História Dose Tripla - Caos e um pouco de drama.

Hyunjin estava inquieto no banco da frente, fazia pouco que haviam largado Changbin na casa dele, afinal ambos tinham que pegar suas coisas.

Iriam sumir por um longo tempo.

-O que foi?- Felix questionou, percebendo a aflição do mais novo.

A verdade é que Hyunjin estava inquieto desde a noite passada, parecia muito mais preocupado do que em qualquer momento anterior, quase como se a realidade finalmente estivesse atingido-o.

Mas, mal sabia Felix que o que tanto apavorava Hyunjin não era toda a ideia de que aquele plano podia acabar dando merda.

Hyunjin estava com medo de encontrar seu pai em casa.

Depois de pedir demissão no mercadinho e conversar muito com o senhor Hong, pensou que tinha sua mentira sobre uma boa oportunidade de estudos na ponta da língua.

Mas, aquele homem simplesmente lhe apavorava.

Quando Hyunjin se referia à ter passado pelo inferno em terra, era muito literal. Como se não bastasse as crianças -Que logo cresceram e viraram belos filhos da puta- lhe batendo na escola e debochando dele por ter bem menos condições, apanhar do pai por qualquer motivo era muito pra uma criança que não sabia o por que de tanto ódio.

Hyunjin não entendia porque o mundo era tão cruel, não entendia porque as pessoas tinham tanta raiva.

Não entendia porque aquilo acontecia justo com ele.

Mas, a verdade é inegável o ser humano é cruel e maldoso por natureza.

-Quer que eu entre com você?- Felix questionou, finalmente percebendo que o mais alto tremia sobre o banco.

-Não... Eu não acho uma boa ideia, só me espera.- Hyunjin pediu sério. Felix era baixinho, e não parecia mais forte que o Hwang, então tinha medo que ele se machucasse caso seu pai tivesse uma reação ruim.

Felix assentiu, vendo o Hwang sair do carro e entrar naquela casa que mais parecia algo saído de Strangers from Hell.

Hyunjin entrou e foi tão rápido ao ir para o seu quarto que sequer viu se realmente tinha alguém em casa, apenas pegou sua mochila velha e encheu com o máximo de roupas que conseguia.

Se abaixou, enfiando o braço na fresta que havia entre o roupeiro e a parede e puxou dali um saquinho de papel, onde deixava um dinheiro reserva guardado. Aquilo não era muito, mas, poderia ser útil em algum momento.

Enfiou ele no bolsinho lateral da mochila e tratou de procurar outra, uma mais velha que usava apenas para emergencias, e também encheu-a de roupas e toalhas.

-O que você pensa que 'tá fazendo, moleque?

Hyunjin sentiu o corpo congelar ao ouvir aquela voz, e não se virou imediatamente, apenas tratou de continuar colocando suas coisas ali dentro. Colocou uma das mochilas no ombro e pegou a outra com a mão.

-Responde a porra da pergunta, garoto!- Seu pai deu um soco na porta, os olhos fixos no menino.

-Estou indo embora.- Disse, tentando não parecer um menininho assustado.

-Embora?- O Hwang mais velho riu. Hyunjin conseguia sentir o cheiro de alcool dali. -Você nem tem pra onde ir. Quem no mundo ia querer um merda como você?

-Por favor, só me deixa passar.- Hyunjin caminhou em direção à porta, mas foi empurrado.

-Você não vai à lugar algum, garoto.- O homem disse sério. -Você me deve a porra da sua vida.

-Ei, velho.- O homem se virou, vendo um rapaz baixo que definitivamente não conhecia. -Deixa ele passar.

-Ahhh!- O outro começou a rir. -Então quer dizer que você além de ser um bosta, é viadinho? Você é uma vergonha pro nome Hwang.

-É sério, eu não quero brig...- Hyunjin ia dizer, mas teve que se mover rápido para não ser atingido por um tapa.

-Você devia ter morrido, não a sua mãe, Hyunjin.- O homem disse com nojo.

Foi ai que o sangue de Felix ferveu, e em passos rápidos foi até ele, empurrando-o contra o armário e pressionando a 38 que antes estava em seu bolso contra a garganta daquele verme.

-Escuta aqui, seu merdinha.- Destravou o revolver, falando baixo o suficiente para soar ameaçador. -Hyunjin vai embora comigo, e se contar pra qualquer um o que aconteceu aqui, eu vou voltar com gente bem pior que eu, entendeu?

O homem fez que sim, os olhos arregalados e a expressão surpresa eram muito satisfatórias.

-Vamos embora, Hyunjin.- Felix disse sério e o outro assentiu, pegando suas coisas e caminhando para fora do quarto. -Me espera no carro.

Hyunjin concordou, embora tivesse um pouco de medo do que o Lee estava fazendo. Não tinha visto Felix tão sério quanto estava agora.

-Vai me matar, é?- O homem riu com escarnio, embora ainda tivesse uma arma contra seu pescoço.

-Não vou sujar minha mão com um lixo feito você.- Felix disse, o tom claro de nojo e o olhar de desprezo já falavam mais do que ele precisava. -Esqueça que o Hyunjin existiu, se procurar ele, ou falar sobre ele, eu venho atrás de você, e vou quebrar cada porra de dedo que você tem.

Felix não sabia de onde tinha saído aquela raiva toda, mas, ver aquele cara tratando Hyunjin daquele jeito fez seu sangue ferver e um ódio irracional surgir.

Quando deixou aquela casa, o Hwang aguardava pacientemente no carro, os olhinhos marejados por ter escutado todas aquelas merdas.

Ele não merecia ouvir aquilo. Ninguém merecia.

-Ei, Jinnie, 'tá tudo bem agora.- Sorriu, tocando suavemente a mão do mais alto.

Temia que Hyunjin tivesse ficado com medo dele por conta daquela explosão toda, mas, o Hwang apenas segurou sua mão.

-Obrigado, Lix.- Sorriu minimamente. -Obrigado.

-Eu vou cuidar de você.

[ . . . ]

Changbin começava a se questionar pequeno realmente era um bom plano, não esperava ter que lidar com Seungmin.

Tudo bem, sabia que tinha sido bundão ao terminar com o menino por medo de quê ele acabasse envolvido nos negócios de seu padrasto.

Mas era muito novo quando isso aconteceu, não tinha maturidade para lidar com aquilo de outra forma.

Guardava com tanta força tudo que havia vivido ao lado de Seungmin, e jurou que deixaria aqueles sentimentos escondidos ao máximo, mas, agora estava literalmente de malas feitas para passar alguns bons meses no mesmo lugar que ele.

Tinha medo de que tudo o que fez para se livrar daqueles sentimentos pudesse voltar à tona.

Não que tivesse se livrado, afinal, guardava uma foto do Kim na carteira, como uma lembrança falha de que tinha motivos para viver.

Ouviu a buzina e olhou para a janela, vendo o carro de Felix do outro lado da rua.

Não podia desistir, até porque aquela ideia toda tinha sido sua, ou seja... Seriam longos dois meses.