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História Dont Look Back - What?


Escrita por: EMPIREWILKINSON

Notas do Autor


oi gente!
bom, como eu disse no aviso que eu postei aqui, voltei com a fic!
boa leitura, espero que gostem desse capítulo (é um dos meus favoritos)

Capítulo 12 - What?


Fanfic / Fanfiction Dont Look Back - What?

Suspeita? Assassina? Aquela expressão que eu havia visto nos olhos de Verônica e Candy de repente fazia muito mais sentido. Desconfiança. Mais tarde, naquela mesma noite, eu andava pelo quarto, com meu coração batendo extremamente forte, e com meu estômago roncando já que eu não havia jantado. Pensar em comida me dava vontade de vomitar, por isso não jantei. Suspeita. Assassina.

As palavras eram absurdamente estranhas para mim. Não no sentido de que eu não entendia o que elas significavam, e sim porque não conseguia associar a mim seus significados. As palavras bombardearam todos os meus nervos.

Meu pai realmente achava que era por isso que o investigador Ramirez tinha me feito perguntas? Porque ele achava que eu poderia ter matado a Megan? E minhas amigas pensavam a mesma coisa? Não era possível. Não fazia sentido algum. Era óbvio que eu também tinha saído machucada. Como se já não bastasse o fato de que tudo que me definia, tudo que eu sabia, havia se perdido.  E eu nunca seria capaz de matar uma pessoa, não sabiam disso?

Parei diante do espelho do closet e engoli o nó de medo em minha garganta. Meu reflexo me devolveu o olhar, o rosto pálido em contraste com meus cabelos. Sem maquiagem, eu parecia bem mais jovem que nas fotos. Havia em meus olhos um brilho que eu duvidava que a antiga Natalie exibiria.

- Eu nunca machucaria a Megan – falei, pois precisava ouvir alguém dizendo aquilo, mesmo que fosse eu.

Meu reflexo inclinou a cabeça e abriu um grande sorriso.

- Mentirosa.

Ofegante, cambaleei para trás, e acabei tropeçando. Bati meu quadril na lateral da cama. Senti uma explosão enorme de dor e minha pulsação começou a martelar.

Não havia ninguém no espelho agora.

Tremendo, me levantei. O movimento sacudiu minha cama. Já em mau estado por causa da pancada que Cameron lhe tinha dado, a caixa de música caiu no chão, emitindo duas notas fracas que me fizeram senti calafrios.

Peguei a caixa e a virei de lado. A tampa de uma abertura no fundo havia se soltado quando a coisa tinha caído, e o buraco era grande demais. Parecia vazio, eu o fechei e o coloquei de volta na escrivaninha.

Uma sensação de náusea começou a se formar em meu estômago quando me virei, tirando os longos fios de cabelo de meu rosto. De uma hora para outra, eu sentia que o quarto parecia excessivamente pequeno.

Meu reflexo tinha falado comigo. Era oficialmente uma coisa muito anormal.

Recomecei a andar de um lado para o outro, evitando meu reflexo só para o caso de ele decidir ter outra conversa inesperada comigo. O que tinha acabado de acontecer não podia ter sido uma lembrança, e não havia como explicar o fato de nenhuma outra maneira, a não ser como um bom e velho delírio.

Eu havia me imaginando chamando a mim mesma de mentirosa depois de ter afirmado que não era capaz de machucar uma pessoa. Que sensacional. Sensacional mesmo. Empurrando os cabelos para trás das orelhas, fiz força para inspirar fundo, mas o ar ficou entalado em meu peito. Eu precisava sair do quarto e talvez de casa, por isso disparei para o corredor.

Ao contornar a quina de uma parede, trombei com um corpo duro feito pedra. Desequilibrada, caí por cima dele. Num segundo, reconheci o cheiro dele.

Nash.

Nossos corpos estavam em contato em todos os lugares possíveis. Ou nos lugares certos, dependendo de como eu quisesse ver a coisa. Não que eu achasse que era certo. Decididamente, era errado, principalmente a maneira de como o peito dele parecia incrivelmente musculoso sob o meu, e sua barriga também. O calor disparou por minhas veias.

A mão de Nash se fechou na minha cintura quando ele ergueu de leve a cabeça. Estávamos tão próximos que eu conseguia ver os detalhes expressados em suas pupilas. Tão próximos que eu sentia o cheiro incrivelmente agradável de seu hálito. Meu olhar desceu até os lábios dele, e eu queria tanto, mas tanto saber qual seria a sensação. Provar o beijo dele. Livrar-me de tudo que me prendia à velha Natalie e me perder dentro dele. Engraçado como todas as minhas preocupações com a possibilidade de estar louca de repente desapareceram.

Aqueles lábios se abriram num imenso sorriso torto.

- E aí, Nat...

- Oi – murmurei. – Estava indo me ver?

Ele abriu um imenso sorriso.

- Vim ver o Sam, na verdade, mas...

- Ah. – Eu me senti a maior estúpida de todos os tempos. – Então é melhor você ir.

- É, é melhor. – O olhar dele desceu para a minha boca, e senti meu estômago se apertar. – Mas primeiro você vai ter de sair de cima de mim. Não precisa ter pressa, fica a dica.

Meu rosto estava queimando.

- Tem razão.

- Tenho. – ele murmurou.

Eu ainda não tinha conseguindo me mexer. Podia ser o apocalipse rolando lá fora e eu continuaria bem ali onde estava. Meu corpo juntinho ao do Nash, a mão dele apertando minha cintura.

Tão distraídos com a situação toda, nenhum de nós escutou o meu irmão, até que ele disse:

- Não tenho certeza se quero saber o que vocês estão fazendo.

Nash soltou uma risada, e eu captei o som em todas as minhas células.

- Treinando luta.

- Fala sério – Sam respondeu com secura.

Saí de cima de Nash e fiquei de pé.

- Eu trombei com ele no corredor e o derrubei. – Senti que era necessário explicar. – A gente não estava treinando... Nem nada.

A boca de Sam tremeu, como se ele resistisse à vontade de sorrir.  

- Tudo bem, Nat. Prefiro ver você e o Nash desse jeito aí na frente de todo mundo do que você com o Cameron.

Fiquei de queixo caído.

- Não foi isso...

- Ei! – disse Nash, passando um braço pelos meus ombros. – Temos a permissão do seu irmão.

- Cara, você deve detestar mesmo o Cameron – eu disse, ignorando o farto de que todo o lado esquerdo do meu corpo estava juntinho ao do Nash.

Sam esfregou o queixo.

- É, não gosto dele.

- Por quê?

- Simplesmente não gosto – ele respondeu, aí se virou e voltou para o seu quarto.

Eu me retorci toda para sair de baixo do braço do Nash.

- Bom, vejo você...

- Ei.  – Ele segurou meu braço e me deteve. – Aonde você ia com tanta pressa?

- Eu só ia dar uma volta.

- São quase nove horas.

Dei de ombros, e meu estômago resolveu roncar bem naquele momento.

- Ou arranjar algo para comer. Talvez um pouco de sorvete... Vi um pote de sorvete de chocolate hoje cedo. Não lembro quando foi a última vez que tomei sorvete. – Ri. – Ok, não me lembro de muita coisa, então isso não conta muito. Ontem, descobri que amo hambúrguer sem tomate, picles e bacon.

O sorriso de Nash foi aumentando enquanto eu falava.

- E queijo?

- Não consigo me decidir quanto ao queijo.

Sorri. Alguns dias antes, eu tinha tido um daqueles momentos com o Cameron. Não conseguia parar de falar e ele não havia achado nada divertido.

Nash soltou minha mão.

- Então, voltando ao sorvete... Tem certeza de que viu um pote? – ele perguntou, sorrindo.

- Tenho.

- Quer companhia?

Meu coração ficou todo feliz com a sugestão dele.

- Pensei que estivesse aqui para ver o Sam.

- Ele pode esperar. – Nash me cutucou com o ombro. – Não?

Olhei para ele e resolvi que dividir um pouco de sorvete não era um pecado, e a distração me faria bem.

- Com certeza.

Nash me seguiu escada abaixo. Levei algum tempo para encontrar as tigelas, aí finalmente servi o sorvete. Depois, fomos sentar no bar, de frente um para o outro.

- Cadê os seus pais? – ele perguntou, amassando o sorvete com as costas da colher.

- Não sei onde o meu pai está, mas minha mãe está dormindo. Acho que é só isso que ela faz... Ela sempre foi assim?

Ele ergueu os olhos ao encher a boca.

- Eu não a via muito. Ela, digamos, não gosta de me ver aqui dentro da casa, por isso geralmente tento evitar minhas visitas.

- Por quê? – perguntei.

- Sua mãe não me quer muito aqui na casa por causa do meu pai. – Fazendo uma pausa, ele deu de ombros. – Ela provavelmente pensa que vou roubar alguma coisa de vocês, não sei.

Apertei a colher com muita força.

- Que horror. Seu pai não é diferente do meu. Só têm empregos diferentes, não entendo qual é o grande problema.

Ele fez aquela cara outra vez, a mesma que me fazia sentir como se eu fosse um enigma que ele não conseguisse resolver.

- Sabe o que eu sempre achei engraçado?

- O quê?

- Pelo que o Sam me contou, seu pai era bem parecido com o meu antes de conhecer sua mãe. Não tinha um montão de dinheiro e tal, então eu nunca entendi como foi que ele acabou casando com a sua mãe.

E aí estava um enigma que eu, Natalie, não sabia resolver.

- Nem eu, porque minha mãe é herdeira de...

- Uma fortuna antiga, e essa gente costuma se fechar bastante. Seu pai deve ter feito alguma coisa para que ela ficasse apaixonadinha por ele.

Comecei a sorri ao ouvir aquilo, imaginando meu pai conquistando minha mãe com um milhão de gestos românticos, mas aí pensei em como os dois eram atualmente. Havia mais romantismo entre mim e sei lá, minha escova de cabelos do que entre aqueles dois.

Nash mordeu o sorvete.

- Este é do bom.

Esperei até boa parte do meu sorvete derreter e comecei a mexer a colher, transformando-o em uma espécie de líquido. Nash deu risada, e eu sorri para ele.

- Acho que gosto do sorvete assim.

- É, você fazia isso quando era criança. Deixava sua mãe louca.

Fiquei observando o Nash, e o chocolate escorregou da minha colher.

- Éramos mesmo muito amigos?

Ele fez que sim com a cabeça.

- Sim, fomos... Fomos inseparáveis por um tempo.

Como eu já havia feito milhares de vezes desde que tinha descoberto que Nash era a resposta para a minha pergunta de segurança, tentei nos imaginar fazendo coisas juntos quando pequenos. Infelizmente, como tudo o mais, as lembranças não estavam lá, por mais que eu tentasse. A menos que eu estivesse só tentando me enganar, acho que o que mais me fazia falta era a possibilidade de aquelas lembranças terem existido.

- Você está fazendo aquela cara – ele disse, tirando os fios de cabelo de sua testa. – Não está satisfeita com alguma coisa. A companhia não está boa?

- Não, imagina. – eu o respondi. – É só que... É um saco não me lembrar de nada. Acho que... Eu teria adorado essas lembranças.

Os olhos dele encontraram os meus.

- Mas eu ainda as tenho. Se quiser, posso fazer para você uma seleção dos melhores momentos.

Um sorriso se abriu em meu rosto.

- Eu adoraria.

E foi o que o Nash fez. Repassou os melhores momentos da nossa infância enquanto terminávamos de tomar o sorvete.

Andar de bicicleta, subir em árvores, nadar e construir coisas com galhos: havíamos feito tudo aquilo.

Sam tinha razão: Nash e eu já tínhamos sido mais chegados.

- Sinto muito mesmo por ter sido tão má com você – eu disse mais uma vez. O fato de eu ter sido gentil com a mãe dele, e depois com ele mesmo quando ela morreu, não compensava todo o resto. – Você não merecia aquilo que... Eu me tornei.

Nash abriu a boca, mas voltou a fechá-la. Vários segundos se passaram, aí ele se debruçou, cruzando os braços em cima do bar.

- Vou ser sincero, ok? Quando você se desculpou antes, eu nem liguei. Porque era difícil acreditar que você estava falando sério. Sei disso por... Experiência própria.

Eu me encolhi e, de repente, queria não ter comido tanto. O sorvete embrulhou meu estômago.

- Entendo...

- Não, não entende. – Ele me encarou. – Porque sei que você realmente se sente mal por causa disso. Duas semanas atrás? Não sei, mas agora eu sei que você está arrependida. E isso é importante. Tudo bem? O que passou passou, acabou. Deixe isso para lá.

Vendo e ouvindo a sinceridade em seus olhos e sua voz, senti o aperto no peito diminuir um pouco.

- Obrigada – sussurrei.

Nash balançou afirmativamente a cabeça, e passou-se mais algum tempo sem que abríssemos a boca.

- O investigador da polícia deu um pulo aqui depois da escola. – contei. – Meu pai ficou muito bravo, praticamente chutou o cara para fora.

- Por quê?

Dei de ombros.

- Ele não gostou porque Ramirez me fez perguntas sem que ele ou um advogado estivesse presente. – Ergui os olhos e inspirei fundo. – Meu pai acha que eu sou a principal suspeita para a polícia.

As sobrancelhas dele se juntaram.

- O quê? É sério?

- É, porque fui a última pessoa a ver a Megan.

- Mas ninguém sabe se foi isso mesmo – ele argumentou. – Podia ter mais alguém com vocês. E o que aconteceu com vocês duas pode não ter relação alguma. Pode ter sido uma coincidência estranha.

- É o que eu espero – murmurei. Depois, continuei: - Mas, então, quem você acha que poderia estar com a gente? Quer dizer, se não tiver sido um acidente.

- Está imaginando quem poderia estar com vocês e ia querer machucar a Megan? Ou você? – Ele se recostou, passando a mão pelos cabelos despenteados. – Meu Deus, Nat, é horrível até pensar numa coisa dessas.

- Nem me fale. – Comecei a morder meu polegar, mas descobri que a unha já estava toda roída. – Poderia ter sido eu, pelo que sei.

As sobrancelhas dele foram parar no alto da testa.

- O quê? Você? Não, de jeito nenhum.

- Bom, a velha Nat me parece bem capaz de qualquer coisa e, aparentemente, Megan e eu tínhamos uma amizade bem estranha. Pode ser que a gente tenha brigado e...

- E o quê? Você a matou? – Ele revirou os olhos e riu. – De jeito nenhum. Ok, você não era flor que se cheirasse, mas não machucaria outra pessoa. E isso não explica como foi que você se machucou.

Não explicava e, para variar, a impossibilidade de uma coisa ter acontecido me tranquilizou.

- Beleza. Se tivesse de escolher alguém que quisesse machucar a Megan, quem seria?

Ele desviou os olhos.

- A lista de pessoas que a odiavam é enorme, mas matá-la? Acho que não.

- Nash...

Ele xingou baixinho ao olhar para mim.

- Tudo bem, tem o Nate. Eles tinham um relacionamento de merda. E aí temos pelo menos cem pessoas da escola que provavelmente se imaginaram uma ou duas vezes empurrando a Megan na frente de um carro.

- Que sensacional. – comentei, sendo irônica.

- Escute, você não se lembra dela, Nat. Megan era uma... Vou colocar a coisa de outro jeito: ela tinha pouquíssimos bons momentos. Era terrível com o pessoal que não tinha dinheiro, nem carros de luxo, que não passava o verão num iate, o que é absurdamente ridículo se você pensar bem, porque ela não teria nada se não fosse o pai e a mãe dela. Não só isso, ela era extremamente manipuladora. – Ele se debruçou, apoiando os cotovelos no bar. – Todo mês, ela escolhia uma nova vítima, alguém de quem ela fingiria ser amiga, porque a tal pessoa tinha alguma coisa de que ela precisava. Ela era legal com a pessoa, e o resto da sua turma fazia a mesma coisa, e aí, quando ela conseguia o que queria, Megan humilhava a coitada em público, de um jeito ou de outro.

O aperto voltou, comprimindo meus pulmões.

- Por que você acha que a Megan era desse jeito?

- Não faça ideia, mas ela era... Ela não batia bem. – Ele virou a cabeça e contraiu os músculos da mandíbula.  – Exagerava um pouco na farra de vez em quando... E começava a chorar e surtar sem motivo. Nate costumava dizer que ela era complexada por causa do pai, mas quem vai saber?

Complexada por causa do pai? Lembrei que ela tinha um pai ausente. Aí perguntei algo que provavelmente não deveria ter perguntado.

- Por que eu me comportava dessa maneira?

Ele piscou e arregalou os olhos.

- Meu Deus, Nat, como eu queria saber, mas não sei. Seus pais eram legai com você. O Sam também, e, apesar de você ter mudado quando começou a andar com a Megan, não dá para jogar a culpa toda nela. Você escolheu fazer o que fez.

- Eu sei. – Baixei os olhos. – Megan e eu éramos terríveis juntas, hein?

- Era estranho, como se duas pessoas se juntassem e trouxessem à tona o que havia de pior uma na outra. Se soubessem que alguém tinha um podre, vocês se aproveitavam disso, sempre oportunistas... E havia muita gente com um bocado de motivos para não gostar de vocês. Mas machucá-las? Aí é diferente.

Voltei a sentir vergonha. Dei uma última colherada no sorvete derretido, arrependida por ter tocado no assunto. Nash olhou para mim e riu baixinho.

- Que foi? – eu perguntei, largando a colher na tigela.

- Tem sorvete no seu queixo.

- Tem? – Limpei o queixo. – Saiu?

Balançando a cabeça, ele estendeu a mão por cima do bar e alisou meu lábio inferior com o polegar. Inspirei fundo e prendi o fôlego. O polegar se demorou ali, logo abaixo do canto da boca, mas os outros dedos se espalharam sob meu queixo. Nossos olhos se encontraram e esperei que ele recolhesse a mão, porque, àquela altura, o pingo de sorvete já devia ter sumido, mas ele não a removeu.

Em vez disso, o polegar subiu um pouco, seguindo a linha do meu lábio inferior. Inspirei fundo novamente, mas, como da outra vez, o ar se prendeu em algum lugar. Fui tomada por uma onda de calor.

- Mais sorvete? – disse, engolindo em seco.

Um sorriso torto se espalhou pelos seus lábios.

- Claro.

Parte do meu cérebro simplesmente de desligou. Colocando as mãos na beirada do bar, eu me debrucei e parei de pensar em qualquer outra coisa que não fosse a sensação eletrizante que ele produzia em mim a um simples contato. Eu não sabia bem o que estava fazendo, mas meu corpo tomou a iniciativa. Minha pulsação estava totalmente acelerada, e meu coração foi parar nas nuvens quando a mão dele deslizou até a maçã do meu rosto.

Era errado, mas também parecia incrivelmente certo.

Alguém pigarreou. Pulei para trás e quase caí do banco. Horrorizada, vi minha mãe de pé em minha frente, com um copo cheio de um líquido vermelho numa das mãos.

- É tarde, Nash – ela falou com frieza nos olhos e na voz. – Já está na hora de ir para casa.

Nash disfarçou um sorriso rápido para mim e se levantou.

- Desculpe, senhora Wilkinson, não vi que era tarde.

Ela acenou com a cabeça.

- Vejo você na escola, Nat. – ele disse, olhando para mim.

Meu rosto parecia em chamas quando me levantei. Eu queria levá-lo até a porta, mas ele já tinha sumido atrás de uma quina da parede. Segundos depois, uma porta se abriu e fechou. Eu tinha consumido todo o tempo dele: Nash nem sequer tinha ido ver o Sam.

- O que está fazendo, Natalie?

- Tomando sorvete – respondi depois de inspirar fundo.

- Não se faça de boba.

- Não estou me fazendo de boba. Eu estava tomando sorvete com o Nash, qual é o problema? – Dei as costas para ela e apanhei as tigelas, levando-as até a pia. – Não que...

- Não sei mais se conheço você – ela disse, ao colocar o copo no bar. – Duas semanas atrás, não estaríamos aqui tendo essa conversa.

- Sim, e duas semanas atrás, eu era uma víbora. – Que aparentemente tinha uma escola inteira cheia de inimigos. – Portanto, se o fato de eu ser uma pessoa legal é uma grande decepção, você vai ter que se acostumar.

- Não tem nada a ver com você ser legal.

Ela me seguiu até a pia, derrubando as tigelas que eu levava nas mãos.

- Você vai arruinar sua vida se envolvendo com esse tipo de garoto.

Recuei.

- Mãe, a gente só estava conversando.

- Não foi o que me pareceu. – Ela estava corada, quase a mesma cor de sua blusa de seda. – Garotos como ele...

- Não há nada de errado com o Nash! – Passei por ela, sem vontade de discutir. Não que eu já não tivesse problemas suficientes com ela. – Eu estou cansada...

- Não cometa o mesmo erro que eu – ela disse baixinho.

Arregalei os olhos, espantada.

- O quê? O que quer dizer com isso?

- Não importa. Não vou deixar que você se complique ainda mais, já basta...

- Já basta o quê? – Eu me virei. – Ainda sou uma vergonha para você? Todos os seus amigos estão comentando? Só que agora estão comentando o que aconteceu comigo... Ou com a Megan? Deve ser tão horrível para você.

Ela estreitou os olhos.

- Tem certeza de que não recuperou a memória? Porque isto me parece terrivelmente familiar, Natalie.

- Parece? Ótimo.

Tentei passar por ela, mas ela foi mais rápida e me interrompeu.

- Desculpa, Natalie. Você não tem culpa de nada, não importa o que tenha acontecido ou o que tenha feito, você não tem culpa de nada.

Fiquei absolutamente pasma e minha mãe se virou. Ouvi quando ela parou diante do armário de bebidas e percebi que levou a garrafa. Espantada, saí da cozinha e vi meu pai parado ali.

Ele virou o rosto para o outro lado, de olhos fechados.

- Natalie...

- Ela acha que fui eu? – Minha voz saiu trêmula, rouca. – Ela acha que eu fiz alguma coisa com a Megan?

- Não. – Seus olhos se abriram de repente, arregalando-se. – Não, ela não pensa assim. Só está cansada e toda essa tensão... A afetou, entende? Sua mãe não está... – Ele balançou a cabeça. – Ela não pensa assim.

Legal da parte dele tentar me convencer, mas não acreditei.

- Você acha que fui eu?

- Não, filha, não acho que você teve algo a ver com o que aconteceu – ele falou, tentando sorrir, em vão. – É tarde, suba. Amanhã é outro dia.

Por um instante, só consegui olhar fixamente para ele. O choro foi se formando no fundo da minha garganta e, quando consegui me mexer, passei voando pelo meu pai. Não sabia ao certo do que estava fugindo, mas não importava para onde ia. As palavras da minha mãe ainda me perseguiam.

Eu me sentei na cama e levei as pernas até o peito. Descansando a cabeça sobre os jeolhos, passei a respirar fundo, o que nada ajudou a fazer com que eu me acalmasse. Nash podia ter acreditado que eu não seria capaz de fazer uma coisa daquelas, mas o que eu devia pensar se minha própria mãe achava que sim?  


Notas Finais


e aí? o que acharam desse capítulo? não se esqueçam de comentar o que estão achando!
ah, quem puder, dá uma olhadinha na minha nova fic por favor, aqui o link: https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-magcon-rebel-3842763
ah, eu também queria avisar que vou começar a postar essa fic no wattpad também, desde o ínicio, ok?
até o próximo cap, xoxo


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