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História Distance - We Stitch These Wounds


Escrita por: misundersloki

Notas do Autor


Mil desculpas pelos capítulos estarem "pequenos" ): estou um pouco sem tempo para escrever devido à uma série de acontecimentos, mas prometo que irei normalizar o tamanho dos capítulos quando tudo estiver ajeitado.

Capítulo 29 - We Stitch These Wounds


Fanfic / Fanfiction Distance - We Stitch These Wounds


Aquele momento parecia o certo para refletir sobre meu passado, pois dentro de horas eu deixaria tudo para trás para entrar de cabeça em meu verdadeiro sonho. The Outcasts significava tanto para mim, pois ela havia se transformado exatamente no que um dia uma pequena Cristall sonhadora já criou em seus sonhos de vida perfeita. 
Ah... Toda menina sonhava com seu príncipe encantado. Assim como eu. E agora podia afirmar que meu príncipe era aquele garoto de cabelos negros, olhos extremamente azuis, e no lugar do que deveria ser uma espada, seu microfone. Fico imaginando em como seria a minha vida se eu não tivesse conhecido Andy, já que um dia depois de ele ir embora no ano talvez mais diferente para uma estudante qualquer sem planos nenhum para o futuro, prometi para mim mesma que eu nunca abandonaria a música. Afinal foi em uma loja do tipo em que conheci quem realmente pareceu mudar minha vida. E eu nunca me arrependi de minha promessa.
Pensei também em Eleonora. E daquelas marcas horríveis em seu pulso. Pensei também qual seria o motivo de ela fazer isso, mas eu sabia que não deveria deixá-la sozinha em algum momento assim. Eleonora poderia estar sofrendo por algo, e eu não admitiria que algo acontecesse com ela por causa do que ela faz. Não... o que aconteceu comigo.

FLASHBACK ON

Pêsames e condolências não iriam trazer meus pais de volta. Colegas do hospital e outras pessoas da família estavam em minha casa, tentando consolar a "pobre Cristall que acabara de ficar órfã". Eu não conseguia parar de chorar, pois um sentimento horrível e inexplicável tomava conta de meu peito agora.
Tudo o que eu queria era ficar sozinha, então saí correndo do meio da sala cheia de pessoas de minha casa, que mesmo assim parecia totalmente vazia sem a presença de meus pais.
Faziam dias que um incêndio havia atingido o hospital em que meus pais trabalhavam. Sim... Eles podiam ter fugido. Mas seus bons corações fizeram-os arriscar a própria vida para salvar pacientes aprisionados pelas altas labaredas de fogo que já tomavam conta de boa parte dos andares do hospital, e eles acabaram por perdê-la.
Tranquei-me no banheiro, olhando para minha aparência totalmente horrível. Olhei para meus pulsos, que ainda tinham ferimentos recentes e não cicatrizados que arderam quando lágrimas começaram a cair sobre eles. Balancei a cabeça, abrindo uma das gavetas da pia e encontrando lá algo que eu mais desejava no momento... Uma lâmina.
Minha visão fora embaçada pelas lágrimas que não paravam de cair, e com toda minha força, afundei a lâmina em meu pulso esquerdo, sentindo minhas forças diminuírem ao deslizar minhas costas pela porta e sentar no chão. Dessa vez eu havia ido fundo demais.
E com a consciência de que não podia pedir por socorro, minha visão havia ficado turva, e sentindo um impacto de minha cabeça no chão, tudo se escureceu.

FLASHBACK OFF

Olhei para meu pulso. A marca ainda estava lá. Aquela marca que me condenava todos os dias por ter-me feito ficar três intermináveis meses presa em uma cama de hospital por estourar uma veia importante. Fechei meus olhos, e pensei como tudo estaria agora se eu não tivesse sobrevivido. Eu poderia ter me poupado de tantas dores... Mas também teria poupado a chance de tornar minha vida melhor.
Era por isso que eu havia me preocupado com Eleonora, e eu não a deixaria quase acabar com sua vida como eu cometi o erro de ter feito tal ato. Ela era uma pessoa especial, bem-humorada, ótima amiga... Ela era forte.
- Vai chover, vem aqui pra dentro, Karina vai fazer chocolate quente. - Eleonora apareceu encostada no batente da porta de vidro da sacada de meu quarto, enquanto seu cabelo voava para trás com a forte brisa gelada que anunciava algum tipo de mal tempo. Me virei para ela, que sorria, apertando fortemente seu pulso direito.
- Não Lea. - Suspirei, vendo que ela se aproximava de mim, que me mantinha curvada na barra de segurança. - Venha cá.
- O que foi? - Ela se apoiou ao meu lado, enquanto olhava para o céu estrelado, o qual era a coisa mais rara na cidade de São Paulo.
- Me deixe ver seu pulso. - Suspirei pesadamente, enquanto via Eleonora olhar surpresa para mim, voltando a apertá-lo. Eu estendi minha mão, e ela se distanciou de mim, balançando a cabeça negativamente. - Deixa, Eleonora! - Permaneci em meu lugar, apenas olhando para ela que novamente havia empalidecido. 
- Eu não vou te deixar ver meu pulso! - Ela gritou. - Você vai me julgar como todos julgam! Vai achar que eu sou uma idiota! Você quer ver meu pulso pra caçoar de mim, não é? - Notei que uma lágrima passou por sua bochecha, a fazendo fungar e deslizar as costas sobre a parede creme do lado direito da sacada, sentando-se ali.
Prendi minha respiração ao caminhar até ela, e percebi que lágrimas passavam pelo rosto da mesma enquanto ela olhava para mim como se eu fosse uma espécie de monstra. Estendi meu braço esquerdo para ela, fazendo-a olhar com expressão de dúvida, e com minha mão direita, retirei o pequeno bracelete que eu havia recolocado minutos atrás ao relembrar daquela marca.
- Você sabe o que é isso? - Permaneci em pé, enquanto ela olhava para aquela cicatriz. Ela fazia um grande caminho pela extensão de meu pulso, e seu tom vermelho fazia-a ter destaque em minha pele branca.
- Isso é uma cicatriz, como... - Eleonora levantava-se novamente, enquanto olhava para seu pulso. Ela não completou a frase, permitindo que eu visse suas marcas. Eram muitas, e diferentemente de quando eu as havia visto, elas agora subiam pela extensão de seu braço. - ...As minhas. - Ela fechou os olhos.
- Eu tenho ela a cinco anos. - Levantei a cabeça de Eleonora com as pontas de meus dedos em seu queixo, fazendo-a olhar diretamente para mim. - E isso quase acabou com minha vida. Eu estourei uma veia, eu fiquei três meses no hospital sem poder sentir o calor do sol. Eu não quero que você passe por tudo que eu passei Lea... Não faça isso consigo mesma. - Caminhei até o  pequeno sofá encostado na parede esquerda da sacada, e Eleonora sentou-se ao meu lado.
- Eu já estou passando por algo horrível. Não imagino que haja algo pior que isso. - Ela falou olhando para mim, enquanto mantinha seus lábios pressionados um contra os outros.
- Esse era o meu pensamento. E eu quase morri. - Eu mantive meu olhar no dela, que alternava seu olhar para seus ferimentos e para meu rosto. 
- Eu nunca falei disso pra ninguém... Mas eu confio em você. - Ela finalmente soltou seu pulso, colocando seus cabelos atrás da orelha e assumindo uma expressão melhor, seguido de um sorriso reconfortante que me fez sorrir também. - Assim como você... Eu não tenho meus pais. Eles morreram brutalmente, Cristall. Isso é o principal motivo disso tudo. 
- Sim, esse era meu principal motivo também. - Suspirei.
- Meu pai era policial. Um dia chegou bêbado em casa, e eu nunca entendi o que ele fez... Mas na minha frente ele atirou em minha mãe. E em seguida atirou em si mesmo. - Ela olhou para cima, parecendo lembrar-se das coisas, começando novamente a chorar. - A partir daí eu juntei minhas coisas e fui para Hollywood. Lá o álcool era meu companheiro, e as noites não tinham limites, e com isso minha vida ia se tornando mais infernal. Mas aí eu conheci um anjo. Ashley me tirou de tudo aquilo e me ensinou novamente o que era realmente ser feliz... Mas alguns vícios são incapazes de serem largados. - Ela alisou seus pulsos, fazendo uma careta, a qual presumi que eram de sentir alguma dor ao tocar neles.
- Eleonora, eu estou fazendo uma promessa para mim mesma. - Suspirei, olhando em seus olhos novamente. - Eu vou te fazer conseguir parar de fazer isso. Eu vou... Eu vou te deixar passar por cima disso tudo como eu passei. Vou te ajudar assim como The Outcasts me ajudou.
- Ter uma banda... Deve ser algo perfeito. - Ela fungou.
- Sim, é perfeito. - Eu sorri.
- Sabe o que é mais perfeito ainda? - Ela sorriu junto comigo, enquanto eu balançava negativamente a cabeça. -  Saber que eu tenho uma amiga verdadeira como você. 
 



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