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História Different (REMAKE) - XIX. SOLO UNA VEZ


Escrita por: psople

Notas do Autor


HELLO!! estou de volta com mais um cap frexquinho e novinho pra vocês. Ele é outro carregado de mudanças e personagens novos rsrsrsrs. Esse homão da foto aí é o Lenny, vocês vão entender no decorrer. Obrigada pelos comentários, visse! kisses

Capítulo 20 - XIX. SOLO UNA VEZ


Fanfic / Fanfiction Different (REMAKE) - XIX. SOLO UNA VEZ

Com estranheza, Sinu destrancou a porta de casa que jurou ter deixado aberta ao sair com marido e a filha mais nova. O carro de Camila continuava estacionado no mesmo lugar e não havia indícios de que ela pôs os pés para fora de casa. Seguiu o silencioso caminho pelo corredor e encontrou a latina dormindo profundamente. Em seu rosto as profundas marcas da exaustão. O travesseiro ainda molhado denunciava o seu choro até dormir.

— Você acha que ela já sabe? – Alejandro tocou o ombro da esposa que ainda observava a filha dormindo.

— Eu não sei como contar, temo que ela simplesmente refaça o caminho de volta para Nova York. – Suspirou pesadamente. – Ela descobrirá de qualquer forma.

Lauren mantinha seus olhos bem abertos enquanto ainda esperava pela amiga que demorou mais do que ela gostaria. Jurava que podia reviver o momento que colocou os olhos em Camila várias e várias vezes, ainda sentia seu coração dançar no peito ao lembrar que a latina estava na casa ao lado. Tinha tanto para dizer, mas ao mesmo tempo não conseguia dizer uma só palavra. A porta do seu quarto se abriu de uma vez revelando não só uma loira, mas duas e uma negra, todas com os olhos assustados.

— O que aconteceu?

— Vocês se falaram?

— Como você está?

As perguntas foram disparadas de uma vez, Lauren se sentou na cama e respirou fundo, não sabendo o que responder primeiro. Os olhos fugiram como de costume.

— Ela definitivamente me odeia.

— Laur… – Ally se sentou ao seu lado e tocou-a com cuidado nos cabelos. – Você entende o lado dela, não é?

— Nós estamos aqui para o que você precisar, ok?


Camila acordou de uma vez em meio a um pesadelo, os fios soltos do rabo de cavalo estavam presos em seu pescoço devido ao suor frio. Olhou para todos os cantos e constatou que havia dormido a tarde inteira e provavelmente o começo da noite. O relógio ao seu lado marcava nove da noite. Mesmo com o estado sonolento pôde se lembrar do ocorrido de mais cedo com a sua vizinha. O estômago revirou com o sabor amargo das dores. Tomou um banho longo e gelado na esperança de se livrar da pressão por todo o corpo, principalmente em seu torso. Sentia que seu coração gostaria de rasgar sua pele e sair correndo por aí.

Desceu as escadas reunindo forças para confrontar os pais que com certeza sabiam do que se passava na casa ao lado. Ouviu as vozes misturadas logo na sala, aproximou-se silenciosamente, e ainda com os olhos estreitos do choro, fitou seus pais.

— Quando vocês iriam me contar? Esperaram para que eu visse com os meus próprios olhos? – Alejandro ameaçou dizer algo, mas sua esposa lhe impediu. – Eu não estou brava, só queria entender.

— Camila, talvez seja hora de deixar para trás, não acha? – A latina sorriu de canto e negou com a cabeça. – Tudo que é aconteceu foi terrível, mas vocês são duas mulheres e precisam se entender.

— Eu não tenho nada para conversar com ela.

— Talvez você devesse apenas escutar o que ela tem para te dizer, já é alguma coisa.

— Vocês definitivamente não entendem a gravidade do problema. – Suspirou e apoiou as mãos nos joelhos para se levantar. – Eu acho que vou sair um pouco.

— As meninas estiveram aqui algumas horas atrás, disse para você entrar em contato. – Camila assentiu e voltou a subir para o seu quarto.

A mente era uma verdadeira confusão. Pensou em ligar para Hailee, sentiu que não conseguiria agir com normalidade e não sabia se estava preparada para explicar a tempestade interna. Trocou de roupa rapidamente e novamente em silêncio deixou a sua casa pela porta da frente.

Dirigiu para o lugar que havia se tornado o seu refúgio. Sabia de côr o caminho para o farol abandonado e não tardou em chegar lá rapidamente. A noite estrelada e a brisa do mar fizeram-a suspirar aliviada. O vento levava seus cabelos para trás e seus olhos fitavam o brilhante azul marinho das águas que se remexiam com violência, igualando ao seu coração. Não se importou muito com a falta de iluminação, sabia que não seria encontrada e ninguém se atrevia a estar ali.  As lágrimas brevemente surgiram, ali derramou-as diante da confissão silenciosa que não estava livre das suas amarras do passado.

Pensou, repensou, pensou e repensou incontáveis vezes o fato de realmente escutar o que Lauren teria para lhe dizer, se é que ela tinha. Orou baixinho para que algum sinal divino fosse lhe dado, esperou, olhou para o céu e nada em seu coração foi plantado.

Mas nada era em vão.

Lauren sentiu seu coração acelerar ao notar a forma feminina encostada na mureta. Era tarde demais para voltar e sair dali despercebida. Engoliu o seu medo e se aproximou um pouco mais e tudo que viu foi borrão escuro dos cabelos voando contra o vento. A luminosidade da noite não permitia reconhecer.

— Eu não quero te assustar, mas eu não conseguiria sair daqui sem que você percebesse. – Falou o mais suave possível. Não queria assustar a mulher que ali estava. – Mas de qualquer forma, lhe deixarei.

Camila sentiu o frio tomar seu corpo quando reconheceu a voz suave pouco distante dela. Algo dentro dela gritou que era a hora de enfrentar o que deveria ser enfrentado. Lutou contra o frio em seu estômago que subia por sua garganta, permaneceu onde estava e ergueu o queixo em sinal de controle.

— Tudo bem, eu já estava saindo. – Em qualquer lugar a morena reconheceria aquela voz. – Pode ficar.

— Camila? – A latina virou um pouco o seu rosto para lhe dar certeza de quem era. – E-Eu não…

— Eu estou de saída, você pode ficar, Lauren.

Seu nome que um dia fora pronunciado com tanta doçura, soava de uma forma dolorosa. Lauren se atreveu e aproximou-se antes que Camila partisse e deixasse-a ali.

— Camila. – Chamou-a com a voz ainda trêmula.

— Sim?

As duas então ficaram de frente para o mar, ambas encostadas na mureta. Lauren segurou-se firme no concreto e respirou fundo, nunca pensou que seria tão difícil olhar nos olhos castanhos e pedir desculpas por tudo que causou. Camila ficou em silêncio, sabia o que viria da outra, então arquitetou sua melhor resposta.

— Me desculpe. – As duas palavras não transmitiram nem metade do arrependimento sentido.

— Pelo o que? – O lábio inferior tremeu, anunciando que o choro estava próximo. – Espera, me deixa reformular… Você se desculpa por qual parte, Lauren?

— E-Eu…

— Você se desculpa pela parte onde fez promessas que não cumpriu, pelas noites não dormidas, pelo risco que eu corri em ir atrás de você nos buracos que você se enfiava ou pela parte que você traiu a minha confiança incontáveis vezes? – A garganta queimou pelo peso que as palavras saíram por sua boca, mas Camila não se deixaria cair ou fraquejar na frente dela. –  Talvez você esteja se desculpando pelas marcas profundas que deixou em mim, pela forma que eu me senti depois daquele maldito dia, não é?! Por qual parte você se desculpa, Lauren?! – Levantou um pouco seu tom de voz, mas sem tirar seus olhos da imensidão azul.

— Por tudo, Camila. – Os olhos verdes fitaram de forma piedosa o perfil da latina. Esperou ver lágrimas por seu rosto, mas viu os olhos castanhos queimando em raiva e mágoas guardadas por tanto tempo. – Eu me desculpo por tudo, eu nunca tive a intenção de te afetar com os meus problemas.

— Mas você afetou. Você me afetou com tanta força que eu me senti uma verdadeira viciada, eu sofria dia após dia da mesma forma que você sofreu durante a desintoxicação. Eu sofri, Lauren. – Pressionou os lábios e ameaçou virar o rosto para olhá-la, mas lhe faltou coragem.

— Eu sei, eu sei! E não há um dia sequer que eu não me arrependo do que fiz. – Suspirou frustrada. – Eu só quero que você me escute, uma vez e pronto.

— Eu estou ouvindo. – Cruzou os braços. Camila parecia indestrutível, o olhar fixo em qualquer ponto do mar aberto, menos na morena ao seu lado.

— Você pode ao menos olhar para mim? – Lauren pediu quase em sussurro, sabia que qualquer passo em falso ou tom a mais faria-a atacar. – Por favor, Camila.

Os olhos castanhos foram preenchidos pelas lágrimas, lágrimas do medo que a latina sentia em ceder para que a velha Camila tomasse o seu lugar. Respirou fundo e virou o seu rosto, fitando os imensos olhos verdes. Mas só Deus sabia o quanto ela desejava não vacilar diante daqueles olhos.

— Não há nenhuma desculpa que apague o que aconteceu ou o que eu fiz. Não há justificativa para o que aconteceu. Talvez só o relato de que eu estava fora de mim há muito tempo e precisava ultrapassar os meus limites para me dar conta do que eu estava fazendo com a minha vida. – Tomou fôlego e desviou os olhos rapidamente. – Eu sinto muito que você tenha tentado me ajudar, mas ninguém poderia. Eu era a minha própria salvação.

Camila ficou em silêncio, buscando a sinceridade e verdade das palavras. Sentiu que havia algo mais, e esse algo mais era que elas não se conheciam mais. Ela não conhecia aquela mulher parada a sua frente falando abertamente sobre os seus sentimentos, pacífica. Ela era o oposto do que costumava conhecer. E Camila sabia que Lauren sentia o mesmo sobre ela, não a conhecia mais.

Mas a latina tinha consciência da transformação que a morena havia sofrido durante o tratamento. Mas Lauren buscava encontrar qualquer indício de que a Camila que conheceu continuava ali, aprisionada dentro do belo corpo e mente.

— Pare.

— O que? – Lauren questionou sem entender.

— Não procure a Camila de 2 anos atrás porque você não vai encontrá-la. Nunca mais.


[PLAY] Te Besé - Leonel García

A latina moveu seus pés pela primeira vez, os seus passos eram longos. Ela queria se afastar o mais rápido possível, sair do campo de visão de Lauren, mas não seria tão fácil. A morena apressou-se em ir atrás da latina.

— Camila, espera! – Segurou-lhe o braço para fazê-la parar. – Espera.

— Esperar para o que? O que você quer, Lauren? – Puxou seu braço de uma vez e deu passos para trás. A distância era perigosa.

— Eu só… Eu não quero que você me odeie. – Sussurrou.

Camila negou com a cabeça e puxou a chave do carro do bolso, sorriu de canto e continuou dando passos para trás:

— Tarde demais.

A noite foi um pouco para Lauren que foi andando para casa, da mesma forma que havia ido parar na praia. Sentia-se aliviada por dizer tudo que queria para latina, mas o dobro do peso pelas respostas que obteve. Camila havia quase pronunciado que odiava-a, talvez não com palavras, mas com os olhos. Os olhos castanhos ainda podiam dizer muito mais que sua boca. Analisando os fatos, ela estava coberta de razão.

Camila estacionou seu carro devidamente em sua casa e quando entrou, todos já deviam estar dormindo. Jogou as chaves na mesa e subiu para o seu quarto. Desligou o celular para ignorar por completo as ligações de Hailee ou qualquer ser que tentasse se comunicar com ela. Afundou-se no notbook para fugir da sua própria mente. Começou com pesquisas básicas sobre administração, depois pulou para suas redes sociais, acompanhou o seu número de seguidores crescer dia após dia de maneira estranha.

A voz suave de Leonel misturava-se juntamente com a de Maria, as vozes preenchiam de maneira sutil o quarto da latina. Até o momento tudo estava passando despercebido, principalmente a hora que já se aproximava. Camila se viu presa em links sobre o que a depressão podia fazer com a vida de alguém, vícios e como funcionava a recuperação intensa para adolescentes. Mirou o pequeno relógio do seu notbook e decidiu que era hora de parar, pois já se passavam das duas da manhã. Fechou todos os links, apagou o histórico e descansou os óculos na mesa.

Do outro lado, Lauren não conseguia tirar seus olhos da janela após reparar que a luz do quarto da latina continuava ligada, juntamente da cortina aberta. Tudo que fazia, hora ou outra estava esperando pelo momento que a veria cruzar o quarto. Faltou-lhe palavras quando viu Camila não se dar conta da cortina aberta e erguer a blusa que vestia. Sua pele foi exposta para Lauren que sentiu a garganta queimar e o coração palpitar. Ela não conseguia sair de onde estava, se viu presa. Acorrentada e amaldiçoada por tudo que Camila era e representava. A latina girou a cabeça para se livrar da tensão e abriu os botões da calça. Lauren sentiu que deveria ser a hora de parar, mas seu corpo não lhe obedeceu. Ela continuou ali observando o jeans escorregar pelas pernas bonitas de Camila, revelando a calcinha vermelha como o sutiã.

Não podia se conter e tão pouco conter seus olhos de apreciarem a bela mulher da casa ao lado. Não era por puro desejo, era muito mais que isso, era admiração, adoração e veneração. Camila era uma bela mulher abençoada por seus genes, capaz de ter quem fosse aos seus pés apenas com um sorriso.

A latina tomou um banho rápido e quando voltou para o quarto notou que Lauren se movia por seu quarto também, elas tinham visões diferentes sobre o quarto uma da outra agora. Do quarto de Lauren se tinha visão agora da porta de Camila e uma parte da sua mesa, a cama havia sido relocada no canto distante da visão da janela. Agora do quarto de Camila se tinha visão da grande cama de Lauren, os quadros pendurados e uma parte da decoração da mesa. Camila notou que tudo estava diferente, desde a cor até os móveis.

Lauren sentiu que estava sendo observada e olhou discretamente por cima do ombro, a latina não recuou e tão pouco disfarçou o que fazia. Diferente disso, ela se aproximou da sua janela e fechou a cortina em uma lenta tortura para a outra que sentia seu interior morrer a cada ação que demonstrava que tudo estava arruinado.

Durante o domingo não tiveram muito tempo livre para se esbarrarem. Lauren saiu com sua família e Camila fez sua típica rotina de ir para missa pela manhã e almoçar com todos ao redor da mesa. Mas isso não significa que a noite anterior fugiu dos pensamentos. O quarto da latina foi preenchido por suas amigas que não deixaram uma vez sequer o assunto chegar em Lauren. E mais um dia as ligações de Hailee foram ignoradas.

— Nós teremos um evento na terça, já estou te avisando para não marcar algo com as suas amigas. – Seu pai comentou sem parar de mexer em seu cabelo enquanto assistiam televisão.

— Evento da Igreja?

— Na verdade, sua mãe e eu estamos participando de um grupo… Talvez uma associação. Bom, não há muito o que explicar sobre isso. – Respirou fundo. – Reunimos alguns latinos daqui de Miami e vamos fazer uma festa típica, é apenas um teste para ver se conseguimos fazer fluir.

Camila assentiu e não sentiu muito interesse sobre o assunto. Honestamente, eram poucas as coisas que ultimamente chamavam sua atenção e prendiam o seu interesse.

— Eu conheço esse silêncio, mas tenho a absoluta certeza que você vai gostar. – Ela riu e deu de ombros.

— Você definitivamente conhece a filha que tem.

— Sim, conheço o suficiente para saber que o motivo do silêncio durante o dia tem nome, sobrenome e mora ao lado. – Camila engoliu o nervosismo e se sentou. – Você não precisa conversar comigo sobre isso se não quiser, é apenas para deixá-la cient…

— Nós conversamos rapidamente ontem.

— E? Se resolveram? – A latina suspirou pesado e fechou os olhos brevemente. – Brigaram?

— Acho que não há nada que ela diga que me faça odiá-la menos.

— Você não a odeia, filha. É apenas mágoa.

— Que seja, ainda não diminui. – Voltou a deitar sua cabeça no ombro do pai. – Ela está diferente, muito diferente e não sei se consigo acreditar.


A segunda foi um pouco mais lenta do que desejavam, principalmente para Camila que passou bons minutos observando Lauren se refrescar na piscina da sua casa. Observou atenta a nova tatuagem dando mais vida as costas brancas e como seu corpo estava diferente. Amaldiçoou-se pelo o que fazia e tratou de ocupar sua mente com algo que não fosse o que vira. Respondeu as dezenas de mensagens dizendo que estava apenas aproveitando o tempo com a sua família, essa era a justificativa para a sua ausência. Ajudou Sofia com as lições de casa e saiu pela tarde com a sua mãe em busca de roupas para usarem durante a festa que aconteceria no dia seguinte.

Com os braços cheios de sacolas, a latina tentou agarrar a maçaneta e numa falsa ilusão de que havia conseguido deu um firme passo para adentrar na casa. Então as sacolas foram ao chão após esbarrar-se com um corpo.

— Caralho, merda, puta que pariu! – Abaixou-se de uma vez.

— Uau, é uma grande quantidade de palavrões. Eu não sabia que você tinha aumentado o seu vocabulário. – Lauren abaixou-se para ajudá-la com as compras espalhadas pelo chão. A latina ergueu os olhos rapidamente e engoliu a seco. – Me desculpe, eu deveria ter me atentado de que você estava entrando.

— Tudo bem, eu não deveria ter tentado carregar tudo de uma vez.

— Está tudo bem por aí? – Alejandro exclamou da entrada da cozinha.

— Sim, só um pequeno acidente com as compras. – Lauren segurou uma das sacolas e levou-a para a cozinha. – Tudo no devido controle.

Mais uma vez ao se virar para deixar a cozinha seu corpo se chocou contra Camila, mas dessa vez suas mãos seguraram firme na cintura fina antes que o corpo fosse para trás com o impacto e as compras fossem ao chão de novo. A de olhos castanhos apertou a sacola em suas mãos e pecou em descer os olhos para os lábios rosados.

— Me desculpe, de novo. – Soltou-a contra gosto e desviou do seu corpo.

Camila permaneceu em silêncio sendo observada por seu pai, os olhos do homem eram atentos na reação que as duas tiveram com a colisão.

— Tudo bem?

— Sim. – Ela respondeu rapidamente. – Tudo uma maravilha. – Sorriu amarelo. – O que ela estava fazendo aqui, afinal?

— Veio entregar algo que sua mãe pediu. – Camila assentiu e começou a caminhar para trás. – Você vai se arrumar?

— Para o que? – Franziu o cenho em uma falsa confusão. – Brincadeira, estou indo.


O vestido estampado e solto contornava o seu belo corpo até a altura dos joelhos, o rosto prontamente maquiado e os cabelos soltos dando o ar adulto que ela tanto possuía agora. Camila estava linda, ainda que pensasse que não havia abusado muito da maquiagem ou da roupa. Se era uma festa latina, por que não vestir-se adequadamente?

Lauren optou por algo mais casual, a calça jeans e a blusa de alça contornava o seu corpo de maneira simples, mas ainda charmoso. Os Jauregui saíram um pouco mais cedo, pois eram responsáveis por receber algumas pessoas e abrir o evento. Camila não fazia ideia disso.

O lugar era bem arejado, com uma bela iluminação, espaço e visual. Algumas mesas estavam espalhadas pelo salão para acomodar todas as pessoas que viriam, além das que já se encontravam ali. Clara e Michael cumprimentavam quem passava pela grande entrada enquanto seus filhos passeavam pela mesa de comida e bebida. Lauren não tinha sido vetada do álcool, mas tinha consciência de que tanto tempo sem faria mal se ela perdesse o controle.

Percebeu a grande quantidade de olhares voltados para a porta, resolveu segui-lo e sentiu vontade de explodir em milhares de pedaços:

— Uau. – Chris suspirou abobalhado e sacudiu sua camiseta. – Ela…

— Sem palavras. – Taylor completou.

Lauren correu seus olhos pelas pernas nuas e então de repente cobertas pelo vestido de tecido solto que deixava uma parte do seu colo aberta, também como os ombros cobertos apenas pelos cabelos. Camila cumprimentou Clara e Michael, dando visão das suas costas nuas para quem estava do outro lado do salão, no caso os três irmãos. A morena tremeu dentro do próprio corpo, não era possível que alguém pudesse ser incrivelmente maravilhosa 24 horas todos os dias. Mas Camila era exceção para qualquer regra existente. A forma que sorria para as pessoas sentadas nas mesas mostrava o quanto simpática e iluminada ela era. Recebeu olhares pecaminosos de homens que estavam ali e a admiração das mulheres.

— Latina. É disso que eu tô falando! – Lauren desviou os olhos quando os castanhos encontraram os seus. – Será que agora que eu tenho barba, estou um pouco mais forte tenho chance com ela?

— Sem chances! – Taylor caçoou do irmão mais velho. – Ela é demais para você, talvez para qualquer um presente nesse salão.

O sorriso não sumiu dos lábios latinos mesmo após encontrar Lauren encarando-a poucos metros à frente. Caminhou graciosamente até os três irmãos, que fez Chris quase cair para trás com tamanha beleza:

— Ainda não tive a oportunidade de falar com vocês desde que voltei. – Puxou Taylor para um abraço. – Como estão?

— Apaixonado por você. – O rapaz brincou e circulou seus braços pelas costas de Camila. – Completamente apaixonado.

— Pare. – As bochechas ruborizaram e seus olhos caíram na morena que fingia experimentar os doces da mesa ao seu lado. – Olá, Lauren.

— Ah. Oi, Camila. – Sorriu levemente e sustentou o olhar.

— Bom, vou acompanhar meus pais. Se quiserem, podem se juntar a nós.

— Nós definitivamente vamos, eu preciso te olhar a noite inteira. – Ele piscou e riu. – Eu estou brincando, mas você está linda, Camila.

— Obrigada, Chris. Você também não está nada mal.

Lauren pôde respirar novamente quando a outra se afastou graciosamente da mesma forma que se aproximou. Observou a forma que o quadril balançava juntamente dos cabelos deslizando por suas costas enquanto caminhava. Buscou no fundo da sua memória as lembranças que tinha daquele mesmo corpo descoberto entre lençóis. Tentou recordar-se do sabor, do cheiro e da sensação de tocar a pele bronzeada por natureza.

Camila retornou até onde seus pais estavam juntamente de outras pessoas, aproximou-se com cuidado e foi notada logo por todos:

— Paulino, conheça a minha filha mais velha Camila. – Alejandro tocou nas costas da filha para introduzi-la a roda formada.

— Você é muito bonita, Camila. – O homem segurou a pequena mão e beijou. – Com todo respeito.

— Muito obrigada. – Respondeu com as bochechas vermelhas.

— Eu não posso me ausentar por alguns minutos que você começa a cantar garotas mais novas, Paulino? – Os olhos castanhos subiram em vergonha para a dona da voz. Ela carregava um grande sorriso nos lábios. – Quem é essa bela moça? Não me diga qu…

— Nossa filha mais velha. – Sinu falou com orgulho, pois sabia a atenção Camila chamava não só por sua beleza, mas educação e elegância impecável.

— Rosalita. Muito prazer, Camila. – Beijou-a no rosto.

A sua atenção foi tomada pela atenção de que estava sendo observava, seguiu seu instinto e notou que havia uma sexta pessoa ali. Um rapaz observava-a com um pequeno sorriso nos lábios.

— Esse é Lenny, nosso filho. – Rosalita introduziu o rapaz ao meio. – Lenny, esses são Sinu, Alejandro e Camila.

— Encantado, Sinu. – Desviou os olhos de Camila para pegar a mão de Sinu. – Nunca vi mujer más bonita. – Beijou-a e sorriu.

— Muito obrigada, Lenny. – A latina acompanhou o ato e não desviou dos olhos castanhos voltados para ela novamente.

— Sólo pierde para su hija. – Lenny se aproximou de Camila com cuidado e estendeu sua mão. – Permita-me.

Sentiu-se tonta pela forma que o rapaz lhe fitava e tomou sua mão para beijá-la com cuidado. A timidez foi tamanha que não conseguiu responder a altura ou se envolver nos assuntos presentes no meio das duas famílias. Optou por deixá-los e procurar algo para comer. Lenny pediu para acompanhá-la e o pedido foi concedido. Logo eles estavam envolvidos em uma conversa enquanto comiam a sós na mesa.

— Então você está prestes a se formar em Direito? – Camila apoiou o cotovelo na mesa para apoiar o queixo na mão.

— Sim, finalmente. Não é tão assustador quanto parece. – Ele deu de ombros e observou com cuidado o rosto delicado da mulher sentada ao seu lado. – Você gosta do que faz?

— Talvez, eu não sei. – Riu. – Eu estou fazendo isso por ele.

Lenny seguiu os olhos da latina e notou que ela falava do pai.

— Você não deveria. – Camila suspirou pesado e assentiu. – O que você gosta de fazer?

— Eu me sinto muito conectada com a música e dança.

— Você dança? – Ela pensou um pouco antes de assentir, sabia que seria convidada para alguma música. – Eu acho que agora me recordo de onde te conheço.

— Tenho certeza que não nos conhecemos.

— Eu vi um vídeo no Facebook um tempo atrás, cinco garotas cantando…

— Oh meu Deus! – Tampou o rosto enquanto ria. – Era eu.

Lauren observava do outro lado do salão a forma que Camila conversava com o rapaz até então desconhecido para ela. A forma que ele sempre dizia algo que a fazia rir ou sorrir. Era visível o interesse que ele tinha sobre a latina que era sua de corpo e alma, pelo menos era o que ela pensava. Não importasse por quantas mãos ou novas Camila passasse, ela continuava sendo sua.

[PLAY] SATELLITE - Santana

O evento começou a tomar seu auge após o jantar ser servido e alguns discursos serem feitos. As pessoas estavam um pouco mais altas por conta do álcool e se soltavam no meio da pista de dança conforme a música mandava. Camila foi quase tirada para dançar duas vezes durante seu trajeto até a mesa de comida, mas conseguira desviar do pedido por conta da vergonha. Lauren já tinha tomado algumas taças de vinho, mas continuava firme em observar Camila conversar com Lenny ainda na mesa. Porém o rapaz a deixou por ter sido convidado para a pista de dança.

Os olhares se encontraram em meio a multidão. O álcool corria nas veias de ambas, assim como o desejo reprimido se estarem juntas. Camila suspirou pesado e resolveu pegar mais uma bebida para acalmar a forma nervosa que seu corpo clamava por algo que não poderia ter. Sentiu o olhar fuzilante em suas costas e não conteve o sorriso involuntário ao pensar em como gostava de ter os olhos verdes grudados em si.

Seu corpo foi cercado por braços e puxada contra um corpo forte. Levantou o rosto e viu Lenny sorrindo grande para ela, ele a girou no ritmo da música e voltou a segurá-la contra seu corpo.

— Lenny, não… – Riu.

— Por que não? Seu pai me disse que você em ótimos movimentos.

Olhou por cima dos ombros e todos esperavam ansiosos para o show do par. Camila afastou-se um pouco do rapaz e sorriu de canto, dando-lhe a permissão para tirá-la para dançar uma vez mais. Os dois dançaram conforme o ritmo, sendo aclamados pelo público ao redor, e o olhar fuzilante de Lauren. Camila deixou-se guiar pelo rapaz que sabia muito bem o que estava fazendo, honrando o seu sangue também latino de Cuba. Ele estava encantado pela latina que conduzia entre as pessoas, deixando-os impressionados pela sintonia.

Ela ria, sorria e deixava sua cabeça tombar para trás quando não acertavam em algum passo. Lenny caminhava ainda mais para a maldição se estar perdido entre todos os atributos da latina, sentir-se enfeitiçado. Assim como Lauren. As bochechas estavam mais rosadas que o normal e os lábios vermelhos pelo vinho, deixando o rapaz com mais vontade de roubá-la um beijo. Com cuidado e respeito tocou as costas nuas, sentindo a pele quente contra a palma das suas mãos. Lauren remoeu-se por dentro ao vê-lo tocar no corpo que era seu.

Em um certo momento, Camila olhou por cima do ombro esquerdo e lá estava os olhos verdes filmando-a com um brilho diferente. Percebeu o maxilar travado e notou o quão enciumada a morena estava. Resolveu provocá-la um pouco, testando não só os seus limites numa brincadeira de mau gosto, mas os dela.

— Você é ótima! – Ele exclamou observando-a dar lugar a latina que ela era. Circulou as costas com o braço esquerdo e segurou na parte de trás do seu joelho ao finalizar a música. Camila segurava firme em sua nuca.

Lauren apertou a taça em seus dedos quando viu que eles encostaram os narizes durante a dança e a forma que Camila sorriu logo depois de intercalar os olhos entre ela e Lenny. Era de propósito. Mas qual era o sentido daquilo se Camila havia deixado mais que claro que a odiava? Frustrou-se como de costume.

Ela se levantou do lugar onde estava e rumou para o banheiro, sendo seguida pelo olhar curioso de Camila. Sem se dar conta do que fazia e sendo tomada pela emoção, a latina se livrou dos braços de Lenny com a desculpa de que precisava ir até o banheiro. Tonta pela dança e álcool, ela conseguiu entrar no banheiro que não estava tão vazio assim, a morena estava lavando rosto e fitou-a entrar pelo espelho.

As mulheres saíram deixando as duas sozinhas. Lauren secou seu rosto com cuidado sem olhar Camila, porém sabia que estava sendo observada por ela:

— Você quer me dizer algo?

— Você se sentia atraída por outra pessoas, por isso beijou aquela garota? – Lauren amassou o papel jogando-o no lixo. – Quantas foram?

— Apenas ela. – A latina torceu o nariz e fez um som nasal. – Por que você está me perguntando?

— Eu não era o suficiente para você? – Perguntou enquanto olhava-se no espelho, as mãos deslizavam pelos cabelos já não tão longos assim.

— Camila, nunca se tratou disso. Você era mais do que suficiente para mim. – Lauren se defendeu prontamente, olhando o perfil da latina ao seu lado. – Eu que não era o suficiente para você.

— Entendo. – Forçou um pequeno sorriso e respirou fundo. – Vou indo.

— Não, espera! – Agarrou rapidamente na mão esquerda de Camila. Um toque que significava muito para ela. Era a segunda vez que a tocava.

As duas encaram as mãos juntas antes de voltar a sustentar o olhar. Lauren apertou um pouco mais os dedos finos e suspirou:

— Lauren…

Camila, você está bem? – A voz rouca ecoou da porta, era Lenny esperando-a.

— Sim, eu já estou indo! – Desfez-se do gesto e caminhou o mais rápido que pôde até a saída.

A tempestade ainda longe do seu fim. 



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