1. Spirit Fanfics >
  2. Don't Leave Me >
  3. Escuro

História Don't Leave Me - Escuro


Escrita por: Kodda

Notas do Autor


"Eu sei que você veio de uma terra distante... Mas eu imploro, não me deixe."

Chegay! E no prazo certo, viu? Aproveitem.
Ficaram sabendo da situação no ES? Pois é, eu sou do ES e tá complicado por aqui. Mandem energias positivas!
Boa leitura :3

Curiosidade: eu inspirei a Lexy na Débora Nascimento.
A capa foi uma amiga que fez para mim <3

Capítulo 21 - Escuro


Fanfic / Fanfiction Don't Leave Me - Escuro

A semana passou mais rápido do que eu realmente gostaria. Os preparativos para o Eid al-Fitr, que é a celebração do fim do Ramadã, estavam a todo vapor. Essa celebração inclui a organização de um almoço, o primeiro depois do início do jejum, e é sempre uma refeição muito rica e variada. O Palácio Real organizava um grande banquete para a população e traria pessoas de todo o país, principalmente os menos favorecidos. Fariam uma festa com dança, música e distribuição de brinquedos para as crianças. 

 Zafirah se arrumava no quarto junto comigo. Ela optou por um kaftan azul royal com bordados dourados, enquanto eu vestia o kaftan vermelho que Rajah me deu, juntamente com as joias e o lenço que Zafirah e Faizah compraram para mim.

 — Se eu já não conhecesse a rainha, diria que você é ela. — ela comentou enquanto ajustava um lenço em seus cabelos negros. Estava deslumbrante.

 — Deixe de bobagem. — sorri e recebi uma gargalhada em troca. Zafirah estava muito animada com a festa, todos os dias ela me pedia ajuda para escolher um traje e joias diferentes e contava as horas para chegar o dia. — Você também está linda.

 Ela deu uma voltinha, mostrando seu visual.

 — Sou obrigada a concordar. — disse e nós rimos.

 Ela com certeza foi uma das responsáveis por melhorar o meu humor naqueles dias, juntamente com Faizah. Enquanto Rajah não estava em casa, nós três ficávamos juntas seja para praticarmos árabe ou simplesmente caminhar pelo jardim. Rajah, por sinal, estava melhor depois que desabafou comigo no dia em que fora castigado. No entanto, ainda estava um tanto abatido.

 Nós terminamos de nos arrumar e esperamos por Safa na sala de jantar. Ela apareceu vestindo um kaftan rosa e joias douradas. Não sei se era apenas impressão minha ou ela parecia um tanto... Tensa? Não nos olhou muito e caminhou atrás de nós. Respirei fundo e tentei controlar minha raiva. Decidi deixar para lá, afinal, ela sempre mantinha aquela expressão de poucos amigos.

 — Safa está meio estranha ultimamente. — Zafirah sussurrou para mim. — Ela mal fala comigo.

 Não respondi. Eu sabia bem o porquê, mas não queria criar algum tipo de intriga entre as duas, então resolvi ficar quieta. Se o problema de Safa era comigo, ela poderia pelo menos deixar Zafirah fora disso. Eu, pelo menos, iria fazer a minha parte em deixa-la por fora de nossos problemas.

 Nós descemos as escadas para o pátio externo do Palácio e meus ouvidos se encheram com uma alegre melodia. O lugar estava lotado de pessoas dançando, comendo ou simplesmente conversando umas com as outras. Uma gigantesca mesa ficava em um canto com os mais variados tipos de comidas, e, do lado, um grupo de músicos tocavam a melodia que eu escutei. Mais a frente ficava os tronos onde Rajah e Nádia já se sentavam. Perto deles estavam outros tronos com Sa’id, Faizah e outro homem que deduzi ser Hassan, todos com suas respectivas famílias.

 Caminhamos até eles e fizemos uma reverência antes tomarmos nossos lugares. Antes de eu me sentar ao lado de Zafirah, Rajah olhou para mim e levantou a sobrancelha.

 “Está tudo bem?”, li seus lábios. Sorri e fiz sinal de positivo com a mão. Ele acenou com a cabeça e repetiu o meu ato. Queria levar aquela situação em que passávamos o melhor que eu conseguisse. Estava tentando parecer calma e com tudo sob controle. O que era mentira, mas ninguém precisava saber.

 Olhei para o lado onde Faizah estava. Ela sorriu para mim. Sa’id acenou com a cabeça e não consegui olhar para Hassan, ele estava um pouco mais afastado.

 Havia também crianças brincando na frente deles. Dois meninos.

 — Aqueles são os filhos de Sa’id e Hassan. — Zafirah sussurrou.

 Observei as pessoas. Parecia que todos já estavam satisfeitos e agora a maioria dançavam um tanto engraçado, com movimentos repetidos com os braços e mãos. Uma típica dança árabe.

 — É sério que vamos ficar sentados olhando enquanto as pessoas se divertem? — sussurrei para Zafirah.

 Ela sorriu.

 — Temos que ficar aqui, sim. É uma regra bem estúpida.

 Semicerrei os olhos.

 — Nunca fui fã de seguir regras estúpidas. — peguei na mão dela, que me olhou assustada. — Vamos.

 Puxei-a e a fiz se levantar, arrastando-a até o meio das pessoas. 

 — Alexia, isso é loucura! — ela gritou mais alto que a música e a voz do povo.

 — Só dança! — gargalhei enquanto começava a me movimentar, imitando os passos de alguém do meu lado.

 Olhei para Rajah e Nádia, que riam e balançavam a cabeça. Com o canto do olho percebi que Safa não olhava para nós. Balancei a cabeça, para desviar a atenção dela e senti Zafirah me puxando para perto. Dançamos juntas até que uma música muito familiar começou a tocar.

 Era a mesma que eu dancei na apresentação da escola de dança para Rajah quando o vi pela primeira vez. Imediatamente olhei para ele e sorri, começando a fazer a coreografia que apresentei naquele dia, improvisando na parte que eu pegara a cobra.

 As pessoas se juntaram em minha volta e bateram palmas enquanto eu dançava, me encorajando e apreciando a pequena apresentação. Zafirah olhava para mim maravilhada por entre a multidão.

 Naquele momento, esqueci completamente dos problemas que me assombravam. Não existiam treinamentos militares, Safa, rebeldes... Eras apenas eu e meus movimentos ao som da música. Eu ria, me mexia, dançava e me divertia com várias pessoas ao mesmo tempo.

 Num dado momento, eu e Zafirah paramos um pouco para descansar perto da mesa de comes e bebes. Eu bebia apenas um suco e ela mordiscava algum tipo de pão.

 — Sabe, Rajah não parava de olhar para você dançando. — ela disse entre sorrisos.

 Ri pelo nariz.

 — Jura?

 Zafirah respondeu acenando com a cabeça.  

 — Ele é perdidamente apaixonado por você, está escrito na testa dele. — ela baixou o tom de voz. — Você tem muita sorte.

 Franzi o cenho.

 — De encontrar alguém, quis dizer. — suspirou. — Eu sonho em ter alguém como você tem Rajah. No entanto, fico presa aqui... Sou muito grata ao que Rajah fez por mim e Safa, mas sabe... Às vezes eu me sinto sozinha.

 Fiquei surpresa. Zafirah estava abrindo seu coração para mim.

 — Você não pode... Sei lá, pedir divórcio? — perguntei.

 A morena franziu o lábio.

 — Mulheres divorciadas não são muito bem vistas por aqui... A minha reputação já não era tão boa, imagina se eu me divorciar, por mais que eu queira, mas é complicado. — deu de ombros.

 — Sinto muito. — afaguei seu ombro. Zafirah suspirou e sorriu, se recompondo.

 — Está tudo bem. — ela pegou em minha mão. — Vamos voltar.

 Caminhamos de volta para a multidão e sentamos em nossos lugares. Depois de alguns minutos, ficamos sabendo que Rajah teria que dançar uma música com cada esposa. Ele se levantou de seu lugar e fez uma reverência para nós.

 A primeira foi Zafirah. Os dois dançaram bem alegremente, sorrindo um para o outro. Apesar de tudo, eles eram amigos. Fiquei feliz em perceber o tamanho do respeito e admiração que ela tinha por Rajah.

 Suspirei. Zafirah era tão alegre e carinhosa, eu amava a sinceridade com a qual ela torcia sempre pelo meu bem e sempre tentava me colocar para cima. Porém, era um pouco triste saber que ela não se sentia bem dentro do Palácio. Gostaria que ela fosse feliz e estava disposta a ajuda-la no que fosse necessário. Queria retribuir todo o amor que Zafirah me deu desde que cheguei ao Marrocos.

 Não prestei muita atenção na vez de Safa. Só vi Rajah estender a mão para ela e a levar para o centro do pátio. Essa dança fez lembrar-me do que aconteceria logo depois que todas aquelas pessoas fossem embora. Engoli em seco. Era o momento de encarar aquilo de uma vez.

 Não havia percebido que a música tinha acabado, e quando me dei conta, Rajah estava na minha frente com a mão estendida.

 — Vim cumprimentar a moça mais bela da festa. — ele arqueou uma sobrancelha dando um sorriso sutil. — Me concede essa dança?

  Sorri abertamente, pousando minha mão sobre a dele. Aquelas foram as mesmas palavras que ele usou quando nos conhecemos.

 — Mas eu não sou sua esposa. — eu disse.

 Rajah inclinou a cabeça para um lado.

 — Nada do que nós não possamos resolver.

 Sorri revirando os olhos. Ele me levou até o centro do pátio e segurou minha cintura. A música não era lenta, mas Rajah me conduzia vagamente pelo espaço. Eu não conseguia tirar meus olhos dos seus, suas íris mel estavam grudadas nas minhas.

 — Não é perigoso permitir que tantas pessoas entrem aqui com os rebeldes à espreita?

 — Os guardas estão revistando cada pessoa que entra. Cada canto do Palácio está sendo vigiado, não se preocupe, estamos seguros.

 Assenti. Envolvi meus braços em seu pescoço.

 — Sabe o que isso está me lembrando? — perguntei. — O dia em que nós nos conhecemos.

 Rajah sorriu.

 — Queria que você se lembrasse bem desse dia. — ele envolveu ainda mais os braços na minha cintura. — Eu quero você, malak. Pelo resto da minha vida, quero ter você ao meu lado. Por mais que agora estejamos enfrentando esse problema, nunca vou permitir que nada aconteça a nós, não vou permitir que nada te tire de mim. — ele arqueou uma sobrancelha. — A menos que você queira.

 — Isso não vai acontecer. — ri. — Eu amo você.

 Rajah colou sua testa na minha.

 — Eu amo você. — deu uma pausa. — Seja minha esposa. — pediu.

 Fechei os olhos.

 — Sim. — sussurrei. Era o que eu queria. Ficar com ele e viver o resto da minha vida ao seu lado. Nada importava, eu só desejava Rajah. Apenas.  

 A música terminou e Rajah beijou minha testa.

 — Vou falar com você antes de tudo acontecer. — ele suspirou. — Não quero que pense que eu estou gostando disso... Eu...

 — Está tudo bem. — afaguei seu ombro. — Confio em você.

 Ele assentiu e voltou para seu lugar. Caminhei até a mesa de comida, onde Zafirah e Safa estavam comendo. Não havia pessoas por lá, todos estavam no centro do pátio dançando e brincando. Alguns já estavam indo embora também. Seria um ótimo momento para conversar com Zafirah sobre meu plano de ajuda-la e tentar me distrair do que viria a seguir.

 Aproximei-me das duas e peguei um pedaço de pão. Não pude evitar olhar para Safa, que não me encarava.

 Meu sangue ferveu. Então ela ameaçava Rajah e não conseguia me afrontar? Evitava ao menos olhar para mim desde que tudo começou, sussurrava ofensas ridículas pelas minhas costas e achava que eu permaneceria quieta? Toda a passividade que eu insistia em ter naquele dia se esvaiu por completo. Ela era suja, falsa e egocêntrica. Eu estava no meu limite.

 — Espero que você esteja satisfeita, cobra. — cuspi. Não me importava se ela entenderia ou não, eu já estava cansada de abaixar a minha cabeça para tudo que estava acontecendo.

 Zafirah olhou para mim assustada.

 — O que aconteceu, Alexia? — olhou para Safa. — Safa?

 Foi tudo rápido demais. Antes que eu pudesse explicar a Zafirah o que estava havendo, alguém chegou por trás dela e tampou sua boca com um pano, seus olhos se fecharam. O mesmo aconteceu com Safa.

 Cogitei gritar ou começar a correr, mas senti algo bater forte em minha cabeça e aos poucos tudo ficou escuro.

...


Notas Finais


Postei e saí correndo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...