História Don't Forget Me - Entrevista com Marinette

- Ei. – Chamou Alya. – Não queria falar nada, mas tem um garoto esperando você sair do seu mundinho e ir falar com ele.

- Hã? – Perguntou Marinette, voltando para o momento.

Alya riu e apontou para Adrien, que esperava na porta da sala, apoiado no batente da porta. Quando seus olhares se encontraram, Marinette sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo da cabeça aos pés.

- Vai lá, amiga. – Alya incentivou. – Não vai fazer o garoto esperar o dia todo, não é?

Marinette olhou para trás, esperando encontrar o (a) garoto (a) por quem Adrien esperava. Ao não encontrar ninguém, sentiu seu rosto esquentar. O que Adrien queria com ela? Ele estava muito estranho hoje.

- Tem certeza que não é com você que ele quer falar? – Perguntou Marinette, ainda sem acreditar.

- Não é pra mim que ele está olhando. – Falou.

Adrien sorriu. Falando desse jeito, parecia até que ela tinha medo de ficar sozinha com ele. Será que ela não havia percebido que a distância que ele estava das garotas não era suficiente para que o que elas dissessem passasse despercebido? Adrien perdeu-se em seus próprios pensamentos, até que viu Marinette finalmente se levantar e ir em sua direção, com Alya logo atrás.

- Q-Q-Queria... hã... falar comigo? – Perguntou ela, nervosa, assim que parou na frente de Adrien. Alya continuou seu caminho para fora da sala.

- Queria sim. – Deu um sorriso torto. – Eu queria dizer que foi muito legal o que você fez.

- Q-Quando? – Perguntou, já corando.

- Ontem, no parque.

- Ah. – Disse ela. – E-Eu não fiz muita coisa, sabe?

- Claro que fez. – Adrien sorriu. – Você subiu naquela árvore de cinquenta metros. – Exagerou, fazendo Marinette cair na gargalhada.

- Cinquenta metros? Não devia ter nem quatro. – Conseguiu dizer, entre risos.

Adrien riu também. Ele percebeu que Marinette não havia gaguejado. Será que rir a deixou mais à vontade?

Alya estava longe demais para ouvi-los, mas conseguia vê-los facilmente. Estava feliz por Marinette conseguir finalmente se acertar com Adrien, mesmo que não fosse romanticamente.

- Espionando, é? – Nino perguntou, assustando a garota.

- Meu Deus, Nino. – Ela pôs a mão no centro do peito. – Não apareça tão de repente.

O garoto sorriu.

- É feio bisbilhotar, sabia?

Alya fitou-o de cima a baixo, se levantando.

- Eu não estava bisbilhotando, estava apenas de passagem.

- Apenas de passagem, porém agachada atrás de um corrimão olhando especificamente para a sala? – Riu. – Devo lhe alertar de que você não estava nem um pouco escondida?

Alya bufou e pôs-se a descer as escadas.

- Ei, calma aí. Não foge, não. – Ele alcançou a garota rapidamente. – Sabe que eu só estava brincando com você. – Deixou escapar algumas risadas ainda. Alya parou subitamente. – O que houve? – Perguntou Nino, parando também.

- O que eles estão fazendo aqui? – Ela apontou para a equipe do noticiário.

Nino olhou na direção em que a garota apontava e deu de ombros.

- Vamos perguntar.

- Alya, que bom que te encontrei! – Exclamou Nádia, animada demais para o gosto da jovem. – Sabe onde está Marinette?

Alya hesitou em responder. O que será que a jornalista queria com sua amiga?

- Ela está na sala com Adrien, os dois ainda não desceram. – Falou Nino, sem dar tempo para a garota decidir se contaria ou não.

- Ótimo, obrigada. – Ela fez um sinal para a equipe e foi em busca de Marinette.

Ao chegarem perto da sala, conseguiram ver os dois jovens conversando, como Nino dissera.

- Marinette, tenho algumas perguntas para você, tudo bem? – Perguntou Nádia, retoricamente.

Adrien se afastou, dando espaço para a equipe se posicionar.

- Não tem problema, mas eu preferia que... – Ela começou, mas fora interrompida por Nádia.

- Que bom! Me conta, o que aconteceu exatamente naquele parque? – Nádia perguntou, animada.

Marinette suspirou, cansada de ter de repetir tantas vezes a mesma coisa.

- Eu só ajudei um garotinho a descer da árvore. – Ela forçou um sorriso. – Não foi nada de mais.

- Certo. – Falou Nádia, em um tom nem um pouco convencido. – Você conhecia ele ou a mãe dele?

- Não, só achei que deveria ajudar. – Respondeu, sincera.

Nádia assentiu, comovida.

- Precisamos de mais pessoas como você no mundo. – Falou a jornalista, piscando para Marinette.  – Mas, me diga, você por acaso sabe como ele acabou parando lá em cima?

Marinette pensou um pouco. Era realmente um mistério como um menino de três anos conseguira subir tão alto. Ele com certeza teve ajuda de alguém, mas a questão era: por que esse alguém faria algo do tipo com um garoto tão jovem? Na verdade, ela não havia parado para pensar nisso antes daquele momento mas, não queria admitir isso em rede nacional, então desconversou como pôde.

- Bem, a mãe do menino me passou o número dela para caso pudesse retribuir de alguma forma. Eu pensei em pedir para falar com ele para tentar entender melhor tudo o que aconteceu. – Ela sorriu de maneira forçada para Nádia novamente, nervosa.

Nádia, por sua vez, respondeu com um sorriso sincero.

- Acho muito atencioso de sua parte. – Comentou. – De onde vem essa grande vontade de ajudar os outros? Você diria que é algo que vem de alguma espécie de trauma, uma boa educação, ou mesmo de ter seus pais como bons exemplos?

Marinette pareceu pensativa por alguns minutos.

- Eu acho que ajudar o próximo, e gostar de fazê-lo, deveria ser senso comum. Se as pessoas  começarem a desenvolver uma certa consideração pelos outros, o mundo será um lugar bem melhor, não é mesmo? Nunca se sabe quando será você com seu filho preso em uma árvore... – Sorriu timidamente. – ... ou precisando de roupas quentes. Coisas básicas, que podem ajudar muito qualquer tipo de pessoa. A felicidade do outro não deveria depender apenas do bom-senso de alguns.

Nádia a observou em silêncio pelo que pareceu ser uma eternidade para a garota.

- Você não poderia estar mais certa. – Piscou, voltando a olhar para a câmera em seguida. – Vou ter que deixar vocês com essa mensagem hoje.

Ela fez algumas propagandas e encerrou a filmagem. Marinette se sentiu aliviada, pois estar em frente as câmeras não era lá muito confortável. Principalmente falando abertamente daquele jeito. Ao olhar em volta, procurando por alguma abertura para fugir, viu Adrien. Ele estava sentado em um dos bancos da sala (provavelmente não conseguira sair com a equipe ocupando todo o espaço do corredor), olhando-a de um jeito que a garota nunca vira antes. O que aquilo significava?