiro mata leão também.

 - Faça mais um movimento e eu quebro o pescoço de seu companheiro – Parafraseou, seu olhar firme e irredutível.

- Não me faça rir criança, você não passa de um menino! Jamais teria a coragem necessária para matar alguém – Proferiu com confiança, porém, em resposta o juiz apenas sorriu apertando com mais e mais força o pescoço de sua vítima a ponto que a cor dela começava a mudar – O que pensa que está fazendo?!

- Quer mesmo apostar que eu não tenho coragem? – Questionou em tom demandante que em nada parecia com um jovem de dezesseis anos, como se fosse bem mais velho e experiente que isso.

E de fato era.

O homem que sustentava Valentine hesitou, descrente da postura decidida e expressão fria que o menino podia chegar a ter, ainda mais vendo como seu companheiro, apesar de ser basicamente uma montanha de músculos, se contorcia e batia desesperadamente as mãos, mas mesmo assim não conseguia sua liberdade.

- Está bem – Acabou por declarar com desgosto, soltando o servo com rudeza lançando-o no chão – Agora o solte também.

Em resposta o juiz largou sua vítima, que mal conseguiu dar alguns passos para frente, antes de receber um potente chute em sua costela, derrubando-o novamente no chão enquanto Valentine agilmente ia até seu irmão.

- Qual o seu problema?! – Insistia o líder do grupo inconformado. – Quem você pensa que é, além de um almofadinhas de merda?! – Rosnou fazendo menção de avançar para um novo ataque.

- Eu sou Peter Quill Aldertha – Disse com imponência levantando os punhos sem hesitar – Me tomar por frágil pela riqueza de minha família é um grande erro.

Kairos abriu os olhos surpresos vendo como um cosmo agressivo, mesmo que fraco, era emitido a partir do loiro britânico, e mesmo que isso não devesse ser sentido por pessoas normais, foi o suficiente para assustar de algum modo seu atacante, seja pela expressão contrária, ou por uma sabia intuição, o homem recuou dando alguns passos para trás, para então tomar de forma atrapalhada seus companheiros e sair correndo do lugar.

Valentine-Victor piscou surpreso, olhando de seu irmão para os homens que antes enfrentavam, sentia que algo havia acontecido, mas não sabia precisar o quê.

-...Que estranho, o que – Tentou dizer, porém, teve sua frase interrompida quando recebeu um grande soco na cara, quase fazendo cair no chão, olhando ainda mais surpreendido para o mais velho que o encarava com desgosto -...Mas...O quê?

- O que se passou na sua cabeça para se envolver na MINHA briga?! – Questionou o recruta franzido o olhar.

- Eles estavam em três!

- Quem se importa? Eu tomaria conta dos três sem que você tivesse que se envolver e atrapalhar tudo! - Argumentou com raiva, fazendo o mais novo baixar a cabeça, levando a mão a bochecha ferida. 

-...Desculpe, eu só queria ajudar...- Sussurrou em tom baixo. Radamanthys então não pôde deixar de notar que as pernas do outro estavam bambas e meio tortas, provavelmente tinha torcido algo.

-...Não faça de novo, o que eu faria se você tivesse se machucado mais gravemente? – Inquiriu com expressão grave e preocupada – Nosso pai e nossa irmã já são doentes, não me faça ter que cuidar de você também.

As palavras eram duras, mas Valentine sentia a preocupação atrás delas, então apenas confirmou com a cabeça, enquanto seu mestre e agora irmão mais velho agachava de cócoras no chão, de costas para o outro, indicando que se apoiasse em si para irem a um hospital, apesar das alegações constrangidas do espectro de Harpia de que aquilo não era necessário.

Frente a demonstração de irmandade, Kairos revirou os olhos, disposto a ir por outro espectro.

- Acho que verei esses dois menos – Disse vendo como ambos se afastavam, Victor apoiado em seu irmão – O cãozinho já sabe morder sozinho. Quem diria. Nem parece a criança que eu sempre tinha que resgatar porque se metia em brigas que não podia vencer.

Com um pequeno sorriso no rosto, tomou uma semente de romã do bolso e um pequeno frasco com líquido vermelho espesso, pulou da árvore e umedeceu a semente com a substância, que abriu um grande portal aos seus pés, para o qual saltou sem qualquer medo.

Já dentro do submundo, flutuando por cima do Aqueronte, Kairos tirou um pequeno bloco de folhas do bolso de seu terno, enquanto devolvia os outros dois itens para ele.

- Vejamos....Valentine sobreviveu, Radamanthys aprendeu a lutar – Anotava para então virar de página – Minos e sua namorada...- Franziu a expressão – Odeio ter que ficar vigiando o amor alheio – Passou para outra folha através da espiral de seu bloquinho, começando a baixar sua flutuação ao início do Erebo – Aiacos...Esse é difícil manter um olho, aquele cavaleiro de Libra sempre está a espreita perto dele, seguinte...

Porém parou, vendo que alguém se aproximava.

- Eurídice – Disse simplesmente, vendo a mencionada jovem de longos cabelos loiros se aproximando a passo tranquilo, segurando em suas mãos três filhotes negros, enquanto era seguida de perto pela enorme cachorra de três cabeças, Sália, e seu companheiro, o cachorro pelado que mais parecia um dragão, também de três cabeças, o famigerado Cérbero.

- Olá Kairos – Cumprimentou ela educadamente. – Retornando de seus afazeres?

- Apenas para tomar um atalho – Disse simplesmente olhando para os cachorros – Mais filhotes?

- Sim – A jovem sorriu radiante – Tivemos que levar Sália para a terra para que ela pudesse  ter os filhotes, já que nada naturalmente nasce por aqui, mas graças a Ikki deu tudo certo.

Um enorme sorriso ardiloso se formou na face de Mephisto.

- Quer dizer que nosso pássaro de estimação agora foi promovido a cuidador de cachorro? – Brincou com triunfo – Aaaah, se eu soubesse antes, teria passado a ele a guarda de Radamanthys. Será maravilhoso jogar essa nova função na cara dele, obrigado pela informação ~ - Cantarolou ao final satisfeito.

Em resposta, a jovem apenas piscou, como quem guarda um segredo.

- Não pegue muito pesado com ele, sim? – Seguiu ela com seu tom melodioso – Só foi dado esse trabalho a ele de castigo pela última briguinha de vocês.

- Farei o possível – Declarou, fazendo uma reverência a jovem – E o que deseja tão formosa mulher em troca de tão valiosa informação.

Eurídice franziu o queixo, fazendo um adorável biquinho, como se ponderasse.

- Um livro sobre fantasia! – Declarou por fim – Os que temos estão acabando e não quero ver nosso senhor desiludido com isso.

Kairos ergueu-se de sua reverência encarando a senhora sorridente, ela sempre pensava nos outros e nunca em si mesma, até mesmo isso de dar-lhe informações sobre os passos de Ikki eram um meio de agitar o submundo e, ao menos na visão dela, sacar todos da mesmice da morte.

A antiga amazona tinha a opinião de que, por mais que as discussões entre comandantes parecia cansar Shun, no fundo o distraía de seus reais problemas, e por tantas outras vezes até o divertia. A virginiana sem dúvida era sábia, mesmo que de uma forma um pouco travesa.

Sentia que estava sendo levemente usado pela mulher de aparência inocente, que ninguém desconfiaria que era a fonte de informação de um demônio que estava sempre afastado fazendo suas vezes de vigia. Porém, não se importava minimamente com isso, sinceramente, isso até mesmo o fazia lembrar-se de Partita, por isso não podia deixar de simpatizar com a jovem.

Fez uma nova reverência, mais cavalheiresca que a anterior.

- Seu pedido é uma ordem minha senhora – Proclamou, fazendo-a rir suavemente.

- Ah sim! Quase ia esquecendo – Ela comentou repentinamente – Quando você irá ver Faraó novamente?

-...É estranho que se interesse por aquele que enganou a ti e seu marido – Não pôde deixar de acrescentar, tornando a vê-la em seus olhos.

- Ele estava fazendo isso apenas para conseguir algum entretenimento para seu senhor, mesmo que tenha sido de forma cruel, eu consigo entender agora – Comentou ela olhando para os cãezinhos em seu colo – A alma dele estava apodrecida, mas a motivação dele e de Pandora eram nobres, eu vejo por Shun, seu trabalho é muito difícil, o que eu puder fazer para tirar um pouco do peso dos ombros do homem que salvou meu marido, eu farei, sempre que estiver ao meu alcance.

Respirou fundo, desviando o olhar, passar tempo com Eurídice sempre o fazia remoer-se de saudades de sua Partita, talvez por isso era incapaz de negar algo a amazona, e provavelmente ela sabia disso, a espertinha.

- Deixe-me ver – Conferiu seu bloco de anotações – Primeiro verei como anda Verônica, depois se Edward continua sua vida de roubos bem sucedidos, tomarei alguma coisa no bar de Flégias para ver como vão os negócios, depois irei por Gordon na Polônia...

- Você tem realmente bastante trabalho – Colocou ela impressionada, os cãezinhos que segurava começando a se remexer em seu colo.

- Nem me diga – Comentou cansado – O pior é saber que serei recebido em meu templo por Iatrós me forçando a tomar aquela porcaria de vitamina de romã.

Isso apenas fez a jovem tornar a rir suavemente.

- Shun só se preocupa contigo – Defendeu amorosamente ela, como se falasse de um filho pequeno e não do senhor dos mortos.

- ...Eu não aguento mais aquela porcaria –Resmungou, sentindo um arrepio passar por sua espinha – Enfim – Voltou ao seu caderno – Só depois irei ver Faraó, ele e seus pais tem uma pousada em Luxor.

- Eu queria que você desse um desses filhotes para ele quando for, pode ser? – Questionou ela indicando os pequenos – Faraó tinha muito carinho por Cérbero, e você me disse que ele cuida de cães resgatados, sempre se metendo em problemas por causa disso, se ele tivesse um cão do inferno cuidando dele, acho que isso te daria menos trabalho, não?

O espectro piscou surpreso com essa ponderação, para logo sorrir com a realização.

- Realmente, és uma mulher mui sábia, Eurídice – Disse com sinceridade, que apenas a fez sorrir.

- Cérbero sente falta dele, então está a favor de deixar um de seus filhotes cuidando de seu antigo cuidador – Em resposta Cérbero deu um forte latido, suficientemente alto para fazer as árvores próximas tremularem.

- Justo, suponho – Deu de ombros, invocando sua sobrepeliz – Está feito. Quando eu for vê-lo, te avisarei.

- Em troca eu te avisarei quando fizermos o próximo concerto para Shun, sei que você adora escutar. – Comentou ela entusiasmada. – Temos um acordo? – Ela piscou.

 - Sem dúvidas – Refez sua reverência, enquanto sua sobrepeliz voava em sua direção, vestindo-o obedientemente – Agora devo ir nobre donzela, não quero que nosso severo general me pegue conversando em horário de trabalho, quem dirá seu zeloso marido, prefiro manter-me sem furinhos.

- Até mais tarde – Despediu-se ela suavemente enquanto outro desaparecia,  com destino a França.

Esse foi apenas um dia de trabalho no mundo dos mortos, que ocultavam relações amistosas e pequenos segredinhos, daqueles que, por bem ou por mal, faziam do submundo um reino sempre interessante , e por vezes até explosivo.

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