1. Spirit Fanfics >
  2. DRAGÕES: O príncipe e a caçadora >
  3. É snoggletog

História DRAGÕES: O príncipe e a caçadora - É snoggletog


Escrita por: AstyHaddock

Notas do Autor


*Boa noite amores e amoras, apareci depois de mais de uma semana sem atualizar nenhuma fic.
**Me desculpem pela demora, mas eu não consegui postar nada essa semana, foi muito corrida para mim, pois eu estava resolvendo alguns assuntos muito importantes.
***Pessoas do meu coração, eu estava desempregada há um tempo, inclusive era por isso que tinha tanto tampo para escrever, mas graças a Deus, eu consegui um emprego, sim, vou começar a trabalhar semana que vem, agora vocês me perguntam o que vocês tem a ver com isso. Bem, eu não sei direito como vai ficar minha rotina de agora para frente, mas sei que não terei muito tempo para escrever, sendo assim, não vou ter mais datas estipuladas para atualizar as fic's, vou escrever e atualizar os capítulos sempre que eu puder. Eu não pretendo desistir de nenhuma das fic's, então mesmo que eu demore a postar eu vou postar, só peço um pouco de paciência de vocês.
****Fiquem com o capítulo que para compensar a demora eu fiz um pouco grande.
*****Desculpem os erros e boa leitura!

Capítulo 8 - É snoggletog


Seis meses depois...

Soluço estava em uma pequena sala nos fundos da ferraria, estava trabalhando, naquele dia em específico ele havia chegado bem mais cedo e iria embora bem mais tarde, afinal, estava fazendo algo muito especial e precisava terminar naquele dia. Ele estava debruçado sobre a mesa terminando os últimos detalhes, quando a porta foi aberta de repente fazendo Soluço se assustar, ele rapidamente escondeu o que estava fazendo dentro de uma caixa e se virou em direção a porta.

- Bocão, é você – ele levou a mão ao coração e soltou o ar que até então não tinha percebido que estava prendendo.

- Claro que sou, quem mais seria?

- N-ninguém – Soluço abriu um sorriso amarelo – e então? Precisa de alguma coisa, ou só veio mesmo me atrapalhar?

- Nossa, quanta consideração com a minha pessoa – Bocão fez bico – eu vim ver se você estava vivo, já faz um tempo que está aqui dentro trabalhando nessas suas invenções inúteis.

- Não são inúteis e eu não estou trabalhando nelas estou trabalhando nisso – ele colocou o objeto em cima da mesa.

- Ah, você ainda está fazendo o presente da Hofferson, por isso se assustou quando cheguei, você pensou que era ela.

- Sim, e ela não pode saber, é uma surpresa.

- Não sei para que esse trabalho todo, não é como se você tivesse que conquistá-la, vocês terão que se casar de qualquer jeito – Bocão deu de ombros.

- Agora entendo poque você está solteiro – Soluço balançou a cabeça negativamente.

- Eu estou solteiro porque eu quero – Bocão disse sério.

Soluço o encarou arqueando uma sobrancelha, o homem loiro bufou frustrado.

- Por isso e por outras coisinhas também, mas isso não importa, não estamos falando de mim e sim de você e da Hofferson.

- Você que se colocou na história – Soluço voltou sua atenção ao objeto que estava fazendo.

- Não interessa, vim avisar que estou indo embora, quando sair tranca tudo direito, da última vez que você deixou aberto os trolls roubaram uma cuequinha minha – Bocão começou a coçar o nariz com o gancho – aqueles monstrengos.

- Primeiro, não preciso saber das suas cuequinhas e segundo, pensei que trolls roubassem meias.

- Aqueles ladrões roubam tudo, estou dizendo Soluço, não confie em nenhum troll.

- Claro, porque eu vou confiar em algo que não existe – Soluço disse sarcástico, só para ele mesmo ouvir.

- Tranca tudo quando sair, e não demora, não quero sua mãe reclamando que você está chegando tarde em casa.

- Está bem, agora se você puder ir embora eu realmente preciso terminar isso daqui.

- Fica aí fazendo seu presente para a Hofferson, para mim ninguém faz presente, garoto ingrato – Bocão saiu da sala ainda resmungando.

Soluço sorriu do amigo, Bocão era um pouco louco, mas ele o adorava.

*

*

- Pronto tia Val, acabei de trancar as galinhas no galinheiro, acredito que nenhuma vai fugir de novo – Astrid que havia acabado de entrar em casa, foi até uma bacia com água no canto da cozinha e lavou as mãos as enxugando em seguida em sua roupa.

- Ótimo querida, e desse jeito nenhum animal atacará elas também – Valka sorriu para a menina – agora venha, você chegou bem na hora, acabei de terminar o jantar.

- Não vamos esperar os outros? – Astrid se sentou em uma cadeira.

- O Stoico está ocupado organizando as coisas para amanhã e Soluço disse que chegaria mais tarde, está fazendo algo na ferraria.

- Eu não me importo de esperar, pelo menos o Soluço, eu sei que ele não gosta de comer sozinho.

- Você tem razão, mas acho melhor comermos logo, daqui a pouco temos que dormir, não se esqueça que amanhã acordaremos cedo para organizar tudo para a festa.

Valka colocou um pouco de comida em um prato e entregou para Astrid, logo depois preparou um para si. Valka começou a comer, mas parou ao ver Astrid encarando a comida sem ao menos tocá-la.

- Algum problema, aconteceu algo?

- Não – Astrid forçou um sorriso – só estava pensando.

- Se quiser pode conversar comigo.

- Nem acredito que amanhã já é Snoggletog, vai ser o primeiro sem eles – Astrid abaixou a cabeça triste.

- Eu sei que deve ser difícil Astrid, mas tenho certeza de que eles não gostariam que você ficasse triste.

- É difícil não ficar, eu sinto tanta falta deles.

Valka se levantou e foi até Astrid, ela se ajoelhou para ficar da altura da menina e a abraçou.

- Eu entendo, mas você deve tentar se lembrar dos momentos bons e felizes, tenho certeza que aonde eles estiverem, eles estão cuidando de você.

- Obrigada tia, eu não sei o que eu faria sem você, nem casa eu teria para morar.

- Eu é que não sei o que eu faria sem você Astrid, você é da família – Valka se afastou dela e passou a mão arrumando os fios que se soltavam de sua trança – e sobre a sua casa, você sabe que ela foi reconstruída, se quiser voltar a morar lá eu consigo os móveis para você.

Astrid encarou Valka um pouco assustada.

- Eu estou causando problemas, estou atrapalhando?

- Claro que não, só toquei no assunto porque lá continua sendo a sua casa, mas por mim você mora aqui o tempo que quiser, eu amo a sua companhia.

- Obrigada, e pelo menos por enquanto eu não pretendo voltar para casa, eu não sei se consigo viver lá sem meus pais.

- Tudo bem, não se preocupe com isso, você pode ficar aqui o tempo que que quiser – Valka abriu um sorriso acolhedor – agora vamos mudar essa carinha triste e colocar um sorriso nesse rosto lindo e vamos jantar, que você precisa se alimentar, está muito magrinha.

- Eu sou magrinha tia.

- Então vamos mudar isso, e como mudamos isso? Comendo, então pode comer tudo o que eu coloquei no prato.

Astrid abriu um sorriso e começou a comer, se esquecendo um pouco da dor que insistia em aparecer em seu coração.

*

*

Soluço abriu a porta devagar tentando fazer o mínimo de barulho possível, entrou em casa pisando com as pontas dos pés, sabia que pelo horário sua mãe e Astrid já estariam dormindo e não queria acordá-las.

Ele foi direto para a cozinha, estava com muita fome, ele percebeu que havia uma panela com ensopado e decidiu acender a lenha para esquentá-lo. Quando o alimento estava em uma temperatura boa, ele colocou um pouco no prato e se sentou à mesa, odiava comer sozinho, mas não iria acordar Astrid apenas para ela lhe fazer companhia.

Soluço havia acabado de colocar a primeira colher na boca quando sentiu um soco em suas costas o que fez ele se engasgar. Ele não se virou para ver quem era, correu até uma bacia com água e encheu uma caneca com o líquido bebendo tudo em poucos segundos. Quando terminou de beber a água ele se virou para ver sua agressora, sim, ele já sabia de quem se tratava.

- Qual foi o motivo dessa vez? – ele voltou a se sentar na cadeira.

- Por que demorou? – Astrid se sentou na cadeira ao lado dele – Fiquei horas te esperando.

- Eu não pedi para me esperar – ele deu de ombros.

- Eu esperei porque eu sei que você não gosta de comer sozinho, mas tudo bem, não espero mais – ela disse irritada e se levantou.

Rapidamente Soluço segurou em seu braço.

- Não vai, desculpa eu não queria ter falado isso.

- E o que você queria ter falado? – ela perguntou séria enquanto cruzava os braços em frente ao peito.

- Eu quis dizer obrigado, por ter me esperado e me desculpa por ter demorado.

- Bem melhor – ela voltou a se sentar – vai me dizer por que demorou?

- O de sempre, estava trabalhando em uma coisa para o Bocão – Soluço fitou o prato em sua frente, sabia que se olhasse diretamente nos olhos da loira não conseguiria mentir.

- O Bocão está te explorando, se quiser falo com ele sobre isso – ela fechou uma das mãos em punho e bateu na outra mão que estava aberta.

- Não precisa bravinha – ele abriu um leve sorriso – você quer resolver tudo na violência.

- Vocês dois são as únicas pessoas que eu consigo bater, então tenho que aproveitar – ela deu de ombros.

Os minutos seguintes se passaram com os dois em silêncio, mas era um silêncio confortável, eles já eram acostumados a ficarem apenas apreciando um a companhia do outro, mesmo sem se falarem.

- Agora que você já terminou eu vou para o meu quarto – Astrid se levantou quando viu Soluço dar a última colherada.

- Você esperou só para me fazer companhia mesmo? – ele se levantou também.

- Sim, algum problema?

- Não, claro que não – Soluço tentou controlar o sorriso que insistia em aparecer no seu rosto – eu gosto da sua companhia.

Astrid corou com o comentário e um sorriso involuntário surgiu no rosto dela. Soluço se aproximou ainda mais dela e segurou sua mão.

- Amanhã eu vou sair cedo de novo, então provavelmente só iremos nos ver na festa.

- Você consegue sobreviver mais um dia inteiro sem me ver, Strondus? – ela sorriu brincalhona.

- Sim, a minha preocupação é se você conseguirá sobreviver, afinal, hoje você ficou me esperando só porque não conseguiria dormir sem falar comigo antes.

- Não se preocupe, eu consigo viver tranquilamente sem você, uma espinha de peixe falante a mais, uma espinha de peixe falante a menos, não faz diferença nenhuma na minha vida.

- Ah é, Hofferson? Bom saber, quero ver o que você vai fazer se por acaso um dia eu sumir da sua vida – ele encarou ela.

- Isso não vai acontecer, esqueceu que estamos destinados a ficarmos juntos para sempre? Boa noite Soluço, até amanhã – ela deu um rápido beijo no rosto dele.

- Boa noite M’lady – Soluço respondeu com um sorriso bobo enquanto via Astrid ir para o quarto dela.

*

*

O dia havia passado rápido, Soluço havia passado metade do dia na ferraria e a outra metade ajudando nos preparativos da festa que ocorreria naquela noite. Já Astrid havia passado o dia todo de um lado para o outro ajudando Valka a organizar os últimos detalhes para a festa.

Era final da tarde, Astrid já havia se vestido e estava terminando de arrumar o seu cabelo, não era nada muito exagerado, ela vestia uma roupa simples que Valka havia feito para ela. Astrid estava vestida com uma blusa azul escuro de mangas cumpridas e por cima um vestido vermelho longo que era fechado na frente por cordões até a cintura e descia um pouco rodado, devido ao frio ela vestiu uma calça por baixo de vestido e usava as suas habituais botas.

Ela colocou sua franja para traz a prendendo com uma fina trança que ia de uma lado ao outro como uma diadema em sua cabeça e terminava em uma trança maior lateral, ela pegou o kransen de couro e o colocou em sua testa, ela o amava, tinha ganhado de sua mãe quando tinha apenas cinco anos, era a única lembrança que tinha restado dela após o incêndio.

Automaticamente seus olhos foram até o machado ao lado de sua cama, era a única lembrança que tinha de seu pai, ela o ganhara quando tinha oito anos e por sorte ela o havia esquecido na ferraria no dia da tragédia, senão ele teria sido destruído pelo fogo.

- Astrid, está pronta? – uma voz lhe trouxe de volta a realidade.

- Sim – ela se virou rapidamente para Valka – estou tia.

- Você está linda – Valka sorriu enquanto admirava a menina.

- Obrigada, a senhora também está, tenho certeza de que o chefe vai babar quando lhe ver.

- Que exagero, conhecendo o Stoico ele nem vai perceber que estou com uma roupa diferente – Valka sorriu, sabia bem o marido que tinha – acho que será outra pessoa que irá babar, e não será por mim.

- Quem? – Astrid perguntou curiosa.

- Você vai saber no momento, agora vamos que eu quero aproveitar bastante a festa hoje.

*

*

Soluço saiu correndo de casa, estava muito atrasado, algumas ovelhas de Sven, um criador de ovelhas um pouco maluco, haviam fugido e ele teve que ir atrás delas, passou um grande tempo correndo atrás dos animais, quando conseguiu prender todas no cercado já estava de noite. Correu para casa e se arrumou o mais rápido possível, ele não era o maior fã de snoggletog, mas estava ansioso por aquele em específico.

Enquanto subia as dezenas de degraus que davam acesso ao grande salão, colocou a mão no bolso verificando se o presente de Astrid estava lá, não poderia perdê-lo de forma alguma.

Quando entrou no grande salão a festa já acontecia, alguns vikings tocavam e cantavam, outros dançavam, alguns comiam e a maioria bebiam, inclusive, alguns já estavam bastante bêbados.

 Ele correu seu olhar pelo local, tentando localizar o único motivo que o fez ir para aquela festa, não encontrou, ao invés disso ele encontrou o motivo que o fazia querer ir embora de Berk e nunca mais voltar.

- Olha, a espinha de peixe falante resolveu participar da festa – Melequento se aproximou dele junto com os gêmeos.

- Ainda bem que você chegou, a festa estava sem graça sem ter alguém para batermos – Cabeçadura abriu um sorriso assustador.

- Hoje não, deixem para me baterem amanhã – Soluço respondeu voltando a olhar pelo local.

- Hoje não? Vocês ouviram isso? Ele acha que pode escolher quando apanhar – Melequento zombou fazendo os gêmeos sorrirem – ei, olha para mim quando eu estiver falando.

Melequento falou bravo ao perceber que Soluço não prestava atenção nele.

- Ele deve estar procurando a namoradinha, a espiga de milho magricela – Cabeçaquente colocou a mão no ombro dele – ela por acaso te deu um fora?

- Porque vocês não vão fazer algo mais interessante e deixem ele em paz – uma voz feminina chamou a atenção do grupo.

- Brenna não se intromete – Cabeçaquente a encarou irritada.

- É sério gente, ouvi dizer que vão começar a servir o cordeiro, vocês deveriam experimentar – Brenna deu de ombros.

- Eu vou, mas só porque eu amo muito cordeiro, mas a nossa conversa não acabou espinha de peixe – Melequento se virou e foi em direção a mesa sendo seguido pelos gêmeos.

- Obrigado – Soluço abriu um sorriso amarelo e olhou melhor para a garota.

Ela era bonita, claro, nem se comparava com a beleza de Astrid, mas era uma das garotas mais bonitas que ele já havia visto. Ela era ruiva e tinha os olhos castanhos claro, era um pouco mais alta que ele e tinha o corpo muito bonito.

- Não precisa agradecer, eles são uns idiotas, você não deveria deixar eles te tratarem assim, afinal, você é o futuro chefe de Berk.

 - Eu sei – Soluço suspirou.

- Eu sou Brenna – ela estendeu a mão para ele.

- Eu sou Soluço, mas você já deve saber disso – ele abriu um sorriso e estendeu a mão para cumprimentá-la, antes que sua mão tocasse a dela alguém puxou seu braço.

- Estava te procurando – Astrid disse séria olhando para a garota.

- Eu? – Brenna franziu o cenho.

- Claro que não, eu nem te conheço, estou falando com o Soluço – Astrid entrelaçou seu braço ao de Soluço.

- Prazer, eu sou a Brenna – a garota sorriu para Astrid.

- Não me interessa quem você é, vamos Soluço – Astrid se virou e puxou Soluço pelo braço.

- Foi bom te conhecer, a gente se fala depois – Soluço gritou enquanto era arrastado por Astrid até o outro lado do Grande Salão.

- Quem é ela? – Astrid o soltou e o encarou irritada.

- A Brenna? Conheci ela agora – Soluço deu de ombros.

- Por que vocês estavam conversando?

- O Melequento e os gêmeos estavam implicando comigo, ela me ajudou a livrar deles.

- Ela virou sua salvadora por acaso? – a loira bufou.

- Por que você está tão irritada? Ela parece ser legal.

- Com certeza ela é muito legal – Astrid disse sarcástica – inclusive você devia ir falar com ela e se tornarem amigos.

- Você acha? – Soluço fez uma expressão pensativa.

Astrid revirou os olhos, cruzou os braços e saiu batendo o pé, deixando Soluço sozinho e confuso sobre o que tinha acontecido.

- Te achei – Bocão deu um tapa forte nas costas de Soluço que o fez cair para frente, por sorte ele se apoiou na parede.

- Um dia você ainda vai me matar com esses tapas – Soluço passou a mão no local.

- Você morrer? – Bocão começou a gargalhar – Já ouviu falar que vaso que não presta quebra?

- Tenho certeza de que o ditado não é assim.

- E eu tenho certeza de que é, o que faz aqui sozinho, pensei que estaria com a Hofferson.

Bocão que estava com uma caneca presa ao seu gancho, deu um gole deixando um espuma em seu bigode.

- Estava, mas ela brigou comigo e depois saiu.

- O que você fez? – Bocão se sentou em uma cadeira e puxou Soluço para se sentar em outra.

- Eu não fiz nada, eu estava apenas conversando com a Brenna

- Com quem? – Bocão o interrompeu.

- Brenna, uma garota que acabei de conhecer.

- Quem diria, o espinha de peixe falante arrasando corações – Bocão deu mais um tapa, dessa vez no ombro de Soluço.

Soluço arrastou sua cadeira para que ficasse a uma distância segura de Bocão, mas um tapa daquele e ele tinha certeza de que quebraria um osso.

- Não tem nada a ver, ela só foi legal comigo, e então a Astrid apareceu e foi muito grossa.

- E você não sabe o porquê?

- Isso.

- E depois eu que não entendo de mulheres – Bocão resmungou – ela estava com ciúmes.

- O quê? Quem? De quem?

- A Astrid ficou com ciúmes de você com a garota, por isso a tratou mal e te deixou sozinho.

- Astrid com ciúmes de mim? Você acha mesmo? – Soluço perguntou com um sorriso.

- Por acaso eu tenho a beleza e a força de Thor?

- Não, com certeza não – Soluço balançou a cabeça negativamente.

- Sim, é claro que a reposta é sim, tanto para a minha quanto para a sua pergunta, agora vá atrás dela, antes que você perca a única pessoa em Berk que gosta de você.

- Nossa, a sua sinceridade é comovente Bocão.

- Me desculpa, eu me enganei, ela não é a única, sua mãe também deve gostar de você – Bocão começou a gargalhar e se preparou para dar outro tapa em Soluço, mas o garoto foi mais rápido e saiu correndo dali.

Soluço olhava ao redor, reparando em cada loira que via, mas não havia nem sinal de Astrid, ele precisava encontrá-la, afinal, ela era o motivo de ele estar naquela festa, ele tinha que entregar o presente para ela. Ele viu de longe um loira saindo do grande salão, ela reconheceu no mesmo instante, era Astrid, se preparou para correr atrás dela, mas foi impedido por uma mão enorme segurando seu ombro.

- Soluço, finalmente apareceu, traga mais hidromel para mim – Stoico entregou um caneca vazia para o filho.

- Oi pai, sabe o que é, você não pode pedir para outra pessoa? Eu estou meio ocupado agora – ele estendeu a mão entregando a caneca de volta para seu pai, mas Stoico não a pegou.

- Você não pode pegar um cerveja para mim? Nem para isso você serve? É um inútil mesmo.

Stoico falou como se fosse algo normal, sem perceber o quanto aquela frase tinha machucado seu filho.

- Tudo bem, eu pego – Soluço abaixou o olhar e foi até um barril de hidromel, encheu a caneca com a bebida e voltou para onde estava seu pai.

Quando voltou seu pai não estava no mesmo lugar, olhou em volta o procurando e o encontrou em uma mesa próxima, na qual havia um barril de hidromel ao lado.

Soluço foi até ele e entregou a caneca para o pai.

- Não precisa, o Magnus me trouxe esse barril – Stoico abriu um sorriso enorme para o sobrinho.

- Desse jeito o senhor não precisa se levantar para encher o copo – Magnus encheu uma caneca com o hidromel e entregou para o tio.

- Você é um garoto de ouro Magnus, um orgulho, um verdadeiro viking, qualquer homem gostaria de ter você como filho – Stoico deu um leve soco no ombro do garoto enquanto ria.

- O senhor não devia falar isso na frente do Soluço – Magnus comentou ao perceber que o primo havia saído triste.

- Eu só falei a verdade Magnus, talvez assim o Soluço perceba como ele deve ser.

*

*

Astrid estava sentada próxima a um penhasco que ficava atrás do Grande Salão. Ela fitava o céu, naquela noite as estrelas e a lua estavam especialmente mais brilhantes.

- Eu queria que vocês estivessem aqui, eu sinto tanta falta de vocês – os olhos dela se encheram de lágrimas – é snoggletog e eu estou sozinha e triste, vocês deviam estar aqui comigo.

Uma brisa fria soprou fazendo o corpo de Astrid se arrepiar.

- Não, você tem que continuar sozinha – Astrid ouviu a mesma voz que havia ouvido na noite da morte de seus pais, a mesma voz que a fez olhar novamente para a casa e ver a sobre de um deles.

- Quem está aí? – Astrid se levantou e olhou ao redor, mas não viu ninguém.

- Sozinha, você tem que ficar sozinha – a voz repetiu.

- Quem está aí? Apareça – ela aumentou o tom de voz, ao não receber resposta decidiu voltar para o grande salão.

Ela se sentou em uma mesa no canto, estava pensando na voz, ela tinha escutado outras vezes no decorrer desses seis meses, e nunca via quem era o dono da voz, as vezes achava que era coisa da sua cabeça, que estava imaginando.

- O que faz aqui sozinha? – Bocão se sentou ao lado dela.

- Nada, só estava pensando.

- Pensei que estivesse com o Soluço.

- Deve estar com a Brenna – Astrid fez careta.

- Ele me falou que ia te procurar para te entregar seu presente.

- Presente? – Astrid franziu o cenho – Que presente?

- O que ele passou dias fazendo para você.

- Ele fez um presente para mim? – Astrid aumentou o tom de voz.

- É, mas era sur...pre...sa – ela falou a última palavra pausadamente se dando conta de que tinha acabado de estragar a surpresa – por favor, não fala para ele que eu te contei, ele vai me matar.

- Ele fez um presente para mim? – Astrid perguntou novamente, ainda sem acreditar.

- Sim, ficou trancado na salinha da ferraria nos últimos dias, disse que tinha que fazer o presente perfeito – Bocão revirou os olhos – você sabe o quanto ele gosta de você.

- Na verdade não sei, ele nunca me falou – Astrid bufou.

- Você sabe como ele é lerdo, até demais, mas que ele gosta de você, ah isso ninguém pode negar.

Astrid abriu um sorriso enorme e se levantou.

- Aonde você vai?

- Vou encontrar ele.

Astrid procurou por todo o Grande Salão, mas não havia nem sinal de Soluço, pensou na possibilidade de ela estar com Brenna e só de pensar isso sentiu uma raiva e uma tristeza enorme, mas respirou aliviada quando viu a garota conversando com outros garotos de Berk.

Astrid já estava ficando impaciente, Soluço não podia ter sumido do nada, ele tinha que estar em algum lugar. Ela estava tão concentrada em encontrar Soluço que não percebeu um garoto à sua frente e acabou esbarrando nele.

- Desculpa, eu estava distraída – Astrid ergueu o olhar para ver em quem havia esbarrado, era Magnus.

- A culpa foi minha, você está bem? – ele perguntou simpático.

- Sim, você por acaso viu o Soluço? – ela continuava olhando ao redor.

- Sim, mas faz um tempinho.

- Você sabe aonde ele foi? – ela perguntou esperançosa.

- Não, só sei que ele estava triste.

- Triste? Aconteceu alguma coisa? – Astrid começou a ficar preocupada, não conseguia nem imaginar Soluço triste que seu coração já doía.

- O tio Stoico falou o que não devia na frente dele.

- Obrigada – Astrid abriu um leve sorriso e se virou em direção a saída do grande salão.

- Pelo que? Eu nem ajudei em nada – Magnus questionou confuso.

- Ajudou sim, eu sei exatamente aonde ele está.

*

*

Soluço estava sentado na enorme rocha na clareira, ele pegou diversas pedrinhas e as jogava no lago tentando criar pequenas ondas, mas não conseguia, as pedrinha simplesmente afundavam no primeiro contato com a água.

Ele se sentia tão triste, tão rejeitado, não entendia por que os deuses o odiavam tanto a ponto de fazê-lo ser daquele jeito, uma vergonha para se pai e para Berk, um inútil.

Soluço não sabia há quanto tempo estava ali, já havia chorado muito a ponto de sua cabeça começar a doer, já havia gritado, resmungado, reclamado e nada fazia diminuir a tristeza e a dor em seu coração. Ele jogou mais algumas pedrinhas no lago, até nisso ele era ruim.

- Você é péssimo nisso – ele abriu um sorriso involuntário ao ouvir a voz que ele mais amava no universo.

- Você também – Soluço continuava jogando as pedrinhas.

Astrid foi até ele e pegou uma das pedras a jogando na água, a pedrinha saltou criando diversas ondas antes de afundar.

- O que você disse? – ela o empurrou para o lado e se sentou.

- O que faz aqui? Deveria estar curtindo a festa de snoggletog.

- O único motivo de eu ir para aquela festa não estava lá, então não fazia sentido eu continuar na festa – ela deu de ombros – posso saber por que você não está na festa?

- Não estou com ânimo para festejar, essas coisas só reforçam ainda mais quem eu sou – ele abaixou o olhar triste.

- E quem você é?

- A vergonha de Berk.

- Quem você é? – ela perguntou novamente.

- Você ouviu, a vergonha de Berk.

- Quem você é?

- Astrid não estou com cabeça para brincadeira.

- Não é brincadeira – ela disse séria – me responde, quem você é Soluço?

Soluço não respondeu, continuou a fitar o chão.

- Eu repondo então, você é Soluço Spantosicus Strondus III, o herdeiro legítimo da maior e mais temida ilha de todo o arquipélago Barbárico, você é a salvação de Berk, a pessoa que mudará para sempre essa ilha, você é gentil, forte, corajoso e leal, você é o meu melhor amigo, a pessoa mais importante para mim, então se ser você é ser uma vergonha, Berk inteira deveria se envergonhar, porque nenhum berkiano é a metade do que você é, você é a pessoa mais incrível que eu conheço.

Soluço ergueu o olhar para vê-la e a puxou para um abraço. Astrid estranhou, geralmente era ela quem tomava a iniciativa, mas logo ela espantou a estranheza e retribuiu o ato de carinho.

- Obrigado, por sempre estar comigo, você também é a pessoa mais importante para mim.

- É agora que você vai me dar meu presente?

Soluço se afastou e a encarou.

- Como você...Bocão.

- Sim, mas em defesa dele, a culpa é sua, quem mandou contar logo para alguém que tem o nome de Bocão?

- Você tem razão – ele sorriu.

- E então? Estou esperando meu presente – ela estendeu a mão aberta para ele.

- Não sei se você merece.

- Como assim?

- Você brigou comigo no início da festa.

- Você mereceu – ela cruzou os braços já irritada – eu esperei horas até você chegar, aí quando você chega você vai conversar com aquela tal de Brenna, nem sequer olhou para mim, nem me cumprimentou ou comentou sobre a minha roupa ou reparou que eu estou com uma trança diferente.

- Ah você mudou o penteado, ficou bom – ele colocou a mão no pescoço – e a roupa também.

- Eu não quero que você me elogie só porque eu falei – ela se levantou e se aproximou do lago.

- Desculpa Astrid, eu não sou bom nessas coisas, eu sou muito lerdo.

- Sério? Nem percebi – ela disse sarcástica.

Ele se aproximou dela.

- Sabe por que eu não presto muita atenção nos detalhes que você muda? Porque eu acredito que nada que você fizer diferente, ou que você mudar vai te deixar melhor.

- Nossa, obrigada – ela bufou.

- Você não entendeu – ele a virou para ficar de frente para ele – estou dizendo que você é perfeita, não tem como você ficar ainda mais bonita ou melhor, você já atingiu o nível máximo de perfeição.

Astrid abriu um sorriso involuntário ao mesmo tempo que seu rosto adotava uma coloração vermelha.

- Você se safou bem dessa.

Soluço colocou a mão no bolso e logo em seguida a retirou e a estendeu para Astrid.

- Seu presente.

Astrid pegou uma pequena caixa da mão de Soluço e a abriu, havia um colar dentro, ela retirou e observou o objeto, o cordão era de couro e o pingente era de metal com desenhos delicados e estava gravado as letras ᛁ, ᛒ e ᚨ e abaixo das letras tinha uma pedra azul.

- É lindo – os olhos de Astrid brilhavam.

- Achei que você iria gostar de algo que lembrasse seus pais.

- Eu amei, mas eu não tenho nada para te dar Soluço, eu não fiz nenhum presente para você – ela disse preocupa.

- Não precisa, ter você na minha vida é o meu presente, o melhor presente que eu poderia ter.

Soluço pegou o cordão da mão de Astrid e a virou colocando logo em seguida o colar no pescoço dela.

- A pedra é um topázio azul, eu escolhi por dois motivos.

- Quais?

- Primeiro, significa abertura de caminhos e conexão com o plano de luz, eu sei que você tem medo por causa da profecia, mas eu acredito que você terá muita luz na sua vida, você será feliz.

- E o segundo motivo?

Soluço a virou novamente para ficar de frente para si.

- O segundo motivo, é que a pedra mais bonita que eu já vi e sabe por quê? – Astrid balançou a cabeça negativamente – Porque ele tem a mesma cor que os seus olhos.

Os dois se encararam e se aproximaram um do outro devagar.

- Eu não quero me casar com você, por causa de um contrato ou de uma profecia, e sim porque eu gosto de você, de verdade – Soluço colocou as mãos na cintura dela e a beijou, um beijo calmo e suave, mas cheio de sentimento.

- Obrigada – Astrid disse após se separarem.

- Por quê?

- Eu pensei que esse seria o pior snoggletog da minha vida, mas mesmo sem meus pais, esse foi um dos melhores, obrigada pelos dois presentes.

- Dois presentes? Mas eu só te dei um – ele franziu o cenho confuso.

- Foram dois, o colar e esse aqui – ela sorriu para logo em seguida o puxar para mais um beijo.


Notas Finais


*Espero que tenham gostado.

**As letras no pingente corresponde as iniciais em rúnico dos nomes dos pais da Astrid e do nome dela.
ᛁ de Ingvar, ᛒ de Bertha e ᚨ de Astrid
***Finalmente tivemos o beijo Hiccstrid, podem comemorar kkk
Comemoraram? Ok, agora comecem a preparar o coração de vocês, porque os próximos capítulos vão ser um pouco tensos.

***Beijos e até quando eu consegui postar, que não sei quando, mas espero que seja breve.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...