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História Dr. Stone: O Mundo de Pedra - Eleven


Escrita por: CahValdez

Notas do Autor


Um dia antes do esperado, pq eu tô ansiosa pra enviar todos os capítulos prontos :p

É nóis que voa, mulecada

Capítulo 13 - Eleven


Fanfic / Fanfiction Dr. Stone: O Mundo de Pedra - Eleven

No dia seguinte, todos nos colocamos de pé juntos em cima do monte de Hakone. Eu estava ao lado de Senku, com Bob adormecido em meu pescoço, enquanto Taiju conversava com Yuzuriha e lhe contava todas as "aventuras" que vivemos juntos desde a despetrificação.

— Então, deixa eu te fazer um resumo de tudo o que aconteceu antes de você despertar! - dizia Taiju. - Milhares de anos depois que a humanidade foi transformada em pedra, apenas Senku, Shimizu e eu revivemos.

— Hããã?! Vocês conseguiram criar Água da Ressurreição á partir do nada?! - perguntou Yuzuriha, estupefata. Soltei uma risadinha.

— Não fui eu! Foi tudo graças áo Senku e Shimizu-chan!

— Nah, por mais que eu não goste muito de admitir, foi esse idiota quem fez a maior parte do trabalho! - apontei para Senku enquanto revirava os olhos. Ele apenas se limitou á dar um sorriso de lado.

— Com aquela água, nós pudemos reviver... - Taiju fez uma pausa dramática ( desnecessária ). - "O Primata Mais Forte Do Ensino Médio", Shishio Tsukasa! Depois de um tempo, descobrimos que ele e Shimizu-chan já se conheciam desde crianças! - assenti, em concordância. - Mas aí, o Tsukasa começou á quebrar e matar as pessoas que ainda estavam petrificadas! Por isso, nós precisamos enfrentá-lo e pará-lo!!

Fechei os punhos. Apesar da raiva que sentia, lá no fundo, eu sabia que jamais seria capaz de machucar Shishio de verdade. Quando a hora de enfrentá-lo finalmente chegasse, eu teria que pensar em uma maneira de pará-lo sem que isso envolvesse Taiju, Yuzuriha ou Senku em perigo.

Senku soltou uma risada.

— Não é por isso que viemos para cá? - perguntou ele, enquanto depositava alguns carvões amarrados em cordas no chão. - Já reunimos três ingredientes necessários para fazer pólvora! Tudo o que resta é prepará-la!

Então ele começou á retirar e separar os ingredientes com um sorriso animado no rosto. Ele parecia uma criança em um parque de diversões. O pensamento fez uma gota crescer na minha testa.

Se bem que...ele ficava fofo assim. Idiota, estúpido e engraçado, mas fofo também.

— Ingrediente número 1! O vasto enxofre desta fonte termal! Ingrediente número 2! Carvão! Podemos apenas queimar madeira e vamos conseguí-lo facilmente. - Yuzuriha ia o ajudando, enquanto Taiju e eu apenas observávamos. Taiju estava prestes á fritar o próprio cérebro, tentando acompanhar aquela explicação, enquanto eu estava entediada. - Ingrediente número 3! O último e mais difícil: Salitre! Preparar isso leva um tempo, então… - ele retirou um saco com o ingrediente de sei lá onde e o esticou para vermos, dando uma piscadela. -…eu já deixei este aqui pronto! Faz tempo!

— WHOOOOOOAA?!?! - gritou Taiju. Ele estava pensando tanto, que suor frio já começava á se acumular em sua testa. Será que eu deveria me preocupar...? - Esse Sal não sei o que...onde eu já vi isso antes...?

Então ele deu um pulo, com os olhos esbugalhados.

— NO ÁCIDO! NA ÁGUA MILAGROSA! VOCÊ CONSEGUIU NA CAVERNA?!

— Incrivelmente, você está certo dessa vez, Grandalhão. 100 bilhões de pontos pra você!

— Parabéns, Taiju! Você agora é o novo "Einstein"! - dei uma batidinha em seu ombro.

— Quem é Einstein? - perguntou ele, me fazendo cair para trás e uma gargalhada sonora se espalhou por todos do grupo.

— 75% de Salitre...10% de enxofre e 15% de carvão. Este é o equilíbrio correto! - disse Senku enquanto mexia na mistura dos ingredientes. - Isso é tudo, mas por favor, não tentem fazer isso em casa!

“Pra quem ele tá' falando isso...?” pensei.

— O último passo é... - ele pegou um pedaço de madeira do chão e a ergueu acima da cabeça. -…acertá-la com força!

De repente, Taiju surgiu ao nosso lado com uma pedra maior que o seu próprio corpo.

— ACERTAR?! DEIXA ISSO COMIGO!!!

Yuzuriha e eu o interceptamos no caminho.

— Você tem merda na cabeça, seu imbecil?!?! Quer explodir junto com todos nós?! - dei um soco na cabeça dele.

— Hã?! - perguntou confuso. Dei um tapa na minha testa.

— Ela quis dizer que...se você acertá-la com toda a sua força, a pólvora pode se incendiar! - dizia Yuzuriha, tão desesperada quanto eu.

— Na verdade...não é possível criar uma faísca colidindo duas pedras ao mesmo tempo. - explicou Senku. O olhei confusa. Ele apenas me deu um sorriso de lado que, apesar de muito bonito, era cheio de deboche. - Achei que fosse mais inteligente, Castanha!

Uma veia saltou da minha testa, mas eu mal podia esperar para provar o quanto ele estava errado.

— Pense melhor meu querido Senku... - eu disse, dando um sorriso irônico. - Onde nós pegamos o Enxofre?

— Nas termas, ué! Mas você devia saber que não podemos usar qualquer pedrinha velha para fazer centelha. É necessário ter algum metal no mei... - ele se alto interrompeu, arregalando os olhos. Meu sorriso aumentou. Enxofre era encontrado em lugares que haviam vulcões. Em vulcões, existiam o famoso metal chamado "pirita de ferro". - E além disso...uma... força absurda!! Taiju, espe...!!!!!

Mas antes que ele pudesse fazer algo, Taiju já havia chocado a pedra na pólvora com uma força tremenda. Nós quatro nos aproximamos, apenas para ver uma centelha surgir no meio da pólvora.

— É melhor vocês se abaixarem!!! - antes que me desse conta, já havia puxado Senku para o chão comigo. Taiju havia ido para o outro lado e caído em cima de Yuzuriha, e então, a explosão aconteceu.

Não foi tão grande ao ponto de destruir o chão em que pisávamos, mas foi forte o suficiente para eu sentir o oxigênio abandonar os meus pulmões e fazer meus cabelos voarem. A fumaça causada pelo impacto da explosão foi tamanha que fiquei sem enxergar nada por alguns segundos, além de que nós não parávamos de tossir.

Vi Taiju e Yuzuriha se levantarem calmamente.

— Vocês estão bem? - perguntei, eles apenas assentiram enquanto, por algum motivo, prendiam o riso.

— Estaria melhor se você saísse de cima de mim!! - olhei para baixo e me deparei com Senku deitado de barriga para cima e com uma cara de irritado. Quando caímos no chão, eu havia me deitado por cima de seu corpo, e assim que me levantei para olhar Taiju e Yuzuriha, acabei por me sentar em cima de seu tronco. A cena me fez corar um pouco, porém, ao ver a cara irritada que ele fazia, dei um sorriso maldoso. - Sai de cima de mim!!

— Hmmmm... - fingi pensar. - Não.

— O QUE?! - disse ele.

— Diz aí, Senku-kun...quem é a "Porteira de Maquete" mesmo? - perguntei, com um sorriso cheio de deboche. O mesmo sorriso que ele me lançava, e que me irritava profundamente.

— NÃO É HORA PRA ISSO! SAI LOGO DAÍ!! - ele começava á ficar...vermelho????

Antes que percebesse, caí deitada ao lado dele enquanto me mijava de rir. Taiju e Yuzuriha estavam da mesma forma.

— Você…você tinha que ver a sua cara!!!!! - disse enquanto me contorcia no chão. Ele se levantou irritado e bateu nas próprias roupas, limpando a poeira.

Quando a nossa euforia repentina e o ataque de risos cessou, voltamos nosso olhar para a nuvem de fumaça preta que se estendia pelo céu. Senku deu um sorriso de lado.

— Hehe, isso não foi nada. Nossa "culinária de pólvora" foi um sucesso! - disse ele.

— É, e ela é realmente poderosa! - disse Yuzuriha.

Por um momento, a imagem de Shishio todo esfolado por ter levado uma explosão na cara me veio á mente com ele dizendo "Eu perdi...certo, vou parar de quebrar estátuas". O pensamento me fez ter uma onda de risos de novo.

— Há muito tempo atrás, sempre em que um aluno errava um experimento, não tinham muitas chances de partes do corpo saírem voando, não é? - perguntou Senku, fazendo Taiju e Yuzuriha suarem frio. - Essa é uma arma com todo esse potencial.

— Com ela, nós vamos...enfrentar o Tsukasa? - perguntou Yuzuriha, fazendo um arrepio subir pela minha espinha.

— Não. - respondeu Senku. Então ele olhou diretamente para mim e deu um sorriso suave. - Vamos fazer uma troca.

Então, de repente, entendi perfeitamente o que ele queria com tudo isso, e senti o alívio inundar meu peito.

— Tsukasa não é uma máquina de matar irracional. Ele mesmo não nos disse isso quando nos enfrentou no acampamento? - perguntou ele, e as palavras de Shishio invadiram minha mente como um tsunami.

“Não há qualquer tipo de troca acontecendo.”

— O que significa que, inversamente, nessa guerra, não há espaço para negociações. Com uma arma á base de pólvora, nós podemos dominá-lo. - respondi, seguindo o raciocínio do esverdeado.

Nos olhamos nos olhos no mesmo instante, e eu soube que pensávamos a mesma coisa. O suor desceu por minha têmpora.

“No entanto, se por acaso as negociações com Shishio não derem certo...” desviei o olhar para as minhas mãos, que estavam tremendo. Apenas pensar nisso já me causava uma onda de enjôo e repulsa. "…nessa hora...vamos ter que matá-lo.".

Fechei os punhos. A raiva subia á minha cabeça, mas eu não sabia dizer se era por causa de Shishio, ou por mim mesma.

Eu jamais teria coragem de fazer algo assim, e duvido muito que Senku tenha também.

Porém, não importa a circunstância, eu não deixaria Shishio se aproximar de nenhum deles. Mesmo que não o mate, nada me impede de bater de frente com ele.

Enquanto o sangue correr por minhas veias, não vou deixar que nada de mal aconteça aos meus novos amigos.

[…]

Agora, eu estava em um canto perto de uma das termas com uma vasilha de barro. Yuzuriha e eu enchíamos todas para tentar apagar a fumaça que havíamos causado com a pólvora sem querer. E tínhamos que fazer isso rápido.

Até porquê, nós basicamente havíamos entregado nossa localização de bandeija para Tsukasa.

Porém, assim que voltei meu olhar para a paisagem adiante, vi algo que me fez largar o jarro na água de uma vez. Arregalei meus olhos.

— Ei, Senku!! - chamei, ele se virou imediatamente. - OLHA!

Apontei para o sinal de fumaça á alguns metros adiante. Estava bem no meio da grande floresta que nos cercava, e como estávamos no topo do monte, tínhamos a visão perfeita do lugar inteiro. Diferente do nosso sinal, que foi causado por uma fumaça negra, este que eu havia visto era de uma fumaça clara, como as de uma fogueira.

— Um sinal...! - exclamou ele. Assim como todos, ele estava tão surpreso quanto.

— É o Tsukasa!! - disse Yuzuriha.

— Não. - respondi rapidamente. - Isso vêm da direção oposta.

— E mais importante: Tsukasa não nos daria sua posição. - continuou Senku, caminhando até se posicionar do meu lado.

— Então o que é?! Um incêndio?! - perguntou Taiju, dramático, como sempre.

— Isso não pode ser coincidência… - eu disse, me virando para Senku e o fitando no fundo dos olhos. Ele era inteligente, sabia que estava pensando a mesma coisa. - Só pode ter sido uma resposta á fumaça!

— Então… - disse Yuzuriha.

— Sim. Isso significa que... - disse Senku.

— Não estamos sozinhos! - exclamei, não tirando o olhar do sinal que cada vez se tornava mais forte.

— Neste mundo petrificado, existem mais pessoas além de nós! - disse Senku. A afobação dele era tamanha que o suor já escorria por sua testa.

— Do ponto de vista deles, será que não pensaram que a explosão foi um vulcão? - murmurei para mim mesma, mas Senku pareceu ouvir.

— É, eu também pensei o mesmo. - ele disse baixo. - Se não acendermos outro sinal...

— Mas se o Shishio nos ver...vai correr direto pra cá... - um arrepio tomou meu corpo inteiro.

— Eu não sei se vou me arrepender disso, Shimizu, mas essa minha intuição ilógica está me dizendo o que fazer... - disse ele, se virando de frente para mim. - …só não tenho certeza se o certo é seguí-la. Se acendermos o sinal, Tsukasa virá atrás de nós. Se não acendermos, perderemos a chance de nos comunicar com outras pessoas que vivem nesse mundo de pedra.

Respirei fundo. Aquela era uma decisão complicada.

— Temos que escolher... segurança...ou futuro! - continuou ele.

— Estamos entre a cruz e a espada... - suspirei. Apertei o cabo da lança que carregava nas costas. - Siga sua intuição, Senku. Se Tsukasa vier atrás de nós…bom, não vejo outra escolha se não fugir daqui o mais rápido possível. - respondi, colocando a mão sobre o ombro dele. Senti seu corpo tensionar ainda mais. - Acenda outro sinal!

Ele me olhou nos olhos. Vermelho e castanho se misturaram.

— O que fazemos, Senku?! Shimizu-chan?! - perguntou Taiju.

E sem desviar o olhar de mim, Senku deu seu veredito final:

— Acenda!! Acenda outro sinal!!

[…]

— VAMOS FICAR SEM PÓLVORA! CONTINUEM JOGANDO QUALQUER COISA QUE QUEIME!! - gritava Senku, jogando todos os carvões que tínhamos na grande fogueira que se formava. Assim que havia dado sua ordem, todos nos pusemos á reacender a pólvora.

— AGUENTEM FIRME! VAMOS PEGAR MADEIRA!! - disse Taiju, com Yuzuriha em seu encalço. Mas o que acendeu meus instintos foi o momento em que os vi se separarem para irem em direções diferentes da floresta.

— YUZURIHA!! -chamei, ela se virou rapidamente para mim. - EU VOU COM VOCÊ!!

— O-O QUE?! M-MAS...

— NÃO! LEMBRE-SE DO QUE EU TE DISSE! ELE VAI FAZER DE TUDO PARA NOS ATACAR! - respondi, já caminhando rapidamente até ela. - Não vou te deixar sozinha! Nem por um instante!

Yuzu pensou em relutar, mas ao ver a determinação em meus olhos, pareceu mudar de ideia. Por fim, ela deu um sorriso aconchegante e me arrastou para junto dela.

— Sim! Confio em você, Shimi-chan! - disse ela. Apenas sorri de volta.

Me virei para trás. Senku nos observava com um sorriso.

— Deixo o resto contigo, Alho Poró! A gente já volta!

— Claro! - disse ele. Ia me virar para ir com ela, mas antes acabei ouvindo uma última coisa dele. - Tomem cuidado.

Dei um sorriso zoeiro.

— "Cuidado" é o meu nome do meio!

Então saímos correndo montanha abaixo, para a direção contrária da que Taiju tinha ido.

[…]

Estávamos pegando galhos e qualquer madeira que víssemos pela frente de forma rápida e eficaz. Não podíamos demorar tanto, assim como não podíamos deixar Senku sozinho por muito tempo. Sabia que o real alvo de Tsukasa, desde o início, era o Senku, e eu temia até que ponto ele podesse chegar.

Já estávamos pegando as últimas madeiras, quando ouvi um galho atrás de nós se quebrar. De forma sutil, realizei um movimento que me fez largar as madeiras que carregava no chão e arrastar Yuzuriha para atrás de mim. No segundo seguinte, peguei minha lança nas costas e apontei para Tsukasa. Ele estava com uma faca de pedra em riste. Yuzuriha estaria sendo feita de refém naquele momento se eu não a tivesse puxado pra trás.

O saudei com um sorriso de lado.

— Bom dia, Shishio! O dia está lindo hoje, não?

Ele deu um sorriso suave em resposta, mas eu sabia que estava escondendo toda a sua frustração por não ter conseguido realizar o plano.

— Bom dia, Shimizu-chan. Devo dizer que você está mais inteligente do que nunca. - disse ele. - Sabia que eu viria, não é?

Dei de ombros.

— Se eu sabia ou não, isso não importa mais. Você está aqui, não está? - devolvi a pergunta. - E planejava pegar minha amiga para fazê-la de refém. Isso não se faz! É muito feio!

— Você sabe bem que eu não tenho escolha. Não estou fazendo isso apenas por fazer, para tudo tem um motivo. - explicou, balançando a faca na mão.

Engoli em seco.

— Yuziriha. - chamei. - Você precisa correr.

— Não! - respondeu de prontidão, me surpreendendo. - Não vou te deixar sozinha, Shimizu-chan! Não sou uma princesa indefesa! - ela veio e se posicionou ao meu lado. - Me deixe ficar do seu lado! Essa luta também é minha!

Ela falou com tanta convicção, que não tive forças para revidar. Porém, aquilo não deixava de ser extremamente perigoso. Ela não tinha habilidades de luta ou de qualquer arma. Estava em desvantagem.

— Que cena bonita... - disse Tsukasa. - Você seguiu bem o meu aviso, não foi, Shimi-chan? Está realmente a protegendo como a estátua de um bebê. - ele fez uma posição de luta. - Me perdoem, vocês duas, mas eu não deixarei que Senku conclua seus planos com a pólvora!

Dei o sorriso mais debochado que consegui.

— Calma aí, Zé Polvinho! Não esquenta a muringa não! - eu disse, posicionando a lança em minhas mãos. - O que você não sabe, é que ele já concluiu os objetivos dele! Faz tempo! Você chegou um pouco atrasado!

— Isso é um motivo á mais para que eu acabe com isso de uma vez por todas! - dito isto, ele avançou.

Foi direto em Yuzuriha. Como previsto.

Ele não queria me machucar. Apesar de tudo, tínhamos um passado juntos. Já fomos amigos. Ele não conseguiria me considerar uma inimiga. Pelo menos, não por enquanto.

Rapidamente, peguei o pulso de Yuzuriha e a joguei atrás de mim, aparando o golpe de Tsukasa com a minha lança. A força imposta no golpe foi tanta que arrastou meus pés alguns centímetros no chão de terra.

Nossos olhares ferozes se encontraram. Minha raiva era tamanha que meus olhos faíscavam.

— Você não tá entendendo muito bem, né? - perguntei, rangendo os dentes. - Não vou deixar você pegar Yuzuriha. Não vou deixar que chegue perto do Senku!

Ele pegou a faca de volta e deu um salto para trás, se distanciando de mim.

— Yuzu-chan! Por favor, vá embora! - pedi.

— Não posso te deixar aqui, Shimizu-chan!!

— Você só vai correr perigo se ficar aqui! Vai acabar com os planos do Senku! Por favor...CORRE DE UMA VEZ! - gritei, indo pra cima do meu alvo novamente. Nossas armas se chocaram de novo, nossos olhos não tinham outra direção que não nós mesmos. A ferocidade dos nossos golpes era tão voraz que chegava á ser palpável. Um mero passo em falso, e eu sabia que poderia perder para ele facilmente.

Estava tão concentrada na luta, que não reparei que Yuzuriha apenas tinha se levantado do chão e se escondido em uma das árvores da floresta. Eu não reparei, mas nada disso escapou dos olhos perspicazes de Tsukasa.

— Shimizu, eu não quero lutar com você!!! - gritou ele, a lâmina de pedra afiada passou á centímetros do meu rosto.

— Eu também não queria! - revidei o golpe, mas ele se esquivou dando um salto de lado. - Mas você acha mesmo que eu vou ficar parada que nem uma plantação de capim enquanto vejo meus amigos em perigo?! Fala sério! Passamos a maior parte da infância juntos! Eu achava que te conhecia, mas você mudou! O QUE CARALHOS ACONTECEU COM VOCÊ, TSU-KUN?!

Vi seu olhar vacilar por um mísero instante, mas isso sumiu tão logo quanto apareceu. Ele tentou me dar uma rasteira, mas eu pulei no último segundo, conseguindo acertar um chute de esquerda em seu rosto enquanto ainda estava no ar, o deixando temporariamente desnorteado. Assim que pousei no chão, dei um mortal para trás, me afastando uns bons metros dele.

Nossas respirações estavam ofegantes, mas ambos não estávamos nem perto do nosso limite. Eu não havia treinado três artes marciais diferentes para nada, e ele era considerado o adolescente mais forte do ensino médio. Naquele momento, não éramos mais Shishio Tsukasa e Shimizu Yamibush. Éramos dois monstros, lutando para ver qual de nossos ideais era mais forte.

— Eu não mudei, Shimizu. Eu sempre fui assim, mas você só está vendo pela primeira vez. - respondeu ele.

A resposta me deixou tão surpresa, que não fui capaz de desviar rápido o bastante de sua próxima investida. Ele acabou me acertando um chute no estômago, me lançando na direção de uma das árvores. Bati as costas no tronco, mas não me atrevi á gritar. Demonstrar que estava sentindo dor só o faria ter certeza de que estava com vantagem.

Me recuperei rapidamente e voltei para a frente dele.

— É, eu não te reconheço mais. - á essa altura, algumas lágrimas já rolavam pelo meu rosto. Isso era novidade: Shimizu Yamibush chorando na frente de alguém. - Nessa era, nosso passado não importa! Eu te agradeço por tudo o que você fez por mim, mas não posso simplesmente fazer parte desse seu plano genocida e muito menos deixar que ele aconteça! Você sabe muito bem o por quê de eu querer ser cantora, Tsukasa! Eu não quero matar ninguém, não quero ver ninguém morrer! EU QUERO QUE AS PESSOAS POSSAM SE SENTIR FELIZES!! - gritei á plenos pulmões, deixando Tsukasa surpreso e parado no lugar. Ele parecia processar as minhas palavras, e por um descuido, acabei vendo seus olhos, tão castanhos quanto os meus, ficarem um pouco úmidos.

Porém, me recuperei rapidamente. Limpei as lágrimas e peguei na lança com mais força.

— Eu já havia prometido isso á mim mesma antes de você aparecer, mas agora vou dizer em alto e bom som... - eu disse enquanto avançava pra cima dele outra vez. Aquele seria meu último golpe. - ENQUANTO O SANGUE CORRER EM MINHAS VEIAS, NÃO VOU DEIXAR QUE VOCÊ CHEGUE PERTO DO SENKU! NEM DA YUZURIHA, E NEM DO TAIJU!

Assim que forcei a lança para o lado esquerdo de sua cabeça, ele pareceu despertar do "transe" e desviou com dificuldade. No segundo seguinte, senti um impacto forte do lado direito do meu pescoço. Meu corpo perdeu os movimentos e a dor se alastrou por ele, me fazendo cair em direção ao chão. Porém, antes do impacto acontecer, senti Tsukasa me aparar com seu braço musculoso.

— Me perdoe por tudo o que te fiz passar, Shimizu...mesmo que não tenha me dito, eu sei que depois da minha partida, você enfrentou coisas e pessoas horríveis. - ele dizia enquanto me posicionava sentada no tronco de uma árvore. Minha visão escurecia, e a última coisa que o ouvi dizer antes de me entregar á escuridão foi: - É por isso que vou diminuir a população. Criarei um novo mundo, livre de pessoas maldosas. Livre das pessoas que fizeram minha doce Shimizu sofrer. - não sei se foi delírio meu, mas senti um leve pressionar em minha testa. Teria sido um beijo...? - Feche os olhos, Shimi...vai ficar tudo bem!

Então não consegui aguentar mais, e me entreguei á escuridão. Meu último pensamento foi uma oração silenciosa para todos os deuses que existissem, que Senku e os outros ficassem bem.


Notas Finais


#TeamSenku
Ou... #TeamTsukasa?

Ui, que decisão difícil!


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