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História Dominus - Domine seu lado obscuro (Imagine Kim Taehyung) - Viagem de Trem


Escrita por: awake_s2

Capítulo 4 - Viagem de Trem


Fanfic / Fanfiction Dominus - Domine seu lado obscuro (Imagine Kim Taehyung) - Viagem de Trem

Eu ainda não estava acreditando.

Nem mesmo os próprios bruxos estavam acreditando.

Eu tinha poderes.

Quer dizer.

De verdade.

Enquanto minha mãe arrumava nossas malas em frenética alegria e meu pai cantarolava enquanto negociava o aluguel dos nossos antigos quartos com o vizinho dizendo que não precisaríamos mais visto que agora teríamos uma vida muito melhor, eu apenas olhava para o além, as palavras do homem que havia me entregue a carta de inscrição de Dominus ainda ressoando em minha mente:

-Como você fez aquilo?- ele perguntava, enquanto preenchia meus dados no documento.

-Eu...não faço ideia...não sabia que tinha poderes- eu disse, ele riu.

-Não é possível, geralmente os bruxos poderosos já tem o gene ativo antes mesmo de realizarem a seleção- dizia ele.

Era verdade, a garota Ypsia já tinha os poderes antes mesmo de fazer o teste.

Mas eu…

-Eu não sou poderosa, só parei algumas coisas no ar, vocês não fazem esse tipo de coisa sempre?- ele riu novamente, debochando de mim.

-Fazer isso sempre? Você tem ideia de que cada elemento daquele cubo estava sob magia? Cada um deles representava um dos quatro elementos da natureza, eles tinham todo o poder de cada um deles, geralmente só conseguem lidar com um, manipular e domar um, é geralmente o que define em qual casa você ficará em Dominus- dizia ele, me deixando confusa.

-Espera, quatro elementos? Mas eu só vi água, ar e terra...onde estava o fogo?

Ele sorriu. -Estava na sua raiva, as chamas do seu desespero...foi incrível, ninguém nunca havia conseguido dominar o peso de todos os elementos de uma vez antes...não sei porque nunca percebeu que tinha poderes, mas tem potencial pra ser uma bruxa poderosa- ele dizia, agora fazia sentido porque todos estavam boquiabertos no fim do teste.

-E você falou sobre casas? Como assim?

Ele arqueou as sobrancelhas.

-Vai saber quando chegar lá...só...tome cuidado, geralmente os alunos não são muito receptivos com novatos, muito menos do mundo ordinário, os Ypsios dominam tudo por lá, e quando souberem que você tem todo esse potencial...bem...digamos que os alunos são muito competitivos…

Cerrei os punhos, o medo já se instaurou em mim.

-Boa sorte- ele me disse, antes de entregar a carta assinada e me mandar voltar pra casa, já haviam preparado tudo pra nossa nova vida servindo o governo com a magia, uma nova casa, um carro novinho, novos trabalhos pros meus pais.

Era um sonho.

Eu estava muito feliz porque não os decepcionei mas morrendo de medo ao mesmo tempo.

Não só por tudo que haviam me dito sobre Dominus, mas também com medo de mim mesma.

Como eu nunca havia percebido aquilo antes?! Como eu poderia fazer algo daquela magnitude?

Era estranho sentir isso...era incômodo saber que nem mesmo eu me conhecia.

Ouvi batidas insistentes na porta que me levaram de volta a realidade.

Me levantei e fui ver quem era.

-Bri!- eu exclamava ao ver minha amiga de infância invadindo o quarto junto com Lexa, minhas duas companheiras desde sempre, o dia da seleção delas seria daqui um ano, elas haviam vindo pra se despedir de mim.

-Quando soubemos da novidade, não pudemos acreditar! Como assim você é uma bruxa?!- Bri dizia me fazendo cair na cama com um enganche em meu pescoço.

-Não só uma bruxa Bri- dizia Lexa, se sentando ao meu lado. -Uma bruxa poderosa!

-AI MEU DEUUUSSS- as duas gritavam em uníssono enquanto me faziam cosquinhas e me animavam.

-Você vai pra Dominus! É inacreditável- Bri suspirava, parecendo imaginar quando chegaria sua vez.

-E logo ela, a que menos acreditava nas possibilidades de ordinários como nós conseguirmos vaga em uma escola predominantemente Ypsia!- Lexa completava, as duas sorrindo, eu infelizmente não conseguia compartilhar de todo entusiasmo.

E elas perceberam.

-Por que você não parece tão animada quanto nós?- perguntava Bri, o sorriso caído.

-É só que...vou sentir falta de vocês...da minha vida aqui…- eu dizia, cabisbaixa.

-Para com essa deprê S/n! Pelo amor de Deus! Você não vai sentir nossa falta por muito tempo porque daqui um ano vamos ser colegas de classe!- elas diziam sorrindo, eu ainda cética quanto às probabilidades reais disso acontecer.

-É...eu sei que sim…- menti, sentindo vontade de chorar porque eu sentia no fundo do meu coração que essa seria a última vez que eu veria minhas amigas.

Dominus não permitia contato algum com qualquer pessoa de fora, seja família, amigos, nada que te ligava a sua vida anterior, seu foco deveria ser única e somente aprimorar suas habilidades mágicas.

-Boa sorte amiga! Arrasa na Dominus por nós!- dizia Bri.

-Nós te amamos!- Lexa completava, nós nos abraçando enquanto eu via a última caixa dos nossos pertences entrando no caminhão de mudança pela janela.

-Eu também amo vocês- completei, deixando uma lágrima escorrer em meu rosto, porque aquele eu te amo soava mais como um adeus.

Pra sempre.

+++

Depois de horas me despedindo dos meus pais e ouvindo um milhão de conselhos sobre como me comportar na escola e como eu deveria fazer de tudo para agradar a todos, tudo combinado com muito choro, eu aguardava o trem que me levaria até a parte nobre de Cáspia, isolada e segura.

Nunca havia pisado meus pés na parte norte do país, os rumores me faziam pensar que era incrível, e eu só podia imaginar o quão belo seria.

As malas estavam pesadas e a estação quase vazia, tirando outras seis pessoas da minha idade que provavelmente também haviam sido selecionadas.

Nossa...de todo o meu distrito apenas seis foram selecionados?

Imaginava qual era o número total do país.

Não muito alto pelo visto.

Eu realmente faria parte da elite do país.

Ainda era inacreditável.

Pensei em falar com algum dos novos integrantes de Dominus como eu, mas estava receosa se eles gostariam ou não de qualquer conversa, pareciam felizes, mas não o suficiente pra fazerem amigos.

O trem chegava rapidamente a estação, fazendo com que meus cabelos esvoaçassem em seu ritmo, era quase como se eu pudesse sentir ar novo correndo em meus pulmões, quase como se estivesse prestes a entrar em uma vida totalmente nova.

E estava.

Meu vagão abriu as portas e com muita dificuldade consegui colocar as malas lá dentro, eles barraram meus pais do lado de fora da estação, não permitiam que qualquer um tivesse acesso ao transporte pra parte norte, não enquanto eles ainda não fizessem parte oficialmente dos Ypsios.

Ah é, esqueci de mencionar essa parte.

Eu até podia ter ingressado em Dominus, mas só poderia usufruir integralmente de seus benefícios quando me formasse na instituição.

Ou melhor, quando eu fosse aprovada.

Sim, ainda havia a possibilidade de ser expulsa, havia regras que deveriam ser seguidas e se você não serviria seus poderes ao governo.

Bem, não serviria pra mais ninguém.

Já ouvi boatos sobre Ypsios expulsos, mas nunca soubemos o que aconteceu com eles, provavelmente não ficaram vivos pra contar história.

E é por isso que eu tenho que fazer de tudo pra permanecer lá dentro.

-Ei!- eu ouvia uma voz longínqua chamando de longe, uma figura no horizonte aparecia, um pequeno ponto ainda, que se aproximava rapidamente.

Me sentei em meu lugar assistindo o ponto se aproximando cada vez mais até virar um homem.

-EI! Garota!- ele exclamou mais alto, a quem chamava? Afinal, só havia eu naquele vagão e eu não conhecia ele, bem, pelo menos achava que não.

-VOCÊ É SURDA GAROTA?! Para o trem!- ele exclamava, e agora eu tinha quase certeza que ele estava falando comigo.

-Parar o trem?!- exclamei, ouvindo o sinal de que as portas em breve se fechariam.

-A porta!- ele exclamava, quase chegando, sua mala tropeçando em vários objetos, ele caiu umas três vezes na pressa, ri.

-A PORTA MERDA!- gritou ele, e eu finalmente entendi claramente que ele queria que eu segurasse a porta pra ele.

Quase fechando em meu braço consegui segurar as portas tempo suficiente pra que o garoto entrasse.

-Ai...merda...tô sem fôlego…- exclamava ele se jogando no chão com a mala jogada ao lado, as portas finalmente se fechando.

“Senhores passageiros, bem vindos ao trem com destino a Fenícia, parte norte de Cáspia, com destino final a Dominus, pedimos a gentileza de se acomodarem em seus assentos para fins de segurança” a mulher do trem falava no som, o garoto puxando todo ar que tinha lá dentro, ainda no chão enquanto o trem se movimentava finalmente.

Ele tinha cabelos pretos e curtinhos, olhos brilhantes e uma aparência cativante, mesmo que estivesse super cansado senti que ele emanava alegria e entusiasmo.

-Valeu garota, tu salvou minha vida- ele dizia, se sentando no assento em frente ao meu, dando uma cambaleada pela movimentação do trem antes disso.

-Mas tu é bem surdinha em, tive que gritar umas quatro vezes pra me entender- ele dizia, pegando uma das uvas de aperitivo que estavam no centro da mesa, super descontraído, como se já nos conhecêssemos há anos.

Eu ri.

-De nada, e...bem eu achei que estivesse falando com outra pessoa, os outros não parecem ser do tipo que pediriam ajuda qualquer a alguém- eu dizia, ele sorriu, mastigando as uvas.

-Bem, eu não sou como os outros

-Percebi- sorri. -Se atrasou?

-Ah, sabe como é, estava tão animado pra hoje que acabei dormindo super tarde ontem e perdi a hora- ele explicava, limpando com o guardanapo sua roupa cinza, ainda do mundo ordinário, depois de sujar a camisa.

-Ah! Não vejo a hora de me livrar desses uniformes idiotas...tenho certeza que mais da metade dessa mala vai pro lixo- ele dizia.

-Nisso eu devo concordar, talvez seja a melhor parte de ter descoberto minha parte bruxa- eu dizia, ele riu.

-Gostei de você, tem bom humor, qual seu nome?

-S/n...e o seu?

-Hoseok...pode me chamar de Hope se quiser, eu deixo os mais chegados me chamarem assim.

Ri.

-Já sou chegada?

-Ah demais! Abrindo portas pra mim como uma cavalheira e tudo.

Sorri, ele era legal.

-E então, quer dizer que foi selecionada para Dominus certo...acho que ouvi falar do seu nome nas fofocas deste ano, você é aquela garota que dominou os quatro elementos ao mesmo tempo não é?- ele perguntou, me surpreendi com o quanto ele sabia, os rumores se espalhavam rápido...não sabia se aquilo era bom ou não.

-Sim, a própria...e pensar que eu só não queria morrer mesmo

-Cara você foi demais! Queria ter tido todo esse potencial, só consegui lidar com o ar...era uma prova de lógica, eu tinha que tocar em um cubo de vidro sem usar qualquer parte do meu corpo, manipulei a corrente de ar pra trazê-lo até mim.

Meus olhos brilhavam ao ouvir os outros tipos de teste que fizeram na seleção.

-Isso é demais também! Mas isso quer dizer que só podemos fazer magia com esses elementos?- perguntei, realmente curiosa.

-Eu não faço ideia, sou tão leigo quanto você, vamos para Dominus aprender sobre tudo isso certo?- ele dizia, eu concordei, cedendo à vontade de compartilhar aquelas uvas.

-Acho que sim- dei um sorriso meio pra baixo.

-Você não parece tão animada quanto os outros- ele dizia, rindo ao ver um deles conversando com a mãe e chorando de alegria pelo celular.

-Ser aceita não estava exatamente nos meus planos sabe? As chances eram mínimas e...eu gostava da minha vida.

Ele riu.

-Quando experimentar tudo que a vida mágica pode te proporcionar...com certeza vai mudar de ideia. 

-Espero que sim- me forcei a dar um sorriso enquanto via as casas entulhadas e cheias de rachaduras ficando pra trás, dando lugar a um gramado bem verde cheio de árvores altas, pinheiros firmes e flores belas.

Era literalmente como se eu estivesse ingressando em outro mundo, como se houvesse uma linha separando os ordinários dos Ypsios e de sua magia.

Voltei a realidade quando ouvi Hoseok rindo do nada na minha frente, olhando pro além.

-O que foi?- perguntei sorrindo.

-Eu tô imaginando aqui como que você vai fazer pra escolher uma casa já que dominou todos os elementos...e como a gente vai sofrer não só por sermos novatos, mas por não sermos Ypsios também.

Eu ri. -Ué, e isso é motivo de alegria?

-Minha querida S/n, isso é cheiro de aventura minha querida!- ele levantava com os braços pro alto, como se estivesse apresentando uma peça.

Ri mais quando o trem balançou abruptamente e ele bateu a cabeça no lugar pra colocar as malas de mão.

Ele voltou pro lugar passando a mão na cabeça, com dor.

-Ai...sinto que a gente vai ter toda aventura que nossa vida ordinária não daria, aprendendo a dominar nossos poderes, encontrando novas pessoas, descobrindo coisas, servindo o país, sendo mais ricos e respeitados, levando mais e mais galos na cabeça…

Ri.

-Dá pra acreditar?!- ele perguntava, exclamando. -Nós vamos finalmente dar um significado pras nossas vidas, fazemos parte de uma pequena porção de uma população de milhares de jovens...se sinta especial S/n, não triste.

Bem...acredito que ele pudesse estar certo, por que eu estava com medo afinal? Tínhamos tudo pra tentar dar certo...eu devia estar mais feliz.

-Você tem razão...acho que eu devia estar mais animada.

-Almoço senhorita? Senhor?- um garçom aparecia de repente com variados pratos, coisas que eu nunca tinha visto na vida antes...frango empanado, filé mignon, aquilo era salmão?! Meu Deus...eu nunca comi aquele tipo de comida nobre…

-E você tá perguntando se a gente quer?! Passa o rango meu bom!- Hoseok dizia, se servindo do máximo de comida que conseguia, eu não consegui evitar exagerar um pouco também, afinal, não sabia quando teria outra oportunidade, e com minhas habilidades horríveis no ensino básico, não sabia quanto tempo e nem se eu duraria em Dominus…

Portanto o presente era minha melhor chance.

Comíamos como verdadeiros mortos de fome, e agora que eu tinha companhia, alguém que entendia como era ser do fundo do poço da sociedade, não me importava mais com isso.

Sorri com a boca cheia, Hoseok fez o mesmo, dois palhaços famintos e cheios de esperança, comendo ao som do barulho dos trilhos que deslizavam suavemente nos levando ao nosso destino final, Dominus.

Parecia um sonho, e eu tinha medo de que se me beliscasse eu poderia acordar.

Tudo estava bom demais pra ser verdade.

Mas o balde de água fria ainda estava por vir.

No momento em que a realidade de Dominus viesse à tona, os sonhos e esperanças que compartilhamos naquele trem pareceriam vagas lembranças.

Algo que não voltaria mais.


Notas Finais


No próximo capítulo eles já vão ter chegado em Dominus hihihi 💜💜💜


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