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História Doce Primavera - Capítulo .26.


Escrita por: SoFine

Notas do Autor


Eu disse que iria postar aos domingos, certo?

Mas quem disse que consegui conter a ansiedade?

Além de que os comentários do último capítulo me deixaram bem animada para escrever essa imensidão de palavras kkkkk Obrigada gente! Vocês me incentivam cada vez mais!

Ai gente, vou te contar viu. Primeiro, peço desculpas ao capítulo gigante. Até cogitei a dividi-lo, mas como irei postar adiantado e o próximo irá demorar um pouco para sair, deixei em um só :3

Confesso para vocês: Mas como é difícil escrever um parto.

Chega de enrolação e vamos lá :3

Capítulo 26 - Capítulo .26.


— Será que poderia agir como uma adulta e parar de correr? Vamos conversar numa boa, antes de você tirar suas próprias conclusões?  

Karin havia acabado de cruzar a grande porta de vidro da saída. Correu feito uma louca no hospital, trombando com enfermeiras, médicas e até mesmo acompanhantes de pacientes que trafegavam por ali.  O que havia em comum com todas as pessoas que cruzou, foi que a xingaram por estar causando um alvoroço num local que necessitava de silêncio. 

E Itachi atrás dela, pedindo milhares de desculpas pelo comportamento da amiga. 

Karin pensou que o mesmo não fazia mais do que a obrigação, já que estava agindo daquela forma por culpa dele. Deu de ombros. 

E assim que sentiu ar livre tomar seus pulmões, parou, colocando as mãos sobre a coxa, inclinando um pouco, precisava recuperar o fôlego. Sentia-se uma completa idiota agir daquela forma, ainda mais se tratando de Itachi. As lágrimas que saiam de seus olhos eram de raiva.  

Era isso que sentia: raiva. Por amá-lo demais. Chegava a doer. E sentia mais daquele sentimento ao perceber que não fora capaz de fazer com que ele sentisse o mesmo por ela. 

Por que permitiu-se iludir com o Uchiha? Era óbvio que nunca seria o bastante para ele. Afinal, o que um cara tão lindo, inteligente e esperto iria ficar com alguém que não tinha o que oferecer? Ela era o completo oposto dele. 

Já ele era consumido pelo mesmo sentimento. Primeiro, o que diabos ela estava fazendo ali? Segundo, não gostou nada da ruiva estar escutando conversas atrás da porta. 

— Agir como adulta? E você Uchiha, fez isso naquela última conversa que tivemos? Me desculpe, mas não exija algo quando não é capaz de ser um exemplo. 

Itachi praguejou algo que não foi compreendido por Karin. 

— Podemos ir a outro lugar conversar? — Insistiu impaciente. 

— Conversar aonde, querido? Na sua cama? — riu sarcástica. Itachi bufou, revirando os olhos. 

— Sabe que não sou desse tipo de homem, Karin. 

— Sei? Não foi o que me pareceu. 

— Por que não avisou que viria? Teria a buscado no aeroporto.  

Ela deu de ombros, ignorando.  

Ele suspirou. 

Só agora Karin pode reparar as olheiras que faziam contraste com seus olhos escuros. Parecia cansado. 

— Karin eu tive uma semana de cão e discutir com você é o que menos quero agora. Vamos conversar? Juro que esclareço tudo que quer saber. 

Karin deu de ombros, limpando as lágrimas que havia derramado por aquele idiota. Enquanto a razão dizia não, a emoção fez responder pelo contrário, simplesmente concordando com a cabeça. 

Era uma ridícula quando estava com ele, o garoto tinha algo que a prendia e o amaldiçoou por isso. 

Itachi pegou em sua mão a conduzindo para uma cafeteria próxima ao hospital. O garoto raciocinava o que iria falar a seguir e se perguntava como entrou naquela fria. Tinha ciência que havia falado coisas que a magoaram, mas ele nunca tivera a intenção daquilo.  

Na verdade, ele mal sabia que a amiga estaria escutando a conversa atrás da porta. 

Sentaram-se de frente um para o outro, sendo atendidos logo ao se acomodarem por ali.    

— Por gentileza, quero o café expresso mais forte que tiver e sem açúcar. 

Karin arqueou a sobrancelha. 

— Desde quando você toma café sem açúcar? 

— Desde o dia que você começa fazer engenharia naval, tem uma sobrinha que considera uma filha internada com a mãe a meses, correndo o risco de vida antes mesmo de nascer. Além de que pernoitar lá não é uma das melhores coisas. E por último e não menos importante, quando começa a perceber que fez bosta com a pessoa que menos gostaria de machucar. Quer mais algum motivo?  

Ácido. Seco.  

Foi dessa forma que saiu a resposta do Uchiha. A atendente arregalou os olhos, virando-se para a ruiva. 

— Vou querer um cappuccino, por favor. 

Itachi suspirou assim que a atendente se fora. Odiava dar explicações, por isso não gostava de falar sobre relacionamentos a outras pessoas, sempre acabava em merda. 

— Karin, você escutou toda a conversa? 

— Sim.  

— E o que estava fazendo? Sabia que é ridículo escutar a conversa dos outros atrás da porta? Sua mãe não ensinou isso para você não? —ironizou.   

— Eu não tinha essa intenção Itachi. Mas assim que coloquei a mão na maçaneta tocaram em meu nome e congelei, foi automático e inevitável não querer ouvir o que tinha a dizer a Sakura.  

— Mas continuou.  

— Continuei porque queria saber o que anda falando de mim para os outros. 

Ele riu baixo, mas sem deixar de ser sarcástico. 

—Sabe que não precisava disso. Se queria saber algo que não lhe disse, era só ter vindo diretamente a mim e perguntado. 

A atendente interrompeu novamente trazendo os pedidos e pôs a comanda sobre a mesa. 

— Dizem que quando queremos conhecer uma pessoa, devemos escutar o que ela fala sobre os outros e não o que ela diz para você. — Karin comentou assim que a garçonete saiu, mexendo seu pedido. Ora encarava-o, ora redirecionava o seu campo de visão ao cappuccino.  

— Quem está enchendo sua cabeça de abobrinhas? Temari? Ino? 

— Ninguém Itachi. Estou apenas cansada de ser usada por você. Merda, justo a única coisa que pedi a você era para ser sincero! Não precisava corresponder, mas que não brincasse comigo. Não sou sua bonequinha de porcelana para colocar sobre a estante e usar como e quando quiser! 

— Usada? — riu, tomando um breve gole daquele líquido amargo. — Karin, eu sempre deixei claro que não tínhamos nada sério. Você está interpretando as coisas de forma errada e seu pensamento que tem de mim sobre você é totalmente equivocada. Eu sempre tive o cuidado para não a magoar, não era algo que almejava fazer.  

— Estou vendo Itachi. — Cruzou os braços sobre seus seios.  

Karin estava com tanta raiva, que as lágrimas desciam quentes sobre a pele fria de seu rosto. Sua visão estava embaçada, uma por conta da maldita secreção límpida e incolor outra por conta de as lentes de seus óculos estarem totalmente sujas. 

— Karin, o que ganharia com isso? Nunca fiz isso com mulher alguma, e muito menos faria com você. Como disse, mas não sei se escutou, já que adora pegar apenas as partes que se interessa para criar conflitos — sua voz saiu debochada. —  A sua amizade é maior que qualquer coisa Karin. O meu erro com você foi ter pensado que havia deixado claro as coisas. Mas vê-la nesse estado, vi que falhei. Merda, odeio ver pessoas chorarem ainda mais quando eu sou o causador desse choro. 

Ela bufou, limpando as lágrimas. 

— Sinto-me ridícula com isso. — Revirou os olhos. Não estavam gritando ou falando alto, mas só pelo fato de ter a garota chorando ali no meio do estabelecimento, já chamava a atenção ao redor. Itachi encarou a plateia com olhar intimidador. — Se lembra ao menos da promessa que me fizera na última noite? 

Itachi bufou. 

— Que a nossa amizade permaneceria independente da distância, e que poderia contar comigo nos momentos em que se sentisse sufocada e deixarmos as coisas fluírem em seu curso. 

— Isso não era uma promessa, Uchiha. Merda! Você já se esqueceu? 

— Mas que porra de promessa que eu fiz então, Uzumaki? — Itachi questionou cansado daquela discussão besta. 

Nem em um relacionamento estavam para ter uma “D.R.” daquelas. 
Os cantos da boca de Karin caíram, deixando mais lágrimas rolarem. 

— Que voltaria para me buscar...  

Itachi suspirou, lembrando das palavras ditas. 

— Bom, não estou chateada tanto por isso, mas sim pelo toque  que me deu na testa... Achei que aquilo significava algo, Itachi. — Ela respirou fundo, sentindo calafrios. — Uma vez vi Sasuke fazendo isso em Sakura e eu questionei. Ele me disse que a sua família utiliza como forma de dizer que ama, já que não gostam de dizer com palavras, mas demonstram através por esse gesto. Acho que me iludi com pouca coisa.  

Itachi abriu a boca para responder, mas a calou. 

Maldito Sasuke. Aquilo não era algo a dizer para outras pessoas que não eram da família. 

Era algo íntimo.  

— Acho que a falta de deixar as coisas bem claras deu brecha para você pensar coisas... Quando você questionou sobre nós, o que eu lhe disse? 

— O lance da amizade. — Ela revirou os olhos, relembrando. 

— Bom, irei te explicar o que eu quis realmente dizer. — Encarou-a seriamente. — Nessa parte da conversa, quis me referir que não passaria disso, no momento. — Cruzou as mãos sobre a mesa. — Acha que um relacionamento a essa altura dá certo? Você em Suna eu aqui em Tokyo? Fora todas as coisas que estão acontecendo. Estou passando por tanta coisa que isso é a última coisa que penso. — Tentava racionar e manter a sua tranquilidade perante a discussão. Também cuidava com as palavras a serem ditas, afinal, magoá-la era a última coisa que queria. — Quando disse aquelas palavras, foi nesse sentido, que a nossa amizade permaneceria independente do que tivemos ou temos e para deixar as coisas fluírem. — Respirou fundo, se explicando. Karin encarava tudo atentamente. — ou seja, não era para criar rótulos ou pressionar algo sobre o nosso envolvimento. Karin, se algo for acontecer, naturalmente ocorre, mas você sabe melhor do que eu que não é o momento certo para um relacionamento sério. Nem você e muito menos eu, estamos preparados psicologicamente para uma relação, ainda mais a distância.  

Karin mordeu os lábios nervosa. Se ela já se sentia um mal, sentiu-se pior com essa aula de interpretação linguística que estava levando. 

— Sobre o toque na testa, bem... Ele significa muitas coisas. Amor, admiração, carinho... Quando fiz isso, realmente foi para demonstrar o que sinto, mas não no sentido romântico. E o que falei a Sakura sobre meus sentimentos por você, não estava mentindo. Você mexe comigo, mas eu não sei distinguir a forma e me desculpa se parecer ignorante, não estou determinado a descobrir o que é de fato... — A garota arregalou os olhos. — Karin, eu estou com a minha cabeça em outros assuntos, me desculpe. 

Karin serrou os punhos, batendo levemente na mesa. 

— Então porquê após de dizer tudo isso nas entrelinhas, transou comigo? Se era só amizade, deveria ter parado por ali mesmo! 

A garota comentou arrumando os óculos e com o tom um pouco mais alto. Algumas pessoas encararam a mesa de forma torta. Itachi resmungou, sentindo um nó se formar na sua garganta. 

Pela primeira vez, não sabia responder aquela pergunta. 

Ficaram se encarando, por longos dois minutos. Karin riu debochada, percebendo que nada mais iria dizer. 

— Quer saber de uma coisa Itachi, que se foda. Eu que devo pedir desculpas por parecer uma idiota, babaca e um lixo para se humilhar dessa forma na sua frente. Realmente, as coisas estavam claras, eu que sou cega e que não quis acreditar... — A garota levantou, jogando umas notas de dinheiro para pagar seu pedido. — Me apeguei a um ridículo gesto. Eu sou mesmo uma retardada.  

Itachi bufou, estressado.  

O que mais tinha medo de se envolver com Karin era exatamente isso: perder o controle da situação e possivelmente, até mesmo a amizade. 

O garoto fez o mesmo que a garota e ao deixar o dinheiro sobre a mesa, foi atrás dela.  

Karin caminhava com os braços envolta do seu corpo. O Uchiha segurou-a pelo ombro, fazendo-a parar.  

— Não terminamos a conversa. 

— Terminamos sim. — Se virou para ele, encarar aqueles olhos era... cruel. — Na verdade falta algo que quero saber. O que quis dizer com o “volto para te buscar?” 

Itachi riu. 

— Não está preparada para a resposta. 

A garota arqueou a sobrancelha. Merda, esse garoto só podia estar de gozação com a sua cara. 

— Karin... Você prometeu que não deixaria nosso envolvimento afetar nossa amizade. Me desculpe por tudo, sabia que isso não acabaria bem. 

Ela via o desespero tomar conta. 

— Então você confessa que se arrepende de ficar comigo? 

—Olha só. — Bateu os braços na lateral do seu corpo. Irritado. — Você altera totalmente o fluxo das coisas. Merda Karin! Não me arrependo de ter ficado contigo! — Bufou. — Mas... e a nossa amizade. Como fica no meio dessa situação? 

Ela encarou ao redor antes de fitar o seu olhar. Queria ser forte e dizer para que nunca mais olhasse na cara dela, mas ele também não fizera nada de tão errado. Numa coisa ele estava certo: sempre falara que não tinham nada. Ela que se iludiu à toa. 

Deu de ombros. Não podia romper aquele laço. Não agora. 

Ela odiava admitir para si mesmo naquele momento, mas ela necessitava dele. Mas precisava também pensar.  

Em tudo o que aconteceu. 

Processar... 

Suspirou profundamente, fechando os olhos.  

— Diferente de você, não sou uma pessoa que quebra promessas, Itachi. Nossa amizade irá continuar, mas... Me dê um espaço, tempo? No momento, estou envergonhada e... ressentida. Não quero conversar com você, não por agora. — Dizia rispidamente. — Por favor, não pressione as coisas, deixe-as seguirem o seu fluxo normal. — Ironizou a frase dita anteriormente pelo garoto, o fazendo provar o gosto do próprio veneno.  

Karin sentiu seus olhos arderem novamente. Mas não derramaria mais lágrimas na frente dele. Engoliu o choro e encarou-o mais um momento, dando-lhe as costas e saindo dali. 

Dessa vez, Itachi apenas a deixou ir. Não havia mais o que fazer, a merda já estava feita. Agora teria que respeitar o espaço que ela pediu.  

Suspirou cansado. Que merda. 

** 

Sakura já contava com a presença de Mikoto quando sua pressão subira novamente, num nível que deixara Tsunade preocupadíssima, intervindo com medicamentos rigorosos para controlar a pressão. A garota nos últimos dias estava passando por muitas agitações que estavam implicando diretamente na gravidez.  

E a cada hora, acontecia uma novidade. 

Primeiro a situação delicada que ela colocou seu cunhado. Contou a mãe do garoto o que havia se passado, sentindo-se culpada pela situação que Karin e Itachi se encontravam. 

— Dona Mikoto, se eu não fosse curiosa e enxerida, nada disso teria acontecido, certo?  

Sakura comentava aflita a sogra. 

— Querida, não se preocupe, você não fez nada de errado. — Sorriu, colocando a mão sobre o ombro de Sakura. — Deixe que os problemas do Itachi ele resolva. — Ela tentava tranquilizar.  

Sasuke havia passado ao hospital visita-la antes de ir à escola. E não gostou nada ao saber que Naruto esteve ali. 

Não bastasse a pequena confusão, a presença de Naruto mexeu bastante com a grávida. Ele havia contado a amiga os mínimos detalhes do que aconteceu com Hinata e ela ficou mexida, principalmente, sobre o relato de parto.  

Tsunade adentrou o quarto bem no momento que ele estava, e infelizmente ambos estavam a sós, já que Itachi fora resolver o problema com Karin. A médica queria enforcar o garoto por ter ido visitá-la, já que disseram que não era o momento mais apropriado visita-la nessas condições.  

Assim que Boruto tivesse alta, seriam liberados para fazer a visita. Mas o loiro passou por cima de todas as orientações. Shizune também estava uma fera. 

Tsunade aproveitou o momento para fazer todos os exames de monitoramento do deslocamento da placenta e da pré-eclâmpsia.  

A cabeça de Sakura estava a mil. Ela já havia tido pesadelos com o parto e saber que a amiga passou por algumas dificuldades a deixava apreensiva, o que não passou despercebido pelos olhos da avó.  

— Sakura, está tudo bem? 

— Como foram seus partos? 

Mikoto ergueu a sobrancelha. 

— Por que essa pergunta tão repentina? 

— Curiosidade. — Mordeu os lábios. 

— Bom... — A mulher ficou pensativa. — Ambos eu tive normal. A contração é horrorosa, mas logo você esquece da dor quando tem aquele pacotinho de vida em suas mãos. No geral foi tranquilo, nas minhas duas gravidezes não obtive problemas.  

— Hum... queria ter tido essa mesma sorte. — Respirou profundamente. — Não aguento mais ficar aqui.  

— Logo sairá com Sarada nos braços e irá conhecer sua nova casa.  

Ela assentiu. O que mais gostava em Mikoto era a tranquilidade que ela conseguia transmitir a ela. 

— Como foi para você quando descobriu sua gravidez? 

— Itachi foi planejado. — Mikoto pôs a ficar pensativa, relembrando dos momentos. — Foi muito ansiado por mim e Fugaku, já estávamos casados a dois anos e desde então, nos preparávamos para esse momento. Já o Sasuke, bem... Foi um susto! Itachi só tinha quatro meses quando descobri a gravidez dele. Menina, eu só chorava, dizia que não daria conta, e olha só. — Riu, lembrando-se do desespero. — A maternidade nos torna mais forte, você vai ver, não vou nem te falar pois irá sentir. É inexplicável!  

Sakura se emocionou com as palavras da mulher. Mikoto falava com tanto carinho que conseguia enchergar o amor que tinha pelos filhos no olhar dela. Era lindo. E não se conteve ao derramar algumas lágrimas.  Mikoto foi pega de surpresa, e não sabia como reagir. 

— Sakura? 

Levantou-se, abraçando-a.  

Batidas na porta foram escutadas e logo fora aberta por Tsunade, acompanhada de Shizune. As médicas paralisaram ao ver a cena. 

— Sakura, o que houve? — A madrinha questionou.  

— Ai, por Kami... Estou muito chorona! — Resmungou. — Acho que são os hormônios. — Balançou a cabeça.  

Shizune e Tsunade se entreolharam. 

— Sra. Uchiha e Sakura, viemos bater um papo com vocês. — Shizune aproximou-se das mulheres. Mikoto sentiu um calafrio percorrer pelo seu corpo. — Também precisamos auferir a pressão de Sakura novamente.  

Tsunade suspirou, longamente, enquanto Shizune media a pressão arterial da grávida. 

— Não é a notícia que gostaria de dar. Lembra quando falei a vocês que não poderíamos deixar o quadro evoluir e que se estendermos um pouco mais a gravidez seria maravilhoso? 

Ambas concordaram.  

— Os exames que fizemos hoje à tarde já saíram os resultados, e digamos que teremos que mudar os nossos planos. Os de urina deram alterações novamente, mas o nos deixara mais preocupadas foram as diminuições das suas plaquetas. Isso significa que seu quadro possa estar evoluindo para uma complicação grave da doença, a síndrome de Hellp. 

— Misericórdia. — A voz de Mikoto saiu assustada. — O que é isso? Nunca ouvi falar! 

— É algo muito raro de se acontecer. — Tsunade comentou desanimada. — Essa síndrome faz com que a paciente sofra anomalias na coagulação de seu sangue e passa ter alterações no fígado e algumas outras comorbidades. Mas graças ao nosso monitoramento diário, conseguimos diagnosticar em seu início, por isso, ainda não apresentou os sintomas graves do avanço da doença. 

— Mas é algo que evolui muito rápido e como tivemos esse diagnóstico cedo, não podemos expô-las a maiores riscos. Se você ficar com o quadro total dessa síndrome, corre risco de óbito. — Complementou Shizune. 

— Seu parto será adiantado, Sakura.  

A garota sentiu sua garganta queimar. Uma das coisas que mais temia era o parto prematuro.  

Só podia ser um pesadelo.  

— Quando? 

— Agora. 

Mikoto e Sakura se entreolharam, assustadas. A mais velha abriu a boca para falar, mas gaguejou.  

A avó olhou ao relógio em seu pulso o qual marcavam 22 horas e 45 minutos. Faltavam 15 minutos para Sasuke sair de sua aula. 

— Na verdade, daqui alguns minutos. — Shizune interrompeu. — Iremos precisar sulfatar a pressão de Sakura, está 18x10.  

— Puta merda. — Tsunade comentava aflita. — Vamos leva-la a sala de pré-parto para prepará-la enquanto ela faz o processo. 

— O que é isso? — Sakura questiona assustada.  

— Quando a pressão da gestante está muito alta, utilizamos o sulfato de magnésio para diminuir a pressão arterial.  Sulfatar é apenas um termo que utilizamos e nos entendemos.  

— Madrinha, mas Sarada nascer agora não é perigoso? 

— Perigoso é mantê-las nessas condições. Claro que gostaria que ela nascesse com pelo menos 37 semanas para ganhar mais peso. Mas uma coisa que me tranquilizou com os resultados dos exames foi que graças aos nossos tratamentos precoces com corticoide, Sarada está com os pulmões dentro do limite que consideramos já maduros, o que significa que não é para apresentar problemas na respiração ao nascer.  Essa era nossa maior preocupação. Dependendo do quadro, ela não irá precisar passar pela UTI. Vamos pensar positivo, tudo irá dar certo, confie em mim. 

— E o Sasuke? Não quero ter Sarada sem ele!  — Sakura dizia de forma desesperada. 

Shizune encarou Mikoto. 

— Claro! Eu já ia pedir dele. Mikoto, pode ligar ao seu filho, por gentileza? 

A mais velha assentiu, pegando o celular e discando o número do mais novo, suando frio.  

Sasuke encontrava-se concentrado na aula de geografia quando seu telefone começou a tremer sobre a carteira. Levantou-se saindo da sala de forma discreta, pressentindo algo ruim ao ver que a pessoa que ligara era sua mãe. 

Seu coração foi parar na boca. 

— O que aconteceu? 

— Filho, venha com calma ao hospital. — Sua respiração falhou. — Sua filha irá nascer. 

Sasuke não soube dizer o que sentiu naquele momento, mas ficara sem ar. Não teve muito o que pensar, apenas conversou brevemente com o professor saindo dali o mais rápido que pode.  

Mikoto ligara a Itachi que estava com Shisui após a discussão que tivera com Karin e ao esposo, que se encontrava em Konoha, sobre o nascimento da pequena Uchiha. Fugaku que por sua vez não viria esse final de semana, já estava se arrumando para ir a capital o mais rápido possível. 

Sasuke chegara ao hospital no mesmo tempo que Itachi. 

Ele estava muito nervoso. Uma porque não sabia o que havia acontecido para anteciparem o parto e outra pois na verdade... ainda não estava preparado para aquele momento. 

Céus...  

Seria pai.  

Porra. 

Seria. Pai. 

P-A-I. 

Meus queridos, ali que Sasuke se viu desesperado. Havia tempo para fugir? 

Os irmãos encontraram a mãe rapidamente. A mais velha abraçou o filho mais novo, depositando um beijo em sua testa. Explicou brevemente o que aconteceu com Sakura, para deixa-lo informado. 

— Filho, sei que está confuso e nervoso com o momento, mas respira e não saia do lado dela. — Mikoto sorriu. — Vai dar tudo certo. E por favor, não a deixe mais nervosa, não esqueça do fator da pressão. 

Sasuke nada disse. Apenas assentiu retribuindo o abraço de forma apertada.  

— Irmão, boa sorte. — Itachi deu um meio abraço no garoto, assim que saiu do aperto da mãe. 

— Uchiha, vamos logo! — Tsunade berrou no meio do saguão, interrompendo o momento entre família. E isso que ela era a que mais pedia silêncio. — Preciso passar as orientações.  

— Vai filho. — Mikoto o incentivou.  

— Sua mãe já comentou o porquê do parto? — A médica questionou assim que Sasuke alcançara. Ambos caminhavam pelos corredores rumo a sala de pré-parto. — Bom, enquanto levávamos a Sakura para sulfatar, uma cesárea de emergência veio na frente. Então teremos que esperar um pouco, já que o processo na qual Sakura foi submetida já está terminando. 

— Tudo bem. 

Tsunade riu.  

— Parece nervoso. Não estresse a Sakura, já está sendo difícil para baixar a pressão dela, então é melhor você se comportar. 

Sasuke revirou os olhos. Sermão era o que menos necessitava agora. 

Enxergou Sakura assim que adentrou a sala fria. A garota estava deitada sobre a maca, com diversos aparelhos ligados ao corpo. Os olhos estavam fechados e continha vestígios de lágrimas pelo rosto. Sasuke pegou em sua mão, depositando um beijo em seu dorso, despertando-a. 

— Sasuke...  

— Está tudo bem. — Sorriu pelo canto dos lábios.  

— Estou nervosa, Sasuke... Não está sendo como o planejado. 

— Também estou, Sakura. Mas não se preocupe, sei que dará tudo certo. 

O garoto colocou a mão na barriga de Sakura, já sentindo-se nostálgico por ser a última vez que a tocaria. Ele não negaria, mas amava sentir Sarada ainda no ventre da mãe. 

— Me prometa que se algo acontecer comigo, irá cuidar dela? 

— Sakura? — Encarou-a assustado. — Nada vai acontecer contigo. Relaxa, ok? 

— É sério Sasuke. — Respirou afobada. — Dizem que entre a vida da mãe e da filha, optam por salvar a da mãe. Se algo acontecer, escolha a vida de Sarada. Nunca irei o perdoar se salvar a mim. 

Sasuke encarou aquele par de olhos claros submersos em lágrimas. Ela dizia seriamente, e podia ver a dor sendo repassada por cada palavra dita. 

Suspirou.  

— Sakura, estamos a flor da pele e acredito que isso seja normal. Mas não crie paranoias, por favor. — Sasuke começou a fazer carinho em sua testa. — Imagine ela nascendo e a emoção de escutar o primeiro choro. Ela sendo entregue para você, sentir o cheirinho que ela tem... Amamentando-a. Trocando a primeira fralda. Dando-lhe o primeiro banho. Enche-la de coisa rosa e fru fru na cabeça, só não exagere ok? — Sakura riu, limpando com o dorso da mão as lágrimas. — Vai fazer tudo isso e muito mais, Sakura. Confie em ti e na sua garota, vocês são fortes! 

— Eu não sou forte, Sasuke. 

— Como não? Teve um início de gestação traumático e um final numa cama de hospital. Você está desde as 24 semanas sem fazer nada, tudo para proteger Sarada. Na sua concepção, isso é ser fraca? Eu não teria aguentado um terço do que fez. E eu não falo isso só porquê é minha namorada ou por ser a mãe de minha filha.  

Sakura o fitou por um breve momento.  

Tsunade adentrou a sala, verificando a pressão da grávida. A médica suspirou aliviada ao ver que havia baixado um pouco.  

— Iremos iniciar o parto, Sakura. — Tsunade visualizou Sakura respirar fundo. — Está na hora de conhecer a sua princesinha! — Sorriram. — Sasuke, enquanto aplicamos a anestesia na Sakura e arrumamos a sala, pode ir naquela porta — apontou em direção ao local. — Se preparar para acompanhar. Há uma enfermeira que irá te instruir na sua esterilização e vestimenta. Assim que finalizarmos, iremos o chamar. 

Sasuke assentiu, indo em direção ao lugar indicado.  

** 

O garoto encontrava-se de frente a porta de acesso a sala de cirurgia, já trajado. Esperava ansiosamente ser chamado, enquanto batia o pé sobre o chão de forma nervosa.  

Sua cabeça estava a mil, principalmente após conversar com Sakura. Não gostava nenhum pouco de vê-la com aqueles tipos de pensamento, mas colocou-se no lugar dela.  

Também sentiria muito medo de ter a barriga cortada e com várias possíveis complicações que possam acontecer. Então de fato, não podia julgar os medos dela, mas o pensamento da possibilidade de algo acontecer com elas era... sufocante. 

Shizune abriu a porta que ele tão ansiava. A morena sorriu o chamando.  

— Pronto Sakura, tá vendo, ele não fugiu. — Tsunade comentou rindo. — Ela estava com medo de que você desaparecesse. 

— Idiota. — Sakura resmungou. Sasuke apenas arqueou a sobrancelha para a garota. — Ela está exagerando, só perguntei se iria demorar para deixa-lo entrar. — Mordeu os lábios, fazendo o namorado rir.  

— Olha aqui Uchiha, é melhor você se comportar aqui dentro, se deixar a Sakura nervosa serei obrigada a enfiar esse bisturi na sua garganta. 

Tsunade comentava em forma de brincadeira apontando o objeto cortante ao garoto e rindo ao mesmo tempo da cara que o garoto fizera. Sasuke apenas balançou a cabeça, engolindo seco. 

— Madrinha? — Sakura riu. 

— É só um aviso. — Piscou para a garota. — Iremos iniciar o parto. Qualquer coisa, nos avise Sakura.  

Tsunade e Shizune iniciaram a cirurgia. Sasuke ficara impressionado o quanto aquelas médicas eram fofoqueiras, não paravam de falar um segundo sobre coisas aleatórias.  

— Está doendo? 

— Não, só sinto uma pressão. — Comentou a garota, já com os olhos embargados. 

— Espero que Sarada não seja chorona igual a mãe dela. Céus, quando essa cria nasceu, ainda estava no internato. O hospital inteiro ouvia os gritos dela, parecia que estavam matando a guria.  

Sakura revirou os olhos enquanto todos riam. 

— Vai me difamar mesmo, madrinha? 

— Ah é divertido! — Deu de ombros. — Agora todo mundo quieto, precisamos de concentração. 

— Está falando isso para si mesma? — Comentou uma enfermeira. Tsunade encarou-a mortalmente. Mas pôs se a rir em seguida.   

— Credo, que gente sem humor. 

Tsunade tentava passar um ar descontraído para que Sakura não tivesse tantas alterações emocionais. Se bem que era quase impossível não sentir isso. A médica visualizou a pressão da garota que mostrava no painel dos aparelhos e estava subindo.  

Deveria acelerar aquilo. 

Sakura segurava a mão de Sasuke com força. Sentia um misto de emoções: nervosismo, ansiedade, medo e principalmente, amor. E tudo aquilo transpareceste ao fitá-la. Deixava as lágrimas descerem pelo rosto, enquanto Sasuke secava-as com o polegar. 

A garota não via a hora de tudo aquilo passar e finalmente conhecer o rostinho de sua pequena. De ir para casa e cuidá-la com todo o carinho do mundo. Queria deitar com a garotinha antes de dormir e contar histórias, brincar juntas, compartilhar os sonhos, ir a lugares bonitos. Chorar desesperadamente nas apresentações de dia das mães ,enfim, queria viver e aproveitar cada momento com o seu pedacinho de vida.  

Esperava que pudesse realmente cumprir esses desejos. Mais lágrimas rolaram com esses pensamentos. Tsunade até brincou que a garota deveria poupar as lágrimas para quando Sarada nascesse.  

Sasuke não se sentia diferente de Sakura. Queria logo a sua princesa sob seus braços e levá-la ao aconchego de casa. O casal havia passado por poucas e boas e mereciam ter o começo dessa nova vida com mais tranquilidade. 

Na verdade, tranquilidade eram o que menos iriam ter, pensou. Afinal, uma garotinha recém-nascida daria muito trabalho aos dois. Sorriu ao pensar nos desafios que a paternidade iria o impor. 

Mas o sentido da palavra tranquilidade foi pensado em outra perspectiva. Não queria mais frequentar o vazio do hospital. Já deixara de curtir a gravidez de Sakura, não queria nem pensar na possibilidade disso se estender aos primeiros dias de vida da pequena Uchiha.   

Queria chegar em casa e ser recebido pela namorada e sua filha. Mimá-la, zelá-la e amá-la de todas as formas possíveis. Ensinar as coisas mais simples como andar, comer, falar, contar... brigar quando for necessário. Educá-la.  

E perdidos a tantos momentos que queriam vivenciar a partir de agora, escutaram um choro.  

Ambos se entreolharam e apertaram a mão do outro.  

Sasuke encarou o relógio do quarto. Eram 00:25 do dia 31 de março. 

— Ai que cabeluda! — Tsunade gritou divertida. — Podem baixar a tenda, por gentileza. 

Sakura sentiu seu coração bater ainda mais forte ao vê-la ali, nos braços da médica. 

— Olha mamãe e papai, como sou linda! — Tsunade erguia a criança para o casal conhecê-la, comentando com a voz fina. — Céus Sakura, ela é a cara cuspida do pai.  

Todos riram. 

— Inferno, você passa parte da gravidez numa cama de hospital para nascer com as fuças dele. — Sakura resmungou em meio ao choro, encarando Sasuke em seguida. 

Ela sorriu. 

Sasuke estava paralisado, com a boca aberta e um choro entalado na garganta. 

— Fecha boca, pai babão. — Shizune comentou. — Ela está respirando bem? 

— Sim. — Tsunade comentou aliviada. — Podem subir a tenda, irei cortar o cordão para entregar a Sakura. Na verdade, antes de entregá-la vamos fazer os exames para verificar se precisará de UTI, mas acredito que não. 

— Certo.  

As enfermeiras pegaram a garotinha e levaram ao pequeno local que havia ali para fazer os exames  e limpá-la. Tsunade e Shizune iniciaram o pós-operatório, finalizando a cirurgia. 

Sasuke depositou um beijo sobre a testa de Sakura, permitindo as emoções tomarem conta de si. O garoto não era um cara de chorar, mas ver a sua pequeninha ali viva, aparentemente saudável por ter nascido prematura o deixavam sensibilizado com o momento.  

 — Sua garotinha está em condições perfeitas Sakura. Só precisará depois ficar no berçário para tomar um banho de luz, ela nasceu muito amarelinha.  

Sakura não pode deixar de suspirar aliviada. Já começara a agradecer por ter tido um parto tranquilo e a filha não precisar ir à unidade de tratamento intensiva. 

A enfermeira entregou a pequena Sarada aos braços ansiosos de Sakura, que ainda chorava. A filha estava envolta por um fino pano verde claro da maternidade.  

A enfermeira ensinou como pegar. Sakura teve um pouco de receio, ela era tão... pequenininha que tinha medo de machucá-la.  

A filha também chorava, mas ao sentir o calor da mãe e a escutar a sua voz, parou.  

Sakura estava apaixonada por cada detalhe. Desde as mãos miúdas até o seu cabelo negro como os do pai. Ela estava deitada sobre seu colo, mexendo a cabeça fervorosamente.  

Sasuke passou as mãos na testa da garota, sentindo no toque o quão aveludado era a pele da filha.  

— Sakura... — A garota encarou-o com os olhos totalmente vermelho. Sarada segurava fortemente o dedo indicador da mãe. — Obrigado.  


Notas Finais


AI GENTEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!

Finalmenteeeeee Saradinha está no mundo :3

O que acharam??

E sobre Karin e Itachi? Vish...... TRETA!


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