História Don't you remember? - Capítulo 9

Os dias se passaram e o aniversário de Sérgio chegou, Raquel e Alicia combinaram um esquema para mantê-lo ocupado o dia todo. A ruiva levaria ele ao shopping com a desculpa de renovar o guarda roupa dele, afinal, como dono de uma empresa, ele deveria estar sempre muito bem arrumado. Enquanto isso, Andrés e Paula cuidariam de organizar a casa, e Marivi e Raquel seriam responsáveis pelas comidas.

- Você pode fazer profiteroles, hija! É o doce preferido de Sérgio. A receita está guardada aqui em algum lugar, me dê um instante e eu vou achar pra você.

Alguns minutos depois, a senhora voltou com um pedaço de papel e entregou para a filha.

[...]

Enquanto Marivi fazia o bolo, que era de morango com chocolate, Raquel estava toda enrolada com o doce. Ela estava muito nervosa em fazer o doce perfeito, pra que Sérgio realmente gostasse, era o mínimo que ela poderia fazer por ele depois de tudo o que ele havia feito e ainda fazia por ela.
O problema era que esse nervosismo estava atrapalhando o andamento da receita, pois Raquel já havia errado três vezes.

Na primeira, ela deixou a massa queimar na panela. Estressada com a situação, acabou queimando o dedo, e aquela cozinha foi testemunha de uma Raquel furiosa xingando tudo e todos.

Na segunda vez, ela errou a quantidade de chocolate amargo, e na hora de provar, viu que o doce estava tudo, menos doce, o gosto amargo prevalecendo mais do que tudo e fazendo com que ela fizesse uma careta horrível. 

Na terceira vez, ela não sabe o que aconteceu, mas o ponto da massa não ficou certo, pois deveria ficar homogênea e acabou ficando molenga. Como ela conseguia fazer isso antes?

Marivi, vendo o desespero da filha, tinha se oferecido pra ajudar, mas Raquel insistiu que queria fazer aquele doce por ela mesma, já que a mãe havia contado que ela sempre costumava fazer para Sérgio, e ele gostava do jeito que ela fazia. Ela queria ser capaz de fazer isso por ele.

Andrés e Paula, que terminavam a decoração do jardim para que ficasse iluminado durante a noite, deram altas risadas do desastre da jovem Murillo, ouvindo os gritos dela da cozinha.


Depois de três tentativas completamente frustradas, Raquel sentia que agora a receita ia fluir, finalmente.

- Eu juro que se não der certo, eu nunca mais faço isso na minha vida, e o Sérgio que lute!

Marivi riu, sabendo que aquilo estava longe de ser verdade. Porque, do mesmo jeito que Sérgio fazia de tudo pela filha dela, ela sabia que Raquel também faria de tudo por ele, mesmo que isso incluísse receitas desastrosas e dedos queimados.

Assim que Raquel terminou os profiteroles, ela sentiu uma dor de cabeça, e se apoiou na bancada da cozinha enquanto flashs invadiam sua cabeça.

- Cariño! Está fazendo profiteroles? - Sérgio perguntou, entrando na cozinha. - Estou sentindo o cheiro lá da sala!

- Não fique mal acostumado, hein? - Raquel perguntou, enquanto fazia a massa.

- Como posso não ficar mal acostumado se estou ganhando meu doce preferido sem nem ser meu aniversário? - ele rebateu, se aproximando da esposa e a abraçando por trás.

- Como você saberia? Você nunca se lembra do seu aniversário, poderia muito bem ser hoje. - ela riu, fazendo ele rir também.

- Verdade. - Sérgio respondeu, dando um beijo no pescoço dela.

- Sei que ultimamente você tem trabalhado muito e está cansado, eu só queria fazer um pequeno agrado. - ela disse, virando-se para ele e dando-lhe um sorriso doce.

- Você já é meu agrado, simplesmente por existir. - ele sorriu de volta, deixando as covinhas aparentes, enquanto acariciava a bochecha dela.

Raquel abriu um grande sorriso e ele, incapaz de resistir, deu um rápido beijo nela. Ela riu, pegando um pouco de massa no dedo e passando na barba dele.

- Você está me distraindo, Sérgio, me deixa cozinhar! - ela disse, fingindo uma raiva que estava longe de sentir realmente.

- Perdão, Sra. Murillo, já estou me retirando.

Ele roubou outro beijo dela antes de sair, deixando uma Raquel sorridente e com o coração quentinho terminando de preparar a receita.

[...]

No shopping, as coisas iam muito melhores do que com Raquel, apesar de tudo. Sérgio não estava tão confiante dessa decisão de comprar roupas novas, mas Alicia insistiu que seria o melhor.

- Sérgio, deixa de ser careta! Essas suas roupinhas já estão fora de moda, você precisa passar crebilidade naquela empresa. Um homem respeitável, poderoso!

- Eu sinceramente não sei qual é o seu problema com as minhas roupas, elas estão em perfeito estado! - Sérgio bufou.

- Eu não disse que não estão em bom estado, eu disse que estão fora de moda! Não vamos jogar nada fora, o que é velho a gente doa. - Alicia disse, revirando os olhos enquanto arrastava ele pelas lojas.

- Mas... - ele tentou rebater, mas foi cortado pela ruiva.

- Além disso, a Raquel sempre adorou esse estilo nos homens. Você sabe, chique, sofisticado, moderno, mas ainda assim com um toque clássico. - ela disse, como quem não quer nada, mas sabendo que dessa forma conseguiria chamar a atenção do homem ao seu lado.

- É, você tem razão. - ele disse, pensativo.

- É claro que estou, e você sabe disso. Afinal, você conhece a Murillo.

Quando Alicia achou uma loja que achou interessante, arrastou Sérgio para dentro. Ela deixou ele sentado num pequeno sofá, e enquanto isso foi buscar algumas peças para ele provar.

- Eu não deveria estar escolhendo as minhas próprias roupas? - disse Sérgio, com uma sobrancelha arqueada, vendo Alicia pegar diversas peças pelos cabides.

- Relaxe, Marquina, eu sei o que eu estou fazendo. - ela respondeu, piscando pra ele.

Alicia voltou com um monte de peças de roupas na mão, empurrando Sérgio para dentro de um dos provadores.

- Tudo isso? Sério?

- Vai logo, Sérgio!

Enquanto Sérgio se trocava, Alicia esperava sentada no mesmo sofá que ele estava antes.
Sérgio entrou e saiu várias vezes, vestido em combinações diferentes, recebendo os comentários e críticas da ruiva.

- Não, muita cor, muita informação, parece um palhaço. - ela riu.

Sérgio revirou os olhos e foi vestir outra coisa.

- Não, muito fechado, parece um padre.

- Alicia!

Depois de um tempo, eles escolheram algumas camisas sociais e paletós de cores diferentes, em tons neutros, ainda no estilo que Sérgio gostava, porém mais modernos.

- Será que a Raquel vai gostar? - Sérgio perguntou enquanto caminhavam para fora da loja com as sacolas na mão.

Ele saiu vestido já em uma das roupas que havia comprado: uma camisa social azul marinho, enrolada até o cotovelo, e uma calça preta. Sérgio não tinha visto necessidade em usar as roupas novas naquele momento, mas Alicia insistiu, dizendo que era bom andar um pouco com elas para testar se eram realmente confortáveis, quando na verdade era só pra ele estar arrumado para o próprio aniversário.

- Olha, eu acho que até vestido num saco de papel a Raquel ainda vai te amar e te achar lindo.

Alicia estava completamente alheia ao efeito que aquelas palavras causaram em Sérgio. Ele corou e seu coração acelerou, imaginando quando Raquel voltaria a ter aquele tipo de pensamento sobre ele. Sérgio agradeceu aos céus por Alicia não ter percebido o que disse, e logo eles entraram em outro assunto.
Os dois estavam tomando um sorvete, indo em direção a saída do shopping, quando Sérgio recebeu uma ligação. Era Raquel, e ele imediatamente atendeu.

- Hola, Raquel! - ele disse, com um sorriso no rosto.

- Hola, Sérgio. - ela respondeu, e Sérgio notou algo diferente na voz dela. - Tem como vir aqui, por favor?

- Raquel, aconteceu alguma coisa? Você está bem? Paula e Marivi estão bem? - ele respondeu, o coração acelerando por um motivo completamente diferente agora: pura preocupação. Só de imaginar algo de ruim acontecendo com alguma delas, ele ficava tonto.

- Calma, está tudo bem. Nós estamos bem. - ela enfatizou, para que ele não se preocupasse à toa. - Mas preciso que você venha aqui. Agora mesmo. Quando você chegar eu te conto.

- Ok, estou indo.

Sérgio avisou Alicia sobre a conversa com Raquel e eles saíram rapidamente do shopping, Alicia fingindo que não sabia sobre o que estava esquecendo. A ruiva achou engraçado que claramente o homem esqueceu do próprio aniversário, pois não duvidava de absolutamente nada, sem sequer saber que estava indo para a própria festa surpresa.

[...] 

Na casa de Raquel, tudo já estava pronto. Todos estavam prontos. O doce tinha ficado bom, para o alívio de Raquel, e ela esperava que fosse do jeito exato que ela costumava fazer pra ele. 

A festa tinha poucos convidados, além de Raquel, Paula, Marivi e Andrés, havia Mônica com Daniel e Cinci e alguns colegas de trabalho de Sérgio, como Ágata, Silene, Aníbal, Mirko, e outros que André afirmou serem os mais próximos do Marquina.

Raquel estava uma pilha de ansiedade agora, esperando que Sérgio gostasse de tudo o que ela e sua família preparam para ele o dia inteiro. Andrés, vendo a apreensão da cunhada, resolveu tentar acalmá-la um pouco.

- Ei, cunhadinha, se acalme, ok? Vai dar tudo certo, Sérgio nem se lembra do próprio aniversário, como sempre. - ele revirou os olhos. - Ele vai amar tudo.

- Gracias, Andrés. É que... não estou acostumada, só isso. - ela respondeu.

- Está tudo bem, fique tranquila. Você realmente se empenhou e fez o seu melhor hoje, os doces ficaram uma delícia!

- Como você sabe? - ela questionou, a sobrancelha arqueada.

- Você se preocupou demais em fazer o doce, e se esqueceu de vigiá-lo. - ele riu.

Raquel revirou os olhos e riu da infantilidade do cunhado.