História Doce Paixão - Prólogo

Doce Paixão

Capítulo Um - Prólogo

Era seis da tarde.

Sasuke não costumava andar sozinho pelas ruas do bairro à essa hora, pelo contrário, às seis, ele já estaria sentado no sofá da sala, assistindo seus desenhos animados enquanto o pai não chegava do trabalho na sua oficina mecânica.

Ele era apenas uma criança de sete anos de idade, adorava brincar na rua de baixo da sua casa com os amigos, porém sempre antes das cinco, mesmo que a área fosse imensamente tranquila e ele já conhecesse toda a vizinhança.

Apressado, Sasuke correu em direção à sua casa, pois não queria ser castigado. Sua mãe era muito preocupada, então, provavelmente, já estaria esperando-lhe apreensiva.

Em passos rápidos, o menino atravessou a rua, porém sua atenção foi tomada por uma menina que andava solitária pela calçada, e com uma expressão tristonha na face.

Sem entender o motivo, o garoto se aproximou da menina de cabelos ruivos e que vestia uma calça jeans clara e uma blusa vermelha com alguns detalhes brancos.

De perto, ele podia ver que seus olhos eram verdes e que ela estava chorando, pois estavam com o fundo avermelhado e, nas bochechas, marcas molhadas se destacavam.

A menina ergueu o olhar, fitando o garotinho de olhos tão escuros quanto a noite.

— Está tudo bem? — Sasuke perguntou, mas ela apenas permaneceu em silêncio. — Meu nome é Sasuke. Por que está chorando?

— Eu me perdi. — a voz baixa se fez presente, e o pequeno Uchiha pensou, por um instante, em não ajudá-la, já que se atrasaria mais a ir para casa, mas ele nunca vira essa menina antes, com certeza, ou havia se mudado há pouco para o bairro, ou não era dali.

O garoto suspirou, observando a rua vazia.

— Onde estão seus pais? — perguntou, e a garota soluçou antes de responder:

— Na nossa nova casa. Nos mudamos hoje, e eles deixaram eu ir na pracinha perto de casa, só que eu acabei me afastando demais e não sei como voltar.

Mais lágrimas caíram pelo rosto da menina, fazendo o coração de Sasuke pesar. Ele não podia deixá-la lá, chorando e sozinha.

— Eu vou te ajudar a achar o caminho. — ele disse, e a menina sorriu por um instante. — Lembra como era a pracinha? — perguntou, recordando-se que tinha mais de uma em seu pequeno e calmo bairro.

A garota de, aproximadamente, sete anos de idade pôs a mão no queixo, pensativa, tentando lembrar-se dos detalhes do lugar onde estava.

— Tinha uma fonte grande lá, uma fonte com uma estátua de anjo. — respondeu, e Sasuke suspirou aliviado, pois, se fosse onde estava pensando, não se atrasaria muito mais do que já estava.

— É perto daqui, venha, vou te mostrar o caminho.

Ambos andaram lado a lado e em silêncio. A menina já não chorava mais, pois sabia que aquele garoto a ajudaria.

Dez minutos depois, eles já se encontravam em frente à tal praça, e ela sorriu ao ver os pais ao longe, procurando-a.

— Obrigada! — agradeceu, sorrindo e saiu correndo em direção aos pais, mas, no meio do caminho, parou e virou-se para trás. — Ah, me chamo Sakura!

E voltou a correr, deixando Sasuke para trás. O menino sorriu ao ver a garota abraçando seus pais. Por um instante, até se esquecera de que estava atrasado.

E, quando lembrou-se, correu em direção à sua casa, que ficava a apenas alguns quarteirões dali.

Ao adentrar a propriedade de dois andares, mas bem simples e com um lindo jardim em frente, sentiu os braços de sua mãe à sua volta.

— Que demora, Sasuke! Pensei que tivesse sido sequestrado. O Itachi até saiu para te procurar. — Mikoto disse, segurando forte o filho nos braços.

— Desculpe, eu perdi a noção do tempo. — o garoto se justificou.

— Menos mal. — a mulher suspirou, aliviada, tirando os braços ao redor de seu filho e deixando-lhe movimentar-se pela sala. — Agora, vá já lá para cima tomar um banho, vou ligar para o Itachi.

— Certo, mãe.

O garoto deu um beijo na bochecha da mãe e subiu as escadas correndo, adentrando logo o banheiro.

. . .

Duas semanas depois...

— Corre, Naruto! — Neji gritou, lançando a bola para o garoto loiro, um chute forte, mas Naruto não conseguiu pegar.

A bola passou direto pelo garoto e parou nos pés de Sasuke, que seguiu correndo pela grama da pracinha, atravessando o “campo” improvisado sem perder a bola para nenhum dos amigos.

As crianças correram, tentando impedir o avanço do pequeno Uchiha, mas não foi suficiente, ele chegou próximo à “trave” e chutou meio desengonçadamente pela pouca habilidade, marcando um gol mesmo assim.

Os garotos do time de Sasuke gritaram felizes, comemorando o gol marcado enquanto os do time adversário bufavam, irritados pelo gol sofrido.

De longe, uma garota observava toda a brincadeira, tristonha. Ela queria brincar também, mas só havia meninos desconhecidos por perto, exceto o garoto que conheceu há alguns dias. Sasuke, pelo que se lembrava.

Mesmo sem coragem para pedir, ela se aproximou, assistindo o jogo de perto. Adorava qualquer esporte e jogava o que fosse.

A menina sentou-se em um dos banquinhos ali e seus olhos pousaram sobre Sasuke, que corria animadamente entre os amigos. Logo, os olhares se encontraram, e ela criou a coragem que precisava.

Sakura levantou-se e seguiu até os meninos, os quais estavam parados pela marcação de mais um gol, agora feito por Lee, também do time de Sasuke.

— Quem é você? — Neji perguntou quando viu Sakura próxima deles, e os olhos de Sasuke pousaram sobre a garota novamente.

— Sou Sakura. — a menina disse, olhando para o par de tênis nos pés. — Posso jogar?

Todos os meninos entreolharam-se e, em uníssono — menos o Sasuke —, disseram não.

A Haruno se encolheu um pouco enquanto os meninos falavam entre si que futebol era coisa de menino e que meninas não sabiam jogar, até que Sasuke, já de saco cheio daquele papo e observando a menina tristonha em seu canto, pediu silêncio.

— Pode jogar. — disse o Uchiha, fazendo todos o olharem, incrédulos.

— Oi? Fala sério, Sasuke! — Naruto disse, indignado.

— Qual o problema? — ele retrucou.

— O problema é que ela é menina, futebol é para menino. — o loiro argumentou.

— Não vi escrito em lugar nenhum que meninas não podem jogar. — o Uchiha retrucou, sério, e Neji soltou um suspiro cansado.

— Então, ela vai ficar no seu time. — disse, e Sakura sorriu discretamente, agradecendo em silêncio mais uma ajuda do garoto do outro dia.

— Sem problemas. Vamos voltar ao jogo. — o Uchiha disse, e todos voltaram as suas posições.

Rapidamente, o garoto explicou sobre o jogo para Sakura, mal sabendo que ela já sabia jogar, e mostrou os integrantes de seu time.

Eles iniciaram a partida.

No começo, não passavam a bola para Sakura, mas, quando ela parou no pé da menina, ela mostrou que sabia bem como jogar futebol, na medida do possível para uma criança de sete anos de idade.

A Haruno correu pela grama com a bola nos pés e sorriu à medida que ia passando pelos adversários até chegar à “trave” e fazer um gol. O time de Neji, que antes já perdia de dois a zero, bufou irritado.

Já Sakura sorriu vitoriosa enquanto todos a olhavam boquiabertos, surpresos por ela jogar tão bem quanto eles, mostrando que qualquer um pode jogar bem, independente do sexo.

E essa, na visão dela, foi a melhor parte daquele jogo.

— Onde aprendeu a jogar? — Sasuke perguntou ao se aproximar da menina.

— Com o meu pai, ele adora esportes, então jogamos às vezes. — Sakura respondeu calmamente, e o Uchiha sorriu, surpreso.

Depois disso, eles voltaram a jogar, iniciando outra partida. Todos estavam mais alertas em relação à garota de cabelos ruivos e até se relacionando melhor com ela, principalmente o Sasuke, que estava gostando da companhia daquela menina.

Naquela tarde animada em que Sakura, juntamente com ele e seu time, derrotou seus amigos em mais uma partida de futebol, uma grande amizade nascera.

Só o que Sasuke não imaginava era que, futuramente, essa amizade viraria algo mais.