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História Divino Pecado - Além das regras


Escrita por: Miss_Sw

Notas do Autor


Olá, pessoal! *Ainda tem alguém acompanhando aqui?*
Depois de longos dois meses, finalmente consegui retornar ao mundo das fics e dar continuidade a DP! *joga confete*
Bem, eu não vou me prolongar aqui, apenas peço que antes de se jogarem no capítulo, respirem fundo e segurem na mão dos deuses...
Ah, e outra coisa que acabei esquecendo de mencionar capítulo anterior: aquela impressão que o Yixing passou um tanto "estranha/insensível" à declaração do Suho foi, digamos, normal, afinal ele nunca sentiu esses sentimentos antes, é algo desconhecido pra ele, e que somente ao ouvir a "explicação" do Myeon foi que ele conseguiu reconhecer. Então não é que ele tenha feito pouco caso dos sentimentos do Suho, ele apenas estava meio assustado/extasiado por perceber aquilo (algo que julgou que jamais conheceria) em si mesmo. Tanto que o Suho nem ficou bolado com isso, pois compreendeu que era novidade demais pro nosso querido anjinho, e isso o incentivou ainda mais a irromper as barreiras de sua timidez e partir pro beijo... Entendido?

No mais, apreciem sem moderação, desculpem qualquer erro e até as notas finais.

Capítulo 6 - Além das regras


Fanfic / Fanfiction Divino Pecado - Além das regras

― Desculpa, Yixing-ah ― Junmyeon murmurou com a boca a meros centímetros da semelhante.

― Pelo quê? ― a respiração quente tocando a sua pele o inebriava, espalhando um calor bem vindo por todo o seu corpo.

― É que, dessa vez, não é sem querer ― concluiu, unindo finalmente seus lábios aos do anjo.

Um selar, apenas, mas foi o suficiente para fazer ambas as bocas se aquecerem, formigarem e ansiarem por mais. O humano apartou o beijo, afastando minimamente os rostos, apaixonando-se ainda mais pela expressão entregue e desejosa do ser angélico. E foi Yixing quem tornou a aproxima-los, colando novamente seus lábios, atendendo à nova necessidade descoberta.

Junmyeon, com a liberdade concedida, ousou com sua língua, introduzindo-a no ósculo em busca da semelhante, a fim de despertá-la também. Era algo inédito ao anjo, todavia, ele se deixava ser guiado pelo menor e isso os satisfazia, ao menos em parte.

As pulsações se aceleravam e as chamas cresciam dentro dos corpos, sendo ainda mais alimentadas quando o humano deslizou no acento, passando uma das pernas sobre as coxas alheias, e montou no colo de Lay, que o recebeu ávido pelo contato mais próximo.

O jovem Kim moveu seus quadris, impulsionando-os contra o corpo alheio e fazendo os sexos cobertos atritarem deleitosamente. Aquele movimento enviou uma espécie de carga elétrica por todo o corpo do anjo, gerando uma fisgada forte em seu baixo ventre, como nunca havia sentido. Inevitavelmente um gemido irrompeu pela garganta e escapou-lhe pelos lábios, enquanto seus dedos se fincavam na cintura de Junmyeon.

― Yixing-ah... ― o humano sussurrou ao separar o beijo, e ver que o olhar do outro espelhava o seu desejo deu-lhe coragem para pronunciar sua vontade. ― Eu quero fazer amor com você.

― Eu não sei como se faz amor, Myeonnie ― o angélico respondeu no mesmo tom, deixando o menor nervoso por um instante, antes de prosseguir. ― Mas eu quero aprender com você.

Junmyeon sentiu um solavanco no peito e, então, permitiu-se sorrir. Beijou outra vez os lábios alheios antes de tomar a mão de Lay, levantar-se do colo dele e guiá-lo para dentro do quarto. Não que o jovem Kim fosse experiente, afinal nunca fizera aquilo, entretanto, ele sabia, ao menos em teoria, o quê e como deveria acontecer naquele tipo de situação.

Estavam ambos de pé, no meio do quarto, frente à frente e com os olhares conectados, quando as mãos levemente trêmulas do humano encontraram a barra da camisa clara do outro e começou a erguê-la, retirando-a lentamente.

Baixou o olhar contemplativo para os músculos levemente definidos do peito e braços do representante das virtudes, percorrendo as pontas dos dedos em um caminho invisível pelo abdômen marcado, até chegar ao botão da calça, dando a esta peça o mesmo destino que a camisa.

Yixing não sentia vergonha de sua nudez, contudo, não deixou de reparar nas reações do menor, que, ao mesmo tempo em que o admirava, também ficava mais ruborizado. E os tons vermelhos ficaram mais fortes quando Junmyeon despiu suas próprias roupas, deixando o corpo alvo exposto ao atento olhar angélico. Lay sempre achara o corpo humano bonito, mas com aquele à sua frente o seu conceito ia além.

― Você é lindo, Junmyeon! ― o anjo ditou, aproximando-se do menor e acariciando seu rosto. Baixou a cabeça, encostando sua testa na semelhante, e fechou os olhos como se para conter seu desejo. ― Eu quero beijá-lo por completo.

― Então me beije! ― proferiu suavemente, não como uma ordem, e sim como um clamor, que logo foi atendido.

O jovem Kim deitou-se no colchão macio, trazendo para si o corpo bonito daquele que o cobria de beijos. Selares e mais selares eram espalhados pela derme leitosa, em meio a risos e sorrisos verdadeiramente felizes.

E por mais que aqueles carinhos suaves fossem bons, havia necessidade de mais contato, mais profundidade, mais intensidade. Guiado por essa necessidade, Junmyeon se impulsionou para o lado, ficando agora por cima de Yixing e tomando o controle das carícias.

A falta de experiência não o impedia de seguir seus instintos, e o conhecimento teórico lhe dava uma noção do próximo passo a seguir. Assim, desceu com uma trilha de beijos pelo pescoço, peito e abdômen de Lay, parando diante do membro alheio. Nunca havia feito sexo oral na vida e tinha receio de machucar o outro, por isso resolveu não arriscar muito.

Envolveu sua palma quente no falo semi rijo, iniciando uma massagem lenta e ouvindo um arfar alto do anjo que vibrava com aquele novo estímulo. Yixing o olhava com uma expressão um tanto quanto preocupada, porém, sem saber exatamente o que dizer.

Aquela parte de sua anatomia material nunca tinha enrijecido daquela forma, bem como era nova e atordoante a sensação que o acometia em ondas crescentes, ampliando-se mais a cada movimento do humano em si.

― Não se preocupe, Yixing-ah, isso é normal. Vai ficar mais forte, mas vai ser bom, eu garanto. Apenas confie em mim ― assegurou, recebendo um aceno positivo em resposta.

Abaixou o rosto, então, e pôs a língua para fora, tocando com ela a glande do representante das virtudes. Continuou a mover a mão, enquanto umedecia bem o cumprimento do pênis alheio, sabendo que deveria lubrificá-lo como podia para o que estava por vir. Quando julgou que a rigidez e umidade eram suficientes, parou com os movimentos, recebendo agora um olhar que era ao mesmo tempo ansioso e curioso.

Tornou a ficar com a face próxima à semelhante e beijar os lábios de Yixing, que recebeu os seus com satisfação. Ao se afastar, respirou fundo, tentando manter-se relaxado, e com o auxilio da mão direcionou o falo alheio em sua entrada.

― O que est-Ah! ― interrompeu a si mesmo no momento em que Junmyeon sentou de uma só vez em seu membro teso, causando-lhe um aperto dolorosamente prazeroso. Era indescritível.

Lay estava inebriado e ofegante com aquela sensação, ainda assim foi capaz de perceber que o humano não estava tão bem. Ele se mantinha paralisado, respirando com dificuldade e com o rosto erguido, na parca tentativa de esconder as lágrimas, que acabaram escorrendo pelas laterais da face alva. Era bem óbvio que estava sentindo dor.

― Junmyeon-

― Estou bem, Yixing-ah. Vai passar logo ― tentou tranquilizar talvez mais a si mesmo do que ao anjo, esperando que fosse verdade aquilo que lera em suas pesquisas, sobre a dor ser passageira.

Depois de permanecer imóvel por mais alguns instantes, sentiu-se menos desconfortável com aquele preenchimento, resolvendo iniciar os movimentos dos quadris.

Surpreendeu-se ao ser puxado com suavidade, recebendo um novo selar, que foi seguido por um instantâneo alívio de sua dor. Logo compreendeu que Yixing havia usado o seu poder, e lhe sorriu grato, conseguindo se mover mais confortavelmente agora.

Não houve extravagâncias, contorcionismos, tampouco obscenidades, apenas suspiros e ofegos murmurados, suor e saliva compartilhados, cuidado e carinho empregados a cada beijo, a cada toque. O fato de ser inédito para ambos, não tornou o momento menos bonito, não diminuiu a entrega, a satisfação e a felicidade.

Com um último gemido estrangulado, o humano atingiu seu ápice de prazer, sendo acompanhado a seguir pelo anjo, que acolheu o menor no calor de seus braços.

― Isso é tão bom, Myeonnie ― comentou entre um beijo e outro nos lábios avermelhados do rapaz, que ainda tentava acalmar a respiração descompassada. Sentia uma agitação gostosa no peito, como se a própria vida estivesse celebrando aquele momento tão íntimo de união e entrega mútua. ― Amar é tão bom!

― Sim, é maravilhoso ― Junmyeon, por sua vez, também não cabia em si de tanta felicidade por saber que era correspondido em seu sentimento.

Seus pensamentos concretizaram uma ideia que julgou ser boba, porém, ao mesmo tempo, válida. E com o ânimo de uma criança munida de um sonho pueril, levantou-se da cama e vestiu a calça, chamando o curioso representante das virtudes para acompanhá-lo.

Yixing, mesmo não entendendo o intento do menor, seguiu-o, levando consigo o edredom sobre os ombros e protegendo do frio o corpo alvo ao abraçá-lo por trás, quando o encontrou novamente parado na sacada.

― Eu sempre soube que não eram estrelas cadentes ― começou, fitando outra vez na direção dos pontos brilhantes que bailavam no ar mais adiante ―, ainda assim eu lhes segredava os meus desejos.

Lay permaneceu em silêncio, apenas aumentando o enlace no tronco magro quando o humano pendeu levemente a cabeça, de modo que pudesse descansá-la em seu pescoço.

― E hoje eu quero fazer mais um pedido ― Junmyeon afirmou, apertando a mão do angélico por sob o tecido que os envolvia, enquanto girava o rosto, a fim de encarar a imensidão azul dos olhos alheios. ― Eu já cheguei a pensar que o melhor seria abrir mão da minha vida, mas hoje o que mais desejo é viver! E desejo poder estar sempre com você, poder te amar até o fim dos meus dias. Quero viver bastante pra aprender e te ensinar todas as nuances do amor, da mais singela à mais complexa. É esse, o meu desejo ― concluiu com um sussurro, selando os lábios sorridentes de Yixing, que concordava em silêncio com o seu anseio.

Junmyeon girou o corpo dentro do abraço do anjo, aprofundando o beijo que já se tornara ávido. Retornaram ao calor do quarto, em meio a mais carícias e o amor se fez novamente. Por fim, permaneceram ali, trocando beijos e afagos, até que o jovem Kim sucumbiu ao cansaço do dia e adormeceu sobre o peito alheio.

 

»♥«

 

A semana se passara de modo quase atemporal. Mesmo em todas as vezes em que o jovem Kim devaneara, idealizando como seria poder passar mais tempo ao lado de Yixing, jamais imaginou que seria tão bom.

Sempre se sentira bem ao lado do anjo e gostava de conversar com ele, mas agora era ainda melhor por se sentir à vontade para acarinhá-lo e amá-lo com liberdade. Ao mesmo tempo, estar naquela casa também o ajudara a lidar melhor com as lembranças de sua avó e agora apenas sorrisos habitavam seu rosto.

O representante das virtudes, por sua vez, também demonstrava notável melhora em relação ao seu próprio sentimento de perda, ao passo que se tornava mais conectado àquele humano. A cada dia, seus sentimentos e emoções ganhavam mais forma e força, inundando seu ser com aquela ligação especial que fazia seu peito palpitar sempre que via o sorriso ou o brilho nos olhos de Junmyeon.

Entretanto, mesmo que todo aquele cenário fosse agradavelmente convidativo ao ócio, após manter-se tantos dias afastado, Lay não mais poderia ignorar suas missões. E com a garantia de que regressaria para junto do menor tão logo lhe fosse possível, Yixing retornou ao cumprimento do dever.

Junmyeon não se sentia mais desconfortável naquele lugar e os passeios pelo jardim de violetas eram sempre agradáveis. Porém, passar alguns dias sozinho foi o suficiente para fazê-lo chegar à conclusão de que era melhor voltar para casa. E assim o fez, recolhendo suas coisas e avisando ao caseiro de sua saída, antes de pegar a estrada.

O fim de tarde pincelava o céu com tons alaranjados e a calmaria da rodovia inspirou Junmyeon a aumentar o volume daquela música que a rádio transmitia, uma de suas preferidas. Feliz com as lembranças boas dos últimos dias ainda frescas em sua memória, acompanhava a letra da canção, cantando alto como tão poucas vezes se permitia.

Ergueu o olhar rapidamente ao firmamento, notando as nuances escuras que insinuavam a chegada iminente da noite. Sentia-se em paz e completo, indescritivelmente leve como se tivesse, de alguma forma, concluído uma missão bem sucedida. Era estranho sentir aquilo, mas não exatamente ruim. Sorriu com o pensamento e então tudo ficou branco.

Não houve tempo para pensar ou reagir devidamente.

Mesmo envolvido em pensamentos, Junmyeon estivera sempre atento ao trânsito. Isso, no entanto, não fora suficiente para mantê-lo a salvo quando, em uma curva mais fechada um caminhão desgovernado atingiu em cheio o seu carro, lançando-o para fora da estrada.

Aconteceu muito rápido.

Rápido demais para que o jovem Kim conseguisse processar que tivera sua visão ofuscada pelos faróis do outro veículo e que fora este o responsável pelo forte impacto que forçara a porta do carro para dentro, quebrando de imediato o seu braço esquerdo.

Rápido demais para que ele compreendesse que o ardor em seu rosto era devido aos cortes causados pelos estilhaços do para-brisa; ou que aquelas voltas que reviravam tudo dentro de si e ao seu redor eram, na verdade, o capotamento de seu próprio automóvel, rolando para fora da estrada.

Junmyeon apenas foi capaz de pensar, quando o mundo parou literalmente de cabeça para baixo, que aquele era o seu fim.

 

»♥«

 

As missões do representante das virtudes continuavam basicamente as mesmas. Fosse por uma doença, um acidente grave, um desastre natural ou uma fatalidade qualquer, as pessoas a quem prestava socorro tinham a seu favor um motivo para serem salvas: não havia ainda chegado a hora delas.

Independentemente de suas personalidades ou do grau de importância que elas possuíssem na sociedade em que habitavam, o que importava naquele instante, além da óbvia vontade de viver, era se, de fato, ainda houvesse algo a cumprir em suas vidas terrenas.

Havia, portanto, algumas vezes em que, mesmo que não sendo a sua hora, a pessoa optava por não mais seguir vivendo. Para alguns, essa opção era abominável, pois representava algo semelhante ao suicídio. Afinal, ainda que a pessoa não tivesse buscado a própria morte, estaria, de qualquer forma, desistindo da vida.

Em todo caso, sendo portadores do livre arbítrio, essa escolha cabia aos humanos. Portanto, Yixing não poderia jamais impor uma cura a alguém que não a quisesse, tal como acontecia agora. A humana em seus braços era ainda muito jovem, tinha o corpo pequeno e desnutrido marcado pela violência que lhe castigava, além da pele, a mente, dia após dia. Castigos dos quais havia, após muito esforço, conseguido fugir.

A ferida aberta em sua perna deixara escapar muito de seu sangue, manchando de rubro as areias do deserto em que se encontrava, e pouco a pouco a vida da garota ia evaporando no escaldante calor do ambiente. Ela não havia tencionado morrer. Fugira, aliás, com o intento de se salvar de seus agressores.

Todavia, agora que estava li com a vida por um fio, conseguia vislumbrar o fim de seu sofrimento, e foi por isso que declinara do beijo de Yixing. Não queria ser salva e prosseguir com uma vida de insegurança e sofrimentos.

A porta de escape estava aberta à sua frente e a menina não via motivos para não atravessá-la. O seu sorriso deficiente de dentes foi o modo que encontrou de retribuir a forma gentil com que o anjo lhe tratara, antes de entregar-se à escuridão da inconsciência.

Lay sentira-se afetado com aquilo. Embora não tenha sido a primeira vez que algo assim lhe ocorria, ou que via a miséria humana, dessa vez ele fora mais atingido.

Sentiu-se compadecido com o sofrimento da pequena e triste por não ter podido fazer algo por ela. Não que antes o representante das virtudes fosse insensível a tais situações, porém, agora suas reações aos sentimentos e emoções dos mortais estavam mais fortes e vívidas.

Absorto em seus pensamentos, somente notara a terceira presença ali quando o ser etéreo já se encontrava em frente a si. Envolto em vestes alvas, o anjo da morte se aproximou, ajoelhando-se a fim de ficar da mesma altura que o semelhante e lhe dirigindo um pequeno sorriso compreensivo.

― Olá, Minseok ― Yixing cumprimentou o anjo de estatura mais baixa que a sua, tentando, sem muito sucesso, retribuir-lhe o sorriso.

― Já faz bastante tempo desde que nos vimos pela última vez, não é? ― o menor indagou com sua voz tipicamente suave, sendo respondido por um breve aceno. Notou que havia algo diferente no representante das virtudes, contudo, achou por bem não questioná-lo e cumprir logo com o seu próprio dever. ― Pode deixar que eu assumo, a partir daqui, okay?

Lay novamente assentiu, deitando delicadamente o pequeno corpo desacordado na areia e vendo Minseok cumprir um ritual tão semelhante ao seu. A diferença era que o beijo do menor agia como uma espécie de alicate de corte, destinado a partir o fio da vida, desconectando, enfim, a alma da matéria.

Dessa forma, o espírito da garota se libertou do corpo e sorriu novamente para Yixing, antes de aceitar a mão que Minseok lhe oferecia e desaparecer dali, como se levada pela poeira do deserto.

Já havia perguntado ao anjo da morte, certa vez, para onde aquelas almas iam, após deixarem seus corpos. Minseok, em sua simplicidade de palavras, apenas respondera que, tal como ele próprio, não sabia e que somente era responsável por lhes mostrar o caminho.

Fosse qual fosse o tal lugar de transição do ciclo de vida dos humanos, era inacessível para a maioria dos anjos. Era assim que as coisas funcionavam, como sempre aconteceu, e daquela vez não seria diferente.

Yixing suspirou, sabendo que deveria seguir com sua próxima missão e atentou para a frequência angelical, a fim de identificar aonde deveria ir a seguir. Entretanto, antes que captasse qualquer frequência, sentiu algo mais forte crepitar dentro de si, como uma ligação subitamente enfraquecida, quase ao ponto de se partir.

E então a compreensão o atingiu de imediato: algo havia acontecido com Junmyeon.

Havia missões a cumprir, não tão distantes dali, aliás. No entanto, tudo sumiu de sua mente, agora ocupada apenas pela preocupação com o jovem Kim. Não tardou em ir ao seu encontro, e o que viu, ao chegar naquele local, deixou-o um tanto atordoado.

Do caminhão tombado na beira da estrada, saíra um homem desorientado, que pareceu bêbado demais para permanecer acordado por mais tempo. Seguindo um caminho de vegetação devastada na lateral da rodovia, era possível ver a lataria extremamente danificada do automóvel em que, dias antes, viajara com Junmyeon. Aproximou-se rapidamente, sua aflição se ampliando ao ver o menor desacordado, ainda preso ao veículo de cabeça para baixo.

Com força sobre-humana, não calculou o esforço ao puxar a porta amassada, notando as fraturas expostas no braço do rapaz. A pele alva e delicada do rosto estava marcada por cortes multidirecionais e, tal como a camisa de tecido claro, fora maculada com o precioso líquido carmesim.

Cuidadosamente, desprendeu o cinto de segurança e o retirou do carro, ajoelhando-se no chão mais adiante com o menor em seus braços. Sentia a vida do humano se esvaindo mais e mais a cada segundo e o seu desespero se fez quando, ao tentar curá-lo, não conseguiu qualquer melhora. Aquilo só podia significar uma coisa... Mas Yixing não queria acreditar!

― Yixing-ah ― a voz fraca saíra em um murmúrio pelos lábios pálidos do rapaz recém desperto.

― Eu estou aqui, Myeonnie! Vou cuidar de você! ― assegurou, beijando-lhe novamente a tez, sem resultado.

― Acho que chegou a minha hora, Yixing-

― Não, Junmyeon! Eu vou conseguir! Aguente só mais um pouco, por favor! ― a aflição era notável em sua voz e aumentava a cada tentativa infrutífera.

― Você disse me disse uma vez que as pessoas vão pra um lugar distante, quando morrem, mas eu prefiro acreditar que ainda vamos nos encontrar no futuro.

― Não fale como se estivesse se despedindo! Não desista, eu não posso perder você! ― a fala do anjo saiu quebradiça e as lágrimas, que nem notara saltarem dos olhos, banhavam sua face.

― Eu não quero ir, Yixing-ah, mas não há mais nada a fazer... Apenas aceitar ― comentou, sua voz cada vez mais baixa, notando que o esforço alheio estava sendo em vão. ― Obrigado por me fazer feliz. Eu amo você.

― Eu também amo você, Junmyeon! ― inconscientemente, apertou mais o rapaz em seus braços, como que para enfatizar o que dizia, e viu um pequeno sorriso surgir nos lábios descorados antes que, dali, escapasse um último suspiro e os olhos humanos se fecharem. ― Myeonnie! Por favor, Myeonnie, não me deixe!

O representante das virtudes beijou-lhe a testa e depois os lábios, porém, nada surtia efeito. A consciência do jovem Kim havia se perdido e apenas o fio da vida, completamente enfraquecido, mantinha o espírito conectado ao corpo. Mesmo sabendo o que encontraria, Lay vasculhou a frequência angelical em busca de alguma permissão de cura para aquele a quem amava.

Não havia nada ali. Contudo, Yixing não queria aceitar. Não saberia dizer em que momento exatamente se tornara tão dependente do pequeno humano, só sentia que não poderia deixá-lo ir, especialmente se nem ele mesmo o queria.

Junmyeon desejava viver, ele próprio havia confessado, perante o anjo, aos vagalumes, que ainda tinha a aprender - e ensinar - sobre o amor. Ele não podia perecer ali! Lay não permitiria, não importava ao quê fosse preciso recorrer.

E havia, sim, uma forma. Algo que o representante das virtudes, em toda a honradez de sua longa existência, nunca ousara fazer. Algo que infringia as leis celestiais, algo proibido.

Sempre fora obstinado e obediente, sempre agira de acordo com os preceitos. Todavia, mesmo que a única solução que existia implicasse em ir além das regras, Lay não abriria mão dela!

Restava-lhe pouco tempo, então, forçou-se a cessar o pranto, concentrando todo o seu poder. Baixou o rosto mais uma vez e tornou a selar os lábios sem cor, abrindo-os o suficiente para que servisse de porta de entrada para a sua doação.

E ele doava a si mesmo, ao transmitir uma fagulha de sua graça celestial ao corpo humano, soprando-lhe vida.

Mantinha uma das mãos sobre o peito magro, aguardando resultado de sua última tentativa, sua derradeira esperança. Quando finalmente o músculo cardíaco do rapaz voltou a pulsar - ainda que levemente -, um arfar assustado soou pelo ar noturno.

― Pelos céus! ― A voz alarmada o despertou e Lay desfez o contato de sua boca com a de Junmyeon, erguendo o olhar e se deparando com a expressão assombrada de Minseok. ― O que foi que você fez, Yixing?

A resposta, por mais complexa que fosse, poderia ser resumida de forma bem simples.

Yixing havia quebrado as regras.


Notas Finais


É... acho que alguém está encrencado... muito encrencado...
Acho que posso ter deixado algumas coisas um tanto confusas, mas pretendo explicar melhor no próximo capítulo, okay?
No mais, tivemos nosso querido anjinho descobrindo o amor, a aparição de um “fofo” anjo da morte, este, aliás, que já vinha prontinho pra levar o precioso Myeonnie...
Vocês estão sentindo esse cheiro? Sim, é puro aroma de T.R.E.T.A!

Bem, brincadeiras à parte, devo confessar que estou um pouco nervosa sobre esse capítulo, então realmente gostaria de saber suas opiniões (espero não ter “perdido o jeito” na escrita).

Enfim, força na peruca, beijinhos no cotovelo e até o próximo capítulo! ;)
https://twitter.com/OnlyMiss_Sw


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