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História Door Between Two Worlds - Gulliver


Escrita por: HaNi-Raissa

Notas do Autor


Olá!
Demorei, não? Desculpem-me, mas como eu havia dito, minhas aulas da faculdade voltaram, e com elas as provas e etcs da vida... E ainda tem as aulas que eu dou, então fica realmente complicado encontrar tempo para escrever... Mas bem, aí vai ~~ Esse capítulo é mais uma iniciação, então ele é bem monótono XD
Mas espero que vocês gostem ~~

Capítulo 28 - Gulliver


Despertei assim que o sol incidiu diretamente sobre meus olhos. Ainda atordoado pelo sono, pisquei algumas vezes, tentando acostumar-me com a claridade súbita. Bocejei preguiçosamente, e comecei a espreguiçar-me, porém, antes que levantasse os dois braços e os esticasse, percebi o peso extra sobre um deles. Virei-me lentamente, em sua direção, e um sorriso apareceu em minha fronte assim que percebi onde estava. Ao meu lado, DongHae usava meu antebraço como travesseiro enquanto mergulhado em um profundo sono. Outro sorriso serpenteou pelos meus lábios, e encarei seu rosto tão perto do meu. Contemplá-lo ali, adormecido em meus braços após a noite que tivéramos juntos, perto o suficiente para que sua respiração acariciasse meu rosto ternamente, logo pela manhã, era a melhor coisa do mundo.

Em seu sonho, DongHae suspirou, remexendo-se, e se aproximou ainda mais de mim. De forma que ele não acordasse, puxei a ponta da toalha que havíamos usado como colchão durante toda a noite, e cobri seus olhos, para que a claridade não atrapalhasse seus sonhos. Um novo sorriso escapou por entre meus lábios, e durante uns bons minutos, tudo o que fiz foi observá-lo. Cada reação inconsciente, fruto talvez de suas ações em seus sonhos, não escapou de meus olhos, e a cada uma delas, o sorriso em minha fronte se renovava.   

Passei a ponta do dedo de leve pelas suas bochechas ligeiramente rosadas, devido ao calor, e acariciei de leve as maçãs de seu rosto. Um misto de ternura e amor inundou-me o peito, e senti cada parte de meu corpo formigar em resposta. Aquele súbito deleite pela sua presença me fez sorrir, e em um ato impensado, contornei a curva de seu nariz com a ponta dos dedos, e em um impulso, passei direto pela ponta de seu nariz, chegando até seus lábios.

- Como você pôde fazer eu me apaixonar por você tão facilmente? – sussurrei, em tom de confissão, enquanto ainda contornava o desenho de sua boca.

- Do mesmo jeito que você fez eu me apaixonar por você na primeira em que te vi. – ele sorriu, abrindo os olhos. Estremeci levemente pelo susto, mas logo um sorriso apareceu em minha face, em resposta – Mesmo vomitando na minha frente, no primeiro encontro – ele completou, em tom zombeteiro, e seu sorriso alargou, por conta, provavelmente, da recordação constrangedora que passou pela sua mente.

- Fingindo que dormia, e aproveitando para escutar minhas declarações? – tentei mudar de assunto, ligeiramente constrangido pelos atos que eu sequer recordava, e fiz um biquinho, como se estivesse ofendido.

- Declarações pegas sem querer são mais emocionantes, porque não são intencionais – ele sorriu, ajeitando-se em meu braço e aproximou-se de mim lentamente, arrastando-se sobre a coberta. A ponta da toalha, que antes impedia o sol de acordá-lo, escorregou para trás, dando-me o privilégio de poder olhar em seus olhos.

- Tsc. – estalei a língua, dando um pequeno sorriso, e encostei nossos lábios de leve, em um curto selar – Bom dia meu príncipe. – voltei a aproximar meu rosto do dele, dessa vez, encostando meus lábios em sua testa, e, como um menino, ele se encolheu em meus braços. DongHae riu baixo, em um ato de pura felicidade. O som de sua risada, semelhante ao ressoar longínquo de um sino, chegou à minha audição de forma límpida, e não consegui não sorrir. Radiando felicidade por cara poro de seu corpo, ele passou uma de suas mãos por debaixo de minha cintura, envolvendo meu tronco com a outra, em um abraço apertado.

- Bom dia – ele respondeu, suspirando – Dormiu bem?

- Melhor impossível – respondi, acariciando suas bochechas com a ponta dos dedos – E você?

- Sinto-me de igual forma – ele sorriu, suspirou e fechou os olhos, como se quisesse sentir momento apenas em sua própria mente – Sabe que horas são?

- Nem ideia – balancei a cabeça – Mas pela posição do sol, julgo que deve ser mais ou menos umas nove, dez da manhã.

- Para quê relógio, se tenho Lee HyukJae? – ele riu de seu próprio gracejo – Diga-me que não precisamos sair daqui tão cedo – ele mudou o tom de voz, subitamente, fazendo manha.

- Não precisamos sair daqui tão cedo – acariciei novamente seus cabelos.

- É verdade? – ele abriu os olhos e sorriu para mim, de forma esperançosa.

- Infelizmente, não. – ele fez um bico – Muita gente vem para cá, e acho que nos encontrar aqui, nesse estado, não é uma boa alternativa – tentei justificar - Sem falar que preciso tirar os pisca-piscas das árvores. 

- Eu te ajudo com isso. – em um impulso, ele se sentou, prontificando-se, e abriu um grande sorriso em seus lábios – Mas com uma condição.

- Qual? – levantei minhas sobrancelhas, olhando-o nos olhos.

- Você fica aqui comigo até o entardecer – ele olhou para baixo, em minha direção, e virei meu corpo para cima, apoiando a cabeça em ambas as mãos.

- Com “aqui” você quer dizer na margem do rio, com mau hálito matinal, usando uma toalha de picnic como colchão, ou na vila?

- Na vila. – ele sorriu – Quero passar o dia de hoje com você. Acho perfeitamente compreensível, tendo em vista a noite de ontem, e todo o tempo anterior em que você ficou longe de mim. Pode não parecer, mas depois da sua primeira ida à Seoul, você ficou nem mesmo uma semana em Gageodo, antes de retornar para Seoul.

- Quando ponho isso na ponta da caneta, eu vejo o pouco tempo que passou entre o meu retorno e a minha ida, realmente. – concordei, fitando o céu - Porém, quando penso, parece que meses afastam uma coisa da outra – suspirei, sorrindo fraco.

- Acho que despejei muita informação de uma só vez, não? Você acabou assustado com minhas ações... – ele deu um sorriu sem graça, completamente amarelado. Com o semblante culpado, ele abaixou o olhar e começou a girar os dedos no espaço em sua frente, como o chão tornasse-se a coisa mais interessante do mundo, de uma hora para a outra.

- Não – dei um impulso para a frente, também sentando-me sobre a toalha.

Apoiando-me no chão com ambas as mãos, arrastei-me aos poucos, levando a toalha junto de meu movimento. Assim que percebeu a minha aproximação, sua atenção mudou de súbito, do chão para o meu rosto, porém, a culpa não abandonou o seu olhar durante um segundo sequer. Eu sabia que DongHae internamente se culpava pela maioria das coisas que haviam ocorrido no nosso passado, da mesma forma que eu possuía plena certeza de que ele talvez nunca fosse se perdoar por isso, e por mais que eu dissesse ao contrário, ele nunca iria levar as minhas palavras a sério. Elas confortavam-no temporariamente, porém, sua consciência o condenava em tempo integral. Tentando inutilmente tranquiliza-lo, acariciei seu rosto. Um fraco sorriso serpenteou pelos seus lábios, em resposta. Minha mão deslizou pelo tecido que forrava o chão onde estávamos sentados, até encontrar a sua, e entrelacei nossos dedos. Desejava mais do que tudo tirar-lhes seus temores e preocupações, porém, tudo o que eu poderia fazer era permanecer ao seu lado. E era isso que eu faria.  

– Desse jeito foi melhor – continuei - Não há mais nenhum segredo entre nós. Nada mais nos atrapalha, e nos incita a uma separação. Eu o aceito do jeito que é, DongHae, com todas as suas falhas e todas as suas perfeições. Acho que... – seus olhos voltaram a fitar os meus, e intimamente senti meu coração palpitar mais forte ao ver o brilho intensamente presente neles, por conta de minhas palavras - Saber o que aconteceu, mesmo que tenha provocado um pequeno colapso em minha mente, foi o melhor. Tudo o que você fez, Hae, faz parte do passado. Você julga ter ajudado a construir as barreiras em meu coração, mas foi você mesmo que tirou todas elas. Se ao coloca-las lá você ajudou-me a levantar os tijolos, com as mãos nuas e sem qualquer ajuda minha, você levou todos elas ao chão de uma única vez. Vê? – sorri – Você me faz bem, muito mais do que algum dia fez mal, e é isso o que importa.  

- Eu... – ele sorriu, tentando processar cada palavra minha em sua mente – Eu devo ter salvado o país em uma vida passada, para ter alguém como você ao meu lado...

- O país eu não sei – respondi, envolvendo-o pelos ombros, em um abraço – Mas à mim... Com toda certeza.

Com um sorriso no rosto, ele encolheu-se entre meus braços, enquanto eu o abraçava forte. Com a cabeça encostada em meu peito, mantive-o junto à mim, o mais próximo possível. Não demorou muito para que o cheiro inexplicável de sua pele grudasse na minha, e totalmente ébrio por aquele aroma, afundei meu rosto em seus cabelos. Aos poucos, conforme minhas forças acabavam e meus braços começavam a doer, afrouxei o abraço, porém, não me afastei dele um milímetro sequer. Ainda apoiado em meu peito, uma de suas mãos correu pelas minhas costas, até que ela se entrelaçasse em meus cabelos, fazendo-me um carinho. Sorri e lhe acariciei os cabelos em retorno, bagunçando-os ainda mais.

- Está tão ruim assim? – ele perguntou, subitamente.

- O quê? – perguntei, de encontro a seus cabelos, sentindo-os acariciarem meu queixo e a lateral de meu rosto.

- Meu hálito... Está tão ruim assim?

- Mas...? – sorri, tentando entender sobre o que ele falava.

- Você perguntou se iríamos ficar aqui, com mau hálito matinal – ele sorriu, afastando-se o suficiente para que pudéssemos nos olhar nos olhos – Está tão ruim assim?

Sem conseguir conter-me, dei uma sonora gargalhada com a sua pergunta. Ele olhou-me torto, em resposta, colocando um leve bico nos lábios. Porém, mesmo assim, não consegui segurar as risadas escandalosas e consecutivas, que faziam meu corpo inteiro sacudir-se em conjunto. Coloquei as costas da mão na boca, tentando abafar o som de minha risada, mas minha ação surtiu de longe o efeito desejado. DongHae deu-me um leve tapa em resposta, tentando parecer ofendido. Aos poucos fui tentando me controlar, respirando fundo vezes sem conta. DongHae continuou a olhar-me de soslaio, mesmo após meu surto ter passado, fingindo-se de bravo, e tive de controlar-me para que um novo ataque de risos não tomasse conta de meu ser. Assim que me encontrei um pouco mais calmo, voltei a acariciar seus cabelos, como se pedisse perdão silenciosamente.

- Se esse fosse o efeito colateral de acordar ao seu lado– sorri, beijando-lhe a testa mais uma vez – não me importaria de senti-lo ou tê-lo pelo resto da minha vida. 

~*~*~*~

- Cuidado, Hae! – adverti-o, olhando para baixo, por entre os galhos. Ele não esboçou reação alguma, mesmo com minhas advertências. Com calma, como se não estivesse escutado minha voz, continuou a repetir os mesmos movimentos repetitivos enquanto abaixado no chão – Hae, vai para o lado – falei mais alto, quase gritando. Ele levantou a cabeça, finalmente percebendo que eu falava com ele, e procurou-me por entre os galhos – Vou acabar te acertando – adverti-o.

Ainda sem conseguir me encontrar, colocou a mão em concha sobre os olhos, para tampar a luz do sol que incidia diretamente em seus olhos, em uma tentativa frustrada de conseguir visualizar-me em meio à confusão de galhos e folhas em que eu havia me metido.

- Ah, desculpe-me, Hyuk. Acabei me distraindo – ele sorriu, fechando um dos olhos por conta da claridade – Só um momento.

Ele voltou a ajoelhar-se no chão, e recolheu com os braços vários metros de pisca-pisca, enrolando-se neles para tirá-los do caminho. Ele deu alguns passos para o canto, na direção de outra árvore próxima, e não consegui evitar uma gargalhada assim que ele tropeçou em um fio solto, quase indo ao chão embolado nas pequenas lâmpadas.

- Cuidado, DongHae – gritei, entre risos, apoiando-me em um grosso tronco de árvore, e colocando as mãos em concha na boca, para que minha voz tivesse um alcance maior – Pisca-piscas é uma coisa muito perigosa.

- Engraçadinho – ele gritou, e continuei a rir – Cuidado pra não se acidentar na árvore – ele mostrou a língua na minha direção, como uma criança, e voltou a sentar-se no chão, com os pisca-piscas no colo. Tentei mais uma vez ver o que ele tanto fazia com aquele monte de fios na mão, fazendo movimentos repetitivos, mas devido à altura, nada consegui enxergar. A única coisa que podia perceber nitidamente era que ele não tinha apenas pisca-piscas nas mãos. Havia algo mais.

- O que é isso? – gritei, porém, fui ignorado – Hae, o que é isso? – tornei a gritar, mas mais uma vez não obtive respostas vindas dele.

Apressei-me em desenroscar os últimos metros de pisca-piscas que rodeavam os galhos da árvore em que subira, muito mais rapidamente do que havia colocando-os, e agradeci por esse fato. Tomando cuidado para pisar apenas nos galhos mais grossos, para não correr o risco de provocar um acidente, desconectei a tomada do mesmo, deixando-o cair de vez ao chão. Com extrema atenção, testando a força de cada galho antes de pôr todo meu peso sobre ele, desci cada metro de planta na qual eu havia anteriormente subido. Faltando pouco para chegar ao final de minha descida, pulei para o chão, e caí tranquilamente ajoelhado sobre a grama, aparando a queda com as mãos. Bati uma na outra, para tirar qualquer indício de sujeira proveniente do solo, e apressei-me a levantar e a correr para o lado de DongHae.

- O que está fazendo? – perguntei, assim que cheguei às suas costas.

- Guardando recordações – ele respondeu, sem parar o que estava fazendo.

- Recordações? – tornei a perguntar, sem entender, e dei a volta nele, para poder ver o que ele realmente fazia, em efetivo.

Não consegui conter o sorriso que apareceu em meus lábios assim que percebi o que ele fazia. Sentado no chão, com uma tesoura na mão, DongHae cortava cada estrelinha de origami presa aos pisca-piscas, e colocava-as em um pote transparente, grande o suficiente para caber todas elas.

- Você sabe que não precisa fazer isso, não é? – continuei a falar, abaixando-me à sua frente.

- Não é questão de ser preciso ou não. – respondeu, colocando mais uma estrelinha dentro do pote – é questão de prolongar o mais bonito presente que recebi em minha vida, guardando-o da melhor forma possível – ele sorriu, e tive que resistir ao ímpeto de abraça-lo mais uma vez, pela milésima vez ao dia.

Após prolongados minutos perdidos em meio a beijos e abraços, depois de acordarmos, juntamos nossa bagunça provocada pela noite anterior, com o piquenique, e fomos para a casa de DongHae. Sem qualquer indício de pressa, nos atos de ambas as partes, tomamos um prolongado banho juntos, e um farto café-da-manhã. Não satisfeita em apenas ajudar a proporcionar-nos a melhor noite de nossas vidas, com sua maravilhosa culinária, ShinAh havia acordado cedo naquele dia e havia preparado uma mesa de café-da-manhã completa. Como resultado de seus mimos, passamos boa parte da manhã em meio aos quitutes de ShinAh, e em nosso afeto mútuo.

Pouco depois das onze horas da manhã, quando me senti mais disposto, caminhei até o limite da vila, atravessei Stonehenge de volta, e assim que consegui um sinal satisfatório para meu celular, liguei para Henry, dando a desculpa de que havia chegado passando mal, por conta do vai e vem do barco, e por isso não havia passado na estalagem para vê-lo. Preocupado, ele perguntou se precisava de ajuda, ou de algum remédio extra, pois poderia perfeitamente levar-me assim que passasse o horário de almoço, quando a estalagem ficasse mais vazia. Apressei-me em responder que não, que estava tudo bem, já, e que provavelmente passaria a tarde escrevendo. Um pouco contrariado, ele aceitou minhas desculpas, e mandou-me ir à estalagem assim que tivesse tempo. O medo de que ele resolvesse ir até a minha casa de uma hora para a outra me assolou, mas tentei manter a calma enquanto falava no telefone, para que minha voz insegura não me traísse. Agradeci-lhe a preocupação, despedi-me, e voltei à vila.

Encontrei DongHae esperando-me, arrumado, e voltamos ao lugar do dia anterior, para recolher o restante de minha bagunça. Enquanto eu subia nas árvores e desenrolava os pisca-piscas presos aos galhos, ele recolhia-os no chão, e colocava-os nas mesmas caixas na qual vieram. Em meio ao trabalho, ele avisou-me que iria para casa, buscar algo, e concordei, mesmo não sabendo do que ele falava. Ele retornou em poucos minutos, com uma caixa na mão, e começou a recolher as estrelas de origami, ato que só fui saber posteriormente, quando finalmente desci das árvores para ver o que ele tanto fazia.  

- Irá recolher cada uma das 1584 estrelas? – perguntei, rindo e sentando-me à sua frente.

- Sim. E espero que nenhuma se perca. Eu ficaria muito chateado caso isso acontecesse. – ele fez um biquinho, cortando o fio de mais um origami, e colocou-o dentro do pote.

- Mas isso é lixo, DongHae... Um monte de papel amassado... – tentei argumentar, pegando uma das estrelinhas que haviam amassado por conta da queda, porém, antes que eu pudesse sequer pensar em fazer algo, ele arrancou-a de minha mão e colocou uma expressão ofendida no rosto.

- Lixo? Como assim sua declaração e pedido de namoro é um lixo, HyukJae? – ele fez beicinho – Nunca! – cruzou os braços, com a tesoura ainda na mão – Não me importa que esteja amassada, ou mesmo desfeita ou rasgada. Cada estrelinha dessas, cada uma das 1584, são pequenas provas de que a noite de ontem não foi um mero sonho –me olhou torto, ligeiramente chateado – Vou guarda-las para sempre – concluiu, mais uma vez pondo um pequeno bico nos lábios, e tive que esforçar-me para não sorrir com sua atitude adorável. Eu queria saber até onde ele iria com aquele discurso sentimental sobre as estrelas de origami.

- Então você realmente está disposto a guardar cada uma das 1584? – perguntei, aproximando-me dele, e envolvendo seu pescoço com meus braços.

- Cada uma – ele afirmou – E ainda digo mais... – seus olhos encontraram os meus, e mais uma vez me senti preso no poder de seu contato visual. Inesperadamente, senti seu cheiro tomar conta de meu olfato, que junto com o brilho de seu olhar, tirava-me aos poucos de minha razão.

Se havia algo que nunca consegui entender em DongHae, mesmo depois de tantas explicações, era seu cheiro. Ele era constante, e invariavelmente inebriante. Cada centímetro de sua pele possuía aquele delicioso aroma, porém, eram nos momentos mais críticos e importantes que ele se fazia presente, de forma contundente.

- Enquanto eu tiver essas 1584 estrelas juntas, HyukJae, nesse pote... – ele continuou, em um sussurro – Meu amor por você será inabalável.

Naquele momento, um vento frio passou por nós, e instantaneamente um calafrio percorreu o meu corpo. Seu cheiro chegou ainda mais forte ao meu olfato, e não resisti ao impulso de abraça-lo, jogando-me em cima dele. Envolvendo-o pelo pescoço, agarrei-me à ele com todas as minhas forças, como se a qualquer momento ele pudesse se desfazer em areia, e escorrer por entre meus dedos. Momentaneamente, senti uma dor no peito, e um vazio em minha alma. Por segundos, tive a impressão de que ele iria sumir por entre meus braços, como fumaça, e que o vento o arrastaria para longe de mim, deixando-me só. Permaneci abraçado à ele daquele jeito, até que aquela má impressão fortemente deixada em mim passasse, quando eu estivesse um pouco mais seguro de meus atos. Novamente um vento frio passou por nós, e senti os pelos de minha nuca se arrepiar.

- Então tudo o que tenho que fazer – murmurei junto de sua orelha, após respirar profundamente – é preservar essas estrelas com toda a força que tenho.

~*~*~*~

Sem entender o motivo de minha estranha reação, DongHae deu alguns leves tapas em minhas costas, até que eu me sentisse seguro o suficiente para soltá-lo. Com um sorriso sem graça, afastei-me dele após alguns minutos, e voltei a subir nas árvores, com a desculpa de que queria terminar logo aquela arrumação. Concordando compreensivamente, sem perguntar o motivo daquela minha atitude, voltou a cortar os fios de nylon das pequenas estrelas de origami e a guarda-las no pote, enquanto eu desenrolava cada metro de pisca-pisca de cada galho.

Como havíamos tomado café da manhã relativamente tarde, nosso almoço ocorreu por volta das duas da tarde, após colocarmos juntos as últimas estrelas de origami dentro do pote. Como se adivinhasse que havíamos concluído nosso trabalho, ShinAh apareceu por entre as árvores, com um sorriso no rosto, dando-nos bom dia e nos avisando que a refeição que ela havia preparado especialmente para nós estava finalmente pronta. Feliz como eu nunca o havia visto antes, DongHae andou com seu pote cheio de estrelas coloridas nos braços até ShinAh, e deu um beijo em seu rosto, antes de abraça-la, como faria se tivesse uma irmã. Foi a minha vez de cumprimenta-la assim que ele a soltou, e murmurei um ligeiro “obrigado” antes de liberá-la de meu abraço, na qual ela respondeu com um simples piscar de um dos olhos, rapidamente.

Caminhamos então para a casa de ShinAh, e acabamos por sentar os três na mesa. Durante a refeição, DongHae fez questão de reproduzir cada uma de minhas palavras para ela, contando como havia sido a noite anterior, fazendo sábios cortes, quando era devido. Estranhamente, não me senti constrangido ao ouvir minhas palavras por sua boca. Elas claramente soavam-me piegas, porém, eu não me importava. Talvez, se fosse outrem quem as escutava, e não ShinAh, eu teria me sentido estranho.

Após contar e reproduzir com detalhes meu pedido de namoro, ShinAh deu palmadinhas em minhas costas, como se aprovasse meu feito, e estendeu a mão para DongHae, para que ele pousasse a mão dele sobre a sua, e assim pudesse ver a aliança que ostentava no dedo. ShinAh parabenizou-nos, e me mandou pelo menos uma dúzia de vezes cuidar direito de DongHae. Aquiesci a todas elas, dizendo que faria o melhor que podia, e logo nosso assunto mudou de direção.

Passamos boa parte da tarde entre risos e brincadeiras. Minha preocupação anteriormente latente, por conta de Henry, esvaiu-se em meio à nossa conversa, e só fui lembrar-me dela bem mais tarde. Pouco antes das cinco da tarde, terminamos o pedaço de bolo que ShinAh havia nos servido, e despedimo-nos dela.  De mãos dadas, seguimos os poucos metros que nos separava da casa de DongHae, aproveitando que as ruas estavam completamente vazias.

Assim que chegamos à sua casa, DongHae abriu a porta com estrondo, e seguiu direto para a sala, como um furacão, sequer parando para deixar os sapatos sujos de lama na entrada. Observei-o por segundos repousar o pote com as estrelas de origami em cima da mesa de centro, com cuidado extremo, e sorrindo de sua atitude, tranquei a porta da frente antes de me adiantar até ele, já jogado no sofá da sala. Retirei meus sapatos pelo caminho, jogando-os em um canto qualquer, e ajoelhei-me na frente do sofá, ao seu lado.

- Cansado? – perguntei, aproximando-me e apoiando-me no sofá.

- Sim... – ele suspirou, virando-se em minha direção, e acariciou meu rosto levemente com uma de suas mãos – Um pouco.

- Deixa que eu ajudar você a descansar – sorri, apoiando-me no sofá para levantar-me – Só não fica mal acostumado depois.

- Difícil não me acostumar, quando você me mima demais, às vezes... – Ele sorriu, virando-se novamente de barriga para cima, e voltei a abaixar-me, mas dessa vez, aos seus pés, apoiados no braço do sofá.

Com calma, desamarrei o cadarço de seu allstar, afrouxei cada entrelaçar, um por um, e retirei seu tênis por fim, livrando-o do provável incômodo oferecido pelo calçado. Retirei o outro no mesmo ritmo, com o máximo de paciência possível, e repousei-os juntos no canto do sofá. Com um sorriso nos lábios, observou-me entrelaçar meus dedos e esticar meus braços ao alongar-me, forçando cada nó tensionado a estalar. Respirei fundo, abaixando as mãos na direção de seus pés, e lentamente comecei a massageá-los.

DongHae abafou alguns risinhos, enquanto meus dedos percorriam a sola de seus pés, ainda de meias, e tratei de ignorar suas cócegas esporádicas, concentrando-me no que fazia. Assim que terminei, retirei suas meias, colocando-as junto de seus sapatos, e engatinhei novamente para o seu lado, beijando-lhe brevemente os lábios.

- Melhor?

- Sim – ele sorriu, balançando a cabeça afirmativamente, enquanto voltava a acariciar meu rosto com a ponta de seus dedos – E volto a dizer que você irá me deixar mal acostumado.

- Só um pouco. – balancei a cabeça – Deixa a fase inicial, onde parecemos dois adolescentes apaixonados, passar tranquilamente. Quero ver quando já estivermos acostumados com essa situação. Você irá pedir mimos, e eu irei pedir meu suco de maçã, sentado no sofá e assistindo televisão.

- Cara de pau – ele encostou de leve a palma da mão em meu rosto, simulando um tapa, e ri de sua atitude. Aproximei-me dele, planejando dar-lhe mais um breve selar, porém, antes que nossos lábios se encostassem, toques na madeira ressoaram pela sala, interrompendo-nos, e voltei a afastar-me, em reflexo. Alguém batia à porta.

- Está esperando alguém? – perguntei, e minhas sobrancelhas juntaram-se em questionamento assim que ele balançou a cabeça negativamente – ShinAh, então?

- Talvez... – ele murmurou, sentando-se e levantando-se do sofá – Mas acabamos de nos ver... Será que ela esqueceu algo que tinha a dizer?

- Não sei – dei de ombros – Não tem nenhuma ideia de quem pode ser?

- Pode ser a ShinHye... Mas quando ela vem me ver, ela não apenas bate na porta, mas como também fica gritando “oppa”... Só se... – seu rosto tornou-se lívido, como se uma suspeita nada agradável o tomasse de repente – Fique aqui – ele falou baixo – espero que não seja quem eu estou pensando... Mas se for, você precisará se esconder.

- Esconder-me? Por que eu iria...

- Shhh – ele sibilou, interrompendo-me, e colocando seu dedo indicador em meus lábios, em um pedido de silêncio.

- Apenas me escute – ele pediu, e aquiesci. As batidas na porta voltaram a soar consecutivamente, e ele pediu-me silenciosamente com o olhar que me mantivesse em silêncio.

Acenei afirmativamente com a cabeça, e ele mordeu os lábios antes de seguir na direção da porta de entrada. Em segundos, o barulho do trinco sendo retirado ressoou pela casa, e vi quando ele passou a corrente para limitar a visão de quem fosse que estivesse do lado de fora.

- DongHae? – uma voz grossa e ligeiramente familiar chegou aos meus ouvidos – Não irá abrir?

- Desculpe... pe-me – DongHae tentou manter o tom de voz calmo, como se falasse casualmente, mas acabou por titubear no final. Ele respirou fundo antes de continuar, como se tentasse juntar sua coragem ao máximo possível – Eu não esperava visitas há essa hora, senhor. Aguarde um momento, por favor, que acabo de sair do banho, e ainda preciso colocar uma roupa...

- Não demore – a voz respondeu em tom levemente ríspido, e DongHae voltou a passar o trinco antes de correr em minha direção, com os olhos arregalados.

- O que foi? – perguntei, assim que ele se aproximou o suficiente para que conseguisse ouvir meu murmurar – Quem é?

- O Ijang – ele simplesmente respondeu, e durante décimos de segundos, pude ver a centelha do medo passar pelo brilho de seus olhos.

~*~*~*~

- O Ijang? – perguntei assustado, elevando o tom de minha voz, sendo logo repreendido por ele, que começou a bater o dedo em seus lábios em sinal de silêncio – Agora? – falei mais baixo, e ele aquiesceu – O que ele quer?

- Eu não sei – ele deu de ombros – Mas ele não pode te ver aqui – ele começou a empurrar-me para trás, na direção da escada que dava para o seu quarto – Você não tem a permissão dele para vir aqui. Pode ser preso, se ele assim quiser.

- Posso ser preso por visita-lo? – perguntei, dando alguns passos para trás, até alcançar o primeiro degrau da escada em caracol.

- Sim! – seus olhos mais uma vez passaram a refletir um leve temor – Apenas ele pode decidir se a visita é permitida ou não, por lei. E você não tem a permissão.

- Acha que alguém contou sobre nós?

- Não... – ele balançou a cabeça, sussurrando – Caso contrário ele já teria ido até você, ou mesmo teria feito uma denuncia à prefeitura de Gageodo. Não, não acho que ele saiba.

- Então o que ele está fazendo aqui? – subi alguns degraus, de costas, e ele começou a bagunçar o cabelo, para que realmente parecesse recém-saído do banho.

- É comum ele fazer visitar periódicas – murmurou – Embora faça um bom tempo desde a última vez em que ele veio. Eu já devia imaginar que isso poderia acontecer... Mas isso não importa agora. Sobe, por favor, e fica até lá até ele ter ido embora. Ele não pode te ver, e não posso deixa-lo muito tempo esperando...

- Certo – voltei a descer os degraus, roubando-lhe um beijo – Mas irei escutar a conversa toda de vocês.

- Que seja – ele murmurou, empurrando-me de volta para trás, e subi as escadas observando-lhe correr de um lado para o outro, para esconder a televisão e o videogame que naturalmente não deveriam estar lá.

Assim que cheguei ao topo das escadas, olhei para baixo, e vi-o correr na direção do banheiro, saindo de lá com o cabelo ligeiramente molhado em seguida. Ele parou para mexer as mãos, em sinal que era para eu continuar, e subi o restante dos degraus, adentrando o quarto assim que o barulho da tranca novamente ecoou pelas paredes.

- Você demorou – ouvi barulhos de passos adentrarem a casa, e recuei alguns passos, deitando-me no chão, para que pudesse ouvir melhor o que iriam conversar.

- Eu tive de deixar o banho no meio – DongHae respondeu, dessa vez, com o máximo de confiança na voz – Não esperava visitas à essa hora, realmente – pude imaginá-lo dando de ombros, e um sorriso passou pelo meu rosto ao sinal do leve pensamento de que eu poderia imaginar seus gestos conforme suas palavras eram ditas – Tanto que terminei de almoçar na casa de ShinAh, cheguei em casa e fui direto para o banho. Ah! – ele exclamou, como se lembrasse de algo subitamente – Sente-se. Sinta-se a vontade.

- Certo... – o homem respondeu. Aquela voz me parecia extremamente familiar, porém, o rosto de seu dono fugia de minha mente. Era uma pessoa conhecida minha, isso era certo... Porém, não me parecia muito próxima. Caso contrário, já teria ligado aquela voz à um rosto – O que é isso? Anda fazendo origamis?

- Ah... Sim. – o DongHae em minha mente pareceu sorrir nervoso – Para passar o tempo.

- Uma boa saída, eu diria. Melhor do que ficar seguindo pessoas por aí – sua voz, de certa forma, me pareceu rude. Pareceu-me o tom de voz usado por alguém que sabia mais do que devia.

- Como...? – o tom de voz de DongHae pareceu inquieto, e senti meu coração pesar por ele.

- Você sabe do que eu estou falando, DongHae. Não se faça de tolo. O que Lee HyukJae é para você? – senti-me estremecer ao ouvir meu nome.

- Lee... HyukJae? – DongHae gaguejou ligeiramente, e foi o suficiente para que o Ijang retomasse as rédeas da conservação.

- Sim, ele. Você sabe muito bem o que acontece quando se passa muito tempo dentro dos limites da vila desse lado, DongHae, não tente me enganar, ou fazer-me de tolo. Você já deve ter ouvido sobre isso alguma vez. Ou talvez não, visto que você é relativamente novo por aqui.

- Do que você está falando? – sua voz soou ligeiramente atordoada.

- Você sabe que algumas pessoas... Do mundo de lá, se assim você quiser chamar, pode perceber vocês do mundo de cá, mesmo em local não sagrado, não é?

- Ah... Isso? – pude sentir alívio impresso em cada uma de suas palavras – Sim, já ouvi. Os chamados médiuns.

- Exatamente. E sinto lhe informar, que eu faço parte desse grupo seleto de pessoas. E graças aos dias em que passei por aqui, meus sentidos tornaram-se ainda mais aguçados.

- Por que sentiria ao me dizer isso, senhor? – DongHae lutava para que sua voz não ficasse trêmula.

- Porque quase todas as vezes que Lee HyukJae entra na minha estalagem, DongHae, mesmo de longe, posso ver que você está ao lado dele, acompanhando-o a cada passo. Então agora me diga. Quem é Lee HyukJae para você?

Senti meu estômago embrulhar assim que ouvi suas palavras. Como se tudo fizesse sentido de um momento para o outro, desde as atitudes estranhas para comigo, até os movimentos de esquiva, tudo se tornou óbvio aos meus olhos. Era o pai de Henry. Durante todo aquele tempo, o Ijang havia sido o pai de Henry.

- Hyu... HyukJae? – DongHae gaguejou, e foi a deixa para que o pai de Henry continuasse com suas acusações.

- Sim. Não todas às vezes, claro. Mas vejo-o muitas vezes atrás dele. É alguém que você conheceu? Alguém que pertence ao seu passado? Ou pertencia? – enquanto ele interrogava-o, DongHae não falava nada. Em minha mente, pude imaginar o olhar assustado que ele dedicava em sua direção, tentando inutilmente esconder os pensamentos que passavam pela sua cabeça – Ou então alguém que ainda...?

- Não! – DongHae quase gritou, interrompendo-o, e pelo barulho, pude imaginar que ele havia se levantado do sofá rapidamente.

- Sente-se! – o pai de Henry elevou a voz – Não é como se eu estivesse acusando-o de algo. Fiz apenas uma pergunta. Não é preciso ficar tão nervoso...

- Desculpe-me – sua voz pareceu amansar, e provavelmente ele voltou a sentar-se.

- Você o conhece? – o Sr. Lau voltou a perguntar-lhe, dessa vez com calma, e ouvi um suspiro da parte de DongHae.

- Sim... – ele respondeu – Lee HyukJae faz parte do meu passado. Eu o conheci quando vivo.

- Entendo... – ele parecia tentar esforçar-se para parecer compreensivo – Vocês eram muito próximos?

- Não muito – pude imaginá-lo balançando a cabeça, enquanto falava – Conheci-o pouco antes do acidente. Não tivemos tempo de nos tornar amigos, mas eu já o considerava enormemente, naquela altura do campeonato.

- É por isso que você o segue?

- Bem... Isso e porque... – ele respirou fundo, como se procurasse as palavras certas para falar – eu sou um fã. HyukJae é escritor, acho que você deve saber disso, já que ele e seu filho são bem amigos. Ele usa o pseudônimo de EunHyuk. E bem... eu sou um fã.

- Um fã? – ele parecia incrédulo – Ouvi dizer que ele sequer escreve bem, e que vive chorando pelos cantos sua falta de aptidão para a escrita. – minhas mãos fecharam imediatamente, em punho, e tive de engolir meu orgulho, para que eu não estragasse nada, ao descer as escadas como um furacão atrás de satisfações.

- Está errado – DongHae defendeu-me, e um sorriso apareceu em meu rosto – Ele é muito melhor do que muito escritor famoso que você encontra por aí. HyukJae só precisa... De mais confiança. Ele será um grande escritor, ainda. Eu sei que será.

- Então é isso que você faz atrás dele? Tenta motivá-lo?

- Vamos dizer que sim – DongHae contornou a situação, e senti-me intimamente aliviado – E seu filho faz o mesmo, creio eu. Não irá demorar muito para que o pseudônimo dele estampe as vidrarias das melhores livrarias do país.

- Acho essa atitude de... er... fã – ele exaltou a palavra – muito benéfica. Porém, DongHae, sabe as regras. Você não pode ficar muito obcecado por ele. Isso só fará seu estado evolutivo regredir. Sabe disso.

- Perfeitamente.

- Tenha isso em mente. – sua voz soou firme, como um aviso, e um leve farfalhar denunciou que um deles havia se levantado do sofá – Importa-se de me acompanhar até a porta?

- Não, claro que não. – outro farfalhar, e imaginei que DongHae levantava-se também – por favor.

O som de passos ressoou pelo chão da cozinha, até que o barulho do trinco sendo puxado voltou a ecoar pela casa. Aliviado, suspirei e levantei-me do chão. Assim que a porta batesse, eu já poderia voltar para baixo, eu esperava. Nenhum imprevisto mais iria acometer-nos.

- Ah, DongHae! – a voz do Ijang soou longe, e encolhi-me para perto da escada, para poder ouvir suas palavras – Espero que não tenha passado pela sua cabeça sugestiona-lo a vir para a vila. Sabe que isso é contra as regras, e apenas com a minha aprovação isso será possível. E bem, isso não irá acontecer. – seu tom era de ameaça. Senti um arrepio correr pela minha espinha, e balancei a cabeça para espantar a estranha sensação que me acometeu – Tenha isso em mente. E sim, isso é um aviso.

DongHae nada disse. O barulho da porta sendo batida, sendo seguida pelo som do passar do trinco, tranquilizou-me. Com calma, levantei-me do chão e desci os degraus um por um, como se para ter certeza que ele havia realmente ido. Ao terminar de descer as escadas, constatei que DongHae não havia voltado para a sala. Sem pensar duas vezes, direcionei-me para a cozinha, à sua procura, e encontrei-o encostado na porta, como se assim pudesse manter todo o resto longe de nós, para fora de casa. Apressei-me em sua direção, parando apenas para dar uma pequena espiada pela janela e constatar que o pai de Henry já havia se afastado o suficiente para não conseguir ver-me andando dentro de casa.

Como se meu olhar tivesse o chamado, ele olhou para trás, em minha direção, e apressei-me a sair da janela, escondendo-me ao lado do batente. Por segundos, a incerteza de que ele havia me visto, ou não, corroeu-me a alma. Esperei algum tempo, o suficiente para que eu me acalmasse, e, respirando fundo, voltei a olhar pela janela. Ele já não estava mais lá. Provavelmente já estava visitando outro morador da vila. Ele não havia me visto, concluí. Mas foi por pouco. Não muito longe de mim, DongHae fungou, e voltei à realidade. Apressei-me em sua direção, abandonando a janela, e abracei-o com força, afastando-o da porta. Em poucos segundos, senti a humidade de suas lágrimas em minha camisa, e apertei-o ainda mais forte em meus braços.

- Ele sabe, Hyuk... – ele murmurou, entre soluços – Eu não sei como, mas ele sabe.

- Isso é ruim? – perguntei, acariciando seus cabelos, ainda não entendendo completamente a importância que tinha aquilo. DongHae apenas voltou a fungar, e senti seus braços apertarem-se em minha cintura – Responda-me, Hae! Isso é muito ruim?

- Se... Se... Se... – ele gaguejou, e apertei-o ainda mais em meus braços – Se ele quiser... – ele respirou fundo – Ele pode impedir sua entrada.

- Ele não pode vigiar todo o perímetro desse lugar, DongHae. E muito menos pode vigiar Stonehenge 24 horas. Ele saber ou não sobre nós, não mudará nada, não é?

- Você não entendeu... – ele voltou a respirar fundo – Não é sua entrada na vila que ele pode impedir... É sua entrada em Gageodo. Se ele quiser... Você nunca mais coloca os pés nessa ilha.


Notas Finais


E aí, gostaram? Quem já sabia quem era o Ijang? XD O que será de EunHae? ~~mistério~~
As pessoas que gostam das minhas fics, gostaria que você respondessem isso, pra eu planejar direito minhas próximas fics: https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dDhma0RBSC1LSmFXVzdzM2gwV2FfOUE6MQ
Respondam, por favor <3
Até mais o/ Próxima att é Blood Lines ^^


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