Severus Snape, elfo negro da Floresta das Trevas e Mestre de Poções de Hogwarts nunca havia se sentido tão pressionado em toda a sua vida. Não só ele estava lutando para recuperar o estado de saúde do filho de sua falecida melhor amiga, como ele tinha três irados Kittyara bufando em seu pescoço e dois furiosos guardiões, que iriam rosnar toda vez que um mínimo som de dor escapasse dos lábios do jovem moreno. Isso sem contar o brilho que prometia muita dor que ele vislumbrara nos olhos dourados de sua Senhora, antes que esta deixasse o recinto. A cereja no topo do bolo se apresentou na forma de seu inconveniente afilhado, que irrompeu pelas portas do quarto alguns minutos depois que a princesa Kittyara havia saído, seus olhos brilhando como prata fundida e um rosnado gutural ecoando de seu peito, enquanto ele se adiantava e acolhia ao corpo prostrado na cama com extrema delicadeza, envolvendo a ambos com suas asas brancas de forma protetora e dificultando imensamente o trabalho do Mestre de Poções.
Suspirando para aliviar a dor de cabeça que se desenvolvia, Severus ignorou aos rosnados provenientes dos cinco felinos e tentou fazer com que o loiro voltasse à razão. A única coisa que conseguiu foi receber um rosnado em resposta. Aquela foi a gota d’água.
- Draconis Alexander Malfoy!!! Sua mãe vai ouvir falar desse seu comportamento impróprio. – Severus praticamente rugiu, seus olhos negros brilhando com descontentamento. – Agora pare com isso e me deixe fazer o meu trabalho. O seu companheiro precisa de ajuda!
O rapaz loiro se encolheu levemente com a ameaça e, muito a contragosto, recolheu as suas asas, embora não tenha se afastado um milímetro do corpo em seus braços. Suspirando novamente, desta vez em derrota, o Mestre de Poções voltou a trabalhar no rapaz moreno, derramando poções atrás de poções pela sua garganta, e realizando feitiços de cura e diagnóstico a torto e a direito. Quando ele enfim se afastou, o jovem Potter possuía uma aparência muito melhor e a cor havia voltado as suas faces. Com um assentimento satisfeito, Severus começou a recolher as suas coisas, permitindo que o jovem loiro voltasse a cobrir ao pequeno moreno com suas belas asas, escondendo-os da vista, para grande aborrecimento dos felinos, que voltaram a rosnar. Uma risada cristalina soou a partir da porta do quarto, efetivamente atraindo a atenção de todos para uma muito divertida Princesa Kittyara, que havia acabado de entrar no aposento.
- Os dominantes e a sua mania de superproteção. – ela comentou enquanto se aproximava do grupo. – Gostaria de ver as suas caras quando eles se derem conta de que não somos tão submissos assim.
Os três Kittyaras presentes riram com divertimento e um sorriso discreto surgiu no rosto geralmente estoico do Mestre de Poções, enquanto o leão branco grunhiu levemente em aborrecimento. Ainda sorrindo, Lilith se aproximou do casal na cama, parando quando o loiro rosnou levemente em intimidação. Franzindo o cenho, ela deixou que seu poder mágico a envolvesse, a marca de meia lua dourada brilhando em sua testa e suas asas negras saindo de suas costas, e soltou o seu próprio rosnado de aviso.
Assim que sentiu o poder esmagador que emanava da mulher em ondas suaves, Draco a reconheceu como alguém de status superior e abaixou novamente o seu escudo de penas, permitindo que ela se aproximasse, embora seus olhos prateados ainda a encarassem com ligeira desconfiança. Nem um pouco intimidada pelo dominante loiro, a Kittyara sentou no outro lado da cama e começou a alisar as sedosas mechas negras do jovem moreno, sorrindo satisfeita quando este soltou um pequeno suspiro de contentamento. O que mais a deixou aliviada, no entanto, foi perceber que o rapaz ainda não havia despertado completamente a sua herança.
- Graças aos Deuses... – ela murmurou em um fio de voz. – O dano ainda pode ser curado... Vai precisar de tempo, mas vai ficar tudo bem... Ele só precisa ter certeza de que é querido e amado. – afirmou, seus olhos dourados se fixando duramente nas esferas prateadas do herdeiro Malfoy, que assentiu com fervor. O próprio pensamento de repudiar o seu companheiro era inconcebível para ele.
Satisfeita com o brilho determinado que ela vislumbrou nos olhos de Draco, Lilith se levantou e se dirigiu aos outros ocupantes do quarto.
- Vamos deixar que ele descanse agora. – ela pediu, levando todos, com exceção do loiro, para fora do quarto e fechando as portas atrás de si. Assim que ela o fez, um suave som de aparição foi ouvido quando um elfo-doméstico surgiu ao seu lado.
- Mestra, Mestre Serpente pediu para avisá-la que o café da manhã está sendo servido na sala azul. – a diminuta coisa guinchou um pouco animada demais, antes de desaparecer com outro “pop”.
Rindo levemente com o apelido que o elfo havia usado para seu companheiro, a morena convidou a todos para se juntarem a ela no café. Os três Kittyara e Severus prontamente aceitaram, mas os dois felinos preferiram permanecer e guardar as portas do quarto, ainda preocupados com o filhote. Sorrindo para os seus guardiões, Lilith assentiu e começou a fazer o seu caminho em direção a sala que o elfo-doméstico havia indicado.
- Então, Severus, como ele está? – ela perguntou, iniciando uma conversa, enquanto eles caminhavam pelos corredores.
- Eu consegui estabilizá-lo, mas ele ainda irá precisar de algumas poções de nutrientes e de cicatrização, uma dieta balanceada e muito descanso. – o homem respondeu com o cenho ligeiramente franzido.
- Não se preocupe. – Lilith consolou-o. – Nós iremos garantir que ele se recupere.
- Se eu puser minhas mãos nas abominações que fizeram isso com o filhote, eu... Grrr! – Lucy grunhiu enquanto fazia um gesto de estrangulamento com as mãos.
- Eles estão presos nas masmorras aqui da Mansão... Vocês são mais que bem vindos a fazerem uma visita, se os seus companheiros permitirem. Só não matem os prisioneiros... Esse prazer é exclusivo do filhote e de seu companheiro. – disse Lilith, sorrindo divertida com o brilho predatório que ela divisou nos olhos dos quatro.
Eles fizeram o resto do caminho em um silêncio confortável, todos perdidos em alegres pensamentos de dor e tortura. Antes que eles chegassem a sala onde a refeição estava sendo servida, o grupo deu de cara com o Lorde das Trevas, que parecia estar esperando-os em um dos corredores, juntamente com Lantis, os dois Lordes Yokais e o casal Malfoy. Ao perceberem a aproximação de seus submissos, os quatro dominantes se dirigiram até eles, verificando-os imediatamente para quaisquer sinais de lesões. Rindo divertida, Lilith ficou na ponta dos pés e depositou um suave beijo nos lábios do moreno de olhos vermelhos, se aconchegando em seu peito musculoso e ronronando satisfeita quando ele começou a acariciar suas orelhas.
- Eu confio que está tudo bem com o filhote? – a voz de barítono pediu.
- Sim. Severus conseguiu curar todos os danos físicos, mas ele ainda precisará de tempo para se recuperar completamente dos danos mentais... O papel do jovem Draco será essencial a partir de agora. – a Kittyara respondeu, encarando ao casal loiro.
- Draco saberá ser cuidadoso, minha Senhora. – disse o patriarca Malfoy, um pequeno sorriso satisfeito surgindo em seus lábios. A adição do sangue Potter à linha dos Malfoy era uma grande conquista. Somando-se a isso o sangue Kittyara e poder-se-ia dizer que o status da sua família na sociedade acabava de ser elevado drasticamente.
- Ai, eu mal posso esperar para ver os seus filhotes. Eles serão tão lindos. – Narcisa divagava, seus olhos azuis perdidos na imagem de pequenos bebês de cabelos pretos e olhos prateados ou loiros de olhos esverdeados.
- Eles certamente serão encantadores. – Lilith murmurou também sonhadora, embora ela tivesse notado o ar levemente abatido que se estabeleceu sobre o Kittyara de olhos bicolores. E ela não havia sido a única.
- Phi? O que houve? – Kurogane pediu ao seu companheiro, seu cenho se franzindo com preocupação.
O loiro apenas sorriu e abanou a cabeça, sussurrando um “Não é nada” logo em seguida. O Ryujin não parecia convencido, mas deixou passar. Lilith, entretanto, não poderia deixar essa chance escapar, de forma que ela começou a repreender ao jovem Kittyara na linguagem que somente os de sua espécie poderiam entender. Ela começou a miar e a sibilar com raiva.
- Você terá que contar a ele algum dia, jovem, e agora é um momento tão bom como qualquer outro... Ou você prefere que eu mesma diga?
Ao ver a cor deixar o semblante do seu companheiro, Kurogane se voltou para a mulher morena e rosnou para ela em aviso. Princesa ou não, ninguém estava autorizado a intimidar seu submisso. Um rosnado de igual potência deixou os lábios de Voldemort, que se colocou protetoramente em frente a sua companheira, seus caninos a mostra e sua pose desafiadora. Antes que a situação saísse do controle, Phi se adiantou e colocou uma mão no braço de seu companheiro, efetivamente atraindo a sua atenção.
- Está tudo bem. Ela estava apenas me dando um conselho... – o loiro pareceu incerto por um momento, antes que um brilho determinado se estabeleceu em suas esferas bicolores. – Eu preciso falar com você... A sós.
Assentindo, agora em ligeira confusão, o Lorde Ryujin começou a segui-lo na direção dos aposentos que ambos compartilhavam na mansão. Quando eles estavam fora do alcance da audição o confuso Lorde das Trevas se voltou para a sua noiva.
- O que foi isso? – ele meio que exigiu, sua preocupação aumentando quando viu o semblante triste da mulher morena e dos outros dois Kittyara.
- Nada que seja da nossa conta, no momento. – ela respondeu para então se voltar para Lady Malfoy. – Então Cissa... Acho que nós precisamos começar a planejar os detalhes do casamento. – e assim ambas as mulheres logo estavam engajadas em uma animada conversa sobre decorações, buffet, a cerimônia, o enxoval e até mesmo o chá de bebês.
Com um suspiro, Tom deixou as duas mulheres com seus planos mirabolantes e se dirigiu ao Demônio do Fogo, que ainda retinha a sua companheira ruiva protetoramente em seus braços.
- Vocês irão ficar para o café?
O moreno de olhos azulados negou suavemente com a cabeça. – Não. Zagard me contatou mais cedo e pediu para que eu voltasse ao castelo. Parece que Rafága está tendo dificuldades com um dos aprendizes.
- Phério? – Tom pediu ligeiramente divertido.
- Temo que sim. – Lantis suspirou em derrota, arrancando uma risada de sua companheira. – Nós estamos indo, então.
- Façam uma boa viagem. – Lilith cumprimentou, surgindo repentinamente ao lado de Tom e quase lhe dando um ataque cardíaco.
- Que é isso, mulher! Está louca?
- Não... Não sei... Talvez... Quem sabe. – ela respondeu divertida, recebendo um exasperado gemido do moreno como resposta. Os outros presentes apenas riram levemente da expressão do Lorde.
Se despedindo dos outros presentes, Lantis e Lucy partiram, e Tom começou a guiar os outros para o salão onde o café já estava esperando por eles. Antes, porém, que ele pudesse abrir as portas do aposento, ele pareceu se lembrar de algo importante e se voltou para encarar ao Mestre de Poções.
- Ah, Severus. Só para que você saiba, os representantes de algumas das Criaturas Mágicas da Europa estarão hospedados na Mansão pelos próximos dias.
- E? – o homem moreno perguntou, erguendo uma sobrancelha.
- Bem...
- SE-VE-RUUSS!!!!!
“Oh não! Ele não!” foram os pensamentos aflitos do elfo negro, antes que um vulto vermelho se chocou contra ele a toda velocidade, vindo pela porta recém-aberta por Tom, e efetivamente derrubou-o no chão. Soltando uma leve risada de divertimento, o Lorde das Trevas se aproximou dos dois corpos que se debatiam, trazendo sua curiosa noiva junto, e apresentou ao estranho de cabelos vermelhos.
- Amor. Deixe-me apresentá-la ao Lorde Nathanael Sutcliff, príncipe do coven de vampiros da Europa...
- E a maldição da minha existência. – Severus resmungou, empurrando ao vampiro ruivo de cima dele e se erguendo, seus olhos fixos em seu atacante com visível desprezo.
- Aum Seviee! Não diga isso. Você sabe que eu te amo!
Sendo apenas alguns centímetros mais alto que o mestre de poções, com o corpo de um astro de cinema, cabelos vermelhos-sangue curtos e repicados em um corte despojado, e surpreendentes olhos verde amendoados, o príncipe dos vampiros seria um homem extremamente desejável, se não fosse pelo sorriso psicótico estampado em seu rosto. Lilith gostou dele imediatamente.
- Nathanael, esta é minha noiva e Senhora, Lady Lilith Millenium. – Tom apresentou, atraindo a atenção do vampiro.
- É uma honra poder conhecê-la, Milady. Que a bela Selene abençoe este nosso encontro. – ele cumprimentou, se curvando ligeiramente e depositando um suave beijo no dorso da mão de Lilith, para extremo aborrecimento de Voldemort.
- O Brilho dela assim o fará. – respondeu a Princesa Kittyara, sorrindo divertida quando escutou ao leve rosnado ciumento de seu companheiro.
Com uma piscadela cúmplice e um brilho divertido em suas esferas esverdeadas, o vampiro soltou a mão da morena e se endireitou, indo imediatamente para o lado de um desgostoso Mestre de Poções.
- Não se aproxime Sutcliff. – Severus grunhiu, encarando friamente ao risonho ruivo.
- Ah, Sevie!
- E pare de me chamar assim! – o moreno rosnou e se afastou, caminhando com passos pesados para dentro do salão e batendo a porta atrás de si.
Assim que o Mestre de Poções desapareceu, todo o divertimento pareceu evaporar da face do homem de cabelos vermelhos, dando lugar a uma profunda tristeza.
- Vocês são companheiros? – Lilith perguntou ligeiramente preocupada com o semblante carregado de seu mais novo amigo.
- Os vampiros e os elfos, assim como os Demons, não tem um companheiro pré-estabelecidos. Eles podem escolher quem quiserem para conjugue, entretanto, uma vez feita a escolha, eles não irão amar ninguém mais. – Tom esclareceu ao seu lado, abraçando-a pela cintura e encarando ao homem ruivo com olhos vermelhos pesarosos.
- Eu o escolhi como companheiro desde a primeira vez que o vi. – disse Nathanael, seus olhos esverdeados encarando saudosos as portas por onde o elfo moreno havia passado.
- E ele é tolo o suficiente para sequer notar seus avanços. – uma voz profunda ecoou atrás deles, atraindo a atenção do grupo e arrancando um rosnado do Lorde vampiro.
- Você!!!!
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