História Dois Mundos - Capítulo 10

Violeta Castillo

O fim de semana passou mais rápido do que imaginei. É como dizem, o tempo voa quando você está com pessoas que gosta e que se sente bem. Meu segundo fim de semana nesse país foi baseado, literalmente, nessa frase.

Posso afirmar que tive muita sorte quando conheci a Cami no Brasil e quando conheci a Francesca e os seus amigos. Eles foram acolhedores demais e nunca me fazem sentir excluída, talvez seja por isso que sinto como se estivesse em casa.

Mas não estou no Brasil, muito menos em São Paulo como também gostaria.

Nunca pensei que iria sentir tantas saudades dos meus pais em apenas duas semanas de intercâmbio.

Apesar de conversar com eles todas as noites antes de ir dormir por ligação, e trocar várias mensagens no decorrer do dia, ainda não me acostumei cem por cento com a ideia de passar seis meses longe deles.

Mas isso é uma dos ideais do meu sonho, então preciso suportar.

Lud: bom dia princesas lindas da minha vida – com o maior sorriso que alguém poderia dar estampado no rosto, a lud sentou-se à mesa do refeitório onde estamos todas reunidas tomando o nosso café.

Naty: que bicho te mordeu? – perguntou o que todas nós queríamos perguntar.

Lud: eu não posso apenas acordar feliz? É um belo dia – por um breve momento, nós meninas nos encaramos e negamos de imediato.

Fran: quem é você e o que fez com a Ludmila que precisava passar no mínimo duas horas acordada para o sono passar e o mau humor também passar?

Lud: ela está de férias hoje, pois a data de hoje é especial demais para ela ficar assim a manhã inteira – sorriu pela milésima vez enquanto retocava o seu batom.

Tinha como essa manhã ficar mais estranha? Acho que não.

Fede: posso roubar a amiga de vocês hoje? – quando eu disse que nada poderia ficar mais estranho, eu me enganei.

O Frederico surgiu, não sei de onde, todo arrumado. Cabelo devidamente no lugar, cheiroso e vestido como se fosse para uma festa.

Cami: Ludmila suspirando por todos os lados – ergueu uma sobrancelha – Frederico do mesmo jeito, e ainda por cima com gel no cabelo – ergueu a outra – posso estar enganada, mas hoje é a comemoração de algo?

Fran: não me digam que... – ergueu o corpo para trás, se apoiando no acolchoado da cadeira.

Violetta: o que foi? – ri comigo mesma.

Naty: aniversário de namoro dos dois pombinhos, e eles sempre fogem da escola para comemorar – me explicou claramente.

Fran: É, e sempre sobra para mim e para a Nathalia mentir e inventar alguma desculpa – me encarou, e em seguida fez o mesmo com a Camila – mas agora temos vocês duas também... – franzi o cenho – isso mesmo, já estamos acostumadas, então nem liguem- revirou os olhos rindo.

Cami: ei casal – observei a mesma jogar o estojo em direção aos dois que se beijavam, sem nem se importar. Esses dois se merecem mesmo, são idênticos, se completam de uma forma que nem sei.

Lud: sabem que amo vocês, então até a noite – com um aceno rápido do fede, os dois caminham até a porta da saída do refeitório, sem mesmo deixando tempo para respondermos.
(...)

Depois do café da manhã, vim em direção ao meu armário para trocar alguns livros, e depois segui rapidamente para a sala. Faltava apenas cerca de cinco minutos para o intervalo tocar.

- brasileirinha? – olhei para trás, encontrando o Alex correndo em minha direção – para aonde vai com tanta pressa? – ofegou quando parou ao meu lado.

Violetta: apenas indo para a aula, a professora de história é bem chata com atrasos – e de fato era.

Alex: tem razão – riu enquanto me acompanhava pelo corredor – posso perguntar uma coisa? – quebrou o silêncio instalado há alguns segundos.

Violetta: você acabou de perguntar – brinquei, fazendo-o rir – o que quer saber?

Alex: na verdade é mais um pedido – parou na minha frente – estou com alguns problemas em matemática e não consigo resolver, queria saber se pode e se gostaria de me ajudar? – seu olhar demonstrava que estava realmente precisando.

Violetta: mas porque eu? Você mal me conhece e deve conhecer tantas pessoas mais inteligentes por aí.

Alex: sei que você é boa, ouvi o professor elogiando você para outro quando fui falar com a professora de história na sala dos professores semana passada – parou por alguns segundos – e também acho que seria uma ótima oportunidade para te conhecer melhor... – sorriu para mim
– por favor, eu realmente estou precisando...

Violetta: pode ser – suspirei – me manda quais os assuntos depois e marcamos algo.

Alex: você vai me salvar, obrigado – sorriu mais uma vez – agora preciso ir, valeu de novo brasileirinha – se aproximou e beijou minha bochecha rapidamente, e saiu pelo corredor antes que eu pudesse responder algo.

Deixei isso para lá e caminhei apressadamente até a minha sala, não posso de jeito nenhum chegar sequer um minuto atrasada. Sorte a minha que quando entrei a professora ainda não tinha chegado.

Fran: aonde estava? – me encarou curiosa, assim como todos os outros do nosso grupo - demorou muito para ter ido apenas trocar os livros.

Violetta: imprevistos, depois te conto – pisquei observando a professora entrar na sala.

Que comece a tortura.
(...)

Naty: como assim você vai virar a nova professora particular do Alex? – por que elas estavam tão abismadas?

Violetta: e o que tem algo de mais? – dei de ombros guardando meu material - só vou fazer um favor meninas, faria isso com qualquer uma de vocês e qualquer um dos meninos.

Cami: se você diz...  – ergueu as mãos em sinal de redenção – agora podemos ir almoçar? Não estou aguentando mais esperar...

Naty: acabei de falar com o Maxi, eles estão nos esperando na mesa.

Após guardar nossas coisas, caminhamos diretamente para o refeitório.

Diego: estão sabendo do jogo que haverá na quarta feira?

Maxi: estão dizendo que será aberto, ou seja... – sorriu de um jeito como se fosse aprontar algo.

Fran: apenas fica no colégio quem quer assistir... – completou.

Violetta: e, por favor, me digam que vocês não querem assistir - quase implorei, fazendo eles rirem.      

Naty: xeque mate - concordou comigo rindo.

Fran: aliás, cadê o leon? - é normal achar estranho o fato do irmão dela quase nunca ficar como todos nós?

Maxi: ele disse que antes do almoço acabar, ele iria aparecer - deu de ombros voltando a comer.

Diego: ele está tão estranho ultimamente - encarou um pouco cada um de nós.

Cami: ele não foi sempre assim? - indagou a questão que rondava minha mente.

Fran: meu irmão tem os momentos dele - observei-a suspirar - as vezes gosta de ficar um pouco só, as vezes gosta de ficar com toda a turma... em casa ele não é tanto assim como é aqui na escola, é mais aberto, eu acho...

Violetta: e falando nele... - apontei com a cabeça para o mesmo, que caminhava até a nossa mesa.

Assim que ele se aproximou suficiente para poder ouvir nossa conversa, todos nos calamos, e foi nítido para ele saber que estávamos conversando sobre ele.

Leon: está tudo bem? - claro que ele iria estranhar.

Diego: me diz você, você está bem? - desviamos o olhar para o Diego por um breve segundo e voltamos a nossa atenção para León novamente.

Leon: eu estou, vocês estão? - arqueou as sobrancelhas - por que estão tão estranhos?

Violetta: não estamos estranhos... - quebrei o silêncio.

Leon: se você diz... - pegou uma fatia de bolo e mordeu.

Todos nos entreolhamos, e voltamos com o nosso jeito louco de sempre.

E são nesses momentos que fico observando individualmente cada um, prestando atenção em cada detalhe e tentando guardar tudo isso no melhor de mim.

Sei que irei sentir falta disso um dia. Falta deles.