1. Spirit Fanfics >
  2. Do outro lado >
  3. Roupas pretas

História Do outro lado - Roupas pretas


Escrita por: marilia-kessily

Capítulo 6 - Roupas pretas


Fanfic / Fanfiction Do outro lado - Roupas pretas


O Mason estava bastante assustado e não parava de olhar para mim.
-O que aconteceu com a mão dele?- Um policial perguntou.
-Ele não disse.- O outro respondeu.
-Como eu disse, estávamos na cozinha preparando as coisas da festa e ele estava fazendo milk shake no liquidificador. Ele se distraiu conversando conosco e deixou a mão bater dentro do liquidificador que estava ligado.- Menti mais uma vez. 
-Foi isso que aconteceu?- Um policial perguntou olhando para o Mason.
-Foi isso senhor.- Ele concordou meio desconfiado. 
Os enfermeiros nos atenderam fazendo um curativo no meu braço e um na mão do Mason, logo depois os pais do Jared chegaram. Eles estavam desesperados sem saber o que tinha acontecido.
-Cade o meu filho?- O senhor Walter estava chorando.
-Sinto muito. Mas seu filho sofreu um acidente e não resistiu.- Um policial falou.
-O que? Vocês estão brincando comigo? Onde está o meu filho?- Ele ficou mais desesperado ainda.
A médica abriu a porta da ambulância mostrando o corpo dentro do saco. 
-Ai meu Deus, o que aconteceu?- A senhora Jenna chorava abraçando seu marido.
-Ele caiu da sacada.- Falei chorando.
Os dois entraram dentro da ambulância e abriram o saco, eu imagino a dor que eles sentiram. 
-Agente vai levar o corpo para o hospital agora.- A medica falou para eles.
-Eu posso ir?- Perguntei.
-Não, só parentes. Desculpe- A médica fechou a porta da ambulância e foram embora.
-O que vocês eram?- O mesmo policial que estava me interrogando perguntou.
-Nós namorávamos.- Respondi.
-Quer que eu te leve para casa?- Ele perguntou me ajudando a levantar.
-Sim.- Respondi.
No caminho de casa eu lembrei de todas as vezes que o Jared me deu carona, de todos as nossas conversas dentro do carro, de todos os conselhos, todas as discussões, todos os abraços, todas as filas que ele me passava no ensino médio quando tive que usar aquela camisa para burros, todos os desabafos, todas as musicas que nós cantávamos juntos, todos os passeios, todas as diversões, todos os olhares, todos os beijos. 
Eu ainda estava chorando, mesmo estando mais calma.
-Eu sei o que você está sentindo.- O policial falou com a mão no volante.
-Sabe?- Perguntei.
-Minha esposa morreu a dois anos.- Ele parecia calmo.
-Sinto muito.- Falei.
-É, eu também sinto. Nós nos conhecemos no trabalho. A dois anos nós estávamos em um tiroteio com uns assaltantes, eu mirei a arma na cabeça do criminoso, eu devia ter atirado, mas não atirei. Logo depois ele deu um tiro na cabeça dela.Mas eu acredito que a morte não é exatamente o fim de nossas vidas. A ultima vez que há vi não foi a dois anos, eu a vejo todos os dias nos meus sonhos, quando minha filha fala, é a voz dela que eu ouço.  E eu acordo cedo todo dia para trabalhar para que a morte dela não tenha sido em vão, porque eu sei que ela está ai em algum lugar olhando para mim e falando: ''Acaba com esses filhos da mãe''
Chegamos na minha casa, era tarde. Peguei a chave e abri a porta, o policial ainda estava lá comigo. Minha mãe estava na sala assistindo alguma coisa e levantou-se com o barulho da porta se abrindo. 
-Charlie? O que aconteceu?- Ela perguntou curiosa.
-O Jared mãe.- Falei abraçando-a.
-O que tem o Jared?- Ela perguntou.
-Ele está morto.- Falei me afastando. -Desculpe, eu vou subir.
Fui para o meu quarto e deixei minha mãe conversando com o policial na sala. 
Eu sabia quem era o responsável pela morte do Jared, mas naquele momento eu só queria ficar sozinha, nada de pesadelos, nada de visões e nada de passar para o outro lado. Eu não estava conseguindo dormir.
-Charlie.- O meu pai bateu na porta.
-Entra.- Falei.
Ele entrou e sentou ao meu lado na cama. 
-Eu sinto muito.- Ele falou me abraçando. 
-Eu também sinto.- o abracei também.
-Eu falei com o Walter, ele ta arrasado e quer nossa presença no velório as as nove da manhã.- Ele disse me abraçando ainda mais forte.
-Tudo bem pai, mas agora eu quero ficar sozinha.- Falei me deitando na cama.
Ele saiu. Fiquei acordada a noite toda, como eu poderia dormir? Olhei no relógio, eram 7 da manhã. Tomei um banho e depois abri o meu armário pegando um vestido preto e uma sapatilha preta. Penteei os meus cabelos o prendendo num coque. Me sentei na cama por alguns minutos e tudo começou a vir na cabeça de novo, eu estava acabada. Minha cabeça estava latejando e meus olhos estavam inchados. 
-Você está pronta?- Minha mãe falou abrindo a porta do quarto.
-Sim.- Falei me levantando da cama. 
Minha mãe também estava com um vestido preto e um salto. desci as escadas com ela e meu pai estava nos esperando com um terno preto. Estava tudo muito silencioso. Depois nós entramos no carro e meu pai dirigiu até o cemitério. Todo mundo já estava lá, estavam todos de preto, a família do Jared, alguns vizinhos e alguns colegas de classe. Inclusive o Mason. 
Fui até o caixão, e tinham colocado um terno preto nele, pentearam seu cabelo de uma forma que eu nunca o vi pentear. Seus olhos estavam fechados e foi ali que caiu a ficha de que ele não iria mais voltar. 
-Eu te amo.- Sussurrei no seu ouvido. 
-Vamos começar?- O pai da katherine falou olhando para as pessoas. 
Fui para junto dos meus pais e ele começou o discurso. Ele falou muita coisa, mas meus pensamentos me impediram de me concentrar em ouvir. Tinha tanta gente, mas metade dalí se importava de verdade. Os pais do Jared ouviam o discurso com lagrimas. Depois que o discurso terminou fecharam o caixão e o desceram na cova. Cada pessoa jogou uma flor branca em cima dele. O cobriram de terra e não pude mais ver o seu corpo. Todos estavam dando palavras de apoio para os seus pais e logo em seguida se despediam e iam embora. Meus pais também se despediram. 
-Vamos Charlie.- Meu pai falou. 
-Eu vou ficar aqui. Depois pego um taxi. Podem ir.- Falei.
Todos foram embora e eu continuei lá, eu não podia me apegar a mais ninguém, eles já mataram o Jared, e iam continuar matando se eu não me afastasse das pessoas, até os meus pais estavam em perigo. Eu não podia deixar que nada de mal acontecesse com mais ninguém por minha causa. Mas eu também não ia ajudar as coisas que me causaram mais dor. Eu teria que me vingar para que o Jared, não tenha morrido em vão. Mas como matar alguém que já está morto? Eu era nova nisso, mas com certeza ia descobrir. 
-Porque você mentiu?- O Mason apareceu atrás de mim.
-Como assim menti?- Perguntei surpresa.
-Mentiu. Eu me lembro. O Jared não caiu, eu o empurrei.- Ele ainda estava assustado.
-Você se lembra de tudo?- Perguntei.
-Sim, eu estava possuído por um demônio?- Ele se aproximou.
-Não. Eu não sei.- Menti. Eu vou embora.- Falei virando as costas.
-Não, espera.- Ele disse segurando o meu braço.
-Eu não sei de nada. Deixa eu ir.- O encarei.
-Você sabe. Você tem tudo a ver. Eu não conseguia controlar o meu corpo e nem controlar as palavras que saia da minha boca. mas eu me lembro de cada coisa que eu fiz, e de cada coisa que eu disse. Me lembro das coisas que você disse também. Você tinha noção do que estava acontecendo. Você precisa me contar o que está acontecendo.- Ele me encarou.
-Eu não posso, eu não posso te colocar nisso. Você vai se sentir melhor se não souber.- Me afastei.
-Eu já estou nisso. E eu diria que não tem como eu me sentir pior. Eu matei uma pessoa. Como posso conviver com isso?- Ele se aproximou novamente.
-Por favor Mason. Vai embora.- Segurei no seu ombro.
-Depois que você me contar o que está acontecendo eu vou. Você não quer que eu conte a verdade para a policia quer?- Ele insistiu.
-Você não pode contar a verdade, quem vai acreditar em você?- Retruquei.
-Não a verdade inteira, mas uma parte dela. A parte que foi eu quem o matei.- Ele não desistia.
Eu não podia deixar ele se entregar. Eu ia ter que contar a verdade para ele.
-Você não estava possuído por um demônio, você estava possuído por espirítos.- Afirmei.
-Espíritos?- Ele sorriu, logo depois ficou sério de novo. -Você está falando sério?
-Nunca falei tão sério.- Levantei os ombros.
-Ta, mas onde é que você entra na história?- Ele estava sendo bem irritante.
-Eu não sou obrigada a te contar Mason, já te falei coisas suficientes. Vai embora.- Pedi.
Ele continuou na minha frente.
-Ok Mason, mas se alguma coisa acontecer com você eu não vou me responsabilizar por isso. A um tempo eu começei a ter umas visões estranhas, Depois eu conseguir sair do meu corpo e passar para o outro lado, um espirito me disse que eu tinha que ficar longe das pessoas que eu amo, mas eu não obedeci. Ontem eu estava no carro com o Jared e desmaiei passando para o outro lado de novo. O mesmo espirito me avisou para que eu me afastasse das pessoas. Mas eu o ignorei, então foi isso que aconteceu, eles usaram você para matar o Jared. 
-Eu só não entendi uma coisa... Porque eles não querem você com as pessoas?- Ele estava curioso.
-Segundo eles eu sou a escolhida para os ajudar a passar para esse lado, eles disseram que as pessoas estavam me atrasando. Eu não quis acreditar,ou pior, eu até acreditei. Mas achei que eles não fariam nada de mal pra ninguém. E agora o Jared está morto. E não ha nada que eu possa fazer para mudar isso.- Eu fiquei tensa.
-Não é culpa sua.- Ele falou tentando me ajudar.
-Como você pode falar isso? Eu fui avisada.- 
-Isso não foi um aviso, foi uma ameaça. E se você realmente soubesse que isso iria acontecer não teria feito o que eles queriam? Você não sabia que o Jared acabaria morto. Para de se culpar.- Ele estava mais calmo.
Ele tinha razão, ficar se culpando não ia me ajudar em nada. 
-É, você ta certo.- O encarei.
-Então deixa eu te ajudar.- Ele levantou os ombros.
-Eu não preciso da sua ajuda e não vou te meter nisso.- Eu tinha que ser grossa para ele parar de encher o meu saco.
-Não precisa? Você contou ao Jared o que estava acontecendo? Parece que não né? Você acha que pode revolver isso sozinha? Não pode. Você precisa de mim e eu também preciso de você. E você não precisa se preocupar, eu sei me cuidar.- Ele parecia irritado.
-Sabe se cuidar tanto que acabou sendo possuído.- Pensei alto demais.
-Foi eu, mas podia ter sido qualquer pessoa.- Ele gritou.
-Calma aê rapaz, não to te culpando. Eu só falei. Mas como assim você precisa de mim? Que eu saiba quem ta com problemas aqui sou eu, e não você.- coloquei a mão no peito.
-Você acha que eu não tenho problemas? Não é você que está com sangue nas mãos pela segunda vez.- Ele apontou para mim.
-Como assim pela segunda vez?- Fiquei assustada.
-Aquela garota que morreu afogada na piscina da minha casa.- Ele baixou a cabeça.
-O que tem ela? Aquilo foi um acidente.- Afirmei.
-Pode ter sido um acidente, mas foi por minha culpa. Ela não queria beber, eu insistir. Ela nunca tinha bebido antes... Eu achei que ela fosse se divertir mais se bebesse... Eu a convenci, dei umas bebidas pra ela e ela ficou muito doida. Era só isso que eu queria, ver todo mundo doido. Eu sair de perto dela e a deixei sozinha. Eu sair por deis minutos, quando voltei vi todo mundo ao redor da beira da piscina, ela já estava morta. E sabe o que eu disse quando a policia chegou? Eu falei que não a conhecia, eu disse que nunca tinha a visto na vida. Eu tava totalmente errado, ela era de menor, não deveria nem ta naquela festa. Eu fui um covarde.- Ele falou sério.
-Nossa. Eu não sei o que dizer.- Falei.
-Não diga nada, só me escute. Eu preciso da sua ajuda. Eu tenho tido pesadelos naquela casa desde então. Um dia eu estava na beira da piscina e alguém me empurrou na água, mas eu estava sozinho. Eu tenho certeza que tenha sido ela. Eu tentei falar com o meu primo espiríta sobre isso, mas ele disse que não poderia me ajudar sem uma passagem. Eu perguntei o que seria uma passagem e ele disse que são pessoas que podem viver dos dois lados. Do lado da vida, e do lado dos espíritos. Você disse que já foi duas vezes para o outro lado, você é a passagem.- Ele afirmou.
-Ta, E se eu disser que vou te ajudar? O que você quer que eu faça? Quer que eu a mate? Eu acho que você não entendeu. Eu sou...- Falei antes dele me interromper.
-Eu não quero que você a mate, eu só quero que você diga para ela que eu sinto muito e que eu to arrependido do que quis.- Ele falou mexendo no curativo da sua mão.
-E você acha que ela já não sabe disso?- Perguntei confusa.
-Eu não sei, talvez não saiba.- Ele falou pondo a mão na cabeça.
Ele me convenceu, eu não podia fazer aquilo sozinha, se existiam pessoas que acreditassem e que pudessem ajudar porque eu negaria a ajuda delas? Pelo menos agora eu teria certeza de que não estava louca.





 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...