História Dragon Slayer do Apocalipse - Amigo

Ele fitou a garota por alguns segundos antes de responder fracamente, mostrando ainda o quão fraco e dolorido ainda estava.

-Nat...su...

-Está tudo bem com você Natsu-san?-a garota sentou ao seu lado, preferindo estar em sua linha de visão.

-Sim.

-Não parece.

Natsu apenas rosnou baixinho e se forçou a levantar. Suas pernas falharam em segura-lo e ele tombou de lado. Rosnando, ele apoiou seus braços e empinou os quadris. Seu rabo apoiado na terra ajudou um pouco no equilíbrio e assim, conseguiu ficar em pé. Apesar de estar de estar se apoiando nos quatro membros. Ele deu um passo a frente, estremecendo quando suas novas pernas fraquejaram com seu peso. Depois de alguns minutos ele caminhava quadrúpede perfeitamente, sendo capaz de correr alguns metros antes de cansar. Até o final do dia ele tentava avidamente caminhar sobre apenas duas pernas novamente, apoiando-se sempre em um tronco ou rocha. A garota, Mavis, as vezes o visitava. 

Mavis não era como outros humanos que Natsu havia observado. Ela não correu assim que o viu, dava sorrisos calmos para ele na forma de dizer que tudo iria ficar bem. Como se ela própria entendesse. 

Mavis as vezes compartilhava sua vida com ele, e em troca, ele fazia o mesmo. Mavis lhe contava suas aventuras com sua guilda enquanto pudia ficar com eles e contava (na maioria das vezes)sobre seu professor/amigo (/namorado que Natsu sempre acrescentava mentalmente) que  se chamava Zeref. Mavis vezes dizia que o entendia, mas no outro dia lhe dizia o contrário. Ele ria da frustração dela. Poucos dos sorrisos que ele dava, era ela que os arrancava.

A garota tagarelava sempre que ele a ouvia. E ela respeitava todos os momentos silenciosos que compartilhavam. Mavis contou com orgulho e afeto sobre sua guilda, Fairytail, o que o levou a perguntar o motivo do nome. E ela, com ainda mais orgulho e afeto lhe respondia:

-Fadas existem? Quem sabe? É um mistério...uma eterna aventura!

Ele se via imaginando como seria estar em tal lugar que Mavis tratava com tanto amor e carinho. Como se fosse uma família. Uma verdadeira família. 

De vez enquando, Mavis e Natsu apostavam corridas a fim de exercitar as pernas recém adquiridas do dragão. Mavis, para o desgosto de Natsu, quase sempre vencia. Quando a garota não lhe fazia companhia, ela literalmente desaparecia. 

Mavis um dia explicou como ela havia ficado com sua condição. A Maldição da Contradição era algo que Natsu relamente não desejaria a ninguém. Muito menos a garota que o tratava ainda como um humano.

Eventualmente, a mesma garota o visitava cada vez menos. Imaginava que era sua aparência que começava a enoja-la. Suas mãos agora eram garras assim como seus pés e boa parte de seu corpo descascava. O que o levava a muitos banhos para aliviar a coceira e os restos de pele. 

Quando pudia, lançava rugidos de poder para o ar, testando seu alcançar e sua força, uma maneira de se manter atento. Sua velocidade havia evoluído rapidamente agora que havia se acostumado com o novo corpo e logo, podia caçar grandes cervos com graça de um predador. Depois de comer, o tédio era algo sempre presente, eventualmente dormia um ou dois dias. Se ele pudesse se selar, permanecer dormindo eternamente, talvez pudesse atrasar seu destino. 

Mavis um dia voltou feliz e animada, querendo muito contar tudo que aconteceu. Natsu a levou como sempre até a base da grande árvore que abitava a ilha. Ele a deixou falar sobre tudo que gostaria. Falou sobre Zeref e as novidades que ele trazia. Falou sobre sua magia com uma animação estonteante que o fez rir. E em uma dessas magias ele achou a resolução de seus problemas. Ele sabia que Mavis sempre o visitava nesta ilha por mais longe que fosse. E ele realmente agradecia. Mas, ao seu ver, mesmo que ela não pudesse amar os seres vivos e conviver com eles, ela realmente amava Zeref. Que também compartilhava de sua maldição. Natsu queria muito que ambos deveriam ficar juntos. E com a voz mais séria que conseguiu reunir ele falou em meio ao silêncio que havia se estabelecido.

-Mavis... eu quero que me sele com a Fairy Sphere.

-O quê?- ela relamente não pudia acreditar no que seu amigo estava dizendo.

-Me sele. -ele repetiu com mais convicção. -Mavis, olhe para mim, estou me transformando no que mais odeio. Está era ainda não está pronta para enfrentar a ira de dois dragões. Meu pai já é um problema suficiente e é um que sou eu que devo resolver.

- Mas...

-A concentração de Ethernano no ar será maior, eu posso dizer isso. Quando eu deixar a Fairy Sphere me transformarei em um dragão. - ele a observou, sabia que suas engrenagens cérebrais estavam a mil procurando por uma solução melhor do que essa.-Tenho certeza que manterei a consciência quando me transformar. Sabe porquê? 

-Não...Natsu...

-Porque você foi minha primeira amiga, Mavis.-ele sorriu como o máximo de carrinho que seus dentes pontiagudos permitia.-Você fez com que minha humanidade permanecesse mesmo ao estado que cheguei. Eu agradeço imensamente por isso. 

-Natsu, não posso simplesmente selar você assim! Você é meu amigo eu... eu...-a garota parecia a beira de lágrimas. Natsu não entendeu direito o que era esse sentimento. Tristeza? Pesar por abandonar um amigo? Sim... era isso.

-Mavis, quero lhe propor uma coisa...-ele começou, Natsu se levantou da raiz que estava sentado e a olhou bem nos olhos brilhantes dela.-...você será a detentora da chave que me acordará quando a necessidade surgir.

-O quê?

-Me acorde quando sua guilda estiver em perigo absoluto, onde não há maneiras de vencer o inimigo, onde as esperanças estarão sendo pondo à prova!

-E-Eu não posso! Estariamos usando você!- ela negou com veemência. 

-Mavis, eu não serei usado. Nunca mais serei. Eu sou seu amigo Mavis! - Ele se abaixou e colocou a mão no ombro da mulher.-Eu protegerei sua guilda, não, sua família quando você me chamar. É o mínimo que posso fazer por você ter me salvado se mim mesmo. 

-Oh, Natsu!- ela o envolveu em um abraço forte. Inicialmente, Natsu não soube o que fazer, mas depois retribuiu. - Eu sentirei saudades de você...

- Eu sei que sim, mas sorria ok?

-Ok, mas essa magia ela converte os laços e a fé em uma esfera que protege seu interior do mal e até do tempo.-ela começou  avaliar a situação. - A menos que você tenha tamanha vontade de proteger, não sei se realmente funcionará. 

-Eu confio em você Mestre Mavis.- ela calou-se ao ser chamada assim.-A esfera continuará queimando minha vontade até que o dia que eu serei necessário chegar. Vou garantir que isso aconteça! 

-Certo. -Ela concordou com um sorriso triste. Assim como perdeu amigos antes, ela está perdendo mais um agora, mesmo que seja imune a maldição. 

E eventualmente eles acharam um bom lugar para deixar seu corpo em êxtase no tempo. Era uma caverna feita de raizes que adentrava o centro da árvore e abria-se para uma grande caverna. A entrada era escondida o suficiente para não ser achada sem procurar. Ela viu como Natsu foi até o centro e a esperou. Mavis ainda que triste começou o feitiço. Ao contrário do normal, o feitiço começou a solidificar do chão e subindo como um cristal. Ela então fitou surpresa. A vontade e fé de Natsu modificou a esfera para algo bruto, assim como a intensidade de seus sentimentos. Ela observou o sorriso fraco que ele detinha.

-Adeus ...Natsu...- ela se pegou dizendo quando o cristal já cobria o pescoço do dragão. 

-Nunca um Adeus... sempre será um até logo....-ela o ouviu sussurar e observou-o fechar os olhos e permanecer imóvel agora dentro do cristal.

-Sim...até logo...