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História Doctor And Patient - Paciente


Escrita por: Adaptacion

Notas do Autor


Outra adaptação, dessa vez de um conto erótico, espero que gostem.

OBS: a fanfic toda irá ser narrada somente pela Lauren.

Capítulo 1 - Paciente


Point Of View Lauren

Eu podia estar batendo a cabeça na parede ou fazendo a depilação da virilha com a pinça ou, ainda, arrancando as unhas dos pés com um alicate, mas não... Estou em casa, sexta-feira à noite, lembrando-me do meu ex e não poderia ter arranjado uma maneira melhor de me torturar.

Devoro o segundo saco de batatas fritas e entorno a terceira latinha de refrigerante, isso significa que além do sofrimento se acumulando dentro do peito, a gordura de estar se alojando toda feliz e contente nos meus quadris. Já posso até sentir a maldita abraçando as minhas ancas. Contudo, melhor esse abraço do que nenhum. Carência é fogo!

Sem qualquer esforço sou capaz de lembrar agora do idiota do Noah bem aqui na minha frente. Sentado no meu sofá e me olhando com aquela cara de Cocker Spaniel dele, parecendo todo bonzinho, quando na verdade era um safado de uma figa.

Um cara educado, todo prestativo, cheio de energia, vitalidade pura. O namorado mais gente boa que tive até o dia em que resolveu me dar um pé na bunda.

Depois de quatro anos de namoro eu já ficava com os olhos brilhando toda vez que passava em frente a uma joalheira. Na vitrine, eu ia direto olhar as alianças e ficava imaginando com qual delas seria pedido em casamento. O Noah era o queridinho dos meus pais, o sonho de consumo das minhas amigas e o meu príncipe mais que encantado... Eu pensava que ele fosse até aquele dia do tal pé na bunda. Isso traumatiza, sabe? Até quando eu vou ficar recordando o fora que ele me deu? Pelo jeito, parece que durante muito tempo!

Naquele dia, quando ele disse que precisava conversar um assunto sério comigo, logo imaginei que o meu dedo anelar da mão direita ganharia um bambolê de ouro e fiquei muito ansiosa.

Caprichei na produção, fiquei horas no salão de beleza e saí de lá com as unhas feitas, depilada, com os cabelos hidratados e escovados e com o coração quase não cabendo dentro do peito. A pessoa aqui não conseguia nem passar batom direito porque não dava conta de parar de sorrir.

Coloquei um vestido novo, preto, com uma saia curta godê, para dar uma disfarçada nos dois quilos a mais que tinha. Isso foi há seis meses, agora devo estar com quatro quilos a mais, sendo que desses, um quilo deve ser só de tristeza.

Olhei-me no espelho e até que me achei bem bonitinha. Resolvi nem usar calcinha para deixar Noah maluco, porque depois do pedido que eu, obviamente, iria aceitar... Diria no ouvido dele que estava nua debaixo do vestido.

Burra! Burra! Burra!

Contudo, o pedido só aconteceu na minha imaginação, porque Noah chegou lá em casa com cara de funeral e foi logo entrando e sentando. Fiquei preocupada, achei que tinha acontecido alguma tragédia e hora nenhuma passou pela minha cabeça que o arauto do apocalipse era o meu santo namoradinho.

Ah, não! Lá vem aquele diálogo bombástico atazanar os meus ouvidos! Cérebro, por favor, entre em modo amnésia!

Sou completamente ignorada e a cena de novela mexicana começa a passar diante dos meus olhos, com áudio e tudo. Minha nossa!

Lá vem a sessão de flashback...

Modo On:

– Aconteceu alguma coisa, baby? – a tonta aqui pergunta.

– Aconteceu, Lauren. E não sei como começar a conversar com você. Faz tempo que ensaio, mas vivo perdendo a coragem – Noah diz com voz de locutor de rádio de interior e fico na dúvida se acho lindo ou preocupante.

– Lauren? Você nunca me chama pelo nome. Gosto mais de Laur, ou de amor, ou de gostosura... Sei lá! Esse Lauren não me soou bem. Fala logo o que você quer falar. Estou ficando preocupada. – e no fundinho do meu coração surge uma leve esperança de que ele esteja atormentado porque não consegue coragem para me pedir em casamento.

– Entenda, a conversar é séria, não quero usar apelidinhos. Precisamos nos comportar como pessoas maduras. O que tenho pra falar vai mudar as nossas vidas.

Assim que ele acaba a frase sou dominada pela certeza de que um par de alianças surgirá magicamente e cometo um ato tresloucado. A boca fala antes de o cérebro processar as informações e avaliar a situação. Eu sendo eu, claro. E nada melhor do que pagar mico do ano para que tudo fique mais ainda mais vexatório.

– Sim, sim, sim e mil vezes sim, Noah! Você terá sempre o meu sim! – digo com lágrimas nos olhos.

– Você pirou? – ele pergunta, e ainda bem que dá tempo de frear o impulso de me jogar em seus braços e enchê-lo de beijinhos.

– Como assim, pirei?

– Lauren, você é uma ótima pessoa. Uma mulher companheira, doce, legal. Toda vez que penso em você, a minha cabeça fica repleta de elogios. – ele disse legal? Legal? Um homem que quer pedir uma mulher em casamento não diz que ela é legal, ou que é uma ótima pessoa. Ih!

– Você está me dando um fora, Noah? – pergunto só ele dizer que não, porque sinceramente não acredito que ele vá me deixar assim de repente.

– Não é bem isso. Estou aqui tentando achar uma maneira de dizer pra você que tem muita coisa que a gente ainda não viveu. Somos jovens, precisamos colocar mais intensidade, aventura e emoção em nossas vidas...

– Pera aí! – eu o interrompo. – Você está querendo propor que façamos um passeio de jipe pelas dunas de alguma praia do nordeste, é isso? – estou ficando confusa.

– Estou querendo propor que cada um de nós siga o seu caminho. Um pra cada lado. O nosso relacionamento anda morno e estou muito insatisfeito.

– Como é que é? – quase infarto.

– Lauren, eu não te amo mais. Acabou, passou, foi. Sei lá como isso aconteceu, mas aconteceu. Acordei um dia e não pensei em você, no outro também foi assim, e então foi sendo assim todo dia. Eu só não te esqueci de vez porque você não deixa. Toda hora um telefonema, um SMS, uma foto.

– Namoramos há quatro anos e é claro que me sinto à vontade para entrar em contato com você em qualquer momento e por qualquer motivo. Nunca fui informada de que estava incomodando ou que precisava contribuir para o meu esquecimento total – digo quase chorando.

– Estou me sentindo muito melhor por ter desabafado. Espero que você seja feliz, que encontre um homem melhor do que eu, que ele lhe dê o seu devido valor. A culpa do fim da relação é minha, porque você é incrível. – o canalha diz, e sinto vontade de dar na cara dele.

– Qual é o nome da vagabunda? – pergunto totalmente alterada. – Diga antes que eu comece a gritar.

– Não tem vagabunda nenhuma! Acalma-se, Lauren! Por favor, vamos ser civilizados – ele apela.

– Fala logo o nome dessa cachorra que você anda comendo, seu palhaço!

– Ela não é vagabunda, é uma mulher decente e muito correta! Essa situação mal resolvida está deixando-a muito insegura e ela está tão preocupada com você que me pede todo dia para ser sincero e te contar a verdade!

– Noah, eu quero que você morra! Vá para o inferno seu traidor! Eu te odeio e espero que você ganhe dessa vagabunda um belo par de chifres, muito maior do que o que colocou em mim! Suma da minha frente! – berro aos prantos.

– Pensei que pudéssemos ser amigos. Foram tantos anos juntos, tantos acontecimentos que vivemos. Devemos essa amizade um ao outro – o sem noção diz e agraço aos céus por não estarmos na cozinha, porque senão eu estaria procurando uma faca.

– Eu não te devo coisa alguma! Não quero ser a sua amiga! Eu queria ser a sua esposa, a mulher da sua vida! Eu queria que você me fizesse feliz, que me desse uma aliança e você me deu chifres! Sai daquiiiii! – arremesso o meu Buda de porcelana na direção dele, e ele se encolhe. Por um triz não é atingido.

O imbecil sai da minha casa, e eu me jogo no sofá e choro feito uma louca. Verto litros e litros de lágrimas.

Modo Off

Que droga! Toda semana revivo essa cena. Toda vez eu sofro. Seis meses se passaram e ainda não me esqueci daquela noite horrorosa, nem do Noah, nem do papelão que fiz, nem da dor, nem da raiva.

O pior é que Noah superou completamente. Soube que ele anda desfilando com a loira de farmácia, magricela e metida que ele arrumou pra tudo quanto é lado.

As fofoqueiras de plantão dizem que eles ficarão noivos no mês que vem, no aniversário dele, e intimamente fico aqui torcendo para o bufê servir maionese estragada e matar todo mundo.

Sinto muito por não estar conseguindo ser uma boa pessoa e desejar que sejam felizes, sinto muito por não conseguir esquecer aquele crápula safado, sinto muito porque a minha vida está uma porcaria e só enxergo o fundo do poço se aproximando.

Tomar fora é muito ruim. Pior ainda quando é tão inesperado.

Para ser sincera, tenho que reconhecer que fui muito crédula, boba, confiante. Fingi não perceber os sinais, o desânimo dele, o desinteresse pelo sexo. Achei que a culpa fosse minha. Que estava fora de forma, que tudo ficaria bem quando eu emagrecesse. Que raio de mulher esperta acha que vai ser pedida em casamento quando na verdade vai receber um pedido de “me esquece”?

Cansei das batatas e os refrigerantes me deixando com a barriga estufada. Gases, eu acho. A minha noite, pelo visto, promete ser fenomenal. Credo! E amanhã eu trabalho. Trabalho por que quero, também tem isso.

Comecei a trabalhar aos sábados para ter uma desculpa válida para recusar os convites das amigas que queria me levar para a balada às sextas-feiras.

A minha desculpa padrão é:

“Não posso amiga. Queria tanto sair para me divertir com você, mas trabalho amanhã. Atendo logo cedo e se eu não tiver dormido direito acabo anestesiando demais a boca de um paciente ou arrancando um dente errado”.

Estou respeitando o meu período de luto. Além disso, não estou preparada para encontrar o casal Noah e magricela por aí.

Vou dormir porque amanhã preciso estar inteirinha e disposta para deixar uma galera de boca aberta, literalmente.

******

Acordo chateada. Queria ter sido abduzida durante o sono, mas isso nunca acontece. Esse planeta não me interessa mais.

Tomo meu banho de forma demorada, parecendo uma tartaruga. Visto minha roupa no modo automático. Coloco a lingerie bege mais sem graça que tenho, camiseta, saia jeans, o jaleco, e calço sapatilhas. Evito me olhar no espelho. Não quero saber como estou. Não vai fazer diferença mesmo. Até a maquiagem dispenso.

O primeiro paciente do dia está com um bafo terrível de bebida alcoólica e mesmo de máscara sinto o cheiro desagradável. Trabalho rápido, tento manter o meu rosto afastado do dele, mas é difícil. Sinto ânsia de vômito algumas vezes. Porém, o dever me chama e, ignorando o meu incômodo, faço tudo o que preciso fazer e ele sai satisfeito do consultório depois que explico que o tratamento está chegando ao fim.

Chamo o... A próxima paciente. Pelo que li na ficha é a primeira vez dela comigo, Camila. Um nome comum e jovem, deve ser uma criança qualquer.

Uma mulher surge de um canto da sala de espera e fico pasmada. A dentista aqui ficou de boca aberta. A mulher é uma coisa de gostosa. Morena, malhada, com cara de safada e aposto que é cheirosa.

Céus, eu não nego que algumas mulheres já chamaram minha atenção de forma... Sexual, mas essa tal Camila... Uau. Ta de parabéns!

Começo a rezar mentalmente a Oração da Santa Ally [N.A: finjam que a santa ally é realmente uma santa mesmo, kkk] preciso me livrar dos pensamentos pecaminosos.

Sou muito profissional, geralmente não reparo nos pacientes. É bem verdade que os meus pacientes não são muito reparáveis. Não é todo dia que aparece uma gata dessas no meu telhado.

– Lauren é você? – diga que não, explique que é a sua filha que está brincando lá fora ou algo assim.

– Sim, doutora. Sou eu. – ela diz e a minha esperança de não ficar impressionada diante dessa boca obscena se esvai.

– Pode entrar, senhora Camila. – a quem eu quero enganar? Essa Camila aparenta ter uns trinta e poucos anos.

Acertei, além de bonita é cheirosa pra caralho. Só falta mesmo é ser gostosa e safada. Aí não vai faltar nada para ser uma mulher completa. Do jeito que faz qualquer homem – ou mulher, vai saber – surtar, mas do tipo que não deve se envolver com qualquer um.

Uma mulher assim nunca vai me olhar me achando apetitosa, deve preferir roer um osso a comer picanha.

“Céus Lauren! O que você está pensando? Trate de começar a fazer o seu trabalho logo!”, meu subconsciente quase berrou comigo. E bom, eu o obedeci.



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