História Discovery - She makes me feel complete (extra 2)

Camila POV

Era Novembro. Eu estava em uma correria fora do normal. Tínhamos que entregar tudo pronto na gráfica até as 14h e mesmo assim ainda tinha trabalho para se fazer. Eu sentia falta da antiga equipe mais do que profissional e eficiente da revista da Danny, mas era a minha vez de mostrar que era capaz de qualificar pessoas a um nível tão bom também.

Um telefonema pela tarde me fez literalmente voar de volta para casa. Sim, Lauren e eu havíamos comprado uma casa em um bairro residencial da cidade e mesmo que eu sentisse falta do movimento caótico do centro, ter um pouco de calma e mais segurança dos bairros residenciais me faziam sentir mais confiante sobre finalmente estarmos começando uma família.

Eu tive de pisar no acelerador o mais rápido possível e mesmo assim tive que desviar o caminho na metade para outro destino. Eu sabia que não poderia perder sua chegada. Estávamos tão ansiosas por isso.

Me senti perdida por alguns segundos enquanto procurava o andar e quarto que me foram indicador. Meu coração pulsando na minha garganta toda vez que eu olhava rapidamente para os números nas paredes. Lá estava ele. 227.

O seu sorriso aliviado ao me encontrar quase fez meu coração voar para fora do peito. Clara estava ao seu lado e também sorriu pelo meu desespero em abrir a porta do quarto e entrar sem aviso. Lá estavam as duas mulheres da minha vida. Minha mulher e nossa primeira filha prestes a nascer.

Não haviam palavras para expressar o quão animadas estávamos desde que descobrimos que o tratamento havia funcionado. Ela decidiu bravamente ir primeiro. Eu não estava segura em poder carregar um bebê por 9 meses sendo que Lauren ainda me dava broncas sobre certas coisas.

O engraçado foi a ver amadurecer tão mais rapidamente durante sua gestação. Seu trabalho agora tinha algo diferente. Ela fotografava algo e eu podia sentir amor e apenas isso. Não deixou a câmera de lado. Fez dela ainda mais sua amiga e havia um ensaio apenas de coisas bobas que ela considerou boas frente a câmera. Era gratificante a ver assim.

Eu respirei fundo tentando acalmar meu corpo e mente. Passo longos até seu lado. Ela teve outra contração e eu quase corri de volta para fora, mas ela puxou minha mão e apertou como se pedisse para que eu permanecesse ali e nesse minuto decidi, eu nunca um dia poderia deixar essa mulher. Em minutos, ou horas, não sei, teremos nossa primeira filha em nossos braços finalmente.

Foram momentos tensos. Ela apertava minha mão tão forte durante as contrações e mesmo sentindo meus dedos ficarem sem sangue para circular, sua dor deveria ser maior. Lá estava eu elogiando sua coragem por ter o feito. Eu disse que poderíamos adotar uma criança, mas ela quis passar pela experiência e eu também quis alguém no mundo que pudesse parecer com ela. Um pedacinho de verdade dela no mundo.

Os minutos passaram, ela finalmente estava pronta para vir. Nossa pequena também não deixou de ser forte. Ela trabalhou junto com sua mãe e fez seu caminho certo. A minha garganta fechou ao vê-la pela primeira vez. Era tão pequena e parecia tão frágil. O meu coração bateu mais rápido do que nunca. As lágrimas apenas vieram quando o sentimento dentro de mim revirou meu corpo para fora e eu ouvi de longe fogos de artifícios explodirem como em viradas de ano.

Lauren estava agora com seu maior sorriso. Ela não havia me dado esse sorriso antes e eu entendi que sempre haveria algo novo para se descobrir. Foi um de seus sorrisos mais bonitos e atravessou a minha alma quando minha única necessidade foi a beijar para agradecer por tudo, pela nossa filha, pela nossa vida, por ela ser o amor da minha vida.

Daniela veio aos meus braços segundos mais tarde enquanto berrava o mundo para fora dos pequenos pulmões. Eu sorria porém. Era o choro mais lindo do universo. Ela estava bem, era perfeita em tudo. Um pedacinho das constelações em meus braços. Eu não aguentei e não evitei em deixar que as lágrimas de emoção viessem mais fortes agora. Lauren também o fez.

Dani teve sua primeira foto naquele dia quando Lauren a recebeu em seus braços e eu lhe beijei o rosto enquanto Clara se certificava de fazer um bom retrato. Não pude comparar minha felicidade a nenhum outro momento.

Tivemos nossa primeira filha e os primeiros meses foram incrivelmente cansativos. Daniela era esperta e brincalhona demais, mas também exatamente bagunceira como a mãe.

Lembro de quando éramos acordadas com o seu choro no meio da madrugada e eu sabia que seria a minha vez de a colocar novamente para dormir, mas eu estava tão cansada. Lauren apenas me puxava de volta para a cama, beijava meu rosto rapidamente e corria para aninhar nossa garota.

Daniela tinha dois anos quando finalmente tive coragem o suficiente para uma nova e inesquecível experiência. Eu decidi carregar nosso próximo filho e ainda não estávamos certas de que dois era um bom número.

Sim, Lauren foi forte durante seu parto. Eu queria bater em todas as enfermeiras e chutar a cara do médico a minha frente. Lauren apenas sorria e tentava me acalmar quando eu sentia meu corpo sendo rasgado ao meio. Se a dor importou quando nosso pequeno príncipe finalmente veio ao mundo? Bem, dor foi minha última preocupação. Eu apenas o queria em meus braços para me certificar de que ele estava bem e saudável. Foi tão forte quanto Dani e tão sapeca também.

Dei uma pausa curta no trabalho quando Louis nasceu, mas como sempre, Lauren nunca abandonou as câmeras. Confiei em Halsey para comandar a editora por algum tempo até eu ter tido o suficiente para mimar nossos filhos. Ela não reclamou, mas as vezes aparecia na nossa porta tentando arrancar o cabelo porque estava perdida. Eu apenas gargalhei por isso.

Quando as crianças foram as duas para a escola, me senti perdida. Eu não as queria deixar ir e Lauren fazia graça do meu desespero de não querer os deixar pela manhã. Era divertido os ensinar as tarefas de casa. Dani era paciente como Lauren, Louis queria rasgar as folhas quando não conseguia fazer algo.

Eu acordava todos os dias olhando para a mesma mulher e esperei o fazer pelo resto da vida. Lauren não havia deixado de ser minha garota. Ela nunca deixaria, mas por agora, ela também era acima de tudo, minha mulher. Uma mulher incrível, forte, com a mente brilhante de sempre, uma mulher mais linda a cada dia.

Ela estava dormindo. A respiração tranquila. A lateral do rosto contra o travesseiro enquanto ela estava de lado na cama, mas de frente para mim. Sorri. Era minha visão favorita.

A beijei o rosto suavemente para receber a explosão que sempre seria a ter abrindo os olhos e me observando. Ganhei seu primeiro sorriso do dia de volta. Eu iria me sentir tão feliz o tempo todo que queria pular sobre ela na cama e a encher de beijos e carinho o tempo inteiro.

- Bom dia. – Disse em uma voz preguiçosa.

- Bom dia, garota. – Ela sorriu mais largo e me puxou para mais perto, afundando o rosto no meu pescoço e envolvendo as pernas nas minhas segundos depois. – Temos que levantar, amor.

- Só mais um pouco. Você está tão quente. – Beijou meu pescoço suavemente e relaxou um pouco mais. A respiração tranquila batendo contra a minha pele deixando arrepios percorrerem meu corpo.

Não quis dizer mais nada para não deixarmos aquela posição confortável, mas sabíamos que era um dia mais do que importante. A beijei o topo da cabeça e ela sorriu.

- Okay, eu sei, já estou de pé. – Falou novamente com a voz mais grave do que o normal. Aquela voz que você ouve e chega a se sentir insana. – Vamos tomar banho. Vem comigo.

Outro beijo e ela me arrastou também para fora da cama. Foi um banho rápido, mas divertido. Terminamos de nos arrumar em poucos minutos e arrumamos os pequenos também.

Eu tinha meu corpo de café amargo enquanto caminhávamos para a garagem. Lauren levava Louis e duas bolsas. Dani estava com sua mochila nas costas e parecia extremamente animada. Ela sabia bem o quão importante esse dia era para nossa família.

- Mama, eu posso ir também? – Usou seu charme na voz carinhosa para me vencer.

- Amor, nós já combinamos tudo, certo? Vocês dois esperam na casa da vovó e os levamos para lá depois. – Beijei sua cabeça antes de abrir a porta traseira do carro e a colocar sentada seguramente. Lauren fazendo o mesmo com Louis do outro lado.

- Mas eu queria ir. – Fez bico e me deu seu olhar chateado. Os olhos da Lauren em tamanho menor quase me vencendo, mas seria do nosso jeito.

- Não vamos demorar. Eles vão vir para ficar. Você não pediu um novo irmão? Vamos te dar mais dois. – Falei animada e em segundos ela deixou sua expressão anterior para abrir o maior sorriso do mundo. – Viu só?! Você precisa ajudar a vovó Dan a arrumar a casa para receber seus novos irmãos.

A garota cantarolou feliz o caminho inteiro enquanto Louis adormecia outra vez em sua cadeirinha. Lauren cantando junto com a nossa garota e eu dirigindo com mais atenção a cada segundo.

Lembro de dirigir com cuidado antes, mas agora que tínhamos uma família, tomava cuidado em dobro. Mesmo dirigindo sozinha, eu ainda era cautelosa. Sabia que tinha três pessoas as quais eu amava infinitamente, me esperando em casa. Cuidado nunca era demais.

Danny nos recebeu tão animada quanto sempre. James e ela haviam casado não havia muito tempo. O homem também extremamente mais maduro agora. Os pequenos correram para a abraçar e lá estava eu os observando ainda na porta fazendo o caminho de anos atrás percorrerem a minha mente. Me perguntei o que seria da minha vida hoje se eu não tivesse invadido aquele banheiro no apartamento horroroso do James e a maçaneta da porta não tivesse quebrado. Provavelmente seria tudo diferente e eu nunca seria tão feliz e realizada como hoje.

Dessa vez Lauren tomou a direção. Ela dirigia mais rápido em ansiedade. Havíamos passado por um processo longo e quase estressante para aumentar um pouco mais a família. Adoção nunca é tão fácil quanto se espera, mas no fim, você entende que eles precisam estar certos de que as crianças irão para a família certa.

A instituição tinha crianças de todas as idades, desde bebês até os mais velhos que haviam vivido suas vidas ali e estavam prestes a deixar a instituição. Nós a visitamos durante a Páscoa e como estávamos literalmente perdidas ali encarando crianças correrem para todos os lados, nos deixamos ser guiadas pelo bom coração dos nossos filhos que em minutos se enturmaram com dois garotos com idade praticamente igual a da Dani.

Eles estavam a algum tempo lá e não sabiam exatamente se sairiam dali com uma família. Eram irmãos gêmeos e a maioria quer apenas bebês ou levam uma criança só. Lauren me deu seu olhar de “tem que ser eles ou vamos embora para não voltar.” Dani e Louis também pareceram animados e no meio de julho conseguimos finalmente finalizar todo o processo.

Deixamos o carro no estacionamento e caminhamos juntas de mãos dadas para dentro a instituição onde o coordenador e diretor nos esperavam. A assinatura dos documentos foi feita. Não lembro de ter assinado o meu nome com tanta pressa antes. Queríamos levar nossos pequenos para casa também. Lauren não esteve brincando quando disse 3 ou 4 no supermercado anos atrás quando sugeriu que nos mudássemos para uma casa maior. Aqui estávamos nós. Eles eram 4 agora e eu podia dizer que meu coração ainda teria espaço para 10.

Dessa fez foi uma sensação diferente. Um sentimento novo invadindo minha mente quando os dois garotos abriram um sorriso ao nos ver. Eles não correram. Caminharam calmamente ao lado de uma das funcionárias, mas eu podia ver suas animações nos olhares. Eu queria pular junto com Henry e Dant.

Nós não pulamos ainda, mas nosso riso invadiu o carro no caminho para casa da Danny. Lauren fez algumas planos com eles ainda escondendo qualquer surpresa que pudesse ser feita. Como você se sente quando olha para duas pessoas que nunca havia visto antes e sente que elas te pertencem desde sempre, que você as deve amor, cuidado, atenção e carinho? Quando tudo o que você encontra em seus pequenos olhinhos é gratidão eterna por os aceitar em sua família. Quando você olha nos olhos do amor da sua vida e sente que não poderia ser completa sem nada disso. Como você se sente?

Danny fez uma festa para comemorar a chegada dos dois novos pequenos. Eles abraçando Dani e Louis pela primeira vez fora da instituição é minha foto favorita deles que Lauren já fez. A felicidade de finalmente estarem juntos agora e para sempre. O carinho expresso em um abraço e gargalhadas. O som dos seus risos me faziam esquecer tudo de ruim, mas foi impossível não lembrar dos meus pais e Sofia. Eu tentei não chorar, mas eu queria que eles estivessem aqui e pudessem conhecer a família que eu e Lauren havíamos construído com o nosso amor. Isso tudo era tão importante pra mim.

Depois de anos, talvez Lauren pudesse ler minha mente infinitas vezes agora. Ela apenas me abraçou e beijou meu rosto. Em um sussurro disse: “Eles estão felizes por nós, amor. Você sabe que eles estão felizes.”

O que eu havia feito durante a minha vida para merecer ter tudo o que eu tinha hoje? Ter Lauren, nossos filhos, meu emprego e nossa editora. Ter uma casa boa, amigos bons, uma vida incrível.

Durante anos após a morte dos meus pais e minha irmã, pensei que não voltaria jamais a ver beleza em nada no mundo. O mundo não me foi bom, mas a beleza retornou quando Danny me acolheu pela primeira vez. Tudo deixou de ser um pouco menos cinza. O meu trabalho me ajudou a focar em questões diferentes e me fez querer ser alguém melhor, como se eu tivesse que viver para aquilo agora. Pensei ter encontrado o meu lugar no mundo, mas quando aquela garota de olhos verdes sorriu pra mim e me fez lembrar que eu a havia beijado no ano novo, nada mais pareceu fazer tanto sentido na vida.

Você pode brigar, lutar contra o destino das coisas, elas acontecerão do mesmo jeito. Me vi pensando em tudo. Lauren brincava com as crianças na cozinha enquanto eles faziam panquecas e eu ouvi suas gargalhadas sentada em minha poltrona na varanda. Tudo nunca fez tanto sentindo. Tudo nunca pareceu tão completo. Eu era tão grata por tudo, mas tão grata literalmente a uma mulher. Eu nunca a deixaria de agradecer por compartilhar essa vida comigo. Estive certa e errada sobre ela em tantas coisas. Sempre descobriríamos algo novo para nos jogar para os lados e fazer pensar. Lauren faria isso todas as manhãs, tardes e noites. Me fazia pensar, me fazia descobrir, me fazia querer ser cada vez melhor para nossa família, me fazia os amar.

- O que você está fazendo aqui fora, Camz? – Seus braços me envolveram os ombros e ela me beijou a bochecha com os lábios quentes.

- Estou pensando. – Sorri virando levemente a cabeça em sua direção. Ela sorriu também.

- Espero que esteja pensando em mim ou em nossos filhos, caso contrário você irá limpar a bagunça que eles fizeram na cozinha. – Riu. Eu entrelacei nossos dedos e os encarei por longos segundos. – Camz?

- Eu sempre estarei pensando em vocês. Não há um segundo do dia que eu não pense em vocês. Obrigada por dividir a vida comigo, garota. Eu não seria tão feliz se não fosse por você e eu não mudaria nada do que fizemos para chegar até aqui. Obrigada, Lauren. – Ela tinha os olhos nos meus. O sorriso curto nos lábios e o queixo sujo de farinha. – Eu te amo tanto.

- Aww, Camz. Quem é fofa na relação sou eu. – Soltou uma das minhas mãos e deu a volta na poltrona sentando sobre minhas coxas. – Eu quem te digo obrigada todos os dias pela vida que temos hoje, mas vou aceitar seu agradecimento de hoje. É bom ver tudo o que construímos juntas. Você é incrível e eu te amo muito.

- Você é minha. – Ela sorriu com os lábios contra os meus.

- Eww, mama!! – Suas vozes explodiram em um coro ao nosso lado. Agora quem gargalhava era eu. Os pequenos com caretas no rosto enquanto Dani sorria com o rosto vermelho.

- Não sejam bobos. Um dia vocês vão beijar alguém também. – Lauren bagunçou o cabelo de Dant e ele riu tentando se afastar. O prato de panquecas nas mãos.

- Eu tenho que beijar mulheres também? – Daniela perguntou ainda mais vermelha. Eu joguei a cabeça para trás para não rir.

- Amor, vocês podem beijar quem vocês quiserem. Homens e mulheres. – Lauren a respondeu outra vez.

- Podemos beijar os dois? – Henry franziu as sobrancelhas e virou a cabeça suavemente para lado mostrando sua confusão.

- Podem beijar os dois, mas não ao mesmo tempo. Beijem um de cada vez, okay? Beijem quem vocês sentirem vontade de beijar. Não é errado amar ninguém, lembram? – Ela perguntou e eles todos afirmaram rapidamente. – Ótimo, mas vocês só podem beijar quando estiverem mais velhos. Agora vocês são apenas meus bebês e eu não divido vocês com ninguém além da mama. Combinado?

- Sim!! – Mais uma vez em coro.

- Muito bem. Quem quer comer panquecas agora? Vem, amor, vai ficar frio aqui fora. – Me puxou pelo suéter e me beijou fazendo as crianças gritarem novamente.

Não, eu não mudaria o rumo de nada em minha vida. Tudo o que havia acontecido, fez com que eu fosse a mulher de hoje e sendo a mulher de hoje, Lauren havia se apaixonado por mim tão forte quanto eu era apaixonada por ela. A vida não é feita apenas de momentos bons, não estávamos sorrindo o tempo todo, tínhamos nossos dias de briga exatamente como todos tem, mas no fim do dia, quando deitamos a cabeça para dormir e pensamos sobre a vida, tudo o que importa é ter ao seu lado as pessoas que mais ama e eu os tinha. Eles eram a minha importância na vida. Com eles eu descobri o quão real e colorida a vida pode ser. Lauren me deu cores e nossos filhos desenhavam com seus giz de cera um arco-íris só para nós. Não voltaria atrás para mudar algo desde o momento em que conheci Lauren. Ela me fazia sentir completa de um modo que nunca imaginei que pudesse sentir.