História Doce Ilusão - Pesadelo incomum

Naruto se despediu de Gaara, Shikamaru, e Temari, que ficaram na casa do loiro para explicar aos pais dele o que estava acontecendo. Os quatro foram à casa do Uchiha, pegar roupas para o moreno e para Karin. A ruiva tratou de arrumar um pouco de roupa a mais que o necessário, pois sabia que Hinata não tinha nada para vestir.

Enquanto Sasuke e Karin arrumavam o que precisavam para viagem, Naruto e Hinata ficaram dentro do carro esperando. A chuva ainda não tinha dado trégua. Chovia tanto que mal dava para observar às nuvens negras misturadas as brancas no céu. A Hyuuga parecia ficar cada vez mais assustada com os barulhos trovões. Naruto estava sentado ao lado da morena no banco de trás. Ela estava com os olhos fechados, parecia apertar com força o pingente de seu cordão.

– Está tudo bem com você? – perguntou o loiro preocupado.

– Eu só... – começou ela um pouco indecisa. – Eu só estou um pouco receosa, não gosto de trovões e relâmpagos, eles me dão medo.

– Não precisa ficar com medo. – colocou a mão sobre o ombro dela tentando acalmá-la. – Eu estou aqui, não deixarei que nada de ruim aconteça contigo.

– Eu sei, confio em você... É só que...

– Por que está tão nervosa Hinata? Não parece ser apenas por causa do tempo. Tem algo que queira me contar? – perguntou mostrando-se mais preocupado do que desejava.

– Por que você é tão bom comigo? – ela perguntou olhando no fundo dos olhos azuis. – Quando te conheci não fui gentil com você, te tratei friamente. Eu não entendo. – disse sinceramente.

Ela era tão diferente das outras garotas para ele. Era tão natural, e ao mesmo tempo doce. Talvez Sasuke tivesse razão, talvez estivesse mais interessado que o necessário. Aquela pergunta parecia tão simples, mas terrivelmente difícil de responder.

– Só quero ser seu amigo, fazer com que se sinta segura. Sinto que se acontecesse algo parecido comigo, você faria o mesmo por mim. – sorriu bobamente para ela.

Aquele sorriso espontâneo fez o coração da morena se aquecer. Como ela pôde ter má impressão daquele loiro no inicio? Ele possuía um dos sorrisos mais verdadeiros e calorosos que ela já teve o prazer de ver na vida. Parecia loucura, mas ela daria muita coisa para estar nos braços dele por alguns instantes.

– Obrigada. – ela respondeu com sorriso tímido nos lábios.

– Agora vai me contar por que está tão distante? – perguntou curioso.

– Não menti quanto disse que estava com medo. – respondeu pensativa olhando o tempo pelo vidro embaçado.

– Eu sei, mas sinto que está preocupada com alguma coisa além a chuva.

– Não sou fã de trovões ou relâmpagos, mas isso não é o que mais me preocupa no momento. – suspirou. – Eu quero muito voltar para casa, e agradeço a você por proporcionar esse meu desejo. – sua voz saiu trêmula. – Mas eu tenho medo.

Naruto observava os olhos perolados lacrimejarem, não demoraria muito para que o choro viesse.

– Nunca fiz nada de mal a ninguém Naruto. – ela olhava para as próprias mãos trêmulas. – Tudo o que eu queria era me formar na faculdade e ser feliz ao lado da minha família. – já não conseguia mais reprimir o choro. – Não sei se consigo seguir em frente.

O loiro sentou mais próximo dela, e a abraçou, apoiando a cabeça da morena em seu peito.

– Não fale como se tudo estivesse perdido. Você está bem, e viva, sua família ficará feliz ao te ver.

– Não tenho dúvidas quanto a isso.

– Então me diga o que lhe atormenta.

– Como vou voltar para faculdade? Não tenho coragem de olhar nos olhos dos meus supostos colegas. – ela chorava cada vez mais, molhando a camisa do loiro. – Eu tenho medo, sou uma covarde.

– Você passou por momentos difíceis Hinata, e tem sorte de ser uma garota forte, pois do contrário não estaria aqui. Eu sei que vai ser difícil, mas você está se torturando antes do tempo. Preste atenção no que vou lhe dizer. – falou pegando o queixo da morena, fazendo com que ela o olhasse nos olhos. – Vou te ajudar a superar tudo isso, vamos fazer com que as pessoas que te machucaram pague por isso, eu prometo.

Ela o conhecia a poucas horas, mas sentia que podia confiar de olhos fechados nele. A segurança que ele passava; a forma que ele a tratava, parecia bom de mais para ser verdade. Se tudo aquilo fosse um sonho não queria mais acordar.

O rosto dela estava próximo demais, podia sentir a respiração dela próximo a seu rosto. Os lábios rosados pareciam tão convidativos, ele desejava beijá-la, sentir o sabor do seu beijo. Para onde estava indo sua racionalidade? Nunca foi o tipo de homem que deixava se levar por desejos momentâneos, mas no fundo queria se deixar levar pelo momento, e que os atos cometidos ali fossem duradouros. Lentamente ele aproximava seus lábios do dela, mas antes que estivesse perto o suficiente, a porta do carro se abriu, fazendo com que ambos se afastassem envergonhados e nervosos.

– Está tudo bem? – perguntou Sasuke sentando-se no banco do motorista, enquanto bagunçava os cabelos molhados pela água da chuva.

– Eu disse para que viesse comigo de guarda-chuva. – começou Karin. – Está todo molhado, desse jeito vai acabar pegando um resfriado.

– Estou bem Karin, não se preocupe, nem estou com frio. – disse mostrando desinteresse no tom de voz.

– Não vou mais me preocupar com você. – falou brava. – Você está bem Hinata? – perguntou ela olhando melhor para a morena sentada no bando de trás. Ela estava mais corada que o normal. – Está com febre?

– Estou bem Karin. – sorriu para a ruiva. – Obrigada por se preocupar.

– Coloquem os cintos, vamos dar inicio a nossa viagem. – falou Sasuke ligando o carro enquanto os demais obedeciam a suas ordens.

O inicio da viagem começou tranquila, Sasuke prestava atenção na estrada, Karin ouvia musica em seu iPod, Hinata observava a paisagem pela janela um tanto quanto embaçada. Já Naruto dormia um pouco, mas parecia que o sonho que estava tendo não era nada bom.

O sonho era seu, mas era a imagem de Hinata que ele via correndo por uma rua um tanto quanto longa. De um lado havia muitas árvores, do outro, belas mansões, parecia ser um bairro nobre. As casas, ou melhor, mansões, não possuíam portões, parecia muito calmo e seguro. Era tarde da noite, provavelmente todos estariam dormindo, também, com uma chuva forte como aquela; todos deveriam estar debaixo das cobertas.

Ele conseguia ouvir com dificuldade o barulho do choro dela. Ela corria desesperadamente pela rua. Sua roupa estava toda molhada, a calça jeans estava rasgada na altura do joelho, e por ali podia se ver um pouco de sangue, o mais provável é que a morena devia ter levado um tombo. A blusa de alça com detalhes em renda estava suja de terra.

Ela parou de correr ao chegar em frente a uma mansão muito bonita, de cor marfim. A porta dupla de madeira lembrava muito as casas inglesas do século XVIII. Ela parecia nervosa, procurava alguma coisa dentro de sua pequena bolsa. Os trovões a faziam tremer, dificultando suas ações. Com dificuldade tirou uma chave da bolsa. Colocou a chave na fechadura e abriu a porta, entrou e fechou a porta atrás de si. A partir de então ele não pôde mais vê-la. Alguns minutos se passaram até que ouviu o som de algo se quebrando, para logo em seguida ouvir os gritos de Hinata ecoarem pela casa. Ele queria entrar, saber o que estava acontecendo, mas não podia. Era perturbador demais, ouvir os gritos dela e não poder fazer nada. A angústia estava tomando conta de si, o sentimento de incapacidade já fazia parte do seu corpo. Quando os gritos se cessaram a porta finalmente se abriu, mostrando uma escuridão fora do comum.

– Hinata. – gritou o nome dela.

– Estou aqui. – respondeu a morena sentada ao seu lado dentro do carro. – Foi apenas um pesadelo... Você está bem? – perguntou colocando a mão sobre a testa suada do loiro.

Ele apenas acenou com a cabeça, olhando para Sasuke e Karin que o olhavam assustados.