Talvez tivesse visto errado? Com certeza não. Aquela imagem era real demais para ser um engano ou imaginação sua. Não conseguiu dormir a noite toda, a imagem de Ultear naquela janela ainda perturbava sua cabeça. Por que ela havia voltado? Logo agora, quando ele finalmente havia aceitado seu destino e tinha resolvido seguir em frente. Ela não podia ter voltado por ele... Não depois de tudo o que ela havia aprontado.
– Ela veio atrás de algo? – Pensara um pouco. – Talvez esteja na estufa.
Então, levantou-se e, cuidadosamente, seguiu para fora do quarto. Desceu as escadas e seguiu até a porta da cozinha — deu graças por estarem todos dormindo. Seguiu até a casa envidraçada e adentrou.
– As ervilhas doces... – Dirigiu-se até o vaso da flor e tocou uma das pétalas. – Naquele dia... Eu machuquei a feiosa... – Sorriu com o apelido. – Que não é tão feiosa...
– A flor te lembra alguém, Natsu? – A voz feminina ecoou na estufa, fazendo-o assustar-se.
– Virgo?! Nossa, que susto! Achei que fosse outra pessoa. – Respirou fundo.
– Seria Lucy? – Engasgou-se com a saliva.
– Como você...?
– Imaginei que fosse. Deveria falar com ela, contar a ela sobre o passado.
– Não. – A rosada o encarou. – Foi você mesma que disse para deixar o meu passado para trás. Estou me empenhando nisso, não se preocupe.
– Tem certeza?
– Sim, estou me mantendo firme.
– Mesmo depois de ter visto aquela mulher novamente? – Natsu encarou a mais velha, atônito. – Erza me contou. – Empregada bocuda!
– Mas eu não liguei, sequer falei com ela.
– Não precisa falar com ela, Natsu. Você sentiu e está sentindo aqui – Pôs o dedo sobre o peito esquerdo do mesmo. – e isso já basta. Deve contar para Lucy. Ela, de todas as pessoas, não merece ser enganada.
– Para você é fácil falar; se ponha no meu lugar, como acha que eu iria falar para ela? "Ei Lucy, sabe, minha ex voltou e eu estou me sentindo como antes, acho que ainda gosto dela!" – Ironizou, fazendo aspas com os dedos.
– Estou falando sério, seu idiota. Fale antes que seja tarde demais. – Virou-se para partir. – Ou ela será a única que sairá machucada. – Saiu, deixando o rosado para trás.
Ela estava certa. Tinha que por um ponto final nessa história.
♕♡♔
Já passava das cinco e ele ainda não havia dormido. Estava ansioso por algo, mas não sabia ao certo o que era. Ouvira batidas na porta.
– Natsu... Está acordado? – Era a voz de Lucy, mas em uma hora daquelas? Dirigiu-se até a porta e a abriu.
– Estava acordado. Precisa de algo? – Observou a mesma morder o lábio inferior.
– Também não consegue dormir? Vi você ontem a noite; estava indo para a estufa.
– Também está sem sono? – Indagou, ignorando a última fala da loira.
– Sim... Me sinto nervosa, meu coração está acelerado... Não sei o que está acontecendo, nunca me senti assim antes.
– Quer entrar?
– Ah, não, não precisa... É só que... – Mordeu ainda mais o lábio. – Bem... Quer ir em um piquenique comigo? – Enrubesceu diante do olhar esverdeado do rosado.
– Sim. – Quase desmaiou ao ouvir a resposta imediata e calma. – Quando vamos?
– Podemos ir mais tarde, posso preparar tudo! – Ela estava realmente animada.
– Está bem empolgada. É porque está indo comigo? É uma honra e tanto. – Sorriu, vangloriando-se.
– Baixa a crista, rosinha. – Estava vermelha. – É que eu nunca fui em um piquenique. Estou feliz por ir em um, não ligo se for com você.
– Está me dizendo que, para você, pouco importa se eu for ou não, contanto que você vá para esse bendito piquenique? É isso?
– Bem, não. Você é importante. – Sentiu seu sangue ferver ainda mais em suas bochechas.
– Então você admite. Bem, não tenho escolha, certo? Só preciso ir.
– Nyah! Obrigada! – E o abraçou, saindo correndo em seguida.
– Essa garota é maluca. – Riu e virou-se; fechou a porta e jogou-se na cama. – Piquenique, em? – Soltou uma risadinha.
♕♡♔
Faltavam poucos minutos para o passeio e Lucy parecia que iria enlouquecer.
– Lucy, se acalma. Vai acabar estragando o sanduíche. – Levy alertava, em vão.
– Desista, baixinha. Ela está obcecada. – Gajeel descansou o braço sobre a cabeça da azulada, deixando evidente a enorme diferença entre alturas. – Mas pensando bem, poderíamos sair em um piquenique também.
– Claro! – Sorriu. – Um dia, mas não hoje.
– Poxa...
– Terminei! – A loira gritou, chamando a atenção do casal. – Eu me esforcei muito para fazer isso tudo. Espero que ele goste.
– Está apaixonada? – Escutou a voz de Juvia e a encarou.
– Claro que não! Apenas estou feliz. – Encarou a marmita com sanduíches. – É a minha primeira vez cozinhando para alguém. Nem para Lisanna eu cozinhava. E também é a minha primeira vez em um piquenique, queria que fosse realmente bom.
– Sei não. Sinto cheiro de algo a mais. – Fôra a vez de Erza comentar.
– Até você, brutus? Poxa, todos estão contra mim? Não é nada disso, ok?
– Certo, certo. Agora vai, Natsu está te esperando na sala.
– Deseje-me sorte!
– Boa sorte! – As empregadas gritaram em uníssono.
A loira correu até o rosado e parou na frente do mesmo.
– Podemos ir. – O rosado assentiu e ambos seguiram para fora dos muros que rodeavam o castelo.
♕♡♔
Sentiu o coração acelerado pela enésima vez no dia, estava doente? Respirou fundo e levantou-se. Seguiu até o banheiro e tomou um banho rápido. Vestiu um vestido simples e penteou o enorme cabelo negro. Na sua mente, viera a lembrança do porquê deixar seu cabelo tão grande.
– Natsu... – Ele sempre dizia-lhe que era tão bonita de cabelo grande, por isso deixara o mesmo crescer. Depois do que acontecera no dia anterior, não havia visto-o novamente. – Onde será que está? Será que está com a sua esposa? – Aquilo fizera seu coração doer um pouco. – Preciso respirar. – Dirigiu-se para fora do casebre.
♕♡♔
Pararam ao chegar em um pequeno ponto do pequeno parque. Tinha uma árvore grande no local, então Lucy decidira ficar ali, na sombra.
– Aqui parece um bom lugar, é arejado e tem uma grande sombra aqui. – O rosado apenas assentiu, ajudando a garota a arrumar a toalha sobre a grama. – Oh, droga! O glacê do bolo sujou um dos pratos! Vou até a fonte lavar, não irei demorar. – E foi até o lugar citado.
– Boba... – Sussurrou, rindo do desespero da garota.
– Natsu...? – Congelou ao ouvir a voz. Não poderia ser... Seria muita coincidência ou muita falta de sorte. Virou-se e encarou a morena friamente.
– O que faz aqui? – Levantou-se.
– Pelo o que sei, a praça é pública. – Sorriu, brincalhona.
– Tsc. – A mesma língua afiada de sempre. – Por que voltou?
– Senti a sua falta... – Temia por essa resposta, mas como tinha prometido à Virgo, ele não iria vacilar.
– Jura? E sentiu falta de mais o quê? Do meu dinheiro? Da sua maldita estufa? Ou do meu irmão?
– Eu senti a sua falta, Natsu! Somente a sua! Quer que eu desenhe? – Passou a mão pelo cabelo negro, nervosa. – E aquilo foi um acidente. Eu e Zeref não dormirmos juntos. Juro!
– Não consigo acreditar. – Estava vacilando aos poucos; onde Lucy estava que não aparecia para tirá-lo dali?
– Você é o único que eu amo, Natsu. Meu coração pertence somente a você. E quando eu soube que tinha se casado, eu voltei... Porque achei que ainda tivesse uma chance de ter de novo... Tinha a esperança de que você ainda me amasse, mesmo que um pouco. Para mim, isso seria o suficiente. – Aproximou-se do rosado e segurou as mãos do mesmo, entrelaçando-as com as suas. – Vim para lutar por você; porque você meu. – Aproximou-se para beijá-lo.
– O que está acontecendo aqui?
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