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História Dois passos do paraíso - Contato com o além


Escrita por: MisawaNamikaze

Notas do Autor


Quem ai estava com saudades de Dois passos do paraíso? Eu também kkkkk. Sem mais delongas, deixo-os com o capítulo. Boa leitura!

Capítulo 10 - Contato com o além


 

Após o almoço, a duquesa insistiu que fizéssemos uma caminhada para me mostrar o jardim. Que eu já conhecia muito bem, mas não diria isso a ela. Era estranho que houvesse me ligado tão depressa a mulher que acabei traindo. Me sentia horrível e só queria sair correndo.

Apenas o medo do que poderia acontecer caso batesse em retirada me impediam. Embora soubesse tudo sobre aquela época, vive-la era muito diferente. E também havia um par de olhos escuros que não saiam da minha mente. De repente, não ver o dono deles depois do que houve, começou a me incomodar mais do que eu gostaria.

Será que havia se arrependido? Percebeu finalmente que só me beijou para aliviar a dor de ter o ego ferido? Talvez por isso tenha ido à cidade, para me evitar.

O duque era um homem sensato e jamais se envolveria com uma forasteira com uma história maluca. De certo estava no limite com aquela situação da traição, do contrário, jamais olharia para mim. Havia me salvado, é verdade. Mas era um cavalheiro, e teria ajudado qualquer um que estivesse na mesma situação.

No fim, conclui que era melhor assim. Deveria esquecer o que havia acontecido, assim como ele aparentemente havia feito. Se fosse diferente, eu não saberia mesmo como agir. Já estava fascinada o bastante e isso não era bom. Pare com isso. Disse uma voz em minha cabeça, e ela estava certa. Tinha que parar com isso, já que para ele não havia sido grande coisa mesmo. O que eu estava esperando também? O cara era casado com uma beldade, porque um beijo com uma esquisita como eu significaria alguma coisa para ele? Pare com isso. O meu problema não era o beijo, mas saber que não conseguiria esquece-lo tão cedo. Já havia beijado outros homens antes, mas nenhum me beijou daquela maneira. Ele... Ino dizia alguma coisa, mas eu não conseguia ouvi-la. O sol estava quente e a sombra de sua sombrinha enfeitada não amenizava o calor. Ou talvez a culpa fosse das camadas e camadas de tecido por baixo do vestido. Para que tantas anáguas?! De repente, ficou difícil respirar. O espartilho estava muito apertado. O que é um sutiã se comparado ao aperto disto? Juro que quando voltar para casa, não vou mais reclamar de ter que usar sutiã. Minha visão embaçou. Oh, droga! Péssimo sinal. Não podia prever o que aconteceria a seguir, já que não enxergava. Mas segundo minha intuição sobre aquela sensação de desmaio, eu provavelmente iria me estatelar no chão.

O chão, no entanto, pareceu muito confortável. Será que o gramado bem cuidado havia amortecido minha queda? É, deve ser o gramado.

 

-Acorde, Sakura.

-Só mais uma hora. – Murmurei.

-Não entendo essa sua necessidade de tirar um cochilo, quando morrer você vai dormir bastante. – Disse alguém, sacudindo-me de leve. – Acorde, sua lamentável pessoa. Levante-se agora mesmo! – Engraçado era o fato de que aquela voz se parecia muito com a minha e soava zangada. Abri os olhos, mas não vi ninguém. Olhando ao redor, percebi que estava no meu quarto, mas havia algo errado. O teto estava com goteiras. Quando foi que choveu? Lembro-me de que estava um dia ensolarado lá fora mais cedo. Sentei-me e percebi que o colchão estava úmido, assim como meu vestido. Levantei-me e senti o assoalho molhado sob os pés descalços. Não tive dúvidas. Estava tendo outro sonho esquisito. Eu deveria estar sofrendo de estresse pós-traumático. É isso mesmo.

­­-Vejo que finalmente acordou. Temos muito o que conversar. – De olhos arregalados, fitei a mulher diante de mim. Definitivamente, eu estava morta. E no inferno, conclui. Porque a mulher a minha frente era tão bonita e etérea, mas se parecia comigo. Uma versão sofisticada de mim, eu diria. Tinha que ser o demônio disfarçado então. Alguns religiosos fanáticos diziam que o tinhoso se disfarçava para manipular a mente das pessoas, e que jeito melhor de fazer isso se não aparecer como elas mesmas?

Não estava nem no inferno, nem enlouquecendo, pois lembrava de ter almoçado com a duquesa no jardim e a deliciosa comida que encheu minha barriga foi o que deixou meu vestido mais apertado, isso somado ao calor excessivo me fez desmaiar. Reconhecer isso me despertava, o que era um bom sinal. Eu deveria estar acordando agora, mas não vou me desesperar. Porque é muito comum sonhar que está sonhando. Às vezes o sonho é tão real, que quando você acorda tem a sensação de que viveu de fato o que aconteceu no sonho.

-O que está acontecendo? Onde estou, como vim parar aqui e quem diabos é você?

A mulher sorriu.

-Posso assegurar que nós, ou melhor, você não está no inferno.

-Então o que está acontecendo? Quem é você?

-Quem bom que não perguntou o que eu sou, porque também não sei. – Ela pareceu pensativa. – Sei que morri, mas não sei se é como deveria ser. Não encontrei a luz, o portal para o paraíso ou seja lá o que acontece depois. Tudo o que sei é que precisava encontra-la, minha cara.

-Eu ficaria lisonjeada se não estivesse tão assustada. – Não assustada com o fato de estar fazendo contato com o além, mas por estar reagindo de forma tão calma a essa situação. O que há de errado comigo? Talvez por parecer que estou conversando comigo mesma. O que faço constantemente, é verdade. Mas aqui, estava sendo como olhar para um espelho. – Por mais que ache isso interessante como historiadora...

-Você só quer sair correndo.

Como ela sabia o que eu ia dizer?

-Eu sei tudo sobre você, Sakura.

­-Foi você quem me salvou?

-Sim.

-Como? Assim que o carro caiu na água e não consegui me soltar, eu soube que estava encrencada. – Eu disse. – Então, deu tudo certo, assim, do nada. E eu tinha me ferrado. De repente, tive essa sensação de segunda chance.

-Tinha “se ferrado”? Tinha morrido, quer dizer. ­­­­– E lá estava o fantasma me corrigindo. Do que adiantava ter um diploma de professora? Aqui estou eu, sendo corrigida por um fantasma. – E sim, esta é mais uma chance.

-Quem é você? – Tornei.

-Eu sou você.

-Está brincando, certo? É alguma pegadinha? – Olhei ao redor do quarto. – Onde estão as câmeras? Tenho alguns alunos que gostam de RPG e levam tão a sério que adorariam um cenário desses. Fizeram um trabalho e tanto aqui, tenho que admitir.

-Eu lhe asseguro, sou mesmo você. E não há nenhuma dessas tais câmeras aqui.

-Quer saber? Isso é loucura. – Irritei-me. – Estou indo embora.

Foi então que percebi que meus pés se colaram ao piso de madeira molhado e que eu não conseguia me mover.

-Por favor, escute.

Voltei a me sentar, porque era a única coisa que consegui fazer.

-Desculpe. É que a situação parece meio absurda para mim.

-Eu compreendo.

-Você me salvou.

-Sim.

-Porque?

-Porque preciso de você.

­­-Certo. Eu estou viva e em outro mundo.

-Receio que esteja, mesmo, em outro mundo. Neste mundo, não no seu. Ainda que seja o mesmo mundo, mas no passado.

-Como foi que vim parar na Inglaterra do século XIX? – Indaguei. – Eu estava em Pasadena, nos Estados Unidos. Ia passar o feriado de ação de graças com os meus pais em sua fazenda, isso, daqui a 175 anos.

-Não sei ao certo. – Que droga! Esse fantasma não sabe de nada. ­Pensei, mas então ela sorriu. Aquele era o meu sorriso triunfante. – Mas depois de analisar a natureza dos acontecimentos, tenho uma teoria sobre o que nos trouxe a esse momento.

-Então, diga. – Cruzei os braços e a encarei.

-No leito de morte, meu pai disse-me para fugir para o sul... – Começou. – E foi o que fiz. Na noite em que parti, ele me confessou ter razões para crer que alguém tentara contra sua vida. Minha vontade era ficar e descobrir o que estava acontecendo, mas não ousaria desobedece-lo. Não quando estava tão convicto de que eu também corria perigo. Em seu último momento de vida, tudo o que ele fez foi me proteger. – Ela parou por um momento, como se lembrar fosse doloroso. Ela estava mesmo morta? Ela era o que, um fantasma com sentimentos? Não era para ter se desprendido desse tipo de coisa? – No caminho para a Inglaterra, fomos saqueados por um grupo de mercenários. Meu cocheiro foi assassinado e minha dama de companhia sequestrada. Eu consegui fugir, mas veja só o que aconteceu. – Riu consigo mesma. – O grupo de mercenários não estava ali exatamente para roubar, percebi que tinham a intenção de me matar quando os tiros quase me acertaram na floresta. – Então, tudo fez sentido. A história que eu havia contado quando Sasuke me tirou do lago, era o que havia acontecido a ela. Mas como? Porque? – Corri assustada e quando dei por mim, havia caído no lago. Enquanto me afogava, eu só conseguia pensar que se tivesse outra chance faria tudo diferente. No entanto, eu estava sozinha e não haveria segunda chance, era o meu fim eu sabia. Não havia ninguém para me salvar. Então, me vi presa dentro de uma carruagem estranha. Mas, não era eu. De repente, algo aconteceu. Eu já não estava mais me afogando, embora meu corpo estivesse no fundo do lago. – Ela me olhou. – Estamos conectadas desde então.

-Não posso desconsiderar sua teoria depois do que me aconteceu, mas porquê? Digo, porque estamos conectadas? Nós nos parecemos, isso é evidente...

-Nunca fui apegada a nenhuma crendice, mas talvez... você seja minha reencarnação. – Continuou a me olhar. – Isso significa que estou mesmo morta. Oh, céus!

-Sinto muito. – Disse sincera. – Gostaria de poder ajuda-la.

-E pode.

-Como?

-Me ajude a descobrir quem causou tudo isso. – Ela disse. – Eu não me lembro de tudo o que o meu pai me disse naquela noite, mas tenho certeza de que conseguirá as respostas em nossa casa.

-Por Deus! Como vou fazer isso?

-Caso não tenha percebido querida, você sou eu aqui. – O sorriso voltou a iluminar seu rosto pálido. – E como única herdeira de um barão, eu, ou melhor, você é uma baronesa.

-As pessoas aqui só acreditaram em mim por causa de Sasuke. – Lembrei-a.

-Ninguém é tolo o bastante para duvidar da palavra de um duque. – Disse-me. – Além disso, ele é um bom homem e irá ajuda-la.

-Isso se não mandar me enforcar quando souber a verdade.

-Por isso, não deve contar a ninguém. Não por ele, mas pelas outras pessoas. Neste tempo, certas coisas são facilmente mal interpretadas.

­-Eu sei disso.

-Peço que não se esqueça de nossa conversa quando acordar. – Ela disse. – Não foi fácil conseguir isso, já que na primeira vez em que tentei, você desmaiou de susto.

-Não foi de susto.

-Mesmo que negue as coisas, eu sei como realmente se sente. Eu sinto. – Falou enquanto se aproximava. Tomou minhas mãos nas suas. O toque quase imperceptível, não fossem suas mãos geladas. – Tudo ficará bem.

-Farei um esforço para acreditar nisso.

-Não seja tão pessimista, minha cara. Veja isso como uma segunda chance.

-Uma segunda chance para que?

-Essa é uma pergunta que você mesma terá de responder. – Disse ela.

-Se eu tivesse uma resposta não teria perguntado.

-Talvez seja uma segunda chance para aquilo que você mais quer na vida, não sei, use a sua imaginação.

Naquele instante, lembrei-me de meu último pensamento depois que o carro caiu no lago. O que eu mais queria era ter vivido um amor.

-Muito obrigada. – Revirei os olhos.

-Disponha, querida. – Riu. – Mas eu aposto como vai encontrar o amor que devia ter encontrado no seu tempo.

Lamentei ter pensado naquilo, já que ela podia ver meus pensamentos. Talvez devesse ter me concentrado no que eu não devia ter feito, como desviar do cachorro na estrada.

-Agora, vou deixa-la. Está na hora de acordar.

-E se eu precisar de ajuda ou conselhos? Como posso encontrá-la?

-Estarei sempre com você. Em seus pensamentos, Sakura.


Notas Finais


E então? Então que no capítulo passado eu prometi que teria Sasuke para todo mundo, que propaganda enganosa né?! Kkkkkkk. Prometo compensá-los no próximo capítulo.
Até a próxima vez!


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