História Dreams - Vinte e quatro

Lauren estava sentada no chão de sua casa tentando entender o que tinha acontecido. Pensou que tinha chegado sua hora, que finalmente ia morrer e acabar com tudo aquilo, já tinha aceitado isso, mas Red simplesmente sumira e ela não entendia o porquê.


-Laur? - Lauren pensou ter imaginado ouvir aquela voz, mas quando ergueu os olhos, ela realmente estava lá parada no meio da sala a olhando com lágrimas nos olhos.
-Camila - ela levantou apressada e correu pra abraçá-la, a acolhendo em seus braços - eu pensei que não te veria mais, pensei que tivesse desistido de mim.
-Eu nunca faria isso - garantiu - eu te prometi, lembra?


Lauren sorriu, algo dentro dela lhe dizia que Camila não ia deixá-la daquela forma, foi tudo uma mentira do Red. Mas aí Lauren percebeu que tinha algo errado, estava escuro lá fora e Camila chorava em seus braços, a apertando com força, sem equilíbrio nas pernas.


-Camz, o que houve? - ela perguntou preocupada.
-Eu o matei - Camila sussurrou em meio as lágrimas - ele está morto, eu enfiei uma faca no coração dele.
-O quê? - Lauren arregalou os olhos e se afastou pra poder ver seu rosto.
-Acabou - ela disse limpando as lágrimas - ele não vai mais nos machucar, Lauren. Ele está morto.


Lauren realmente não sabia o que dizer sobre aquilo. Red estava morto? Então, tinha finalmente acabado? Ou era mais uma brincadeira de mal gosto pra lhe encher de esperanças?


-Você já pode acordar, Lauren - Camila murmurou sorrindo levemente em meio as lágrimas - vamos, acorde.


Elas se encararam em silêncio, Camila esperou impaciente que ela desaparecesse, que acordasse, mas Lauren ficou parada olhando pra ela assustada, parecia que queria chorar também.


-Vamos, o que está esperando? - ela perguntou confusa - acorda, Lauren. Agora.
-Eu não consigo, Camila - sussurrou.
-Como assim não consegue? Michael está morto, eu o matei. Você tem que acordar - ela disse nervosa.
-Eu não sei como - Lauren explicou - ele pode estar morto, mas eu continuo presa aqui. Acho que só ele podia me libertar, eu não sei o que fazer pra acordar.
-Não, não - Camila balançou a cabeça sem acreditar naquilo e a sacudiu - você tem que acordar. ACORDA!
-Eu não posso - Lauren choramingou agoniada.
-NÃO!


Mas quem acordou foi ela, abriu os olhos assustada e encarou o corpo sem vida de Michael jogado na cama.


-DESGRAÇADO - ela gritou aos prantos.


Ela tinha esperado todo esse tempo que se Michael morresse, Lauren finalmente poderia acordar e estaria desfeito, mas aparentemente ela estava enganada. Agora ele estava morto e a solução pra seu problema tinha morrido com ele. Camila já entrara em completo desespero, chorando loucamente, as mãos sujas com o sangue dele foram até seus cabelos, os puxando com força, como se uma dor pudesse afastar a outra.


-DESGRAÇADO - ela gritou de novo - VOCÊ ACABOU COM A MINHA VIDA.


Ela se levantou jogando tudo que via no chão, quebrando os objetos, tentando descontar sua raiva e sua tristeza em alguma coisa, foi quando avistou algo no chão, parecia um livro. No instante que seus olhos bateram naquilo, ela lembrou de uma conversa que tivera com Lauren certa vez. A maioria das vezes que ia vê-la, quando chegava lá, ela estava escrevendo. Um dia ela perguntou o que ela tanto escrevia.


"-É uma espécie de diário - Lauren havia dito pra ela - eu anoto aqui todas as coisas que eu sei sobre esse lugar, tudo que eu sei fazer e como fazer. É pra não esquecer, quem sabe um dia eu não passe adiante. Pode servir pra você Camila, você tem muito o que aprender."


Ela pegou o livro do chão e o abriu, era um diário como o de Lauren, mas o diário de Michael. Era a mesma coisa, ele descrevia ali tudo que sabia fazer. Será que estava escrito naquele livro a solução que ela buscava? Olhou mais uma vez pro corpo de Michael morto na cama e fechou os olhos com força, as lágrimas caindo sem nenhum controle por seu rosto. Ela tinha matado uma pessoa, mas havia sido em legítima defesa, não havia? Camila secou as lágrimas que escorriam e se forçou a parar de chorar. Tinha que ir embora, tinha que sair daquela casa o mais rápido possível. Ela pegou um pano e passou no cabo da faca o máximo que conseguiu, depois procurou as chaves da porta e a abriu, saindo da casa quase correndo e com cuidado para não ser vista.

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-Camila, por favor - Dinah murmurou pela milésima vez - já fazem quase duas semanas que você não dorme.


Camila ainda estava escondida da mãe que a procurava enlouquecida e completamente preocupada. Ela estava ocupada demais lendo o diário de Michael, tentando descobrir alguma coisa, qualquer coisa que fosse. Ela não dava ouvidos a mais ninguém, nem a Dinah e nem a James que estavam preocupados.


-Camis, você precisa descansar - James disse - não vai poder ajudar a Lauren se morrer.
-Não adianta, ela não escuta - Dinah protestou irritada - menina teimosa, eu devia dar um sonífero pra ela.


Mas Camila levantou da cama de repente, um enorme sorriso surgindo em seu rosto, um sorriso que a muito tempo Dinah e James não viam. Ela estava feliz.


-O que foi? - Dinah perguntou assustada com a mudança repentina dela.
-Eu achei - ela disse sorrindo e fechando o diário - eu achei.


Camila não disse mais nada, apenas saiu correndo e pegou um táxi, indo até o Hospital de Greenville. Quando chegou lá ela entrou correndo, completamente eufórica e subiu em direção ao quarto de Lauren.


-Oi, Charlie - ela cumprimentou o guarda que ficava na porta, ele já havia se acostumado com as visitas dela.
-Oi, Camila. A senhora Jauregui está lá dentro - ele informou.
-Obrigada - ela sorriu.


Camila entrou no quarto, fechando a porta atrás de si e encontrou Denise sentada ao lado da cama da filha olhando pra ela com tristeza, mas Camila estava prestes a mudar isso.


-Oi, Camila - Denise sorriu ao vê-la.
-Eu descobri, Denise - ela murmurou agitada - sei como fazer sua filha acordar.
-O quê? - Denise arregalou os olhos sem acreditar no que ouvia, não queria se encher de esperanças.
-Isso mesmo - Camila sorriu - só preciso de um minuto e terá sua filha de volta.


Camila não disse mais nada, largou o diário em cima da mesinha que havia no canto, sentou-se no sofá e fechou os olhos, estava na hora de acabar com tudo aquilo. Ela só esperava que desse certo.
Quando finalmente adormeceu, Camila apareceu na casa de Lauren. Sorriu ao vê-la escorada na janela, olhando a paisagem lá fora. Sentiu seu coração se acelerar loucamente dentro do peito, a expectativa do que ia acontecer aumentando.


-Laur - ela chamou.


Lauren se virou pra olhá-la e sorriu, já faziam uns dias que Camila não aparecia. Ela atravessou o cômodo pra ir abraçá-la.


-Estava achando que tinha esquecido de mim - Lauren brincou - não te vejo desde aquele dia.
-Eu descobri - ela sussurrou - sei como te fazer acordar.
-O quê? - Lauren estava confusa.


Camila a puxou pela nuca e a beijou, precisava fazer aquilo antes de qualquer outra coisa. Apesar do susto, Lauren retribui o beijo de bom grado, sentindo falta de ter os lábios dela nos seus, quase se esquecera de como era boa aquela sensação.


-Camila, eu não... - Lauren tentou dizer quando ela a soltou.
-Shh - ela a interrompeu - só fique quieta.


Camila fechou os olhos com força, respirando fundo e se concentrando. Lembrou do que lera no diário, do que Michael escrevera sobre como fazer aquilo, não era difícil. Só era preciso muita concentração, prática e que você exercitasse seu cérebro para isso aos poucos ou teria problemas sérios. Problemas esses que Michael não citava no diário, mas que ficara bem claro que não eram nada bons. Também era preciso que ela acreditasse que ia dar certo. Acreditar. Camila sempre teve problemas com essa parte, mas daquela vez ela acreditava do fundo do coração que ia dar certo. Já com a parte da prática e do exercício ela não estava preparada, mas não queria saber dar das consequências que sofreria, ela ia salvá-la. Enquanto se forçava a concentrar, começou a sentir-se tonta e como se tudo estivesse girando. Sentia sua cabeça pesar e seu coração acelerado, depois se sentiu totalmente leve.


-Camz... - Lauren a chamou baixinho, assustada ao ver que escorria sangue do nariz de Camila.


Ela abriu os olhos e encarou aqueles lindos olhos verdes.


-Está na hora de acordar, Lauren.
-Mas eu...


Ela não pode terminar a frase, começou a se sentir estranha, uma sensação desconhecida ou talvez esquecida. Lauren olhou pra suas mãos e assustada percebeu que estava transparente como um fantasma, ela estava desaparecendo.


-Te vejo do outro lado - Camila sussurrou sorrindo.


E então ela sumiu.

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Denise estava sentada ao lado da cama filha, olhando pra Lauren e Camila desacordadas. Ainda achava aquela história de elas se encontrarem em sonhos muito estranha, mas ela acreditava e confiava em Camila. Ela se assustou quando de repente sua filha abriu os olhos e se sentou na cama, pondo a mão no coração e respirando com dificuldade.


-Meu Deus, Lauren - ela não conseguiu acreditar naquilo.
-Mãe - Lauren sussurrou com dificuldade, os olhos verdes encarando assustados o rosto da mãe.
-ALGUEM AJUDA - ela pediu gritando - não acredito, você acordou.


Lágrimas surgiram nos olhos de Denise, ela abraçou a filha apertado. Esperara durante quatro anos que aquele momento chegasse e agora parecia só um sonho bom. Lauren a abraçou de volta, confusa, sem entender bem o que estava acontecendo, mas se sentiu a vontade nos braços dela.
Um minuto depois Camila abriu os olhos também, um enorme sorriso surgiu em seu rosto quando viu Lauren acordada, abraçada a mãe. Ela se levantou e correu até elas.


-Lauren, eu consegui - ela disse contente, seu coração quase explodindo se tanta alegria - você está bem?
-Quem é você? - Lauren perguntou assustada, a olhando confusa.
-Sou eu, a Camila - ela respondeu, o sorriso em seu rosto morrendo.
-Desculpe, eu não te conheço - disse nervosa - mãe, o que está havendo? Por que estou no hospital?


Denise olhou pra Camila também parando de sorrir, Lauren não lembrava de nada daquilo que acontecera. Camila foi chegando pra trás sentindo os olhos arderem com a vontade de chorar, mas algo mais doía, não era só seu coração. Sua cabeça pesava, ela não conseguia respirar. Seu corpo perdeu toda a força, sua vista ficou embaçada e ela tossiu. Denise largou a mão da filha, assustada, vendo Camila se engasgar com o próprio sangue e depois despencar no chão desacordada.


-Camila? Camila! - ela gritou assustada - SOCORRO, ALGUÉM AJUDA.