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História Não Ultrapasse a Linha - Cena do crime, não ultrapasse.


Escrita por: cwrolz

Notas do Autor


Olá! Essa é minha primeira história aqui. Espero que gostem ^^

Capítulo 1 - Cena do crime, não ultrapasse.


Fanfic / Fanfiction Não Ultrapasse a Linha - Cena do crime, não ultrapasse.


Eu estava sentada em frente a uma mesa no meio daquele quarto escuro. Uma pequena lâmpada no teto  iluminava apenas o lugar onde eu sentava. Me sentia culpada e arrependida por ter aceitado tudo isso, eu mudei muita coisa. Será que alguém irá me perdoar algum dia?

      Escuto passos e vozes. Alguém está vindo. O barulho começa a ficar mais próximo até que se ouve o ranger da porta. Eles chegaram.

      –Certo, mocinha. Vamos logo com isso. Colabore comigo, está bem?-Uma voz grossa e áspera. Eu queria saber quem era o dono dessa voz mas a escuridão não permitia isso.

      –Você irá colaborar ou não?–Eu não respondo. Minhas palavras já causaram dano suficiente. Só irei falar no momento certo, e esse não era o certo.

     –Hum… parece que você não quer conversar hoje. Isso vai ser mais difícil do que eu esperava.

     –Só… só vamos acabar com isso logo.–Resolvo responder, quero sair desse lugar logo então para isso acontecer, é preciso que eu fale.

     –Então comece. Não nos poupe detalhes.–Uma voz masculina surge. Aquela voz me causava arrepios. Meu Deus, aonde fui me meter?

     

      Brasil, Interior de São Paulo. Dezembro de 2013.


    Só mais um dia. Eu pensava comigo, só mais um dia e eu já estaria de férias. Trabalhar na área de homicídios não era algo maravilhoso, me diziam que seria aterrorizante mas com o tempo eu iria me acostumar. Eu não me acostumei. Não durmo direito desde o dia em que eu passei naquele concurso público. Por que eu fui me inscrever? Não faz nem quatro meses que eu entrei e já quero sair daqui.

   Eu estava organizando as fotos que eu tinha tirado da vítima de hoje, um homem que tinha seus 34 anos, era triste ver aquelas fotos mas se eu quisesse ir embora hoje, eu precisaria ver aquelas imagens.

   Eram quase seis da tarde quando eu fui levar a documentação para Miguel, o policial que estava no caso. Bati na porta de seu escritório, não queria interromper nada, só deixar aquelas imagens com ele e ir embora.

   –Olá, Bea. Como você está?–Ele disse enquanto abria a porta.

   –Com sono, como sempre.–Respondi e em seguida lhe dei a papelada– Aqui está a documentação daquele caso que você está cuidando.

    –Ah, sim. Obrigado. Você não quer entrar? Eu tenho café.–Ele falava de um jeito estranho, parecia tímido por algum motivo.

    –Não, obrigada. Tem café em casa. Até amanhã.

      

       ***


    Amanhã vai ser o último dia. Eu mantinha esse pensamento enquanto voltava para casa. Sentada na penúltima fileira daquele ônibus, eu ficava observando as pessoas. Tinha um menino no colo de sua mãe sentados ao lado da janela. Ele segurava um balão vermelho. Não parava de apertar aquela coisa, até que ele estourou. Fez um barulho e todos que estavam no ônibus olharam para aquela mulher. Ela ficou com vergonha. Eu também ficaria. Olhei para o relógio no meu pulso que marcava exatamente seis e trinta e três. O ônibus estava atrasado.

    Decidi colocar meus fones e fechar os olhos. Eu precisava disso. Precisava me acalmar. Ser fotógrafa pericial era estressante e eu odiava. Eu estava tranquila, me sentia bem até sentir a ponta dos meus dedos adormecerem, em seguida minhas pernas, quando me dei conta meu corpo inteiro estava adormecido. Por mais que tentasse, eu não conseguia abrir meus olhos.

     Depois de dois minutos, eu acho, meu corpo voltou ao normal. Fiquei preocupada. Eu estava pensando em marcar uma consulta com meu médico quando escutei um estouro, era o mesmo menino. Onde ele arranjou outro balão tão rápido? Olho para a janela ao meu lado e percebo que estamos parados na mesma rua que estávamos minutos atrás, provavelmente o motorista errou o caminho. Eu iria chegar atrasada em casa, olhei impaciente para o meu relógio novamente e marcava seis e trinta e três. Ou o meu relógio quebrou ou eu apenas estou ficando louca.

    Cheguei em casa às sete e quarenta da noite. Destranquei a porta do meu apartamento, joguei minha mochila no chão e me deitei no sofá. Eu estava exausta. Peguei o controle da televisão e liguei em um canal.

     –Além de ser um trabalho longe, me faz perder Masterchef. Odeio essa profissão.–Reclamo comigo mesma e desligo a televisão.

     Eu estava deitada no sofá, olhando para a parede do meu apartamento. Pensava em minha mãe, no dia em que ela se envolveu em um acidente de carro, naquele domingo em que vi ela sorrir pela última vez. Queria ter dito que a amava. Eu também pensava em meu pai que não aguentava ver meu rosto por conta da semelhança que eu tenho com mamãe. Toda vez que ele me via era um sufoco, parecia ser uma tortura ser meu pai. Um dia ele sumiu. Para sempre.

    Não troquei de roupa, não fui para minha cama. Dormi ali mesmo. Naquele velho sofá que meu pai tinha me dado como presente para a casa nova. A única coisa que ele me deu antes de sumir da minha vida. Sinto falta dele mas às vezes eu o odeio.

   

      ***

    Finalmente o último dia nesse lugar. Eu estava com sono, não tinha dormido direito e as dores nas costas não ajudavam. Eu estava um lixo, como sempre.

   Estava indo tirar minhas últimas fotos com o policial Antonio, um velho que não parava de falar. Quando desci do carro foi um alívio. Não queria mais escutar as histórias dele em Ribeirão Preto. Não que eu esteja sendo grossa ou mal educada. Eu só não estava nos meus melhores dias.

     –Então quer dizer que esse daí é um indigente. Faz um bom tempo que eu não cuidava de caso que envolvia um desses. – Senhor Antonio disse enquanto trancava a viatura.

    –Ah, sim. Acho que esse é o meu primeiro indigente. –Respondi tentando ser educada.

    –É triste ver como um ser humano pode acabar nesta situação.

    –Sim, muito triste. –Falei com um tom melancólico.

    Peguei minha câmera em minha mochila, fui tentando abrir caminho entre aquelas pessoas. Policiais e curiosos. Eu apenas queria acabar com aquele dia de trabalho logo. Queria

    Quando ultrapassei a fita de contenção e vi a vítima no chão. Eu reconheci aquele indigente no mesmo instante.

     Ele era o meu pai.


   

      


Notas Finais


Hey! Se você chegou até aqui, então quer dizer que leu minha humilde história 'u'
Espero que tenha gostado e até o próximo capítulo :3


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