História Doce e Marrento - Os segundos que antecedem o beijo

Yoongi olhou pasmo para Taehyung, imaginando que aquilo fosse uma miragem, que talvez sua mente estivesse lhe pregando uma peça, como havia acontecido inúmeras vezes durante o tempo em que esteve longe de seu amado. Durante esses dias, ouvia sua voz, sentia seu cheiro e sonhava com ele constantemente, chegando até mesmo a jurar que o via em alguns lugares, mas sempre eram meras miragens, ilusões criadas por sua mente. Tentou falar, mas as palavras teimavam em não sair, tamanha era sua surpresa e incredulidade diante da figura de Taehyung ali, diante dele.

A mulher tentou argumentar com Taehyung, porém, sem sucesso.

— Passe no RH para fazer o desligamento, não quero ver sua cara aqui nem por um segundo. E você — Ele olhou para Yoongi — Venha comigo — Disse de forma fria.

Taehyung gentilmente puxou Yoongi pelo braço, percebendo o quão petrificado ele estava. Juntos, adentraram o elevador, e Yoongi mal conseguia respirar diante da surpresa de ver Taehyung ali, bem à sua frente. Tantas palavras haviam sido planejadas para esse momento, desde xingamentos até socos, mas agora, diante da realidade, ele se via incapaz de dizer qualquer coisa. Contrariando sua expectativa de sentir raiva, a única vontade que sentia era de abraçá-lo e beijá-lo. Todas as mágoas e angústias dos últimos tempos pareciam desvanecer diante da presença de Taehyung.

Seguiram por um corredor, com Yoongi caminhando atrás de Taehyung, apertando as mãos de nervoso. Sentia um frio na barriga, algo que há tempos não experimentava, mas que só Taehyung era capaz de provocar. Observava as costas largas de Taehyung vestindo um terno que o deixava incrivelmente sexy. Parecia mais sério e adulto, emanando uma presença imponente. Chegaram ao luxuoso escritório de Taehyung, e Yoongi ficou deslumbrado com a visão panorâmica da cidade lá do alto. Era a primeira vez que entrava ali. Seus olhos percorreram a sala e pararam em Taehyung, que o olhava com seriedade.

— Deite-se no sofá e tire a camisa — Pediu Taehyung com a voz grave.

Yoongi arregalou os olhos, sentindo-se assustado com a situação. Imaginava o que Taehyung poderia querer fazer com ele depois de três meses longe, sem dar qualquer explicação. Uma mistura de emoções passou pelo rosto de Yoongi, e uma expressão triste se formou diante daquele pedido. Ele desejava conversar, esclarecer o que tinha acontecido antes de retomar qualquer tipo de intimidade novamente.

— Não me entenda mal, Yoongi. Só quero ver como está essa queimadura.

Os olhos de Yoongi se encheram de lágrimas ao ouvir Taehyung chamá-lo de "Yoongi", já que sempre o chamava de "Yoon" ou de "Anjinho". Engoliu o choro, não querendo demonstrar o quanto estava machucado na frente de Taehyung.

Yoongi queria explicações sobre o motivo dele ter ido embora, mas não conseguia dizer uma palavra. Então, timidamente, apenas tirou a blusa e se deitou no sofá. Taehyung colocou uma almofada embaixo de sua cabeça para que ele ficasse confortável. Yoongi fechou os olhos, sentindo-se envergonhado com Taehyung debruçado sobre seu corpo. Taehyung se controlava, queria abraçá-lo e beijá-lo, mas não podia fazer isso depois da "traição".

Ao olhar para o corpo de Yoongi, Taehyung franzia o cenho preocupado. Ele estava muito magro, o que o deixou ainda mais apreensivo. Em sua cabeça, Yoongi estava bem, pois acreditava que ele estivesse se divertindo com Hoseok. No entanto, ver seu estado físico agora o fez perceber que algo estava muito errado.

— A queimadura não é grave, apenas superficial, sente alguma dor?

“No coração sim” — Pensou Yoongi.

— Não — Respondeu Yoongi, ainda com os olhos fechados.

Com uma pomada nas mãos, Taehyung passou delicadamente uma pequena quantidade sobre a pele de Yoongi, tendo o cuidado de não causar desconforto na queimadura sensível. Ao sentir o toque suave de Taehyung, Yoongi involuntariamente soltou um gemido, revelando o quanto sentia falta daquele contato. Aquele simples gesto despertou em Yoongi uma avalanche de sentimentos, relembrando o quanto Taehyung costumava tocá-lo com carinho.

— Desculpe — Taehyung parou ao ouvir o gemido de Yoongi —, você disse que não estava doendo.

— Não está... foi involuntário, achei que fosse doer.

— Vou passar a pomada de leve para não machucá-lo.

“Mais do que já me machucou?” — Pensou Yoongi, tentando na medida do possível não desabar em lágrimas. 

Taehyung continuou aplicando a pomada, e o abdômen de Yoongi se contraiu ao seu toque, sua respiração tornou-se descompassada. Mesmo após tanto tempo, Taehyung ainda tinha o poder de despertar essas sensações nele.

Yoongi lutava para distrair sua mente, pois a proximidade e os toques de Taehyung estavam tornando seu corpo vulnerável e desejoso de reviver os momentos prazerosos que tiveram juntos. No entanto, ele se recusava a ceder, afinal, Taehyung o abandonou sem dar qualquer explicação. Por isso, procurava evitar o contato visual com ele, consciente de que, se seus olhos se encontrassem, seria difícil resistir aos desejos carnais que seu corpo sentia.

Enquanto Taehyung passava a pomada no abdômen de Yoongi, não percebeu que suas mãos deslizavam por todo seu abdômen, mesmo onde não havia sido atingido pela bebida. A pele de Yoongi estava quente e seu rosto vermelho. Taehyung percebeu que Yoongi estava excitado, o conhecia muito bem. Sua vontade era perdoá-lo e tomá-lo em seus braços ali mesmo.

“Preciso pensar em outra coisa, quero muito ficar com ele, sinto falta do seu corpo,  mas preciso ser forte. Não vou ficar com alguém que me traiu” — Pensou Taehyung. Quando começou a sentir os efeitos daquela paixão avassaladora em seu corpo, tirou suas mãos de Yoongi.

— Levante-se e ponha sua blusa — Disse friamente.

Yoongi se levantou, pegou sua blusa no sofá e começou a se vestir. Taehyung o observava, sua boca se entreabriu involuntariamente, a vontade de abraçá-lo ficava cada vez mais forte, mas as imagens de Yoongi beijando Hoseok ainda ecoavam em sua mente, fazendo-o mudar de ideia.

Yoongi permaneceu parado, seu olhar fixo no chão, sentindo-se como se estivesse sendo consumido por areia movediça. Uma mistura de sentimentos o invadiu, a angústia de estar diante de Taehyung novamente, a saudade que apertava seu peito e a culpa por tudo que aconteceu. Ele queria dizer tantas coisas, mas as palavras pareciam não sair, e assim o silêncio se tornou ainda mais sufocante.

— Você emagreceu... Está se alimentando? — Perguntou Taehyung, tentando parecer frio.

“Porra, por que eu perguntei isso? Ele vai achar que eu me importo com ele” — Pensou Taehyung. 

— Só estou perguntando isso porque você é um dos meus funcionários, não entenda errado.

— Não entendi errado, e sim, eu emagreci um pouco — Yoongi continuava evitando contato visual. 

O silêncio se fez presente, desconcertante e pesado. Era como se houvesse um abismo de palavras não ditas entre eles, mas nenhum dos dois conseguia encontrar as frases certas para expressar tudo o que estava guardado dentro de seus corações. O ambiente estava carregado de emoções reprimidas e sentimentos conflitantes, tornando o encontro ainda mais tenso e incômodo. Ambos queriam falar, mas também temiam o que poderia surgir a partir dessas conversas adiadas. O tempo parecia se arrastar, como se o universo quisesse prolongar aquele momento de incerteza e inquietação.

— Taehyung...

— Yoongi...

Falaram ao mesmo tempo.

— Pode falar — Falaram juntos novamente.

Apesar da tensão e das emoções à flor da pele, uma certa vontade de rir surgiu naquele momento. Era quase irônico como a vida podia pregar peças, colocando-os frente a frente depois de tudo o que haviam passado. No entanto, o peso das mágoas e chateações impedia que esse sentimento de humor escapasse em risos. Ficaram ali, enfrentando o desconforto do silêncio, cada um perdido em seus pensamentos e sentimentos não resolvidos, incapazes de encontrar uma saída fácil para aquela situação delicada.

— Você primeiro, Yoongi.

— Não é nada... Só queria saber se você está bem.

Taehyung timidamente passou a mão no cabelo, sem querer deu um sorriso bobo.

“O que estou fazendo? Ele perguntou se estou bem e já me derreto? Foco Taehyung, mantenha a calma, não deixe ele te vencer” — Pensou Taehyung, arrumou a postura para ficar ereto e desmanchou o sorriso bobo, substituindo por uma expressão séria.

— Estou bem. E você?

— Estou bem também — Respondeu Yoongi.

— Estar bem é bom...

“Puta merda, que comentário idiota que eu fiz” — Pensou Taehyung.

— Tae... — A voz de Yoongi saiu um tanto manhosa, finalmente o olhando nos olhos.

“Droga Yoongi, não me olhe assim, não me chame assim, eu não resisto... Não quero ser sua cadelinha, mas tá difícil... você é ardiloso, está tentando me seduzir com essa carinha linda que você sabe que eu amo”

— Me chame de Sr. Taehyung, estamos no ambiente de trabalho. Mas diga, Min Yoongi. O que quer?

Yoongi roeu as unhas, sentindo o nervosismo corroer suas emoções. A atitude fria de Taehyung o deixava ainda mais confuso. Não entendia como podia ser tratado assim, quando era ele quem tinha todo o direito de estar magoado por ter sido abandonado tão cruelmente, sem explicações. O peso do silêncio era quase insuportável, e Yoongi lutava internamente para encontrar as palavras certas que pudessem romper aquela barreira de gelo entre eles.

— Não é nada, me desculpe... O senhor quer mais alguma coisa?

“Eu só quero você” — Pensou Taehyung.

— Não, Yoongi. Pode sair.

Yoongi se virou para se retirar, quando Taehyung o chamou abruptamente.

— YOONGI?

“Droga, isso saiu desesperado demais. Por que eu chamei ele?” — Pensou Taehyung. 

Yoongi o olhou, assustado com a voz desesperada de Taehyung, que até então parecia muito calmo e indiferente. Taehyung limpou a garganta. Precisava inventar alguma desculpa já que já tinha chamado seu nome.

— Desculpe, isso saiu mais alto do que eu esperava. Preciso de um favor.

Yoongi o olhou, esperando ele falar. Taehyung olhou em volta, procurando por qualquer coisa que pudesse pedir para ele fazer.

— Bom... é... leve esses papéis ao RH.

Yoongi arqueou as sobrancelhas e deu um passo adiante para pegar os papéis, mas acabou tropeçando. Antes que pudesse cair no chão, Taehyung o segurou firmemente, mantendo-o seguro em seus braços. A proximidade fez com que Yoongi se sentisse frágil e vulnerável, suas emoções se embaralhando diante do contato físico com o homem que tanto amava. O coração de Yoongi disparou, e ele se viu perdido em meio a sentimentos contraditórios.

— Você está bem? — Perguntou Taehyung com uma voz doce e aveludada.

Por alguns segundos, Taehyung parecia o mesmo de sempre, amoroso e preocupado. Yoongi ficou em silêncio, incapaz de desviar o olhar do homem à sua frente. Seus olhares se encontraram, e ambos se encararam intensamente, escondendo seus desejos secretos, nenhum deles queria dar o braço a torcer.

No entanto, a luta contra seus sentimentos mais profundos era uma batalha perdida. Lentamente, eles se aproximaram, seus lábios quase se tocando, e aqueles segundos que antecedem o beijo bagunçavam seus corações, fazendo-os disparar como loucos.

Sentir a respiração quente de Yoongi em seu rosto deixava Taehyung louco para tocá-lo e beijá-lo. A raiva que ele achava que sentia desapareceu, substituída apenas pelo desejo avassalador de matar as saudades. O fogo do desejo que ardia entre eles era inegável. As mãos de Taehyung apertando Yoongi deixavam o outro louco para se entregar completamente a essas sensações. Cada toque, cada carícia, fazia o coração de Yoongi acelerar. O tempo parecia parar naqueles preciosos segundos. Eles sentiam uma paixão intensa, que queimava e os consumia mutuamente. A conexão entre eles era tão forte que, naquele momento, tudo o que importava era o amor que sentiam um pelo outro.

Seus lábios estavam quase se tocando...