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História Drácula - Chamas Douradas


Escrita por: pcychokill

Notas do Autor


Olá pessoal!

Obrigada pela paciência e me desculpem pela demora. Eu sei que pode soar repetitivo, mas meu problema com insegurança ainda me deixa bem desmotivada, por isso acabo levando muito tempo para escrever. Esses tempos não tem sido fáceis, por isso agradeço de todo coração por quem me acompanha. Seu incentivo significa muito pra mim.

Por favor, caso achem o ritmo da fic muito rápido me avisem, não gosto de acrescentar muitos detalhes para não tornar a leitura massante, mas caso estiver acelerado eu irei diminuir. Esse capítulo é muito importante, inclusive, deixei bastante pistas nele.

Capítulo 16 - Chamas Douradas


 

“Você sabe que eu não consigo

Mostrar-me

Não posso te mostrar uma parte arruinada de mim

Outra vez eu coloco a máscara e vou te ver”

(The Truth Untold – BTS)

 

Seguíamos pelo mesmo túnel tortuoso que Hoseok me levara da última vez as margens do rio que separava o bosque do reino. Sentia-me sufocado enquanto andávamos – Hyejin a minha frente e Yoongi logo atrás segurando minha mão a fim de me transmitir algum conforto – o moreno sabia que após os eventos passados, entrar em ambientes escuros estava sendo dificultoso para mim.

 Tentei distrair a mente o máximo possível, o que não adiantou muito, mas após um longo tempo, chegamos ao final daquela ramada com cheiro de lodo acumulado. Assim que o ar fresco da manhã tocou minha pele, inspirei e expirei profundamente até que me visse livre daquele odor terrível do local anterior. Quase não havia raios de sol ainda, os mesmos subiam preguiçosamente no céu, sem conseguir emitir calor até o momento, o que me fez agradecer por usar roupas mais compridas.

 Recordava-me bem do caminho até o bosque, embora não fosse muito bom com rotas e mapas. Ainda permanecia frustrado por minha família esconder a verdade de mim, seria tudo muito mais simples se apenas me contassem, não teria que ficar tomando tempo de meu marido e amigos em nome de obter as respostas que meu irmão poderia apenas verbalizar e solucionar grande parte de meus maiores problemas. Sabia que aquela raiva permaneceria até que conseguisse descobrir todos os segredos que me escondiam, e o principal: saber o motivo de os esconderem.

 Hyejin disse que teríamos que ser rápidos, pois, a passagem não ficaria aberta por muito tempo, o que eu, obviamente, não entendi de começo, apenas a seguia por entre as sombras das árvores me limitando a acenos de cabeça durante todo o percurso. Yoongi mantinha seu olhar preocupado sobre mim e não soltava a minha mão em nenhum momento. O observei pelo canto dos olhos andando em passos formidáveis com a capa preta esvoaçando pela grama abaixo de seus pés, era extremamente elegante, como se ele estivesse flutuando. Seguíamos em busca de uma pessoa específica, de acordo com minha tutora, a habitante mais antiga daquele lugar, que esteve presente em grande parte da história do reino.

 Chegando a beira do mesmo rio que visitei anteriormente, não avistei nada de diferente, apenas a água cristalina correndo calmamente e a brisa trazendo o arome reconfortante da natureza. Hyejin deu dois passos a nossa frente e assoviou de uma forma bem incomum, parecendo uma espécie de sinal para avisar outra pessoa. Por uns instantes, nada ocorreu, mas logo notei uma movimentação do outro lado da margem e alguém trajando roupas verde musgo surgiu por entre as árvores, os cabelos longos e escuros amarrados para trás. Em seu rosto, havia um lenço da mesma cor que suas vestes cobrindo parte da face, o que me impediu de identificá-lo. Tal figura se pôs próximo da água e abaixou até que suas mãos tocassem a mesma, que naquele instante, borbulhou um pouco e algo de tons amadeirados foi emergindo lentamente, como vários troncos de árvore se enroscando, até formar uma espécie de ponte improvisada entre nós e o outro lado.

 Creio que em algum momento aquilo teria me tirado a sanidade, porém, após tantas loucuras que tenho visto, uma ponte submersa escondida por encantos de um suposto ser místico da floresta não me assustava tanto.

 Hyejin fez um sinal e a seguimos em passos cautelosos sobre os troncos escorregadios por conta da água. No momento ao qual atravessávamos, Yoongi apertou mais seus dedos aos meus, garantindo que eu estivesse seguro. Não tive tanto medo, mas também não pude conter um frio na barriga enquanto meus pés faziam aquele trajeto um tanto curioso.

 Um alívio tomou meu peito assim que pisei em terra firme novamente, agradecido por nada de anormal ter ocorrido até então. Fiquei a frente da tal criatura, que assim que analisou cada um de nós, fez um gesto para que o seguíssemos. Fiz uma breve troca de olhares com meu marido, que acenou em incentivo, eu sabia que ele não me levaria a alguma armadilha ou perigo, ainda mais Hyejin, que sempre senti que poderia depositar minha confiança. Só esperava nunca estar errado sobre isso.

 O caminho pareceu escurecer conforme adentrávamos na floresta, as sombras eram mais intensas e os galhos das árvores pontiagudos em nossa direção, como se estivessem a nos observar. Estranhei aquele clima tenebroso sendo que, alguns segundos atrás, estávamos em uma linda manhã de verão.

 — Está tudo bem. Não fique com medo. – sussurrou Yoongi ao pé do meu ouvido enquanto aproximava seu corpo do meu, o que confortou durante a caminhada.

 Não demorou para que as árvores fossem se abrindo sutilmente, como se as mesmas estivessem a nos permitir entrar ali, e a frente, pude ver novamente a iluminação do sol. Vi de relance alguns troncos e galhos a se moverem e saltei de susto achando ser somente um truque de minha mente, mas quando observei atentamente, as mesmas estavam realmente a se mexerem. Yoongi pousou a outra mão sobre meu ombro a fim de me tranquilizar enquanto uma espécie de entrada em forma de arco ia se formando a alguns passos de distância. Notei que o tal ser místico mantinha uma mão erguida, como se conjurasse alguma coisa e isso só aumentou minha curiosidade sobre sua verdadeira natureza.

 Devido a escuridão, a súbita luminosidade fez meus olhos doerem um pouco, mas assim que se acostumaram, fitei com encanto o que via do outro lado daquela entrada mística. Sem crer em minha visão, avancei pelo estranho portal em arco, finalmente, adentrando em um dos locais mais belos e sublimes que poderia ver em toda minha vida.

 Vi o nosso guia retirar o lenço de seu rosto, revelando feições tão suaves quanto uma rosa, as bochechas coradas contrastando belamente com a pele alva, quase tão alva quanto a de Yoongi.

 — Bem vindos ao bosque. – sua voz era como uma doce melodia trazida da natureza. Fiquei maravilhado em como aquele rapaz realmente tinha uma aura mágica.

 O bosque era um território semelhante a uma imensa campina circular, rodeada por uma espécie de muro feito por troncos e galhos entrelaçados – assim como os da ponte – que pareciam proteger as criaturas que viviam ali dentro. Sob nossos pés se estendia um belo gramado, tão verde quanto uma tinta usada nas pinturas a óleo, com pequenas flores brancas e amarelas que se destacavam como estrelas num céu escuro. Contemplei a visão tranquilizadora da grama dançando conforme a brisa da manhã batia contra a mesma, dava até receio de pisar ali e estragar qualquer detalhe daquela obra de arte tão delicada.

 Mas o principal daquele cenário deslumbrante era a enorme árvore bem ao centro, tão alta que precisava pender a cabeça para trás para conseguir ver seu topo, tão distante como o céu. Seu tronco grosso parecia impenetrável de tão firme, uma escada modesta o circulava, esta, que dava acesso as pequenas casas abrigadas sobre os galhos castanhos ao seu redor. Cada moradia era muito simplória, porém, fascinante e muito aconchegante, como se as pessoas ali morassem no coração da natureza.

 Folhas verdes caíam sutilmente da árvore e pousavam com a leveza de um pássaro sobre a grama, dando um aspecto ainda mais mágico ao local. Os raios de sol pareciam dançar sobre nós, fazendo feixes de luz dourada ondular ao nosso redor. Era como estar dentro de um sonho, inclusive por conta da enorme sensação de paz que tudo transmitia.

 Não havia notado quando o nosso guia havia se despedido e seguido seu próprio caminho, nos deixando aos cuidados de Hyejin, que me encarava com um olhar divertido vendo minha admiração pelo seu verdadeiro lar. Pergunto-me como alguém deixa esse lugar para morar no palácio, que, por mais que seja de grande esplendor, jamais seria tão magnífico quanto o bosque.

 Virei o rosto em direção a Yoongi, ao meu lado, que tinha uma expressão tão doce quanto as criaturas que ali habitavam. Seu sorriso ainda conseguia ser mais bonito abaixo da luz dourada que nos cobria e nos aquecia.

 — É sem palavras. – falei sem conter um sorriso de fascinação.

 — Hoseok e eu temos uma casa logo ali. – Hyejin apontou para um dos galhos mais distantes – Moraremos nela somente quando mais velhos.

 — Lobisomens envelhecem? – minha pergunta soou extremamente tola em voz alta, como uma criança descobrindo um mundo novo.

 — Sim. – riu a morena – Todos aqui envelhecem.

 — Então os imortais são realmente os únicos? – indaguei me referindo a pintura enquanto virava novamente para meu marido.

 — É o que diz a lenda. – respondeu – Mas suas dúvidas logo serão saciadas, prometo.

 — Sigam-me. – pediu minha tutora fazendo um aceno com a mão – Irei levá-los até Cordélia. – deu alguns passos a frente em seu costumeiro andar confiante.

 — Quem é Cordélia? – indaguei assim que comecei a caminhar.

 — É o ser mais antigo desse reino, como lhe disse. – explicou ela – Devo avisar que ela é uma feiticeira muito boa, mas, – me lançou um olhar atento – seja cauteloso com suas palavras em sua presença.

 — Em nosso encontro, – começou Yoongi – na época da minha coroação, ela tinha sido muito gentil. Mas pude ver em seus olhos que não era alguém para se desafiar.

 Engoli em seco. Não sabia o que esperar dessa tal feiticeira anciã, talvez uma senhora de cabelos grisalhos e olhos de sabedoria? Embora esse fosse apenas um clichê das grandes histórias, mas realmente não conseguia visualizá-la de outra forma, afinal, nunca tinha conhecido uma feiticeira antes para ter uma base.

 Conforme nos aproximávamos da grande árvore, pude começar a identificar alguns dos habitantes aqui e ali, não pareciam ter despertado ainda. Olhares curiosos se postavam nas pequenas janelas improvisadas e rodeadas de folhas e flores. Vi uma grande diversidade de traços ali, inclusive, uma grande variedade de tonalidades dos cabelos e cor dos olhos, a mistura de etnias eram bem perceptível e achei isso muito interessante. Poderiam ter pessoas de todos os lugares do mundo aqui?

 Nos aproximamos de um caminho de pedras rudimentar que ia em direção a grande árvore, dando aceso a uma porta em forma de arco na base da mesma, e a escadaria que levava as moradias acima de nós. Notei que a entrada era adornada com o que pareciam raízes de plantas crescendo, algo muito bonito de se olhar.

 — Sejam cautelosos. – alertou Hyejin nos encarando fixadamente antes de desviar e olhar e dar duas batidas sutis na madeira ornamentada.

 Não demorou muito para que o ruído da maçaneta sendo destrancada fosse ouvida e a anfitriã da casa se revelasse, quebrando todos os estereótipos que eu poderia sequer imaginar sobre uma feiticeira ou qualquer criatura mística.

 Em vez de uma mulher grisalha, ou vestida em capuz escuro, Cordélia aparentava ter a mesma idade que eu e possuía as íris em tons púrpuras que me deixaram fascinado por nunca ter visto algo parecido. Não havia longas capas nem vestes extravagantes, trajava apenas um longo vestido verde musgo e tinha algumas tranças finas em seus cabelos escuros como o breu. Se a visse caminhando ao meu lado no reino, jamais diria que era uma feiticeira, exceto pela coloração de seus olhos e o mais antigo dos conhecimentos por trás deles.

 Hyejin fez uma breve reverência e em seguida nos apresentou formalmente, o que fez os olhos púrpuras me analisarem por um instante atentamente, como se ela conseguisse ler todos os meus pensamentos apenas nesse simples ato. Engoli em seco diante de sua expressão inalterada.

 — Por favor, entrem. – convidou em sua voz melodiosa, dando espaço para que nós três passássemos, adentrando na base do tronco e encontrando um lar modesto, porém aconchegante, e com um aroma muito bom de grama molhada e algo adocicado que aparentava serem ervas de chá.

 O solo era natural, com raízes misturadas a grama que faziam lembrar de um ninho de passarinho, só que mais ajeitado, de modo que não ficasse desconfortável para se caminhar lá dentro. Achei incrivelmente prazeroso o som de pequenos gravetos se quebrando conforme pisava cuidadosamente.

 Cordélia fechou a porta e veio até a nossa frente, só então, notei que a mesma estava descalça, embora seus pés pouco aparecessem por conta da saia verde que se camuflavam com as cores da grama.

 — Nós. – disse a feiticeira, deixando-nos confusos. E vendo isso, acrescentou – É o que ele quer. Nós. – explicou.

 — Se refere a quem está por trás de Roma? – indagou Yoongi, que ainda mantinha seus dedos entrelaçados aos meus.

 — Não quem, majestade, mas o que. – respondeu indo em direção a uma mesa redonda com algumas cadeiras ao seu redor – Sentem-se. – convidou com um gesto de mãos.

 — Como sabe sobre isso? – foi minha vez de questionar enquanto me sentava sem deixar de fitar a mulher.

 Cordélia deu um sorriso sagaz antes de sentar-se conosco.

 — Eu sei de muitas coisas, Kim Taehyung, – arrepiei-me quando a ouvi dizer meu nome completo. Embora todos no reino me conhecessem, ainda havia algo na voz dela que soou como um aviso – assim como não sei de outras. – analisou-me minuciosamente e quase me senti transparente.

 — Deveríamos ter vindo antes. – comentou Hyejin suspirando pesadamente. Pensei o mesmo que a morena, Cordélia parecia ter as respostas que tanto queríamos, mas por alguma razão não cogitaram a ideia de questioná-la. Talvez por medo? Ela realmente intimidava, de fato.

 — O tempo não pode ser traçado como queremos, Hyejin. – franzi o cenho ao ouvi-la chamar minha tutora daquela forma, mas suponho que se conheçam a muito tempo – Não existem momentos certos ou errados, existem somente nossas escolhas e o que decidimos fazer com elas. – fitou cada um de nós pacientemente – Mas, por favor, não há necessidade de prolongar a visita além do necessário. Deixarei que façam as perguntas que precisam.

 — Viemos até aqui para pedir ajuda por Taehyung. – explicou Hyejin me lançando um olhar amistoso e depois voltando a atenção a feiticeira que ouvia pacientemente – Esperamos que posso livrá-lo de seus tormentos.

 Cordélia fitou-me com ainda mais intensidade que nas vezes anteriores, deixando minha respiração presa na garganta por um momento.

 — Os pesadelos vêm ficando mais frequentes. – não pude conter a comoção por ela parecer saber absolutamente tudo sobre mim. Isso me incomodou, ao mesmo tempo, que me deixou aliviado por não ter explicar tudo – O caos precede a chegada dele.

 — Por que apenas eu? – foi tudo que me veio a cabeça no momento.

 — Assim como as mais antigas criaturas, ele possuí diversos nomes e mitos, porém, aqui o chamamos de Manto Sombrio; o precursor das sombras. – um arrepio tenebroso subiu em minha espinha – Há longínquos anos, foi um dos homens que sentaram em nosso trono. Uma época reinada a base de terror e sangue de inocentes. Sua tortura favorita era atormentar específicos rapazes ou moças, invadindo suas mentes e sonhos mais profundos. Infelizmente, Taehyung, nunca se soube o motivo de tais escolhas, mas sendo perverso, diria que está sendo apenas um fruto de seu divertimento macabro.

 Embora tenha sido uma explicação válida, não pude deixar de continuar desconfiando que ainda não era a completa verdade por trás daquilo tudo. Cordélia não parecia alguém que mentiria, mas também, não parecia alguém que entregava tudo facilmente como havia feito agora. O modo como ela me olhava e como pronunciava meu nome deixava explícito que tentava me dizer algo muito além das palavras que saíam de seus lábios finos.

 — Quer dizer que tudo isso é apenas um jogo doentio de algum demônio antigo? – Yoongi parecia indignado com o que ouvia, não escondia a revolta por saber que uma pessoa, ou criatura, com tal índole fosse real.

 — Seu propósito não é apenas jogar, majestade. – seu tom era mais natural quando se referia a meu marido e isso aumentou mais minhas suspeitas em relação a ela – Ele quer retomar o que lhe foi tirado, que é, exatamente, a posição que está ocupando neste momento.

 — Mas por que tanta obsessão com o reino? Afinal, ele não tem poder ilimitado para conquistar o que bem desejar? – questionou exatamente o que eu estava a pensar.

 Cordélia lançou-nos outro sorriso sagaz antes de responder:

— Quando um homem se cansa de seus brinquedos, o dispensa. Mas, se lhe tomam seus brinquedos contra a vontade, o desperta uma profunda necessidade de provar-se acima de quem o fez. Manto Sombrio não tem sede de poder; ele tem sede de vingança. – seu tom de voz tornou-se sombrio e fez meus arrepios se multiplicarem.

 E então me ocorreu um pensamento.

 — Manto Sombrio era o pai de Vlad? – tinha certeza que ela estava a falar sobre o mesmo, mas queria confirmar esse fato. Suas respostas eram claras e objetivas, por isso seriam necessárias que as perguntas específicas fossem feitas.

 — Quando era humano, talvez. – fez um breve pausa – Mas o que se transformou o impede de conhecer qualquer laço afetivo com qualquer outro ser vivo.

 — O que ele é, exatamente? – apoiei os cotovelos sobre a mesa involuntariamente. Minha curiosidade estava inflada e sedenta por ser saciada.

 Um silêncio tenebroso se seguiu após a minha pergunta. Cordélia desviou o olhar para baixo, como se estivesse vendo algo além de nossa realidade, as íris púrpuras parecendo ainda mais vibrantes que antes. Tive medo de ter dito algo errado, o que me fez trocar olhares com Yoongi, mas o mesmo apenas assentiu que estava tudo bem.

 — Ele buscou poder nos lugares mais profundos deste mundo. Lugares que nenhuma criatura deveria se aproximar. – voltou a me fitar – Uma vez que cruzar a escuridão, não há mais retorno, Kim Taehyung. – novamente um brilho específico em seus olhos parecendo querer me dizer algo – Manto Sombrio teve sua alma consumida por demônios e, por isso, hoje precisa se alimentar dos corações de inocentes para sobreviver. Veja bem, toda magia tem um preço, e o mais alto deles acompanha a imortalidade. – pousou as mãos sobre a mesa, próximas as minhas, e uma sensação estranha emanou até minha pele, fazendo-me recuar quase que imediatamente.

 Contive minha vontade de lhe questionar sobre sua fórmula de juventude, já que, evidentemente, utilizava também de algum feitiço para manter a aparência de uma moça sendo que tinha atravessado eras dessa terra. Por um momento, tive medo de que ela estivesse conectada com o tal Manto Sombrio de alguma forma, talvez tenha dado a ele a receita para a imortalidade? Não sentia algo ruim vindo de Cordélia, mas também não sentia algo bom, e isso conseguia me deixar ainda mais desconfiado do que tudo. Não conseguia entender suas reais intenções e os avisos de Hyejin perambulavam em minha mente.

 — O que quer dizer com “se alimentar de corações inocentes”? – a pergunta veio de Yoongi e sua voz estava carregada de aflição.

 Expirei o ar preso assim que a feiticeira desviou seus olhos de mim.

 — O sangue que pulsa a vida em uma alma pura é o que o satisfaz. – explicou – Seres da escuridão sugam tudo que há de bom nesse solo em benefício próprio.

 — Existe um modo de destruí-lo? Se a lenda é verdade, Vlad conseguiu, não? – fiquei aliviado que agora meu marido conduzia a conversa, eu não queria continuar a ter que sustentar os olhares misteriosos de Cordélia.

 — Somente Vlad é capaz de tal feito, pois, possuí a mesma natureza sombria em suas veias. – vi que Yoongi argumentaria, mas a feiticeira o interrompeu – Eu sinto muito, majestade. – suas palavras pareciam sinceras – Somente um imortal pode destruir outro. Infelizmente, é o ciclo da cadeia alimentar.

 — Quer dizer que devemos simplesmente aceitar a derrota? – indignei-me – Você é uma imortal também. – a morena estreitou os olhos em minha direção – Poderia nos ajudar! – embora estivesse intimidado, ainda não poderia ficar ali e acatar que não havia nenhuma saída.

 Senti Yoongi pousando a mão sobre meu braço, um sinal de alerta para que eu não avançasse mais do que tinha ido. Trinquei os dentes contendo as palavras enquanto encarava Cordélia com a mesma intensidade que a mesma fazia comigo.

 — Eu não sou imortal, Kim Taehyung. – franzi o cenho diante de sua resposta – Não tolerarei que me faça acusações dentro de minha própria casa. Eu respeito os reis de Elyndor, mas vocês não tem poder sobre mim. – seu tom de voz era cortante e podia jurar que até mesmo a luz solar tinha diminuído com as ameaças da mulher – Sua visita se encerra aqui. – levantou-se numa pose imponente que a fez parecer mais alta do que realmente era.

 Pensei em rebater ou tentar pedir desculpas, mas sabia que não adiantaria, e Yoongi apertava levemente meu braço para que me mantivesse calmo. Sentia-me culpado por ter estragado a nossa única fonte de informação, mas não creio que ela teria nos dado mais respostas, mesmo se eu não a tivesse insultado. Cordélia nos deu o necessário e poderíamos tentar por nós mesmos achar uma solução, embora ela tenha dito que isso era impossível. Eu não aceitaria que o reino fosse destruído, não importava que tipo de demônio estivesse por trás.

 Hyejin fez um breve reverência antes de sair da casa, seguida por Yoongi. Porém, antes que eu colocasse o primeiro pé de volta ao ar livre, senti a mão fina e pálida da feiticeira a apertar meu ombro com força, fazendo-me olhar assustado para trás, deparando-me com seus olhos a quase me engolirem em seu mar púrpura. Minha garganta ficou seca enquanto um arrepio gélido perpassava minha espinha.

 “Encontre Magnólia.”

 Sua voz soou apenas em minha cabeça e eu me perguntei se estava delirando ou ela tinha, de fato, se comunicado comigo sem utilizar palavras verbalmente ditas. E, tão rápido quanto me segurou, soltou-me e se afastou para os cantos mais distantes de sua casa, como um fantasma.

 E, além de todas as outras dúvidas, agora quem, ou que, era Magnólia iria me perturbar por um longo tempo.

 

↫ ✤ ↬

 

O restante daquele dia havia sido extremamente frustrante e desgastante. Por muitas vezes quase perdi o controle e acabei por lançar minha raiva em quem não merecia, o que me fez sentir culpado assim que sentei sobre a cama macia e repassei tudo que havia ocorrido até então. Tinha vontade de atirar socos a parede, mas sabia que isso não ajudaria em nada no momento. Não queria sobrecarregar Yoongi, então optei por subir aos aposentos antes e tentar buscar a calma em meu interior, não seria justo atirar sobre ele também, afinal, o mesmo peso é carregado em suas costas e estamos tão perdidos quanto o outro.

 Afundei o rosto em minhas palmas, mas fechar os olhos só fazia as imagens dos meus pesadelos atingirem em cheio, o que me fez voltar a fitar o chão enquanto meus dedos se agarravam aos meus cabelos desgrenhados. Os fios escuros caindo sobre minha face começaram a me irritar, o que me fez erguer da cama e ir até o espelho, iniciando uma trança para que eles ficassem alinhados. Refiz a trança algumas vezes, insatisfeito com os resultados, até que percebi estar inapto para qualquer tarefa que exigisse atenção e paciência, então apenas os prendi para trás e voltei para a cama, deixando meu corpo desabar sobre o colchão e meus pensamentos se perderem.

 “Encontre Magnólia.”

 Aquela maldita sentença não saia da minha mente e estava me enlouquecer. Tinha ido até a biblioteca, aos livros de Namjoon, mas não encontrei absolutamente nada sobre Magnólia em nenhum deles, o que me fez pensar se não era um enigma, talvez tivesse algo com a significado da palavra? Sabia que era o nome de uma flor, que inclusive, era na cor semelhante aos olhos de Cordélia, o que me deixou ainda mais intrigado. Mas não havia nada além disso e eu não achava que toda a nossa salvação estivesse em uma simples planta.

 Tinha algo que eu não estava vendo e sinto que tal estava diante do meu nariz.

 Ouvi o trinco da porta se abrindo e virei o rosto, encontrando Yoongi a entrar no cômodo. Ergui sobre a cama, ficando sentado sobre a mesma enquanto o observava vir em passos calmos até mim, sua expressão tão carregada quanto a minha.

 — Como você está? – perguntou-me enquanto sentava-se a minha frente e pousava os dedos finos sobre minha bochecha.

 — Não se descrever em palavras. – suspirei – E você? – enrosquei minhas pernas as dele, aproximando nossos corpos e enlaçando meus braços em seu pescoço. Esse contato com o moreno sempre me transmitia tranquilidade, mesmo nos piores momentos.

 — Buscando consolo. – fez o contorno de meus lábios com seus dedos, olhando fixamente para aquela região, o que provocou leves ondas em minha barriga. Jamais imaginei que apenas os toques de uma outra pessoa pudessem me reconfortar tanto.

 Selei nossos lábios de forma sutil, como se pedindo permissão para iniciar algo, afinal, não sabia exatamente se o que passava em minha cabeça era a mesma ideia que na dele. Tive receio que achasse um momento inapropriado para tal, embora, como reis, nunca haveria um momento perfeito para nada. Tínhamos apenas que aproveitar o pouco que nos era dado.

 Para minha surpresa, Yoongi aprofundou nosso beijo, enlaçando minha cintura de forma mais intensa que das outras vezes, o que fez meu peito se prensar contra o seu. Sentia uma tensão diferente conforme tudo ia acontecendo, o que não pude identificar no momento, mas era uma sensação muito boa e que fazia meu interior ferver. Quando nos separamos em busca de ar, o moreno me deitou na cama num movimento rápido, encaixando-se entre minhas pernas. Seus olhos pareciam ainda mais escuros que o comum e eu me perguntei se isso poderia ter algo a ver com a iluminação ou com aquele fervor que estávamos a emanar no momento. Beijou-me novamente, dessa vez, com sofreguidão. Suas mãos se pressionavam sobre meu quadril, o que me fez arquear as costas e desejar por mais daquilo.

 Separamos nossos lábios e o moreno iniciou uma trilha de beijos por meu pescoço. Deixei que os suspiros escapassem enquanto me deleitava daquelas carícias.

 Abri os olhos e pouco depois, meu marido voltou seu rosto a minha frente. No instante que fitei suas íris sob mim, prendi a respiração.

 Não soube dizer se foi efeito das luzes próximas a nós ou minha mente enuviada pelo prazer, mas os olhos de Yoongi tinham adquirido uma coloração dourado intensa, como se estivessem em chamas.


Notas Finais


E aí? Gostaram?

A resposta é sim, os olhos de Yoongi são uma pista essencial. No próximo capítulo terá algo sobre isso, mas ainda não revelarei completamente sobre sua verdadeira natureza. Creio que está bem perto disso acontecer! Pelos meus resumos, a fic teria mais 8 ou 9 capítulos, eu sei que parece pouco, por isso perguntei sobre o ritmo dela a vocês. Sempre tive uma mania de ser muito objetiva, o que não é muito bom se tratando de escrita que envolve muitos detalhes. Então aguardo sua opinião <3

Fiz um trailer para a fic e agradeceria muito se dessem apoio a ele e mostrassem pra alguém, espero que posso despertar o interesse no plot e atrair o pessoal <3

https://www.youtube.com/watch?v=KH_K7Ly9Lj4

Obrigada a você que leu até aqui, comentando ou não, seu apoio é muito importante pra mim e espero que minha fic possa lhe levar muitas experiências mágicas e boas mensagens.


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