1. Spirit Fanfics >
  2. Diz-me Quem Sou... >
  3. "Desculpa, mas amo-te"

História Diz-me Quem Sou... - "Desculpa, mas amo-te"


Escrita por: Lucy_Scarlet_

Notas do Autor


DESCULPEM PELO ATRASO PEOPLE! É que estou com imenso projetos! Tenho a fanfic, ainda vou criar uma conta no wattpad para postar textos da minha autoria, estou a realizar um mangá da minha autoria e estou a acabar o primeiro volume para poder editar e lançar com a minha editora. E ainda estou a realizar outra mangá em parceria com o meu namorado pelo que me rouba bastante tempo! Mas mesmo assim, aqui está o capítulo. Espero que gostem e não irei abandonar de maneira nenhuma esta fanfic.
Convosco mais um capítulo grande! Sim porque quem me conhece só lanço capitulos grandes ahaha! E como os dois anteriores não foram tão grandes assim, aqui está um em compensação.

Beijinhos e espero que gostem!

Capítulo 22 - "Desculpa, mas amo-te"


Fanfic / Fanfiction Diz-me Quem Sou... - "Desculpa, mas amo-te"

- Agora fica deitada. – Ele resmungou num tom frio e repreensivo. – E não me obrigues a magoar-te, Lucy.

                O rosado ajeitou a toalha que se encontrava na minha testa, virando-a para o lado contrário. Limitei-me a observar o rosado a admirar cada traço seu. A sua pele morena fazia um sedutor contraste com os seus olhos esverdeados e os seus cabelos rosados por natureza, bagunçados e estravagantes. A sua beleza era admirável e extremamente deslubrante, diria mesmo perfeita; o sonho de qualquer rapariga. Eu tinha de o admitir: Natsu Dragneel era minimamente bonito.

                Subitamente a sua mãe apareceu na sala, ainda com a sua farda policial. Os sesu cabelos sacheados abanavam com graciosidade enquanto ela se movimentava, trazendo uma bandeja – feita de madeira e decorada com desenhos e rosáceas a dourado – com uma chávena que transbordava por vezes. Parecia ser chá, envolto pelo doce proporcionado por dois cubos de açúcar. Ela fitou-me por uns instantes e então falou:

                - Devias ficar cá hoje, Lucy.

                - O q-quê?! – Quase gritei surpresa, olhando ora para a mãe do Natsu ora para ele mesmo. – Q-Quer dizer… Não será necessário, eu… e-eu tenho de ir agora para casa.

                Comecei por me levantar rapidamente, sentindo-me um pouco zonza mas tentei não demonstrar tal. O rosado segurou-me pelos ombros, impedindo-me de proceder com a minha ação. De certa forma, isso irritou-me um pouco. Fui empurrada para trás com alguma rapidez e brusquidão. Limitei-me a observá-lo, enquanto ele me envolvia nas mantas e recolocava a toalha sobre a minha testa. Agarrou na bandeja sem pronunciar qualquer palavra, apenas mantendo o seu ar frio e um pouco zangado, e colocou sobre o meu colo.

                - Não, ela fica cá. – Respondeu prontamente, olhando para a sua mãe e não me dirigindo o olhar. – Eu durmo aqui, ela pode dormir na minha cama. Sempre é mais confortável. – Concluiu dando um sorriso de canto, ao que a sua mãe correpondeu, demonstrando a sua simpatia e doçura.

                - Não te preocupes, Lucy. – Ela dirigiu-me a palavra num tom tão doce que não resisti a aceitar a sua proposta. – Não será incómodo nenhum. – Soltou uma risadinha curta e leve, ao que eu apenas me limitei a acenar em concordância e engolindo em seco.

                A mãe de Natsu rapidamente se retirou sem eetuar qualquer ruído, sorrindo ao de leve e fechando os olhos genuinamente. Aquela mulher era bastante bela e verdadeiramente apaixonante, num único gesto parecia colher-me nos seus braços e senti-me reconfortada. Realmente, Natsu tinha uma verdadeira e boa mãe do seu lado.

                O rosado não me deixara sequer levantar-me para me sentar ou apenas andar um pouco pela casa. Ficava sentado no chão gelado, do meu lado esquerdo, observando-me atentamente e com um pequeno e esguio sorriso por entre os lábios. Aquele seu ar moreno e belo encontrava-se bem na minha frente. Oh, e como era belo…! Eu bem tentava não o admirar por um segundo sequer, alternando a visão ora para ele pra para o teto caiado de branco daquela sala. Ainda me doía bastante a cabeça, principalmente junto à nuca, e eu achava tal facto preocupante, pois nunca me ocorrera tal coisa no passado. Não era frequente doer-me a cabeça durante tanto tempo nem sequer ter quebras e desmaiar com regularidade. E, pelo meu olhar, entendi que o rosado perceberá o que se passava comigo.

- Tens desmaiada diversas vezes sem razão aparente nesta última semana. – ele afirmou, recolocando a toalha fria sobre a minha testa, virando-a, para que a superfície fria entrasse em contacto com a minha pele. – O que se passa? Não é normal, e já te conheço há quatro anos para o poder dizer. – Perguntou num tom frio e ao mesmo tempo preocupado, embora o tentasse esconder.

- Porque queres saber? – Retorquiu num tom seco de desconfiança, erguendo uma sobrancelha e olhando-o de relance.

- Só para saber, loira. Tsc. – Revirou os olhos e abanou a cabeça negativamente, respingando monossilabos, entediado.

Mantivemo-nos em silêncio absoluto. O rosado observava o chão, abanando freneticamente a perna direita, como que controlando a ansiedade de algo que eu não conseguia entender. Apenas o observava com alguma cautela e atenção. Ele parecia conter palavras que pretendia dizer, porém mantinha-se calado. Recusava-se a olhar para mim, como se se demonstrasse chateado comigo por alguma razão aparente. Por momentos não consegui retirar os olhos dele, observando cada traço do seu corpo e desejando-o, embora não o pudesse querer daquela forma que o meu coração o queria. Não podia, simplesmente, e estava a fazê-lo.

- Se calhar preocupo-me contigo, loira… - Murmurou num tom suficiente para que eu o escutasse, sem nunca dirigir o olhar a mim.

Arregalei os olhos e a minha boca entreavriu-se repentinamente. Preocupado? Só podia ser uma piada de mau gosto. Contive o meu espanto para não fosse notado pelo rosado, remoendo e torturando-me mentalmente com mil e uma teorias para aquela tal preocupação. Natsu manteve-se na mesma posição, sem pronunciar qualquer palavra mais e sem mexer um único músculo do seu corpo. Apenas se escutava a sua respiração compassada e regular, enquanto eu o observava sem mudar o rumo dos meus olhos. Ainda me questionava em relação ao que ele havia pronunciado num único e repentino murmúrio, no seu mais humilde jeito frio de responder às minhas perguntas. Como é que alguém que, durante quatro anos me odiava sem pudor, debochava de mim e quase me queimou viva podia estar, naquele momento, a afirmar que se preocupava comigo? O que havia mudado? O que estava a acontecer? Eu não entendia. E talvez até mesmo o rosado não entendesse a situação em que se colocava. Talvez ninguém entendesse.  

Rodopiei o rosto, de novo, em direção ao teto, fechando em seguida os olhos e respirando fundo. Soltei um pequeno riso de esguelha, sem ao menos me ter apercebido de que o rosado havia me observado no momento em que sorrira. Ele continuou sem pronunciar nada ou gesticular algo em resposta; apenas permaneceu impávido e sereno, observando-me enquanto me encontrava de olhos fechados. Ele apoiou a cabeça sobre os seus braços, que abraçavam os seus joelhos juntos. Sorriu de leve, descanso o olhar sobre o chão, de um modo solene. Mantive os olhos fechados, controlando a respiração e pensando no que ele havia dito há minutos. Tal coisa não me saía da mente; parecia acorrentada.

- Tu és tão confuso, Dragneel… - Afirmei num tom monótono e seco, sem lhe dirigir o olhar e sorrindo de leve.

- Confuso? – Ele perguntou sem entender, erguendo o olhar na direção do meu rosto e abanando alguns fios de cabelo rosados.

- Sim – Prossegui, abrindo os olhos e descendo o olhar na sua direção, alcançado o fundo esverdeado daqueles olhos que, para mim, eram os meus favoritos. – Num dia odeias-me, queimas-me… - Voltei os olhos para o teto, com um certo medo de o encarar. – No outro abraças-me, pedes desculpa. Não te entendo. – voltei a olhá-lo nos olhos, não demonstrando qualquer empatia por ele. Ou tentando apenas.

- Eu nunca te odiei. – Manteve o seu olhar fixo no meu, observando cada traço do meu rosto. – Sim, queimei-te, substimei-te, rebaixei-te. Sim, durante estes quatro anos fui uma besta para ti. E arrependo-me disso. – Respondeu no seu habitual tom ríspido e sério, desviando o olhar para algum canto da casa.

- O que aconteceu para que te arrependesse? – Questionei sem desviar o olhar, apercebendo-me da atrapalhação do rosado em falar sobre aquele assunto.

- No fundo quis tornar-te mais forte. – Redarguiu sem me responder às pergunta diretamente, dirigindo o olhar novamente para mim e encolhendo os ombros num gesto sútil.

- O quê? Queimando-me!? – Respondi indignada com tal afirmação.

- Já pedi desculpa sobre isso… - Indagou fria e severamente, quase entredentes, lancamdo-me um olhar ameaçador e reprovador.

- Responde-me, Dragneel! - Ergui-me num ápice, cerrando os punhos com força e quase gritando de raiva. – Para de rodopiar as minhas perguntas! Responde de uma vez! Porque te arrependes?! É que historia é essa de me quereres tornar mais forte!? – Quase a gritar tentava compreender a súbita mudança de comportamento dele em relação a mim num espaço de alguns dias.

- Não vais entender, Lucy. – Ele manteve o tom de voz no mesmo nível, o que me fez sentir ainda mais indignada e frustrada com ele.

- Não vou entender?! Mas não vou entender o quê!? – A frustração tomava conta do meu corpo, os meus gritos eram ainda mais altos do que antes e estava prestes a levantar-me e encará-lo devidamente.

- Deita-te, loira. – Ordenou ríspidamente, agarrando na toalha molhada que havia caído sobre o meu colo.

- Não! – Respondi prontamente, quase com lágrimas nos olhos devido àquela discussão sem qualquer sentido.

- Deita-te! – Retornou a ordenar, porém num tom mais alto e severo do que antes, semicerrados os olhos.

Rapidamente perdi o controlo dos meus músculos e, tomada pela raiva e ansiedade da situação agarrei nas mantas de uma só vez e afastei-as com algum esforço, pois sentir-me fraca e debilitada. O meu coração batia rápida e descompassadamente, quase que furando o peito com cada batida forte. Alcancei o chão com os pés e apoiei-me com as mãos sobre o sofá, exercendo força para baixo, de modo a erguer-me rapidamente. Ele manteve-se sentado, observando-me de uma perspetiva baixa e encarando-me de forma seria. Os meus olhos quase que tentavam em lágrimas e uma fúria possessa fazia-se entrelaçar em cada parte do meu corpo. Odiava aqueles joguinhos idiotas do rosado…

- Deita-te, Lucy. – Indagou ele desviando o olhar de mim em direção ao chão, cerrando os punhos com força e rangendo entre dentes.

- Já disse que não. – Mantive a minha resposta, ainda olhando para ele com raiva e tentando entender a razão daquele seu comportamento.

Num único segundo, Natsu coloca as mãos no chão e faz pressão de modo a efetuar um pequeno salto, curvando as costas para trás e impulsionando o corpo para se levantar. Rapidamente se coloca na frente, a alguns centímetros do meu rosto, com um expressao fria e despreocupada, pra olhando para os meus olhos pra olhando para os meus lábios. E dessa ação dele, ocorreu-me a tal pergunta: Será que foi um sonho eu ter beijado o Natsu? Parecia tão real quando lhe senti os lábios carnudos e as nossas essências se fundiram numa só, quando lhe senti o toque doce e delicado entre os cabelos, enquanto as nossas respirações se uniam em conformidade e embatiam uma na outra como carrinhos de choque de uma feira qualquer. Parecia ter sido tão real quando estar ali, naquele momento, diante do rosado. Terá sido? Penso que não.

- Já disse, loira. Estás doente, vais piorar. Deita-te porra! – Ele gesticulava com as mãos, enquanto respingava com frieza aquelas palavras soltas.

- Não, Natsu! Não sei antes me dizer porquê!? – As lagrimas vieram-me aos olhos num instante e a voz começava a falhar por conta do choro que parecia entalado na garganta.

- Não compreendes… - O rosado descaiu a cabeça, deixando que alguns fios e cabelo se sobrepusessem aos seus olhos esverdeados e baços.

- Não compreendo o quê, Natsu?! – Continuava quase estérica e agressiva, enquanto as lágrimas rolavam pelo meu rosto sem que eu as pudesse controlar. – Porquê, Natsu!? Para de dar a volta ao que te pergunto! Porquê!? – Insisti mais uma vez na mesma pergunta, com a voz trémula e fraca, como se a tivesse perdido.

- Porque te amo, porra! – Natsu explodiu num único momento, enquanto as lágrimas de formavam nos seus olhos por conta da raiva.

Os meus orbes achocolatados arregalaram-se, o meu coração gelou por frações de segundos. Tudo parecia parar magicamente naquele instante, após a fala do rosado. Mantive-me quieta, sem efetuar qualquer movimento. Amar-me? Estaria eu a escutar bem? Como poderia Natsu amar-me!? Ele tinha razão, eu não compreendia . Como é que era possível tal coisa ser verdade? Parecia-me tudo tão confuso e ambíguo dentro da minha mente. Questões e dúvidas ecoavam na minha cabeça como tambores, vagueando por cada fio de pensamento sem qualquer resposta. Nem eu mesma era capaz de perguntar fosse o que fosse; encontrava-me paralisada, estática, sem qualquer reação. O rosado permanecia diante mim, trémulo e raivoso, como se aquilo que dissera estivesse guardado há demasiado tempo. A sua respiração encontrava-se descompassada, acelerada e alterada. O meu coração palpitava com uma força brutesca, mergulhado num rio de sentimentos misturados. Comecei a sentir um calor subir-me pelas costas, como que se o suposto amor do rosado me aquecesse por dentro.

- O q-quê? – Balbuciei sem intenção, ainda incrédula com toda a situação.

- Já disse, não volto a repetir. – Desviou o olhar para a direita e mirou o chão, cobrindo os olhos com os seus finos e róseos cabelos. – Ugh.

- Tu amas-me? – Balbuciei em desavessa, não sabia o que dizer nem muito menos conseguia raciocinar.

- Porra, não ouviste à primeira? – O rosado lançou-me um olhar de lado, ainda trémulo com a situação em que se deparava.

- Hm hm… - Acenei com a cabeça positivamente, engolindo em seco e sentindo cada palavra que ele disseram bombear dentro da minha cabeça. – Então… foi por isso que me beijaste? – Perguntei no intuito de esclarecer a minha dúvida se havia sido um sonho ou pura realidade.

- Beijar-te!? – Natsu quase saltou de escândalo, arqueando as sobrancelhas rosadas e abrindo a boca num perfeito “o”, enquanto corava levemente e tentando esconder o embaraço provocado pela minha pergunta. – Nunca te beijei, loira. Só te…. Abracei. Mais nada. – Respondeu prontamente, sem qualquer desvio de olhar.

- Então sonhei… - Murmúrio deveras baixinho para que ele não pudesse sequer escutar, enquanto baixava a cabeça num intuito de tristeza por ter sido pura imaginação minha.

- O quê? – Natsu aproximou-se do meu rosto num lance único, olhando-me nos olhos profundamente e questionando o que eu acabara de dizer num grunhido.

- Ahn? – Lancei o meu olhar na sua direção e corei completamente, sentindo o meu coração gelar por segundos e um enorme calor percorrer-me a espinha dorsal. – Nada, nada! – Comecei a rir freneticamente, tentando dispersar os meus pensamentos.

- Mas querias que te beijasse? – Perguntou diretamente, sem qualquer rodeios, soltando um sorriso de deboche e aproximando-se ainda mais do meu rosto.

- E-Eu? – Senti as minhas bochechas quentes, quase a escaldar, e deduzi que corara fortemente, enquanto desviava o olhar para a esquerda de modo a tentar dissipar o embaraço. – Não quero nada disso – Tentei disfarçar o meu real desejo de o ter para mim, desviando o rosto e tentando não o olhar nos olhos.

                - Oh, a sério? – Soltou uma pequena risadinha sarcástico e levou um dedo em direção aos meus cabelos loiros, enrolando-os no seu indicador de modo atrativo. – Eu sei que queres, loirinha. Porque, penso eu e como disse, ambos sentimos o mesmo… - Sussurrou-me junto do ouvido, sorrindo de esguelha e debochando um tanto, fazendo-me sentir um arrepio frio por todo o meu corpo por um segundo.

- Para! – Empurrei-o rapidamente e com força, recusando-me a olhá-lo no rosto e fechando os olhos abruptamente. – Para de me iludir, Natsu! Não quero! Não digas que me amas quando não o sentes verdadeiramente! – Levei as minhas mãos ao meu peito, apertando-o como se agarrasse no meu coração, enquanto as lágrimas escorregavam-se-me sem qualquer controlo. – Não sabes o que dói sentir algo por alguém que não dá a mínima para ti, que ainda se ri de ti e que, do NADA se importa contigo! Julgas que sou quem? Uma boneca?! Eu não sou uma peça de um jogo barato qualquer, que jogas quando queres e quando queres! Não sou! Sou um ser humano e tenho sentimentos, e eu amo-te! Amo-te, entendes? E jamais te iria mentir sobre isso! Coisa que tu estás a fazer! – Gritei quase rouca, soltando todas as palavras que estavam presas há tempos dentro da minha garganta. – Tenho imensos sentimentos por ti e ajo como se não me importasse, como se eles não existissem! E matam-me todos os dias, doem todos os dias, ardem cá dentro com força…! – Comecei a andar para trás, levando as minhas mãos à minha cabeça, pressionando as mãos contra as laterais da minha testa e inclinando o rosto para baixo, abanando-o freneticamente. – Eu odeio tudo em ti, porque caralho te amo?! Porquê?! Eu sou uma idiota! ARG! – Desatei a chorar sem qualquer controlo, soluçando repetidamente e gritando entre os intervalos do choro.

                Doía tanto amar alguém daquela forma e não ser correspondida. Ainda mais amá-lo e ainda ser iludida de algo que não era verdadeiro. Eu tentava esconder o que sentia por ele todos os dias, todo aquele turbulhão de sentimentos que remexiam dolorosamente dentro do meu peito. E porque doía tanto? Eu tentava emanar essa dor por meios de cortes, por meio de noites em claro completamente fora de sobriedade; tantas noites agarrada a comprimidos de uma caixa qualquer que encontrava por casa e uma garrafa de marca qualquer que eu arrancava das de Jude. Sentia os meus pés frios, quase sem os sentir, pisando a linha final das telhas do cimo de minha casa, arriscando-me a perder o equilíbrio e cair de lá de cima. Mas, talvez por azar, jamais caí embora ansiasse falhar o pé ou simplesmente uma rajada de vento surpreender-me e fazer-me desiquilibrar-me do telhado. Eu realmente amava o rosado; mas não deveria o amor causar sensação de conforto e felicidade? Então porque razão eu chorava quando pensava nele, porque razão doía cá dentro amá-lo? Tanto o amava como o odiava, e, talvez, naquele momento tenha acreditado em metade das palavras que ele havia dito na minha frente com um sorriso estampado no rosto. Aquele abraço aclarou-me os sentimentos, confesso que me aqueceu o coração e dava tanto para voltar a abraça-lo da mesma forma, com o mesmo carinho, com a mesma força, desejando não soltá-lo mais. Mas seria demais pedir-lhe por mais uns segundos? Seria demais pedir-lhe que sorrisse para mim? Seria demais pedir-lhe, não que me amasse, mas que não me odiasse tanto? Seria demais pedir-lhe aquilo?

                Abanava a cabeça com força, tentando afastar e dissipar tais pensamentos que me esmagavam o coração com maior intensidade a cada segundo que passava. Tentava para de chorar, de modo a não demonstrar aquela fraqueza diante dele, diante da pessoa pela qual eu sentia bastante. No entanto, apenas ouvi Natsu gritar com voz de choro:

                - NUNCA DIGAS QUE EU MINTO EM RELAÇÃO AO QUE SINTO, MUITO MENOS EM RELAÇÃO AO QUE SINTO POR TI! – Expeliu aquelas palavras num único suspiro, falhando-lhe a voz em algumas palavras enquanto me gritava com toda a força que ele ainda tinha naquele instante.

                Arregalei os olhos forçadamente, parando imediatamente de chorar e observer o rosado sem sequer emitir um único e simples movimento. O meu coração gelou naquele momento e o meu corpo anestesiou, fazendo com que eu não me conseguisse mover. Natsu tremia por todos os lados, quase não se aguentando sobre os seus próprios pés, chorando desesperadamente, sem emitir qualquer som de choro, apenas deixando que as lágrimas rolassem pelo seu rosto e rangendo entre dentes suspiros contidos e gemidos. A sua respiração encontrava-se descompassada e aflitiva, como se lhe faltasse o ar. Senti um pouco de receio e medo por conta da feição do rosado, jamais o tinha visto daquele jeito.

                - Natsu… - Balbuciei entre a respiração, sentindo um arrepio percorrer-me a espinha de cima a baixo.

                - Não, Lucy! Eu posso ter muitos defeitos, posso ter-te quase matado sem estar sóbrio, entendes? Não estou a desculpar os meus erros nem a colocar situações que possam diminuir a grau de gravidade dos meus atos, mas, sim, bebi naquele dia…! – Tomou mais uma arfada de ar e deixou que mais lágrimas escorressem-lhe pelo rosto. – Mas mesmo assim, sei que te magoei, sei que debochei de ti, sei que te fiz sofrer, sei que te magoo todos os dias! Mas eu sei o que é ficar acordado à noite tentando apagar as mágoas, eu sei! Posso ser uma merda de pessoa, um player, um fuckboy, idiota, falso, interesseiro… mas nunca, NUNCA, mentiria sobre o que sinto sobre alguém. E esse alguém é tu, loira. És tu. – Senti que ele não conseguia parar de chorar, embora esfregasse os olhos incessantemente com as mangas do seu uniforme, que, com o tempo, ficavam mais e mais encharcadas pelas lágrimas. – Eu não te peço que me perdoes, eu peço-te que acredites que te amo quando eu to digo. – Suplicou numa voz de choro, com olhos avermelhados e esbatidos, quase sem cor.

                - Tu bebes todos os dias, não bebes? – Perguntei baixinho, mirando a calçada da sua casa, ainda soluçando e sentindo o choro embater forte contra a minha garganta.

                - Bebo, mas o que interessa? – Respingou ainda com o seu tom frio de sempre, porém moderado.

                - Da mesma forma que tu pareces não querer que eu me corte, eu não quero que bebas – Derramei algumas lágrimas, subindo o olhar e observando-o com delicadeza, cada detalhe.

                - Pode parecer irónico, mas ficar bebâdo para mim é a minha sobriedade. – Ele deixou escapar um certo riso de deboche, olhando para o chão por alguns segundos.

                - Quando tu bebes, tornas-te numa pessoa horrível… - Murmurei com a voz fraca, recuando um passo e sentindo a parede embater devagar contra as minhas costas.

                - Eu sei. E desculpa por isso.

                - Só não percebo porquê… Não parece verdadeiro, é completamente descabido alguém como tu poder amar uma pessoa como eu! – Viro a cara rapidamente para o lado direito, de modo a que ele não me veja, deixando alguns cabelos loiros sombrearem o meu rosto.

                - Mas acredita no que te estou a dizer! Eu amo-te! Qual é a parte que não entendes?! – Ele começou a chorar novamente, soluçando repetidamente e esfregando as mangas contra o rosto, para limpar as lárgimas que caíam rapidamente. – EU AMO-TE, PORRA! Entende isso de uma vez! Foda-se, Lucy! – O rosado mal conseguia controlar o choro, parecia que havia aguentado as lágrimas por dias, tentando não cair na fraqueza de as revelar.

                Natsu, num ápice, andou quatro passos longos e esticou os braços na minha direção, agarrando-me fortemente nas mangas da camisola, raspando os dedos no meu ombro esquerdo, fazendo-me ranger os dentes devido à dor que tal me causou. Derramei mais algumas lágrimas e o meu coração disparou, batendo quase audível naquele silêncio abrupto que se instalou. As suas mãos tremiam freneticamente e a sua boca estava entreaberta, sangrando um pouco junto das feridas. O seu olhar embaçado e quase apagado fazia-me sentir culpada do seu estado delinquente e desesperador. Ele observava-me atentamente, enquanto tentava acalmar e dominar a respiração.

                - Lucy. – Indagou o mais seguro e controlado possível, engollindo o choro com esforço e olhando-me nos olhos de um modo penetrante. – Para de te torturar deste jeito, por favor. Eu posso ser idiota, posso ser cego até, por querer ver o que está por detrás do que tu sentes e, ao mesmo tempo, ser o causador do que tanto escondes. – Abaixou a cabeça vagarosamente, soluçando uma ou duas vezes e apertando-me com mais força.

                - Se fosses menos frio e agressivo, porra. – Balbucei sem ao menos ter pensado no que iria dizer, ao que ele se tornou mais trémulo. – Eu entendo que seja a tua máscara para esconder o miúdo depressivo e carente que és.

                - Eu não sou fraco, caralho! – Voltou o rosto para mim abruptamente, azendo abanar rispidamente aluns cabelos rosado e rosnou aquelas palavras na minha direção, o que me provocou um susto repentino. – Eu sou frio porque é a minha maneira de ser, não fales de algo que não conheces!

                - Não disse que eras fraco – Tentei parecer o mais calma e indierente possível, mantendo-me hirta e com uma expressão séria. – E sim, sei do que falo. Mais do que tu pensas… Tu é que julgas que sabes o que as pessoas já passaram e julga-las sem ao menos compreenderes o que elas realmente sentem. – Conclui num tom um tanto frio, disfaraçado pelas lágrimas que eu tentava esconder e que me inundavam os olhos. – E se tu o soubesses, ou pelo menos tentasse compreender não dizias merdas dessas nem mentirasse sequer tentavas dizer.

                - Tu achas mesmo que não te amo? – As suas sobrancelhas juntaram-se e os seus lábios tremiam rapidamente, ao que as lágrimas correspondiam e o choro regressava. – Tu achas mesmo que eu, Natsu Dragneel, iria chorar por uma miúda qualquer?! Porra, Lucy! O que tenho eu de fazer para que acredites que te amo verdadeiramente?! – As lágrimas jorravam-se pelo seu rosto como cascatas, umas atrás das outras, e a sua voz falhava imensas vezes, quase sendo interrompida pelo choro.

                Não conseguia responder. Não conseguia sequer pronunciar uma única palavra. Só o queria abraçar naquele momento tão delicado, envolvê-lo nos meus braços e dizer-lhe que o amava, que o queria naquele momento e nos próximos momentos que viessem de braços abertos, que o desejava, que o compreendia e que o perdoava. Queria poder dizer-lhe que o odiava e que o amava simultaneamente, queria poder tocar-lhe por segundos, sentir-lhe o calor invadir-me cada centímetro de pele. Queria poder acreditar nas suas palavras e desejava profundamente que elas me fossem verdade, nem que por segundos me fizessem acreditar que era realmente verdade. Porém, algo dentro de mim não autorizava que eu me deixasse levar pelas suas palavras ou pelas suas lágrimas incessantes. Algo batia forte cá dentro e assumia que tudo aquilo era puro teatro, algo que também me pareceu ser realidade.

                De repente, naquele silêncio quase assustador, senti Natsu aproximar-se de mim, eliminando qualquer espaço que se imposesse entre nós dois. Os seus braços envolveram o meu corpo de um jeito carinhoso, quase aveludado. O seu calor gritava dentro do meu corpo, correpondendo a todos os sentimentos que eu senti naquele momento. O seu rosto descaiu sobre o meu ombro, escondendo as lágrimas e os sons de choro abafado na minha camisola, enquanto o sentia chorar bastante junto do meu ouvido. Sem sequer poder notar os meus movimentos, ergui o meu braço direito e remexi-lhe nos seus cabelos e correpondi ao abraço apertado e demorado que havia me proporcionado. Não me controlei e comecei a chorar também, ao que ele me apertou ainda mais e colocou a minha cabeça junto do seu peito, uma vez que ele era mais alto que eu. Podia sentir o seu coração bater descordenada, enquanto me agarrava a sua camisola de uniforme e desatava a chorar em prantos.

                - Eu amo-te tanto, Lucy. Entende isso, por favor. – A sua voz quase inaudível rebatia no seu peito, enquanto arfava por conta da alta de ar que o choro lhe roubava.

                Mais uma vez não pronunciei qualquer palavra ou emiti qualquer som. Limitei-me a aproveitar aquele abraço, pois sabia que momentos daqueles apenas seriam raros, uma vez que Natsu apenas desistia da sua máscara quando não aguentava mais, e eu bem sabia que ele não desistia fácil de algo. Natsu deslocou a sua mão até ao meu rosto, afagando-a carinhosamente, enquanto colocava os dedos em redor do meu queixo e o puxava para cima, de modo a que o observasse. Não ofereci resistência, ainda tomada pelo seu ato de amor, olhei para ele. O seu rosto aproximou-se do meu num gesto devagar e solene, ficando a milímetros de mim. Senti-lhe a respiração abafada e curta, enquanto os seus olhos se fechava à medida que se chegava perto. Rapidamente senti um impulso de quebrar aquela distância entre os meus lábios e os dele, e, como tal, avancei. No entanto, parei antes de sequer o beijar, apenas sentia ao de lado os seus lábios carnudos e, como que uma recordação, veio à tona aquele sonho e tudo parecia tão fantástico na altura. Não percebi porque havia parado, abri os olhos rapidamente e virei a cara para o lado direito, recusando que ele me beijasse. Duas lágrimas escorregaram-me pela face e coloquei a minha mão direita sobre o seu peito gentilmente. Ele parecia surpreso com a minha ação inesperada, e, talvez, um tanto chateado com tal. Eu compreendia.

                - Esquece. – Ele pronunciou num tom de desilusão e frustação, enquanto se afastava de mim. – Já percebi que é uma perda de tempo estar a dizer e a demonstrar o que sinto. Tal como todas as vezes que tentei anteriormente. – Ele engoliu o choro e levou as mangas do uniforme à face, limpando as lágrimas rapidamente e respirando profunda e rispidamente. – Eu sou mesmo um idiota. Em todos os sentidos; ainda acreditei que podia deixar de ser frio por momentos para tentar demonstrar que o que sinto é realmente genuíno. Mas, mais uma vez, enganei-me. Nem sei porque ainda acredito no amor. É realmente uma merda. – Respingava friamente, deixando descair a cabeça e sentindo-se completamente desnorteado e desiludido.

                - Natsu… - Murmurei o seu nome, ainda um pouco espantada com a sua atitude e sentindo que o meu mundo havia quebrado ao meio.

                - Não, esquece. – O seu rosto subiu rapidamente, lançando aquele olhar ríspido e ameaçador, mas ao mesmo tempo triste e iludido. – Esquece mesmo. Nunca pensei vir a mostrar sequer parte da minha fraqueza por alguém, e fi-lo por ti. Não faz parte de mim. Natsu Dragneel não quebra, não chora, nem sequer tenta ceder. E foi isso que fiz. – Levou uma das mãos à testa e abanou a cabeça negativamente. – Estúpido! – Começou a dar algumas chapadas na testa com a palma da mão, ouvindo-se o baque sempre que embatia na pele.

 

“Hate me, break me, let me feel as hurt as you”

(“Odeia-me, quebra-me, deixa-me sentir-me tão magoado como tu”)

 

                - Não, espera!

                Tentei agarrar-lhe na camisola, porém apenas lhe toquei com a ponta dos meus dedos e deixei escapar-se-me pela distância. Natsu não pronunciou nenhuma palavra, apenas desviou o seu olhar do meu e virou as costas. Tudo parecia acontecer em câmara lenta, pelo que eu ainda tentei que ele voltasse a ter comigo, para poder abraçá-lo de novo, voltar a pedir desculpa, talvez acreditar que aquelas palavras eram realmente verdadeiras. Escutei os seus passos surdos e fortes, enquanto remoía algumas palavras e esfregava os olhos, ainda chorando desolado. Apenas o observei a dirigir-se ao seu quarto sem proferir qualquer palavra.

Happy já havia saído da sala há algum tempo e eu não reparara em tal detalhe. Tanto ele como a mãe de Natsu já não estavam presentes há bastante tempo. Senti-me sozinha de novo como todas as noites em que regressava a casa e me enchia de comprimidos e mais uma garrafa qualquer, juntamente com a minha lâmina que possuía dentro da capa do meu telemóvel.

Destroçada e culpada pelo que havia acontecido, embora não soubesse o que havia acontecido ao certo. Doía demasiado saber que tinha quebrado o coração dele quando ele, no fundo, apenas queria reconstruir o meu. Por muitos erros que ele tivesse cometido eu também não me poderia considerar alguém sem pecados. Sabia que durante aqueles quatro anos todas aquelas picardias, aquelas discussões, aquelas pegadinhas, aquelas brincadeiras, aquelas lutas aziam parte de uma relação amor-ódio que nenhum de nós conseguia controlar, pelo que por muito que tentássemos mostrar amor acabávamos por nos magoar, submetidos e desmedidos por efeitos colaterais. E porque só agora sabia a verdadeira faceta do rosado? Porque é que durante aquele tempo todo ele havia escondido de mim aquele seu lado inofensivo e amável, porém à sua maneira? Porquê ir embriagado e drogado para o colégio, apenas para mostrar a sua valentia consumida pela droga do álcool e a sua valentia em simplesmente conseguir foder o maior número de meninas na escola? Apenas para ter ama de Popular e ser considerado como alguém dado ao respeito se ele o poderia fazer de forma sóbria e sem se submeter a tais atos prejuciais? Apesar de tudo, eu amava-o. Simplesmente, amava-o.

- Desculpa… - Levei uma das mãos ao meu pulso enrolado em ligaduras e apertei com força, sentindo a dor dos cortes ainda abertos. – Desculpa mesmo ser assim. – Baixei a cabeça e comecei a chorar novamente, sentindo o meu cabelo embater-me no rosto enquanto soluçava em silêncio.

Natsu parou repentinamente antes de adentrar pelo seu quarto. Colocou a mão direita contra a ombreira da porta, os seus pés alinhados inconscientemente e seu peito gelado pela rejeição. Ainda desiludido e destruído pela quarta vez na sua vida, contornou o seu olhar repleto de água, que ansiava por descer em fileiras pelo seu rosto, e observou-me por segundos. O seu coração batia quase morto porém repleto de amor e enrolado por um certo ódio disfarçado. A sua boca encontrava-se entreaberta e trémula. Do seu lado direito encontrava-se uma pequena mesa de madeira com algumas fotografias da sua mãe e dele aquando criança, e, sobre ela encontrava-se uma garrafa meio cheia de vodka. Sem sequer a olhar, agarrou-a rapidamente e sorriu de canto, porém entristecido. Sabia que mal lhe deitasse a mão a noite seria comprida no seu quarto e o dia seguinte ainda mais. Afinal, era a sua rotina diária, o que poderia mudar? E que mal faria? Apenas mais um dia, como tantos outros. Levou o gargalo da garrafa à boca, sentindo-lhe o gosto do álcool forte e inclinou a garrafa para cima, adentrando um gole ou dois dentro da sua boca e engolindo de seguida, num ápice. Fez uma careta estranha por conta do gosto horrível que aquilo possuía, no entanto, aquilo aqueceu-lhe o peito completamente. E antes de entrar no seu quarto e trancar a porta durante uma hora ou duas, pronunciou:

- Nunca esperei fazer o que fiz hoje por alguém e muito menos dizê-lo tantas vezes e mesmo assim ser acusado de mentiroso. Mas como sempre não valeu a pena. Desculpa, mas amo-te.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, não vou confirmar uma data para o lançamento do próximo capítulo, mas vou dar um pequeno spoiler, o próximo capitulo nao será logo a continuação deste nalu mas sim de uma outra situação, e para quem não entendeu, na realidade eles nunca chegaram a beijar-se, a Lucy apenas sonhou que se tinham beijado e desta vez ela mesma impediu que o Natsu a beijasse. Por isso ainda não rolou beijo Nalu. E mesmo com esta confissão de amor pelos dois não haverá definitivamente Nalu tão cedo, até porque não quero destruir a imagem de durão do Natsu que construí desde o inicio nem quero destruir as brigas e rivalidade que ele tem com a Lucy.

Espero que tenham gostado! Kissus


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...