Para poder dar um fim àquela batalha e evitar que sua parceira se ferisse mais, Amanda decidiu cooperar com o grupo de Adriano.
— Então, você sabe mesmo de algo sobre o caso dos desaparecimentos? — Rafael perguntou desconfiado.
Amanda fez uma cara feia, olhando para ele. Rafael tremeu.
— Eu disse que ia ajudar. Mas não sou eu quem tenho essa informação.
— E quem é que tem? — perguntou Adriano.
Amanda deu um suspiro e fez bico. Ela tinha mesmo jeito de menina.
— Venham, me sigam.
Amanda os conduziu para fora do templo. Aquilamon já havia regredido para Piyomon e Dinohumon já havia voltado a ser Kotemon.
— Muito obrigada, Amandinha! — Vanessa agradecia sorrindo.
— Me chame de ‘’Amandinha’’ mais uma vez e eu dou na sua cara. — respondeu a menina irritada.
E chegaram a um pequeno parque de recreações. Haviam algumas crianças brincando de bola aérea.
— Aquela garota chegou hoje pela manhã. — Apontou Amanda para uma menina — Dizem que ela é filha de alguém que trabalha na empresa D-Vision.
— É sério? Caramba, isso vai ajudar muito! — Adriano ficou contente pela primeira pista.
Adriano e Rafael foram na frente até a menina. Vanessa continuou ao lado de Amanda.
— Muito obrigada, Amanda. Eu sabia que você era uma pessoa gentil.
— O seu jeito me irrita. — Disse Amanda, dando as costas a ela.
A menina, que aparentava ter uns 7 anos, estava brincando de repente, quando foi surpreendida por Adriano e Rafael.
— Oi, tudo bem? A gente pode conversar um instantinho? — perguntou Adriano a ela.
— Sobre o quê? — perguntou a menina, um pouco assustada.
— Quem da sua família que trabalha na empresa que fazem os D-Pets? — Rafael foi direto ao ponto.
— O meu pai, por quê?
— Por que tem umas coisinhas que a gente quer saber com você. Tudo bem, fofinha? — Vanessa chegou depois.
A menina estava um pouco desconfiada com Adriano e Rafael, mas a presença de Vanessa deixou ela mais calma.
— Tá, tudo bem... — respondeu a garota, tímida.
Já afastados das outras crianças, a menina, que se chamava Lícia, começou a falar o que sabia para eles.
— Meu pai trabalha na empresa D-Vision. Ele me disse que o D-Pet ia passar por uma atualização importante.
— Atua... o quê? — perguntou Neemon.
— Atualização. É quando o aplicativo sofre uma mudança. — respondeu Adriano.
— É verdade, eu me lembro dos boatos. Ryudamon, você não se lembra de algo que tenha mudado em você durante essa atualização?
— Não lembro de nada, Rafael.
— Bem... Meu pai me disse que na empresa tem três pessoas que são as mais importantes de lá.
— Por favor, nos conte. — pediu Vanessa.
Lícia chegou em uma parte da conversa que chamava a atenção de todos.
— Tem o presidente, Alberto, e os diretores que se chamam Marta e Cláudio. E parece que os três são amigos.
— É verdade, eu li no artigo que foi Alberto França quem desenvolveu os D-Pets... — Adriano lembrou-se do dia que teve o primeiro contato com D-Pets.
— Então vocês acham que esse tal de Alberto é o culpado? — perguntou Kotemon.
— É bem provável. Geralmente, esses donos de empresa têm muitas ambições. — Completou Rafael.
— Acho que ainda é cedo pra dizer. Ele pode ter sido sabotado, ou talvez o sistema tenha dado erro. — Vanessa deu seu palpite.
Mas Adriano continuava a pensar.
— E você, Adriano? O que acha? — perguntou Neemon olhando para ele.
— Alberto França dizia na biografia dele que o sonho dele era ajudar as crianças. Pra mim, ele é inocente... — Adriano tentava se aprofundar no caso. — Talvez os amigos dele saibam de algo que ele não saiba...
O vento soprava forte. Houveram alguns minutos de silêncio.
— Mas, eles devem estar no mundo humano, não é? Então de que adianta? — Ryudamon pensou rápido.
— Por esse lado, você tem razão. — Concordou Rafael.
— Ai gente, peraí. Eles deram um jeito de trazer várias crianças para cá. Então eles devem conseguir vir pra cá também. — respondeu Vanessa.
— Vanessa tem razão. Esse pessoal deve estar tramando algo. — disse Kotemon.
Olhando para os dois, Adriano tomou uma decisão.
— Vamos, pessoal. Temos que encontrar esses três e fazer com que falem o que sabem e o que pretendem. — Adriano falou cheio de convicção.
— Ih olha lá, tá achando que é líder... — Neemon quis abaixar a autoestima do parceiro.
— Não, parem!
A pequena Lícia interviu com a decisão deles. Ela parecia não gostar da ideia.
— O que foi, Lícia? Por que está assim? — perguntou Vanessa, alisando seus cabelos.
— Vocês vão querer que a gente volte pra casa, né? — respondeu a menina quase chorando.
— Mas você não quer voltar pra casa? — Rafael não entendia a reação dela.
— Não! Papai e mamãe vivem brigando! Meu irmão mais velho, briga muito comigo e ninguém liga pra mim na escola! Eu não quero voltar pra casa!
Uma menina de sete anos queria abandonar a família e amigos para viver no Mundo Digital. Adriano e os outros ficaram sem saber como lidar com aquela situação.
— Tá tudo bem. A gente só vai conversar com eles, né pessoal? — Adriano tentava tranquilizar a garota.
Todos concordaram com Adriano. A menina tranquilizou-se.
— Tudo bem... Boa sorte pra vocês! — A menina se despediu sorrindo.
— Não vai ser fácil, não é? — perguntou Kotemon , depois que ela já estava longe.
— Nenhum pouquinho. — respondeu Rafael.
Porém, a decisão de Adriano não mudou.
— Não é hora para fraquejarmos. Temos que ir, agora! — disse Adriano com o punho fechado.
Antes que alguém dissesse mais alguma coisa, Piyomon apareceu para dar um recado a eles:
— Amanda mandou dizer que, como já é tarde, vocês podem ficar aqui e passar esta noite.
— É sério? — Vanessa animou-se.
— Tomara que tenha comida aqui porque eu tô faminto. — disse Ryudamon.
Ao perceber o tempo escurecendo e o cansaço e fome de seus amigos, Adriano concordou que eles ficassem por lá mesmo.
— Será mesmo que essas crianças são mais felizes aqui do que em seus lares. Estamos mesmo fazendo a coisa certa nos preocuparmos tanto assim? — Adriano questionava-se enquanto admirava o pôr-do-sol.
Enquanto isso, na Forest Zone...
— Isso mesmo! Continuem assim!
Juan Afonso estava supervisionando as atividades de colheita de frutas dos Shurimons. E assim como eles, haviam vários outros digimons da floresta exercendo várias funções distintas.
— Bom trabalho. Muito obrigado. — Juan os agradeceu.
Porém, a mente dele só conseguia pensar na visita de Adriano e seus amigos, mais cedo. O modo como ele havia o confrontado e despertado a evolução de Neemon o deixou reflexivo.
— Juan, o que foi? — perguntou Funbeemon.
— Do que está falando? — Juan tentou disfarçar.
— Você está bastante pensativo o dia todo. Foi aquele tal de Adriano que te deixou assim?
— Não diga besteiras, Funbeemon.
Juan olhava para o modo como as crianças se divertiam e sorria. Para ele, um mundo de sorrisos era o mundo ideal de se viver.
— Senhor Juan, temos visitas. — Um Stingmon veio avisar a Juan.
— Diga-o para dar o fora. Se ele insistir, elimine-o.
— Desculpe, senhor. Mas acho que ele é uma exceção...
Quando Juan se deu conta, o forasteiro já estava quase na frente dele.
— Poxa, Juan, depois de tanto tempo é assim que você me trata? — o garoto falou com um grande sorriso no rosto.
— Não é possível... O que você está fazendo aqui? — Juan ficou irritado ao vê-lo.
A pessoa não era nada menos que Kevin Oliveira, o Dragon Master. Estava acompanhado de seu parceiro, Dracomon. Mas o que ele estaria fazendo ali?
— Ah, relaxa, eu só vim aqui pra te dizer um ‘’oi’’.
— Não tenho nada para falar com você. Dê o fora daqui imediatamente. — Juan não estava com paciência.
— Eu tenho um assunto sério para falar com você, Juan. Prometo que serei breve. — Kevin trocou o ar descontraído por um gentil.
Ao perceber o tom de sua mudado, Juan decidiu dar uma chance.
— Tudo bem. Vamos para um local mais reservado.
— Beleza! Quer dizer, muito obrigado.
Depois que já estavam em um local particular, eles poderiam conversar seriamente.
— Você soube, não é? Tem crianças aparecendo por todo o lugar, agora. — Kevin estava sério.
— Sim, eu sei. O que isso tem de mais?
— Bem, quer dizer que... Estão aparecendo mais digiescolhidos, não é?
Naquele momento, Juan lembrou-se de como Adriano adquiriu seu digivice.
— É o que parece...
— Significa que não somos mais necessários neste mundo?
Ao ouvir aquilo, Juan irritou-se e deu um soco na cara de Kevin.
— Ai! Isso doeu, Juan!
— Seu idiota! Não tem vergonha na cara? Você só pensa nisso? Em fugir? — Juan demonstrava uma raiva jamais vista.
— Tenha calma, Juan! — Funbeemon tentou pará-lo.
— Você é uma vergonha para os escolhidos. É uma vergonha até para seu parceiro Digimon!
— O Kevin não é nenhuma vergonha! — Dracomon tentou proteger o parceiro.
Aos poucos, Kevin levantou-se. Em seguida, olhou firme para Juan.
— Eu encontrei um grupinho. Eles eram bem legais. Um deles tinha um digivice.
— Fala sério. Tá falando do Adriano e seus amigos?
— É o quê? Você conheceu eles também?
Juan fechou os olhos e cruzou os braços. Não estava afim de responder.
— Isso responde tudo. Haha!
— Cale a boca. Eles vieram aqui, mais cedo. Eu disse que eles fossem para a Wind Zone, encontrar a Amanda.
— Não brinca. Eu os levei até lá. Os três estavam prestes a ser mortos pelo Megadramon até que Coredramon e eu os salvamos.
— Ah, é mesmo?
Juan havia colocado muitas expectativas em Adriano, mas acabou se decepcionando ao ouvir aquilo.
— Eles ainda vão acabar fazendo uma revolução no Digimundo. — Kevin deu um sorriso enquanto olhava para o céu.
— O que você disse?
— Aquele líder deles, o tal Adriano, eu não sei... Tinha um brilho nos olhos dele.
— Vai ver, ele é idiota igual a você. Acha que sonhos de criança podem mudar o mundo. — Juan foi sarcástico.
— Puxa como você é mal, Juan. — Kevin fez um bico. — Você só gosta de humilhar os outros.
Já era noite. E as estrelas brilhavam no céu. O tom de inimizade entre Kevin e Juan parecia não existir mais.
— Isso o que nós estamos fazendo é mesmo certo? Eu quero dizer, dividir o Digimundo em zonas, e fazer as crianças acreditarem que o certo é viver por aqui?
— Não diga besteiras, Kevin! Estamos acolhendo as crianças que os próprios adultos rejeitaram! — Juan alterou sua voz.
— É mesmo, né, mas eu acho que...
— Além disso, o fato de mais deles aparecendo por aqui já mostra que eles estão nos rejeitando cada vez mais. O mundo humano está sendo marcado pelo ódio. Não há mais salvação por lá.
Os resquícios do passado de Juan ainda teimavam em sua mente.
— Aqueles três não vai deixar isso ficar assim. — Kevin falou com firmeza.
— O quê?
— Eles vão fazer alguma coisa... Eu tenho certeza disso! — Kevin deu às costas para Juan e evoluiu Dracomon para Coredramon.
— Ei, Kevin! O que você quer dizer com isso?
Kevin subiu em Coredramon, preparando-se para partir.
— Eu prefiro ficar neutro no meio disso tudo. E Juan, não faça nenhuma besteira, tá?
— Ei, Kevin!
Dito isso, Kevin e Coredramon bateram asas e deixaram o lugar. Porém, novas ideias foram plantadas na cabeça de Juan.
Rio de Janeiro, Brasil
— Anda, Alberto, atende!
Já de noite, correndo com o celular na mão, Marta tentava contatar Alberto a qualquer custo.
‘’Este número não atende no momento, favor deixar mensagem na caixa postal.’’
— Que droga, era só que faltava!
Depois de muito correr, Marta acabou chegando na casa de Alberto. Já era tarde na noite e ele poderia estar dormindo.
— Vamos, atende aí! — Marta tocou a campainha várias vezes.
— Marta? — Alberto atendeu a porta.
— Ah, Alberto! Graças a Deus! Eu preciso falar com você, urgente! — Marta foi entrando como se já fosse uma pessoa de casa.
— Nossa, o que foi que aconteceu? Por que tá tão agitada? — Alberto fechou a porta.
Marta tentou ficar mais calma. Alberto não entendia o que se passava.
— O Cláudio... Ele abriu um portal pro Digimundo!
— Como é que é? — A surpresa de Alberto foi tão grande que ele quase caiu para trás.
— Alberto... O Cláudio vem agindo estranho esse tempo todo. Ele tá tramando alguma com certeza!
Como já era tarde e a empresa já estava fechada, não dava para fazer quase nada.
— Então ele foi mesmo para o Digimundo?
— Sim! Eu vi com os meus próprios olhos! Como isso é possível, Alberto?
— Aquele miserável... Ele foi na minha frente! — Alberto deu uma grande risada.
Agora era Marta quem não estava entendendo mais nada.
— Eu vim correndo feito uma condenada pra te avisar e é assim que você reage? Como assim, ele foi na sua frente?
— Tenha calma, Marta! Cláudio e eu vínhamos estudando a possibilidade de criar um portal digital há muito tempo. Mas nós nunca tivemos sucesso.
Alberto estava um pouco confuso, mas estava feliz. Se Cláudio havia ido para o Digimundo, então uma parte do sonho dele foi realizada.
— Então você sabe o que ele foi fazer lá?
— Ah, isso eu não sei. Mas a gente descobre.
Naquele momento, Marta acabou percebendo uma coisa.
— Então... Você acha que as crianças desaparecidas foram levadas para o Digimundo?
— É muito provável. Na verdade, eu não vejo outra explicação.
— Então, o que vamos fazer, Alberto? — Marta estava angustiada.
— Ora, não é óbvio, Marta?
Alberto deu um sorriso. Ele estava prestes a dizer uma frase que ele queria dizer há tempos.
— Nós vamos para o Digimundo!
Era chegada a hora para os três cientistas da D-Vision terem mais visibilidade na história...
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