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História Donaukinder - Capítulo 16


Escrita por: IndustrialFlake

Notas do Autor


Essa formatação do site me corta o coração </3

Capítulo 16 - Capítulo 16


–Richard, eu não sei se estou preparada. – Beate disse ao guitarrista, começando uma conversa. Alguns dias haviam se passado desde a primeira conversa – Quer dizer, eu e Sean... Essa coisa toda de vampirismo é muito intensa. É uma mudança para a vida toda, como uma mudança de sexo.

            Richard riu perante a comparação da menina.

            –Gretel está meio confusa, também. Mas ela parece aceitar melhor. – ela continuou – Erik, Hans e Evelyn são os mais conformados com tudo isso.

            –Não é como se fossemos transformar vocês agora mesmo. Vocês terão muito tempo para assimilar. E não é tão ruim ser um vampiro. Estamos no topo da cadeia alimentar, alimentando-nos dos fracos humanos. – ele riu e Beate sorriu tristemente.

            O diálogo entre os dois foi interrompido pela porta da catedral se abrindo. Till entrou apressadamente, carregando seu marido desacordado nos braços. Richard arregalou os olhos.

            –O que aconteceu com ele?

            O vocalista levantou os ombros, balançando a cabeça negativamente.

            –Eu o beijei e ele teve um ataque de pânico.

            Richard levantou uma sobrancelha.

            –Precisa de ajuda aí?

            –Não. Eu cuido dele, obrigado Richard.

            O vampiro passou apressado entre Beate e Richard, que suspirou. Assim que ouviu a porta do quarto dos vampiros sendo fechada, a menina continuou:

            –Qual é o problema de Flake?

            –Ah... – o vampiro correu uma mão pelos cabelos – Till acredita que ele está tendo recaídas de algumas de suas doenças mentais. Ou que desenvolveu alguma nova. Não sei exatamente, ele está muito estranho essa semana.

            –Você disse “essa semana”? – ela levantou as sobrancelhas.

            –Sim... – Richard estranhou a pergunta de Beate – Por que?

            Ela suspirou, mordendo os lábios, e segurou o braço do vampiro.

            –Venha cá.

            Beate guiou um Richard confuso até o quarto onde ela dormia com os outros jovens. Nele, estavam apenas Hans e Erik, que riam de alguma piada que Hans havia feito. Ao notarem a aproximação do vampiro e de Beate, a risada dos dois morreu em suas bocas.

            –Erik – ela começou – Conte ao Richard o que você ouviu na semana passada.

            O menino andrógino empurrou nervosamente uma mecha dos cabelos compridos para trás da orelha, fitando o vampiro confuso.

            –Eu não estava espionando, nem nada... – ele começou com a voz trêmula de nervoso – Eu apenas passei por lá, pelo quarto...

            –Que quarto? – Richard perguntou, fazendo sua voz soar mais alta do que planejava, assustando o menino.

            –Um quarto meio longínquo do centro da catedral. Aonde os dois vampiros se trancaram e não saíram de lá por um bom tempo.

            Richard começou a suar frio. Ele notou que, em certo dia, Paul e Flake haviam sumido na catedral e depois retornaram estranhos, estando Paul sombrio e Flake letárgico.

            –E eu tenho uma audição muito boa, modéstia à parte. – Erik continuou, um pouco mais confiante – E eu pude ouvir gritos vindo do quarto, não consegui entender bem o que eles diziam, mas eu ouvia os gritos deles abafados pela grossa porta.

            –O que você está insinuando?! – Richard exclamou agressivamente, fazendo Erik gritar de susto.

            –Richard... – Beate tocou-lhe o ombro.

            –Você está dizendo que Paul tem alguma coisa a ver com o estado em que Flake se encontra?! – o vampiro continuou a gritar e Erik baixou a cabeça – Está insinuando que Paul teria machucado Flake?! Pense, idiota! Eles são melhores amigos há quase trinta anos e Paul nunca machucaria uma mosca! Isso é loucura!

            –Eu... – Erik gaguejou, tremendo, tentando justificar-se – Eu não duvido do amor que um sente pelo outro. Mas... Amigos podem brigar, às vezes... Eu sinto muito se o ofendi, Richard. Mas eu só estou contando o que ouvi.

            O vampiro se acalmou ouvindo a explicação do garoto, agora se sentindo estúpido por ter gritado com ele. Richard suspirou, sentando-se na cama na frente de Erik e pegando sua mão.

            –Desculpe-me, Erik. – ele disse suavemente, constrangido – Desculpe-me pela explosão, você não tem nada a ver com isso. É que nós estamos passando por uma situação delicada no momento, que junta com as crises de Flake, com Paul agindo estranho, com Schneider odiando sua vida de vampiro e nos culpando, com a nossa adaptação a vocês e vice-versa. E no meio disso tudo, Till quer ser casar com Flake. É insano.

            –Que situação é essa? Me desculpe pela pergunta. – Beate disse suavemente.

            Richard suspirou, ponderando se devia contar-lhes. Isso só os desencorajaria do vampirismo.

            –Há umas semanas, fomos atacados por um homem que tentou nos matar. A Fada disse que era um caçador de vampiros. – vendo que Beate ia protestar, Richard levantou a mão para pedir silêncio – Ele não nos perturbou mais depois deste incidente, mas eu acredito que ele vai tentar de novo.

            –Ah, puta merda... – a menina resmungou, correndo a mão pelos cabelos.

            –Nós apenas temos de cuidar para que ele não descubra onde estamos. Esse é um ótimo esconderijo para nós.

            Um silêncio de preocupação pairou sobre o quarto e lá ficou por alguns minutos, até que Richard o quebrou.

            –Mas obrigado pela informação, Erik. – ele sorriu – Eu vou ver como está o Flake. Ele vai melhorar logo.

            O vampiro saiu do quarto com o coração apertado pela possibilidade de um novo ataque. Beate fechou a porta do quarto com as costas, visivelmente abatida, com lágrimas brilhando nos olhos. Erik foi até ela, abraçando-a, e Beate chorou no ombro do menino.

            –Ai, Erik... – ela gemeu, acariciando os cabelos do outro – Eu só quero que isso acabe...

            –Eu também, maninha. – ele apertou os olhos e deitou a cabeça no peito dela.

            Mesmo se conhecendo há uma semana, ambos já se consideravam irmãos. Erik e Beate haviam compartilhado segredos, angústias, felicidades e coisas banais. Sendo pansexual, ela apoiava totalmente o sentimento que Erik tinha por Hans e desejava que ficassem juntos. Erik, por sua vez, adorava ter alguém tão unissex de alma como ele, pendendo mais para o lado feminino, podendo conversar sobre as angústias que só um genderqueer sofre, de estar eternamente no meio e de ser obrigado a ter um sexo masculino ou feminino perante a sociedade.

            Hans observou a cena com respeito, percebendo um novo sentimento crescer em seu peito. Esse sentimento estava totalmente relacionado a Erik e a confusão que ele lhe causava. Hans se assustou com a reação do próprio corpo ao ver o andrógino pela primeira vez. Ele se perguntou se era bissexual por achar o menino maravilhoso. Mas para ele Erik era mulher; não lhe importava o que ele tinha no meio das pernas, mas sim a sua alma feminina.

            No entanto, nenhum dos dois achava que um, algum dia, corresponderia ao sentimento do outro.



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