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História Dois Opostos - Capítulo 14 - Ninguém


Escrita por: Luana_Martinss

Notas do Autor


Boa leitura! 📚

Capítulo 15 - Capítulo 14 - Ninguém


Fanfic / Fanfiction Dois Opostos - Capítulo 14 - Ninguém

Draco

Minha cabeça lateja de uma forma inexplicável, sinto meu corpo inteiro pesar e meus olhos parecem fazer um enorme esforço para permanecerem fechados, mesmo eu os querendo abertos. Ouço passos ao meu redor e vozes que não consigo identificar por conta do som abafado nos meus ouvidos, acho que uma mão toca meu braço, mas o mesmo está tão dormente, que não consigo sentir seus sinais. Minha boca parece seca, seca demais e quando penso em a abrir, por mais delicadamente que seja, uma forte dor percorre minha espinha e opto por deixá-la fechada.

Mesmo com toda essa confusão, com toda a minha audição e os meus sentidos em colapso, eu consigo reconhecer a sua voz, e como se ela fosse uma cura milagrosa para tudo, meus olhos se abrem em uma velocidade surreal, mesmo que logo em seguida eu seja obrigado a voltar a fechá-los, os abrindo com maior delicadeza, para me adaptar com a luz do ambiente.

- Draco? - Ouço ele me chamar, quando percebe que estou consciente, sua voz carrega um tom de preocupação tão grande que nunca havia ouvido antes.

- Estou vivo, Potter. - Falo, com uma dificuldade absurda, minha garganta parece se fechar ainda mais depois de proferir essas palavras, mas meu corpo não consegue se manter calado perante Potter.

- Por Merlin, Draco, eu achei que você fosse morrer. - Sua voz parece embargada, e por mais que a luz do ambiente ainda machuque meus olhos, e os movimentos doam em todo meu corpo, acabo ignorando todos os meus sinais mentais para permanecer imóvel, me virando para olhar o moreno ao meu lado.

Potter está sentado em uma cadeira ao lado da minha cama, de uma maneira que parece que suas costas estão pedindo por socorro, com o cabelo todo bagunçado, a roupa toda amarrotada e com os óculos parecendo tortos demais, não adaptados ao seu rosto, vou subindo os olhos aos poucos até finalmente focalizar nossos olhares, engulo em seco ao ver que não é somente sua voz que está embargada, seus olhos parecem conter algumas lágrimas que ele segura veementemente, isso se torna nítido pela maneira como morde o lábio e pressiona aos mãos sobre as pernas, parecendo querer descontar ali todo o desespero que é aparente em todo seu corpo e rosto.

- Harry? - O chamo, começando a me sentir nervoso, tanto que nem percebo que acabo de usar o seu primeiro nome.

Harry se levanta e segue até a janela, incapaz de se manter parado em um só lugar, bagunçando os cabelos com as mãos, parecendo desconcertado.

- Harry, por Merlin, olha pra mim! - Peço com uma delicadeza incomum para um Malfoy, principalmente para esse Malfoy, mas mesmo assim as palavras e meu tom de voz saem com uma enorme naturalidade, não pensei em ser delicado ou na maneira como o chamei, simplesmente pareceu ser a forma certa de se agir.

Ele se vira com lentidão, parecendo fazer isso contra a sua vontade, mas incapaz de negar meu pedido com tanta educação. Quase caio da cama, ou volto a desmaiar com a visão que vejo perante meus olhos, Potter definitivamente está com os olhos vermelhos pelas lágrimas que já devo ter chorado e também pelas que aparenta segurar nesse instante? Potter chorou de preocupação comigo? Está quase chorando agora, por que estou vivo? Por Merlin que ele esteja chorando de tristeza por eu não ter morrido.

- Você não está chorando por minha causa, não é? - Deixo a frase escapar sem rodeios, porque um desespero fora do comum começa a me invadir. Nunca vi Potter chorando, nunca vi ele demonstrando qualquer tipo de fragilidade, e nunca imaginei que a primeira vez que eu veria isso, seria por minha causa, de preocupação e alivio comigo.

- Droga, Draco. - É a única coisa que Potter fala, mesmo ele falando com a voz embargada, tenho que morder o lábio para conter um sorriso ao ver como o meu nome parece se encaixar perfeitamente em seus lábios, saindo com uma naturalidade fora do comum, que me faz pensar em o quão desesperado ele deve estar para esquecer de me chamar pelo sobrenome.

Saindo do meu devaneio com meu nome, é chocante ver Potter desestabilizado dessa maneira, nunca ninguém se importou tanto comigo ao ponto de quase chorar por preocupação, portanto não sei exatamente como reagir. É desesperador ver Potter nesse estado e não conseguir mexer (literalmente) um músculo sequer do meu corpo, afinal a dor ainda percorre meus ossos.

Quando estou perto dele e posso deixar meu corpo fazer o que tiver vontade, é muito mais fácil, pois não preciso pensar ou usar a mente, o surto normalmente vem depois, quando fico sozinho, porque no momento em si, eu simplesmente ajo irracionalmente. Agora ele está ali segurando o choro por preocupação e alívio, alívio porque estou vivo, e dessa vez preciso pensar em como reagir, pensar em qual atitude fara com que ele não se machuque, porque a única coisa que eu quero é vê-lo bem, não quero machucá-lo, muito menos quero vê-lo chorar.

- Potter, vai embora. - As palavras saem da minha boca com uma dificuldade indescritível, porque não quero as pronunciar, não quero o mandar embora, mas preciso fazer isso, pelo bem dele...

- Como é? - Ele pergunta limpando os olhos e parecendo meio chocado com meu pedido, voltando a se aproximar um pouco de mim, o que faz eu querer fugir e me esconder, porque minha racionalidade começa a falhar quando ele está mais perto.

- Eu falei para você ir embora, Potter. - Repito, sentindo uma dor que não é como a sinto no resto do meu corpo, é uma dor interna, como se uma parte de mim estivesse rachando, se juntamente as partes rachadas que já existem. Tenho que fazer um esforço para firmar a voz e manter os olhos fixos nele.

- Claro que não, eu fiquei aqui esse tempo todo, e....

- Eu não quero saber, não deveria ter ficado, não quero contato com você. Só pode ter enlouquecido se achou que eu ia ficar feliz em te ver quando eu acordasse. - Não resisto ao olhar de mágoa e decepção que ele me lança, e sou obrigado a olhar para a porta atrás dele, ao invés de olhar dentro de seus olhos.

- Você só pode estar brincando, Draco. - Ele fala, com a raiva começando a se sobressair a tristeza na sua voz, por mais que eu ainda consiga ver ele engolindo em seco, provavelmente segurando o choro.

- E desde quando somos íntimos para você me chamar assim? - Respondo, com a voz ríspida, arqueando as sobrancelhas ao falar.

- Eu salvei a sua vida, Malfoy! - Ele grita, parecendo prestes a se deixar cair no choro de novo, mas sei que nessa situação Harry não vai se deixar chorar, preciso que ele resista, para que eu resista também...

- Eu não pedi para você fazer isso, Potter, você quis bancar o herói sozinho.

- Você é ridículo! - Ele grita apontando o dedo na minha cara, enquanto dou uma risada forçada, preciso continuar esse show ou Potter nunca vai sair daqui por vontade própria.

- Fico lisonjeado com o elogio, mas já mandei você se retirar. - Falo, apontando a porta com a cabeça. - Ou preciso pedir para Pomfrey vir tirar você daqui?

- Eu tenho nojo de você. - Ele dispara, com tanta raiva que sinto que ele poderia me matar com o olhar.

Potter vira as costas para sair, porém antes de girar a maçaneta, ele volta o rosto para mim.

- Deveria ter deixado você morrer lá. - As suas palavras me atingem como uma maldição bem executada, porém mesmo que sinta minha expressão de soberba falhando aos poucos, preciso mantê-la por mais alguns segundos.

- Tem pessoas que realmente não merecem ser salvas, Potter... E eu sou uma delas. - E mesmo congelando um pouco, aparentando querer argumentar contra isso, ele parece decidir evitar falar novamente comigo e somente sai batendo a porta com força.

E enfim me permito desmanchar essa falsa expressão de soberba e indiferença, pendo minha cabeça para trás, deixando a culpa me invadir com ferocidade, culpa por cada palavra que eu falei para ele contra toda a minha vontade, por toda a dor que acabei de causar nele e causei no passado, por toda a preocupação que o fiz ter, por cada lágrima que ele derramou e principalmente pelo olhar de tristeza e ódio que ele me lançou antes de sair.

Sempre fui olhado com ódio e repulsa por todas as pessoas ao meu redor, inclusive ele, mas aquela decepção, aquela mágoa embutida naquele olhar, me fizeram me sentir pequeno e insignificante perante tudo isso.

Por que falei aquelas coisas? É o que meu subconsciente pergunta, querendo entender o motivo de tamanho surto de incoerência, mas minha razão responde por mim, cada palavra que eu falei, cada frase negativa e pejorativa, foi para fazê-lo se afastar.

Nos últimos dias, sinceramente nos últimos anos, foi e é visível para mim que Potter é a pessoa mais incrível que já conheci em toda a minha vida, ele não hesitou antes de colocar a sua vida em risco pelas pessoas ao seu redor, não temeu quando foi desafiado por Voldemort várias e várias vezes, não desistiu quando o mundo bruxo o fez fazer o papel de louco, não se anulou quando Dumbledore não pode mais lhe dar respostas que ele procurava, a verdade é que Potter é realmente um herói, o herói que todos sempre sonharam em conhecer, o eleito, o menino que sobreviveu, o eterno salvador do mundo bruxo.

E eu? Sou um ex-Comensal da morte, que compactuou com diversas mortes, eu aplaudi o meu pai enquanto ele matava inocentes, mesmo depois de todas suas torturas, todos os seus ataques a minha integridade física, eu acreditava que no fundo Lucius me amava, por conta dos presentes caros que ele me dava, por fazer tudo que eu pedia, comprar o time de quadribol para eu jogar e coisas desse gênero, meu pai me destruía todos os dias que podia, mas tentava anular esses fatos com presentes fajutos e por incrível que pareça eles funcionavam, porque no fim do dia, eu ainda pensava que um dia seria igual a ele, porém agora ser sequer um terço semelhante a ele, me dá repulsa e medo.

Em outras meras palavras eu sou um fardo para a sociedade, um peso para todos, um erro, algo que todos querem apagar da história, fadado ao fracasso, um monstro camuflado e aceito por alguns, mas Harry é o oposto disso tudo, ele é uma das pessoas mais puras que eu já conheci, que mesmo passando por coisas tão piores quanto as que passei, não deixou que isso afetasse suas escolhas ou seu futuro e mesmo com todo o peso que ele carrega nas costas, Potter ainda consegue sorrir e exalar alegria por onde passa.

A verdade é que não sou digno da presença de Potter, muito menos de suas lágrimas, que não merecem ser derramadas para uma pessoa tão baixa quanto eu, melhor afastá-lo agora, enquanto consigo coordenar o grau de dor que o causei nesse momento, do que esperar mais e acabar o decepcionado ou deixando que ele finalmente perceba claramente o monstro que sou.

Vê-lo chorando foi o empurrão que eu precisava para dar um basta nessa situação, onde sei que iria acabar o magoando em algum momento... Pelo menos agora eu sei que ele não vai mais se machucar, pelo menos não comigo.

Endireito minha postura, mesmo isso fazendo todos os ossos do meu corpo doerem e seco o rosto assim que a Madame Pomfrey entra no quarto para avaliar meu estado, porque mesmo bravo Harry deve ter avisado ela que eu já havia acordado.

- Como estão meus amigos? - É a primeira que pergunto quando ela adentra o local, preciso saber como eles estão, afinal Córmaco também havia os pegado.

- Estão bem, McLaggen não fez nada a eles, só os petrificou para que não ajudassem você. - Respiro aliviado, sentindo um peso sair das minhas costas, nunca me perdoaria se alguma coisa tivesse acontecido com eles.

- E onde eles estão agora?

- Bom, senhor Malfoy, você passou em torno de duas semanas desacordado, eles ficaram revessando as visitas com o senhor Potter, essa hora era o turno dele, achei que ele ficaria feliz em vê-lo acordado, afinal várias vezes o peguei invadindo a enfermaria a noite, apenas para ficar de olho em você. - Ela dá um pequeno sorriso, satisfeita em me contar sobre a atitude carinhosa de Potter, porém isso só faz com que meus pensamentos anteriores se concretizem ainda mais.

Eu não o mereço, não sou bom o bastante para ele e muito menos para a sua amizade... Não sou bom para ninguém, sou como um vírus contagioso que se dissipa com velocidade, destruindo tudo ao seu redor, deixando vestígios do caos causado por ele, e não quero ser esse vírus para Potter.

Harry

Draco ficou inconsciente durante duas semanas, e definitivamente essas foram as semanas dias mais lentas da minha vida, passei todos as noites "dormindo" na enfermaria com ele, mesmo sem a autorização da Madame Pomfrey, usei a minha capa para sair sem visto e segui até a enfermaria, para poder me sentar na cadeira ao seu lado e segurar sua mão todas as vezes que ele pulou na cama durante a noite, parecendo ter alguma lembrança do efeito da Maldição em seu corpo. Rony surtou várias vezes, dizendo que eu só podia estar ficando louco, por perder meu tempo cuidando de alguém como Malfoy, mas por mais que eu estivesse com dúvidas sobre como agir em relação ao loiro, uma noite dessas duas semanas foi crucial para eu decidir que não sairia do lado dele até ele acordar.

Na segunda noite que dormi na enfermaria, acordei assustado quando ele apertou minha mão, tremendo muito e parecendo querer gritar, sem conseguir, quando comecei a levantar para tentar o acalmar, ele chamou pelo meu nome... Simplesmente me chamou... Mesmo sem saber que eu estava ali, mesmo sem sentir meu toque na sua mão, ele me chamou, e então eu percebi que mesmo sabendo que ele nunca irá admitir isso, o primeiro pensamento dele em meio ao desespero...Fui eu, não foi Pansy, Zabini, Goyle ou Narcisa, fui eu... O grande Testa Rachada.

Naquela noite, levantei e como um impulso involuntário, o empurrei delicadamente mais para o canto da cama, deitando ao seu lado, encostei sua cabeça em meu ombro, acariciando suas mechas loiras com as pontas dos dedos, parecendo me reconhecer, ou reconhecer o meu toque, ele se agarrou na minha camiseta, parando de tremer ali... Com os dedos enroscados na minha camisa e a cabeça escorada no meu ombro.

Sim, quase chorei de alívio ao vê-lo vivo, depois de ter entrando em completo desespero desde que ele chegou até a enfermaria desacordado e tremendo, mas agora só consigo sentir desprezo ao lembrar da forma como Malfoy agiu, agressivo, grosso e deliberadamente desnecessário, sem nenhum motivo plausível sequer para agir daquele jeito. A única coisa que consegui fazer, dominado pelo choque e pela raiva, foi sair batendo a porta de seu quarto, saindo da enfermaria, mas antes alertando a Madame Pomfrey que ele já havia acordado.

Nesse instante me encontro escorado no lado de fora do corredor, tentando esquecer as lembranças que me invadem, opto por seguir o caminho de volta até o Salão Comunal da Grifinória, porém durante o caminho, o peso de suas palavras parece me atingir por inteiro, se apropriando cada vez mais de minha mente, me sinto induzido a parar na biblioteca, indo cada vez mais pro fundo das estantes, parando no corredor mais isolado de todos.

Encosto-me na prateleira, sentindo minha respiração ficar mais pesada e minhas pernas bambearem um pouco, as suas palavras pela primeira vez em todos os anos letivos, me atingem em cheio, de uma maneira tão agressiva que sou obrigado a morder o lábio até sangrar para conter um grito de raiva por tudo que se passa na minha cabeça nesse momento, todos os pensamentos tortuosos que se manifestam por conta dele, tudo é sempre sobre ele. Soco a parede com força, sem me importar muito com a possibilidade de Madame Pince me agredir por conta do enorme barulho, eu me dediquei por ele, quis entende-lo, me esforcei para que ele visse o lado bom das coisas, e para que? Para receber essa desprezo de volta? Por absolutamente nada?

Um mês convivendo com a presença de Malfoy foi tempo o suficiente, para ele perambular por todos meus pensamentos, mudar tudo que eu pensava e acreditava, alterando toda a minha rotina, porque nos dias que ele se afastou toda a minha rotina se tornou procura-lo pelos corredores da escola e dormir quando não o encontrava, e tudo para que? Para ficarmos próximos, para ele me contar seus medos e temores? Como eu fui estúpido de achar que alguém como ele seria capaz de demonstrar qualquer tipo de emoção.

Duas semanas dormindo mal, na verdade sequer dormindo, somente ficando sentado naquela cadeira cuidando dele, porque eu quis, simplesmente porque eu me importei... Idiota. Contabilizando todos esses momentos em um mês, mais especificamente trinta e cinco dias, ele conseguiu alterar por completo todo o meu percurso diário, para no fim de tudo continuar sendo o mesmo mesquinho, metido a besta de sempre, e eu fui burro em achar que ele seria capaz de mudar.

Mesmo em meio a tanta decepção, raiva, tristeza e desgosto, meus pensamentos não conseguem fugir da lembrança de seus lábios sussurrando no meu ouvido, sua mão na minha cintura, seu peito colado no meu, Malfoy acabou com todas as certezas que eu tinha na minha vida, para no fim decidir continuar seguindo a sua com naturalidade, como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse rodopiado sobre todos os meus últimos dilemas... O mesmo egoísta de sempre.

- Você sabe que foi por esse mesmo babaca de sempre que você se apaixonou, não é? - Ouço uma voz irreconhecível falar, ergo os olhos encontrando ali um dos melhores amigos do Malfoy, Blásio Zabini.

- Acho que pensei em voz alta... - Falo, limpando o rosto rapidamente e tentando disfarçar o descontrole emocional que eu estava tendo - Mas sobre quem você acha que estou falando?

- De Draco, é óbvio. - Ele diz como se essa fosse a coisa mais óbvia do mundo, sendo que pra mim não é, afinal ele falou sobre eu estar apaixonado pelo loiro, e isso não faz sentido.

- Todo mundo entrou em um surto coletivo muito louco que começaram a pensar que sou apaixonado pelo Malfoy? - Respondo, me levantando e endireitando minha roupa, posso estar acabado psicologicamente, mas fisicamente ainda tenho que ter um pouco de dignidade.

- Não é surto coletivo, é razão coletiva. - Zabini fala, enquanto se escora na prateleira, levando as mãos até o bolso. - Vocês sempre foram apaixonados um pelo outro, ou vocês realmente acreditam que aquela obsessão era algo normal? Vocês se perseguiam o dia inteiro, toda hora, todo minuto, todo segundo.

- Isso se chama ódio. - Retruco, com a minha expressão mais convincente de "Isso é óbvio."

- Eu sinceramente queria entender como vocês são tão cegos para não terem entendido essas coisas completamente óbvias ainda, o salvador do mundo bruxo e o melhor aluno da classe, não conseguem fazer o desenvolvimento de cálculo rápido e fácil sobre terem sentimentos um pelo outro.

- Primeiramente meu nome não é salvador do mundo bruxo, segundamente não existe desenvolvimento, se sequer existe um cálculo.

- Por Merlin, é um pior que o outro.

Zabini resmunga, revirando os olhos como se estivesse verdadeiramente cansado dessa conversa, que aparentemente ele já teve outras vezes com Malfoy.

- Isso se chama amor. - Ele fala, voltando na minha frase anterior sobre o ódio - Entre os dois existe uma linha tênue, que vocês dois conseguiram ultrapassar com sucesso.

- Sei que você é melhor amigo dele, por isso com todo o respeito que lhe digo que o Malfoy é desprezível demais para que qualquer pessoa se apaixone por ele.

- Ele diz o mesmo de você, e adivinha só? Eu tive que passar dias com um Draco mais rabugento que o normal só porque vocês não estavam se falando, foi praticamente viver um inferno na terra. - Zabini fala, revirando os olhos bruscamente, como se lembrar desses dias fosse uma coisa demasiadamente terrível.

Mas não consigo evitar conter um sorriso ao pensar que o loiro ficou tão sentido quanto eu pelo nosso afastamento repentino, porém fecho o sorriso ao lembrar que isso só aconteceu por escolha única e exclusiva dele, exatamente como o que aconteceu agora, definitivamente todas as vezes que nos afastamos de maneira abrupta a culpa sempre é dele.

- A maneira como você acabou de sorrir bem bobamente só porque falei que ele sentiu sua falta, mostra que ele não foi o único rabugento nesse meio tempo. -

Penso em responder ou argumentar contra Zabini, mas ele faz um sinal com a mão me pedindo educadamente para calar a boca, e me calo para o ouvir.

- Draco já fez, ou vai fazer alguma coisa para te afastar dele. - Sinto meu corpo arrepiar ao lembrar de suas palavras a menos de meia hora atrás. - E pela sua expressão ele provavelmente já fez, mas deixa eu te contar um segredo, olhe para o braço dele, aquele que possui a marca negra, depois olhe para os cartazes espalhados do seu rosto pela escola. - Ele fala apontando para um cartaz escrito "Salvador" pendurado logo atrás nós, com meu rosto estampado nele. - E se você for mesmo inteligente vai entender duas coisas: a primeira é o porquê de Draco ter feito isso, e a segunda o porquê você não pode se afastar dele.

- Como assim não posso me afastar dele? Se é exatamente isso que ele está me pedindo.

- Uma lição de vida. - Ele fala, se aproximando um pouco de mim e batendo o dedo na minha testa. - Nunca dê ouvidos aos pedidos de Draco.

- Você sabe que nada do que você falou fez sentido, não é? - Falo, um pouco confuso, tentando entender a razão em seus pensamentos.

-Acredite, Potter, vai fazer.

Zabini responde misteriosamente, e quando penso em responder, ele já anda longe, se aproximando da porta de saída.

- Ah, Potter? - Ele me chama, fazendo com que eu me vire em sua direção. - Ele precisa de você, muito mais do que você imagina.

E antes que eu possa responder, ele sai, me deixando com ainda mais dúvidas do que antes.

O que ele quis dizer com tudo isso? Draco realmente precisa de mim?



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