História Dragon Ball - Futuro Alternativo - Conte-me mais senhor Piccolo!

- Garoto, afinal de contas, o que veio fazer aqui outro dia?

Gohan se assusta ao ouvir a voz de Piccolo surgir, parando de refazer alguns curativos em sua perna.

- Oi pra você também, senhor Piccolo. – Gohan suspira voltando a passar em sua perna o remédio que Videl havia lhe dado -: Sentiu meu Ki, não é?

- Que pergunta, mas é lógico!

- Fui para ver como é a paz que tanto fala pra mim. Pretendia visitar todos os nossos amigos daí, mas acabou não dando tempo.

- Claro que não deu, ficou perdendo tempo com aquela irritante da Videl!

Gohan permanece em silêncio enquanto passa o remédio.

- Acabei conhecendo um pouco sobre o Gohan do passado... Pude sentir seu Ki. – diz Gohan começando a fazer o curativo -: E entendo agora o que você quis dizer antes... É meio injusto ele ter tanto poder e treinar tão pouco. Mas enfim... Tempos de paz realmente são extraordinários.

 - Gohan, que bom que conseguiu sentir a diferença. E você tem razão... Tanto que eu tive que ser obrigado a concordar com Vegeta em um ponto: ele relaxou muito com o curto período de paz em que tivemos na Terra e não treinou quase nada. E se treinou, foi antes do Torneio de Artes Marciais... Eu devo te contar com vergonha que ele vestiu-se de maneira ridícula e assumiu o nome de um herói chamado Sayaman.

 - S-Sayaman...? Eu... Fico com um pouco de vergonha de mim mesmo...

 - E-Eu também, mas foi uma parte do passado, depois sua ex noiva, a Videl, entrou nessa também e... Bom... Pff... Eu soube que no universo de Bra isso só parou graças a sua filha, a Pan... E que garotinha destemida, imperativa e determinada, com apenas quatro anos participou do Torneio de Artes Marciais e é muito forte!

 - Uau! Parece que você acabou de descrever uma versão feminina do meu pai. Mesmo não sendo exatamente a minha filha, fico orgulhoso do espírito dela! Se o senhor der umas dicas para ela, eu tenho certeza que ela será uma grande guerreira!

 - Ela é uma guerreira poderosa, seu pai sem dúvida a ama muito. No caso do universo da Bra, já deve saber que lá quem existe é o Vegetto. Bom... E como foi a única criança que ele viu crescer de sua família, faz questão de dar amor e muito carinho, como o vô de seu pai deu a ele, que, aliás, tinha o mesmo nome que você possui, não é pra menos... O Piccolo daquele universo até poderia treiná-la, mas não sei, temos pavor de pensar na Chichi velha e na Videl irem atrás para atazanar. Desculpe-me, mas... Aquelas mulheres são tão... Imbecis. 

 - Hahaha, É verdade senhor Piccolo. Eu lembro que minha mãe tinha muito medo de você... Mas depois que o senhor me "raptou", esse medo virou um ódio mortal! Hahaha

 - Ela ainda pensa que sou um demônio... Acho que é assim em todos os universos. Ainda mais aqui, que estou fundido com Kami-sama! Ela acha que eu o devorei! Antes eu a achava insuportável, agora eu entendo porque seu pai tem tanto medo dela... Fora que... Eu lhe contei dos outros dois androides inferiores ao #17 e a #18? 

  - Outros androides inferiores? Creio que sim... Conte-me mais Piccolo-san!

 - Sim, eu lhe contei... Sobre Dr. Gero, que era conhecido como #20 e o #19... Dois androides patéticos que foram exterminados facilmente. O #19 pelo Vegeta, quando se tornou Super Siyajin pela primeira vez; o outro eu amputei um de seus braços, mas #17 e #18 deram cabo dele... Eu lhe contei sim Gohan. Foi uma batalha árdua, porque depois disso surgiu o ser chamado Cell, que pedi para eliminá-lo. 

 - Estranho... Porque será que eu nunca ouvi falar deles em minha era? Será que foram derrotados depois que acordaram o #17 e a #18?

 - Eles não existiram em sua época, se não me engano. Trunks quando veio para nos avisar, alterou toda uma cronologia, e isso fez com que esses androides surgissem; não só eles, mas também descobriram o grande Androide #16, que na verdade era apenas um robô. Apesar de seu vasto tamanho e jeito amedrontador, ele era bondoso e queria a paz. Seu pai foi curado da doença no coração enquanto eu, Vegeta, você ainda pequeno, Trunks, Tien, e Kuririn foram a busca desses androides... Mas a #18 facilmente venceu Vegeta, e nisso eu tomei uma grande decisão: ir procurar Kami-sama para que nós nos fundíssemos. 

 - Ah, entendo! Faz sentido isso... E a respeito deste #16, pelo o que você contou para mim... É difícil imaginar uma dessas máquinas sendo pacíficas... Mas se o senhor disse que ele virou meu amigo no passado, então talvez ele seja do bem até mesmo aqui.

 - Ele era bom... Se estivesse com vocês seria um ajudante perfeito. Ele é digno de um título de guerreiro, queria a paz, salvar os animais, era um sujeito gentil até demais. Quando ele abraçou o Cell em um ato suicida, no torceio em que Cell em sua forma perfeita absorveu #17 e #18 para ficar mais forte, ele achou que poderia explodi-lo. Mas Bulma, que concertou o mesmo, retirou a bomba que estava implantada dentro dele, fazendo Cell expandir seu Ki o explodindo. Porém a cabeça dele permaneceu inteira, e depois de um tempo ele falou com você, acho que dizendo pra você salvar a Terra e cuidar da paz. Não escutei direito por estar bem distante... Depois que Cell pisou e estourou cabeça dele, a sua fúria foi tamanha que se tornou ainda pré-adolescente em Super Saiyajin 2.

 - Será que ele ainda está adormecido em meu tempo?‎

 - Cell deve estar. Elimine-o enquanto é fraco! Já Androide #16 deve estar desligado. Encontre-o e leve à Bulma! Ele será de grande ajuda a vocês, você sabe exatamente como ele é. Tente fazer isso o quanto antes, ele é um grande companheiro que vai ajudar vocês para pelo menos deter os outros dois androides para que possam treinar, ou então para que ele tente os convencer a pararem com a destruição... Andem logo! Procurem se apressar, se encontrar os outros androides os ataquem com o mínimo de suas forças. Eles são muito fracos, não tem como falhar...

 - Assim que eu me recuperar, irei alertar Trunks para ir comigo em busca do laboratório do Dr. Gero...

 - Trocando de assunto, a filha do seu pai, digo Vegeta, arrrgh! Quero dizer Vegetto... Ainda está um pouco confuso para mim... Enfim, por acaso entrou em contato com você?

 - Ah, eu sei como se sente, ela já conversou comigo. Fiquei confuso no começo... Mas já estou me acostumando. ‎

  - Então ela não está apenas importunando a mim... A única coisa que me conforta é que o Piccolo deles é igual a mim, só que muito mais falante e acho isso meio estranho, muito serviçal.

 - Muitas coisas são diferentes entre os universos, não é mesmo? Há horas que não consigo esconder a tristeza e a raiva que sinto...

 - Às vezes... ‎ A tristeza em mim é quase evidente; o ódio em meu coração ainda tem suas pequenas fagulhas, e minha vida é tomada por uma indiferença gigantesca. Eu voo por paisagens que não contemplo, eu ando por florestas onde não desbravo, eu medito perto de riachos onde não me refresco e escuto os pássaros cantando sem achar bela a sua canção. Crianças correndo, adultos sorrindo, jovens namorando... E eu simplesmente não sorrio. Eu deveria me odiar... Muitas vezes eu deveria me perguntar por que meus passos são os únicos sons que escuto por toda a madrugada... Eu me pergunto por que meus passos não tem direção, não tem curvas, são sempre retos e com muita cisma de continuar indo pro mesmo lugar; por que diabos eu ainda reflito sobre o vazio do deserto... Eu devo ser castigado pelo mal que cometi, não sentindo amor, afeto e amizade com nada. Eu quero destruir ao mesmo tempo as pessoas que vejo e me chamam, querem me ver sorrir. Eu não me importo se está contemplando um amor, se estão felizes aquecidos em suas casas... Eu só quero dizer que esse sou eu, indiferente, com todas as coisas do mundo, que a única coisa que odeio, é a droga do destino. 

 - Belas palavras senhor Piccolo... Mas lembre-se que você sempre será o meu melhor amigo e o meu segundo pai!‎

 - Ora garoto, eu sei disso. Desde criança você me convence todos os dias disso, porém eu não me sinto assim por momentos. É como se as lembranças de um passado me assombrassem, mas não é nada pessoal garoto, pelo menos você teve uma família. 

 - Você não me parece estar muito bem hoje senhor Piccolo...

 - Bom, eu... Eu acho que apenas estou cansado. Melhor deixarmos para continuar nossa conversa outro dia.

 - Está bem, descanse, pois farei o mesmo. Quero me recuperar o quanto antes.

 A voz de Piccolo desaparece e Gohan se deita novamente, olhando para o teto pensativo. Com tudo isso acontecendo, será que ele conseguirá deter os androides?