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História Dreamy - Sonho Simulado - Primeiras Impressões e Véspera das Aulas


Escrita por: NuttyOkari32

Notas do Autor


Eu sei que ficou meio grande, mas... poxa, eu to há um semestre escrevendo XD
Na minha opinião ficou bom, mas talvez tenha uns erros de coerência por causa das últimas revisões de conteúdo e trocas de informações recentes. Espero que vocês gostem ^^
Última Revisão de Ortografia e Gramática: 21/07/15
- VictorNutty

Capítulo 2 - Primeiras Impressões e Véspera das Aulas


—Hey... Kyaro... Kyaro! Acorda!

Kyaro lentamente abre seus olhos. Uma menina de cabelo castanho liso e claro estava na sua frente, ela tinha olhos da cor de seus cabelos e era muito fofa, seus cabelos iam até um pouco abaixo da linha de seus ombros, seu corpo não era muito desenvolvido e era apenas um pouco mais baixa que Kyaro Yoshi, um rapaz também de cabelo liso castanho, só que num tom mais escuro, magro, com o corpo de qualquer adolescente nos seus 14 anos. Ambos estavam sentados num banco de uma estação quando um trem chega. A garota se levanta e então diz:

—Vamos? O nosso trem chegou!

A garota com um sorriso no rosto dizia isso de um modo alegre, tanto que um sorriso também apareceu no rosto de Kyaro.

—Ah... Mas esse banco é tão bom...

—Você quer o banco ou uma cama?

—Uma cama é claro...

—Então levanta daí! Rápido, daqui a pouco o trem vai sair.

—Certo, certo, eu estou indo.

Kyaro se levanta do banco, olha à frente e vê as portas do veículo guiado por trilhos se abrindo alguns metros à diante. Dando alguns passos, ele logo passa pelas portas deslizantes e, pegando um cartão de vale transporte para estudantes, paga o que precisava para estar ali, a garota faz o mesmo. No vagão havia apenas algumas pessoas, então muitos lugares estavam disponíveis. Sentando-se próximos à porta, Kyaro e a garota começam a conversar.

—É seu último ano usando aquele uniforme, né?

—Pois é...

—Mas eu vou ter que usar ele por mais um ano. Ainda não consigo acreditar, somos amigos de infância, temos a mesma idade, mas você é meu veterano!

—É porque eu entrei na escola um ano antes que você, mas, por que isso te incomoda?

—Porque somos praticamente do mesmo nível, temos a mesma idade! Mas ainda assim eu tenho que te chamar de Kyaro-senpai na escola, se não os professores e o pessoal do conselho estudantil me dão esporro.

—Só por isso? Mas você pode continuar me chamando por apenas Kyaro aqui fora.

—Isso é um pouco humilhante para mim... Kyaro-senpai pra cá, Kyaro-senpai pra lá!

—Ah... Vai, que isso?

A menina ficou em silêncio por um tempo e abaixou sua cabeça. Kyaro, olhando para a direita percebe que ela estava cabisbaixa.

—Hey... O que há de errado?

A menina olhou para Kyaro ainda com a cabeça baixa e disse com uma voz fraca:

—Você e a Ri-chan ainda são meus únicos amigos nessa escola...

—Ritsuka tem muitas amigas, por que não se enturma?

—Err... P-P-Porque... Hmm...

—Você é tímida demais pra isso?

—Não! Não sou...! É que...

—Vamos, admita.

—Tá! Tá! Eu sou muito tímida pra isso... Está satisfeito agora? Poxa... Você gosta de atentar as pessoas, né?

—Haha! Mas tudo vai melhorar, você vai ver, pelo menos até o final desse ano. Eu vou te ajudar.

—Como assim...? Me ajudar? O que você vai fazer?

—Que tal entrarmos num clube? Nós dois.

—Clube? Mas eu não tenho nenhuma qualidade... Ninguém iria aprovar minha entrada.

—Quanta autoestima hein? Você deveria ser mais confiante! E está se esquecendo de uma coisa.

—Hã? O que?

—Eu e você cantamos bem!

—Mas eu sempre engasgo no meio da letra!

Yoshi se virou para a esquerda e cobrindo a boca com a mão esquerda começou a rir de olhos fechados.

—Hey! Kyaro! Isso não tem graça!

—Pfft! D-Desculpa, eu não aguentei. Hahahahaha! ... Ai, ai.

—Mas... Nossa escola tem um clube de música?

Yoshi surpreso a olhou por um instante e então a perguntou:

—Hã? Você nunca ouviu um toque de piano ou violino na hora da saída ou no intervalo do meio-dia?

—Agora que você disse... Sim, sim eu percebi.

—Então, era a Hiyari-san tocando.

—Hiyari... san...?

—Estudante da classe 3-E, líder do clube e, eu acho que ela também faz parte do conselho estudantil.

—C-C-Conselho estudantil?! Sem chance! Sem chance! Eu nunca vou entrar nesse clube!

—Hm? Por quê?

—Eu não quero me envolver com estudantes do alto escalão da escola!

—Você... Por acaso tem culpa no cartório? Pfft!

—Não é isso, só não quero me envolver com quem tem influência...

—Por quê?

—Porque essa pessoa pode te ferrar se ela quiser.

—Se você não fizer nada errado, não há o que temer.

—Olha quem fala...

Ambos caíram na gargalhada enquanto o trem anunciava sua próxima parada. O céu estava vermelho e as nuvens corriam soltas pelos céus, ao horizonte o sol se repousava e adormecia vagarosamente. As portas voltaram a deslizar e assim, o garoto e a garota saem para a estação onde havia poucas pessoas, nesse momento, várias sombras começaram a se mover freneticamente pelo chão com a chegada do trem, a luz branca e pálida vinda do teto da estação, às vezes e raramente, falhava. Pessoas cansadas depois de um dia de trabalho voltavam para suas casas com os olhos pesarosos e corpos exaustos como se fossem zumbis.

Yoshi e a garota subiram as pequenas escadas da estação para vencerem o desnível e assim terem acesso à pequena praça cercada de pequenas lojas, todas estavam fechadas, exceto uma, a loja de conveniência que ficava aberta até mais tarde.

—Você vai comprar aquilo de novo? É tão precioso assim?

—Claro! É meu mangá Shoujo preferido!

—Então hoje é por minha conta.

—K-Kyaro? Você não precisa! Eu tenho dinheiro aqui.

Kyaro pôs a mão sobre a cabeça da garota e remexendo seu cabelo pra lá e pra cá disse com um sorriso:

—Ah vai, deixa de ser teimosa.

—...

A menina seguiu então Yoshi para dentro da loja, um ambiente simples e não muito pequeno com várias prateleiras no meio do local e fixadas às paredes. Ambos andaram entre os corredores de produtos industrializados até que chegaram à sessão de mangás, a menina passou os olhos pelos produtos enquanto suas pernas produziam uma sombra sobre a luz amarelada que atravessava as vitrines daquela loja durante o fim da tarde.

—Ali! É aquele!

A menina apontou para um mangá que estava no meio de vários outros e só havia um exemplar sobrando, sua capa revelava a protagonista feminina de cabelos negros e longos vista de cima sentada numa mesa de uma sala de aula com seu uniforme enquanto parecia estar balançando suas pernas demonstrando uma expressão facial pensativa e ansiosa.

—O festival da escola vai estar nesse volume! Ahh, tô tão ansiosa.

—Já que estamos aqui, vou comprar o meu também.

Yoshi olhou os pequenos livros com capas fortemente coloridas, e, percebendo um, ergueu sua mão para pegá-lo, sua capa mostrava um garoto segurando uma espada em sua mão direita enquanto a avaliava e tocava as lâminas com sua mão esquerda, à esquerda do garoto havia uma garota segurando uma espada com um olhar convencido apontando-a para o leitor.

—Esse volume promete...

—Então já que o Kyaro-kun vai pagar o meu, eu pago o dele.

A menina se virou para Yoshi enquanto dizia isso.

—Ei, você não precis—.

—Então considere como um presente.

Yoshi sorriu e então agradeceu, começando a andar, os dois foram em direção ao caixa, ele tirou sua carteira e pagou o dela, a menina também o fez tirando uma pequena bolsinha de trocados do bolso de sua saia listrada de vermelho e branco. Ao saírem da loja, o garoto folheia o item analisando-o rapidamente, a menina, ao contrário, guarda seu exemplar em sua pequena bolsa pendurada ao ombro.

—Você não vai ver?

A menina dá três saltos até a frente do garoto e apenas com o indicador da mão direita levantado diz:

—Não quero estragar a emoção de ler pela primeira vez.

—É, você tem razão...

—Eu sempre tenho razão, você é que não raciocina direito.

—Aham, sei...

—Eu tô falando sério!

—Certo, certo, vamos pra casa antes que fique mais escuro.

—Mamãe já deve estar fazendo o jantar.

Assim os dois andam de ruas em ruas até chegarem numa vizinhança. Parados na frente de duas casas idênticas eles se separam, cada um para frente dos portões de suas casas.

—Até amanha, e obrigado pelo presente.

A menina sorriu e após isso entrou, e de dentro dos muros da casa gritou:

—Boa noite!

Yoshi respondeu o mesmo e assim entrou em sua casa. Abrindo a porta ele se depara com uma menina de avental andando de meias que iam até o joelho e agasalhos pesados pela casa, ela tinha o cabelo da cor do de Yoshi, liso, era magra, e às vezes, irritante. Sua franja interrompida no meio da testa se moveu bruscamente para a direita ao ouvir Yoshi dizer:

—Cheguei!

A mãe dizia a partir da cozinha:

—Yoshi, pegue as roupas da sua irmã que estão no varal enquanto ela me ajuda!

“Ah, então é por isso que ela está assim...”

—Onii-chan! Essas roupas são pesadas, eu quero trocá-las logo!

—Certo, certo, já estou indo.

Kyaro passou pelo porta guarda-chuvas e subiu o ressalto que dava início ao chão de madeira, andou pelo corredor, onde uns quatro metros a diante ficava a porta para a cozinha e a copa em conjunto, do outro na frente dessa porta ficava a porta para a sala, ao fim do corredor, a escada para o segundo andar com os quartos e ao lado da escada, a porta para a área de serviço.

Yoshi continuou reto entrando pela porta da área de serviço, quando nesse instante ele escorrega. Um par de meias de sua irmã estava no chão, ele rapidamente tenta se equilibrar se movendo para frente, mas não consegue evitar a queda. Que belo tombo...

—Ritsuka!

Ritsuka vem correndo ver o que aconteceu com uma espátula na mão, foi aí que ela viu seu irmão mais velho caído no chão da área de serviço.

—O que aconteceu Onii-chan?

—P-Por que você deixa suas meias jogadas aqui no chão?!

—Err... É que... Eu me esqueci de colocá-las na máquina de lavar, desculpa Onii-chan.

—...

Ritsuka o olhou com uma cara de cachorro que havia caído de um caminhão de mudança. Kyaro parecia relutante, mas acabou cedendo.

—Ah! Eu não consigo ficar com raiva.

—Obrigada Onii-chan.

Ela estendeu a mão dobrando um pouco os joelhos com um sorriso no rosto, Yoshi pegou sua mão e se levantou, subitamente ela o abraçou na cintura e disse:

—Eu te amo Onii-chan, você é o melhor irmão do mundo.

 A mãe desesperada da cozinha a chamava cheia de raiva.

—Ah! Eu esqueci a panela!

—Vai lá então, cabecinha.

Ela o olhou com uma cara séria e mimada ao mesmo tempo em que estufava as bochechas e então suspirou. Enquanto ela se dirigia para a cozinha, ele foi para o quintal a fim de pegar as roupas dela que já haviam secado. Quando ele estava recolhendo-as, alguém o chama.

—Yoshi!

Ele se vira para a direita e então vê alguém por cima do muro. Era Hirazo Shiro seu amigo de infância, ele era um cara extrovertido e nunca ficava acima de Kyaro em todos os aspectos, ele era como uma sombra de Kyaro Yoshi, sua mãe ficava em casa e seu pai trabalhava em uma multinacional.

—E aí, tudo bem? Tá sendo escravizado pela sua irmã de novo?

—Escravizado? De onde você tem essas ideias Shiro?

—Eu sempre te vejo fazendo coisas para ela, então não me restou outra hipótese.

—Até parece...

—E então, você vai entrar em algum clube ou não mudou de ideia ainda?

—... Vou entrar no de música, mas é só por um motivo.

—Wow! No de música? Mas independente do motivo, você tem alguma aptidão pra música?

—Por enquanto não, mas posso acabar descobrindo!

—Como o esperado de você, nunca tem uma qualidade, mas se joga com tudo e acaba descobrindo coisas que você nem sabia que podia fazer.

—Isso foi um elogio ou uma crítica? Haha.

—Dependendo do ponto de vista pode ser os dois.

—Prefiro acreditar que é um elogio.

—Mas, qual é o motivo dessa entrada?

—Quero ajudar a Tsumi a perder a timidez, fiquei sabendo que o clube precisa de vocais pra cantar composições de um membro, é aí que eu e ela entramos. E você? Vai entrar em algum?

—Claro! Vou entrar no de...

Hirazo ficou em silêncio por um tempo até que Kyaro olhou para ele com um sorriso sarcástico.

—Você nem faz ideia de qual quer entrar né?

—N-N-Não é isso!

—Ah é? Então qual é o clube?

—É o de... É o de...! K-Kendo! Isso! É o clube de Kendo!

—Kendo? Mas você ao menos sabe lutar?

—Eu posso acabar descobrindo algo, não é?

—Tá bem, né? Já que você diz...

O céu estava bem estrelado aquela noite, uma brisa passou pela região, a lua estava solta e livre no céu como se nenhuma nuvem quisesse atrapalhar seu brilho ou a ofuscar.

—Bem, então é Kendo...

—Boa sorte com isso.

—Pra você também, e cuida da Kachiharu Tsumi pra ela não engasgar hein?

—Ok, ok, vou me lembrar.

—Até mais Yoshi!

—Tchau Shiro.

Yoshi pega o cesto cheio de roupas e leva para dentro de casa, lá, ele põe o cesto sobre uma mesa. Ele pega as roupas de Ritsuka e as coloca dentro do banheiro para que ela pudesse tomar um banho e tivesse o que vestir imediatamente.

—Ritsuka! Suas roupas estão no banheiro!

—Obrigado Onii-chan!

—Mãe! Estou indo para o meu quarto!

—Você não vai jantar?

—Você pode me chamar quando estiver pronto?

—Ok! Mas não vá ficar enrolando naquele Dre-sei-lá-o-quê!

Subindo as escadas, Kyaro dá meia volta e andando reto, curva para a esquerda no corredor que daria acesso ao seu quarto, abrindo a porta ele se depara com um quarto simples e de tamanho médio. Pequenas estantes com alguns livros, mangás, bonecos de animes famosos, uma mesa no centro, uma mesa com um computador, uma simples cama, um guarda-roupas pequeno assim como um armário para guardar itens de cama e duas portas de vidro que davam acesso a uma sacada. Ele andou em frente e desviou da mesa central desabando em sua cama.

Sua mão se moveu e vagarosamente cobriu parcialmente sua face numa tentativa de bloquear a passagem da luz que enfrentava seus olhos de modo feroz, um suspiro nasceu a partir de sua boca.

—Mais um dia, né?

Kyaro ficou em silêncio por um tempo e então começou um monólogo... Nesse momento as portas que davam acesso à sacada são abertas e as cortinas são lançadas para trás pelo vento.

—Mais expectativas... Tsumi vai entrar no clube comigo. Tomara que tudo dê certo... Eu só tenho mais um ano pra ajustar tudo pra ela... Droga. Ritsuka também não vai ter mais minha ajuda o tempo todo.

“Acho que vou sonhar um pouquinho...”

Yoshi se levantou e indo em direção à estante de livros ao lado da porta do quarto, pegou uma roupa estranha. Ele era totalmente negra com traços retos na cor verde-água pelas mangas, pernas e tórax. Vestindo a camisa cujas listras depois seriam anexadas com as listras na calça por cima das roupas, ele deitou-se na cama e cobriu sua cabeça com um capuz totalmente verde-água.

A negra camisa possuía um colete prateado um pouco grosso, ali ficavam um computador e uma bateria, já o capuz tinha um capacete fino que cobria as orelhas, o couro cabeludo, parte do pescoço e da testa. Uma espécie de alça que fazia parte do capacete e era constituída do mesmo material poderia ser retirada de dentro da parte que cobria o pescoço para completar um círculo, o equipamento só funcionaria se essa alça estivesse travada num círculo completo ao redor do pescoço, caso contrário, nada poderia ser feito. Como o capacete e o colete eram partes importantes da roupa, eles precisavam se comunicar, por isso, linhas especiais na cor vermelha corriam pela roupa descendo as duas laterais do pescoço, seguindo pelo ombro, contornando as clavículas e se unindo aos seus centros até descerem diretamente ao colete.

Com seu braço direito ele ativa uma pequena alavanca no colete próximo ao ombro esquerdo, o sistema se preparava para lhe tornar o Deus de seu mundo. Uma viseira de hologramas foi formada, as linhas e traços verde-água e vermelhos ganharam um brilho incomparável. Imediatamente, todas as luzes do ambiente se apagaram, o equipamento havia liberado uma onda eletromagnética que desligou todos os aparelhos eletrônicos ao redor, as únicas cores naquele quarto escuro eram vermelhas e verde-água, mas em alguns pontos roxo também era visível.

O holograma logo mostrou a mensagem “Bem-vindo” juntamente com um tema convidativo em verde à Yoshi. Um relógio foi mostrado na parte inferior da visão, 19:27. Logo, uma barra foi aparecendo do nada na parte superior. Um balão de fala, o símbolo de um telefone, um símbolo de ondas Wi-Fi, uma estrela entre outros como uma engrenagem eram elementos daquela barra. Ele concentrou sua visão no símbolo da estrela por um momento e então logo a área principal com uma foto da família Kyaro com a Família Kachiharu foi mudada para uma tela com vários retângulos onde havia imagens de várias coisas. Um desses retângulos era o que mais chamava a atenção de Yoshi. Ele continha a imagem de um caça de guerra sobrevoando uma cidade à luz da lua numa esplendorosa noite. O retângulo começou a brilhar e se expandiu pelo visor inteiro, Yoshi começou a sentir suas pálpebras pesarosas, o visor já se tornava totalmente negro, as listras no decorrer da roupa perdiam seu brilho, por fim seus olhos se fecharam. Nesse momento as linhas da roupa ficavam acendendo e se desvanecendo em intervalos regulares nunca se apagando por completo.

Ao abrir os olhos, Kyaro estava de frente para uma imensa e sem fim escuridão. Logo ele estava sentado em algo, uma cúpula de vidro, vários equipamentos, enfim, uma cabine apertada. Yoshi se via dentro de uma aeronave de guerra.

Uma voz mecânica podia ser ouvida enquanto um mundo inteiro se formava. O chão e tudo a frente eram negros e nada podia ser visto, porém, a partir das rodas da aeronave um chão de concreto começou a aparecer, como se fosse feito com pinceladas que de pouco em pouco formaram uma base aérea inteira, logo depois, uma imensa floresta coberta pelo branco, planícies, ao fundo uma cadeia de montanhas e vários montes assim como morros. Várias explosões em vermelho vivo se espalharam pelo céu dando origem a nuvens e pássaros. Nublado, muita neve estava caindo, estavam numa tempestade de neve, voar naquelas condições era perigoso. Agora a voz mecânica dizia:

—O clima não é propício para voos, porém, a segurança nacional está a cargo da defesa aérea. O inimigo está bem armado, por isso, tenham cuidado. Nesse momento vocês terão uma decolagem turbulenta, mas a tecnologia implantada em seus caças pode resolver parcialmente os problemas. Prestem a devida atenção aos movimentos inimigos. A missão Monte Nevado começa agora.

Kyaro com determinação olha para frente e aperta o guidão com suas mãos enquanto ativava os propulsores da aeronave.

“Dreamy... Dessa vez você caprichou.”

Se movendo lentamente pelo radar, o inimigo já era visível. Duas naves vieram em disparada e passaram por cima da base abrindo seus compartimentos. Objetos desconhecidos, vultos em queda livre, traços indecifráveis em forma, fogo, fumaça, buracos, desmoronamentos, a paisagem havia sido destruída, uma mancha negra em meio ao gigantesco branco. A terra conservada por baixo daquele manto frio mostrava-se em pleno voo como se quisesse alcançar o céu.

As primeiras naves começam a decolar, todas trêmulas e desajeitadas. A esperança começava a cair nos gráficos psíquicos dos pilotos, indo totalmente ao chão quando uma fileira inteira de caças foi acertada por uma bomba. Seria um milagre se alguém ali sobrevivesse.

Cheio de desgosto daquelas cenas, Yoshi puxa sua aeronave para cima. Em quatro segundos sua mira captura um inimigo em rota de colisão eminente, sem piedade, dois mísseis são disparados juntos com vários tiros. Sendo atingido por baixo, o objeto voador se explode em sua rota mortal. Cabine, asas, leme, todos foram jogados para cima com violência. Uma mancha em meio ao cinza melancólico aparece nas nuvens, um simples paraquedas. Ativando as armas especiais, Yoshi abaixa o “nariz” da aeronave e em seguida faz um meio loop a invertendo para a esquerda logo após. Os insetos irritantes logo são perseguidos por losangos em inquietos giros, quando todos são pegos num encontro entre pontos e quadriláteros, um sorriso flui. Quatro, seis, nove, doze explosões, milhares de destroços, partes, inúteis fragmentos que há pouco tempo foram ameaças. Novamente uma mancha surge no agitado céu perturbado pela incomparável tempestade, um fato se tornou perturbador em meio àquela situação, apenas um... Apenas um paraquedas surgiu.

O esquadrão de Yoshi se mostrava extremamente competente, pelo menos até agora, 12 minutos desde o início da missão. De uma hora para a outra, Kyaro testemunha uma cena preocupante, seu esquadrão estava sendo massacrado sem escrúpulos por apenas um integrante do esquadrão inimigo. Ele estranhou o fato de ter alguém ao nível dele naquele lugar. Decidindo ignorar, ele tentou mais uma vez acabar com todos os que se opunham à sua supremacia naquele local, excluindo o elemento que estava em seu patamar. Após alguns minutos preenchidos com várias explosões e destroços sendo jogados fora do campo de batalha como apenas lixo desprezível, a base estava segura, porém com muitos danos.

Apenas Kyaro e o outro oponente estavam no local de batalha. A nevasca se enfraqueceu e os flocos de neve caíam agora gentilmente sobre os grandes lençóis gélidos. Vários tanques aparecem em estradas pelas florestas, todos posicionados em fileiras estratégicas. Instantaneamente uma bomba é lançada, a torre de comando fora destruída.

Agora, sem auxílio, Yoshi se deparava numa complexa e desfavorável, pavorosa e desconfortante situação. O inimigo em voo era apenas reconhecido pelo computador de bordo como “Black Sheep”. Ele estranhou e sua pele se arrepiou ao ver seu ícone cercado de inimigos no radar, aquilo já não era um sonho assim como não era antes, mas sim um pesadelo.

“Isso não pode ser simulação... Alguém, alguém está naquela nave...!”

Os braços de Yoshi perdiam cada vez mais sua firmeza, sua espinha e sistema nervoso emitiam ondas de frio a cada segundo, décimo, centésimo, milésimo do mesmo. Ele estava com medo de sua própria imaginação, escravizado por sua própria mente... A todo o momento ele apelava para a velha desculpa de que aquilo era apenas um sonho simulado, seu coração saltitante não se conformava com isso, não aceitava, se recusava a acreditar na óbvia realidade, mas afinal, ele estava ali para esse fim, para escapar, se libertar, fugir da chata e monótona realidade.

Paralisado, ele não conseguia mover apenas um músculo.

Dois, quatro, oito, dezesseis, trinta e dois, sessenta e quatro mísseis foram lançados simultaneamente. Todos com seus segundos de voo contados, todos com o mesmo destino, todos com o mesmo alvo.

Em meio ao cenário caótico, destrutivo e desolador, tudo perde o som repentinamente. Os tiros correm pelo céu desordenado. Milhares de tons em cinza são visíveis, e vermelho sangue é a única cor viva no cenário. Ele foi atingido... Os clarões eram ininterruptos. Black Sheep havia pegado ele de jeito.

Suas mãos se tornaram insensíveis, assim como seus pés e pernas, não havia vida naqueles membros. O pânico tomou forma líquida que escorria freneticamente por seu corpo em tom escarlate. Ele não se dava conta do que estava acontecendo, seus pensamentos estavam bloqueados. Instintivamente, ele reuniu todas as suas forças e tentou mover seu braço esquerdo, nenhum sinal de vida. Pela segunda vez ele tentou, novamente ele falhou. A colisão eminente com os explosivos contava sete segundos para destruição total. Pela terceira vez ele tentou, como se fosse um milagre ele obteve sucesso. Fechando seu punho trêmulo, jogou-o para cima de uma alavanca do lado esquerdo da cabine. A persistência era grande, era necessária muita força para mover aquele membro sem vida. Agarrando a alavanca, ele a puxou com o máximo que tinha. Quatro novos cintos de segurança saíram do encosto da poltrona automaticamente e se prenderam ao acento, com a velocidade do som a cúpula de vidro com várias perfurações se abre, tudo na cabine é sugado com violência e impiedade, Yoshi com uma velocidade inacreditável é arremessado para fora da zona de perigo. Ele subiu e subiu vendo as milhares de explosões e destroços sendo arremessados em todas as direções possíveis logo abaixo de seus pés, seu caça havia sido reduzido a simples poeira que caía cada vez mais numa trajetória de encontro ao chão.

Nesse momento uma mancha se fez no céu, era o paraquedas dele, suavemente descendo pelos ares conflituosos, não existia rumo certo, antes apenas o objetivo de pousar em solo seguro.

—... O que...?

Uma segunda horda de mísseis foi lançada, novamente sessenta e quatro mísseis invadiram o inseguro espaço aéreo, todos novamente com o mesmo alvo, a base militar.

Em poucos segundos todos alcançaram seu único objetivo, não havia mais prédios naquele local, já não havia nem mesmo uma formiga sequer para contar a história na volta ao formigueiro. O gélido lençol branco foi rasgado e danificado, sendo transformado em água pelos focos de incêndio espalhados pelos mais diversos ponto da área...

O que ele faria quando retornasse ao solo? Se renderia ao inimigo e seria capturado? Era um fardo muito grande para ele aceitar sua inacreditável derrota. Ele queria uma revanche, não queria acabar ali, sempre com o pensamento de que os mocinhos é que de todas as maneiras vencem no final, afinal ele era o mocinho ali, aquele mundo devia estar sob seu domínio, ele era quem comandava. Então, por que sofreu esse fim trágico?

“Não pode acabar assim!”

Ele gritou desesperadamente enquanto os ventos voltavam a se agitar, a tempestade só havia dado uma pequena pausa, a maior crueldade estava por vir...

Ele abriu suas pálpebras e de dentro daquelas nuvens negras de fumaça e fogo, eis que surge um vulto, a silhueta de uma aeronave, as pontas de suas asas formavam um trajeto negro com a fumaça arrancada à força na trajetória. O vulto subiu enquanto rodopiava em piruetas, uma espécie de comemoração básica. Depois de se inclinar um pouco e parar as piruetas, apenas sua parte de baixo era visível a Yoshi.

Aquele objeto sumiu misteriosamente entre as nuvens da tempestade e reapareceu milhares de pés à distância de Kyaro, ainda assim de frente para ele, começava-se a imaginar o pior... E aquilo não seria apenas a sua imaginação, assim como se tornaria um fato verídico.

Um, dois, três segundos, Black Sheep estava com ele nas palmas de suas mãos. Não havia escapatória. O caça passou por ele e prendeu o tecido de seu paraquedas em um dos porta mísseis enquanto arrastava o pobre jovem milhares de metros à velocidades impressionantes, quando nesse mesmo tempo tentou fazer uma curva extremamente fechada. Os cabos reforçados com aço não suportaram e se partiram deixando o jovem desamparado em queda livre.

“Quem é essa pessoa?”

Observando o impiedoso alguém ir embora enquanto em queda livre ele se desprendeu quase que magicamente de sua poltrona que se explodiu em várias partículas amarelas e começou a voar. Aquilo era um sonho, se ele quisesse partir a placa tectônica em duas ou virar um dragão, assim se faria.

—Quem é você?!

A aeronave se explodiu assim como a poltrona de antes dando origem a uma forma humana, uma silhueta feminina.

Aquela pessoa usava uma roupa branca com listras azuis estratégicas quase indescritíveis que cobria totalmente seu corpo até o pescoço, sua cabeça e face eram escondidas por um capacete em tons de cinza, mas deixava seus cabelos que iam até o quadril e eram dum tom negro à vista, tal roupa parecia não oferecer proteção alguma numa situação de combate, parecia simples enfeite, como devia ser a única roupa por cima das de baixo, as curvas do corpo da pessoa eram extremamente definidas.

Kyaro estava furioso por alguém ter destruído seu momento de lazer e se preparava para uma luta. Os céus ficaram muito mais agitados do que antes, a neve parou, entretanto os ventos eram jogados para lá e para cá sem consideração ao conforto. O céu se tornou vermelho, as nuvens se abriram fazendo um buraco em meio a toda aquela desordem. Em um extremo do círculo estava ele, do outro lado, flutuando suavemente estava ela. Muitos furacões e tornados se formaram ao redor do cenário, o chão foi terrivelmente abalado, milhões de meteoros atingiam e caíam sobre a Terra, centenas de raios caíam a todo o momento. A vista era inacreditável... Aquilo sim era um verdadeiro fim de mundo.

—Venha me pegar, se for capaz.

Uma voz irreconhecível disse essa frase que ecoou por aquele universo inteiro, era algo deformado, como se o som tivesse sido modificado para algo horrendo, mas ainda assim possuía essência feminina.

Estendendo seus dois braços já recuperados por sua vontade, ele aponta para a silhueta ao horizonte, todos os meteoros atrás dele são imediatamente direcionados para a forma esbelta que gentilmente pairava e esperava o momento certo para se defender.

Face a face com os meteoros, aquela forma apenas fez um simples movimento com a mão e braço direitos estendidos, uma parede luminosa aparecia e sumia conforme sua mão se movia da esquerda para a direita fazendo com que todos os meteoros explodissem ali mesmo sem causar dano a ela.

Escapando do ataque, a garota apenas coloca a mão esquerda sobre sua cintura e com apenas o indicador da mão direita levantada começa a apontar em várias direções, todo lugar em que seu indicador apontava um raio mortal caía. Rodeado por clarões, Kyaro tenta escapar daquele cerco, mas é atingido por um deles acabando horrivelmente eletrocutado.

A Terra, milhares de pés abaixo, se destruía, sendo cruelmente partida em várias partes que se chocavam e afundavam para baixo de si mesmas quando se deparavam numa constante revolução.

Yoshi materializou uma espada longa e fina, a menina fez o mesmo. Um duelo se iniciava...

Ambos em velocidade total se dirigiram ao centro daquela enorme confusão enquanto erguiam suas espadas, as lâminas ferozmente se confrontaram num golpe à luz de faíscas. Medindo suas forças os dois ficaram por 6 segundos tentando vencer um ao outro, se não fosse o ponto de que a garota percebeu uma brecha na situação. Rapidamente ela moveu sua perna e chutou o tórax de Kyaro. Arremessado a alguns metros, ele se encheu de raiva, mas antes que pudesse fazer qualquer movimento, a menina fez um ataque apenas fazendo o gesto de uma arma numa pose de superioridade, como se fosse uma princesa ou alguém da nobreza.

Cinco tiros foram disparados, ele tentou se defender, mas não teve tempo o suficiente, as balas o atingiram no estômago em cheio. Como a espada estava ligada a ele, ela se dissolveu com o dano recebido. Sua visão era dominada por flashes em vermelho, bombardeado por sensações ruins ele se viu numa cena trágica.

Tornando suas Iris vermelhas ele disparou lasers pelos olhos na tentativa de fazer um contra ataque, aquilo era um tanto clichê, mas era uma medida desesperada. Com várias manobras, a garota inacreditavelmente desviou de todos os raios, sempre com uma pose que dariam belas fotos.

Enquanto escapava, ela levantou todos os dedos da mão, cinco lanças cristalizadas apareceram voando e ao seu sinal, todas compostas de gelo foram de encontro a Kyaro. Regenerando sua espada perdida, ele rapidamente tenta se defender escapando e quando isso não era possível, as acertava com sua espada para desviá-las. Infelizmente, uma delas não teve solução e cravou-se em seu coração.

Sua visão ficou embaçada por um tempo, todos os seus membros pararam de responder completamente com exceção de seu braço esquerdo. Estava perdido, condenado, não havia um porém, ele deveria aceitar.

Já não tinha mais forças para continuar, nem se ele quisesse ele poderia continuar...

Seu corpo flutuou por mais um tempo, e em seguida despencou a quilômetros de altura do chão. Ele estava naquele clássico dos sonhos, o famoso sonho da queda livre.

Enquanto ele caía, tudo se escureceu e sua roupa de piloto sumiu fazendo-o voltar a sua roupa normal, o cenário desolador já não estava lá. Tudo voltou à estaca zero... Apenas ele e a menina naquela imensidão negra.

A menina tomou um impulso em pleno ar e desceu em direção a ele, sua mão se fechou em um punho e formou uma cauda de fogo.

Yoshi não conseguiu discernir muito da situação, entretanto, por instinto se defendeu com um ataque. Sua mão esquerda virou uma brilhante lâmina pontuda de dois gumes em questão de meio segundo. Nesse meio tempo, o punho da garota perfurava e atravessava o corpo do garoto, e o braço (ou lâmina) do garoto atravessava o da menina.

Ambos tiveram seus corpos detonados, um pelo outro.

Abrindo seus olhos, Kyaro se depara com um ambiente normal, seu quarto ao qual já estava acostumado, aos poucos, os aparelhos eletrônicos iam se ligando sozinhos e se auto ajustando. Ele olhou ao redor, para o lado oposto do quarto ao que estava, nada de anormal...

“O que causou aquilo tudo?”

A pergunta incessante perturbava sua mente.

Quando ele virou seu corpo para a esquerda sobre a macia cama, ele se deparou com a coisa anormal. Havia dado de cara com o rosto de Tsumi que também estava com seu Dreamy. Ela ainda estava dormindo, seu rosto infantil estava sonolento, adormecido. Percebendo isso, Kyaro notou que seus dois equipamentos estavam ligados por um “DTD Cable” (Cabo de Interação Dreamy para Dreamy).

O DTD Cable permitia que o sonho criado pelo usuário A fosse compartilhado com o usuário B. Assim, deu-se a entender que a menina do sonho, apesar de ter um formato de corpo bem diferente do de Tsumi, era ela. Em outras palavras, a pessoa que destruiu o sonho de Kyaro foi ela. Ele explodiu de raiva.

O cabo de dois metros foi agressivamente arrancado dos coletes. Ao mesmo tempo, Tsumi acordou e viu ele furioso.

—Você não podia dizer que estava pra vir?! Tinha que ser durante meu sonho preferido?!

—Calma! Calma! Eu só queria ver como seu sonho tava indo!

—E destruir ele também! Não é?!

—Você é que não aceitou a derrota.

—...

Ela estava do lado dele naquela cama, como se fossem um casal. Por um instante, ela o olha sério e então diz:

—Você pode... Tirar sua mão da minha cintura?

—O que?

Por um momento, Kyaro olha para sua mão esquerda e vê que, sem perceber, tinha a posto ali. Envergonhado ele rapidamente retira sua mão.

—Era o que faltava, meu amigo de infância é um pervertido...

—Não sou! É-É-É que— Mas! Por que você tinha que ficar aqui na minha cama?! O cabo tem 2 metros!

—Você é tão hospitaleiro com a sua melhor amiga, sabe? Queria o quê, que eu deitasse no chão?

Ele apenas virou seu rosto para esconder a vergonha de sua segunda derrota. Enquanto um carro passava pela rua fazendo um barulho ensurdecedor, ela disse num quase incompreensível sussurro:

—Se bem que eu não me importo desde que seja você.

Ele não havia ouvido direito devido ao barulho e quando questionou por uma repetição, ela apenas disse para se esquecer.

—... Mas, aproveitando que estamos aqui, você quer sonhar de novo?

—Claro! — Disse ela sorrindo. — Mas eu vou continuar aqui na cama, se quiser, pegue uma cadeira ou deite no chão.

—O que?! Mas o que é isso, eu tô sendo expulso da minha própria cama?

—Pense nisso como se estivesse tentando agradar a uma linda donzela.

—... Fazer o que, mas por que você quer ficar na minha cama?

—Não tá na cara? Porque é mais confortável e quentinha. Você pode ficar aqui se ficar a uma distância mínima de 50 centímetros.

—Ahn? Mas isso é quase na borda! Ah! Que seja. Vou deitar aqui no chão mesmo.

A menina recolheu o cabo e ligou uma ponta a seu colete prateado que era super ajustável e se adequava ao seu formato de corpo. Estendeu sua delicada mão com a outra ponta do cabo para Yoshi que pegando o cabo o conectou, novamente os visores de hologramas se formavam indicando uma conexão a cabo.

—Você já sabe que sonho você quer ter?

A menina olhou para o teto e colocou seu indicador sobre seus lábios enquanto pensava.

—Deixa isso comigo!

—Tudo b—!

Antes que pudesse completar a frase, as luzes, todas, se apagaram novamente e as pálpebras dos olhos da garota e do garoto voltaram a se fechar. Estavam lá de novo.

—O que vai germinar aqui?

—Bem... Nós vamos entrar no clube de música então...

Tsumi parou de falar e viu um chão com vários pisos de luzes coloridas que trocavam a todo o momento se formar, um grande palco apareceu. Holofotes, de longe destacavam os dois naquele lugar vibrante. Várias vozes eram ouvidas no momento, vários objetos brilhantes eram sacudidos metros à frente, vários telões foram criados, todos eles honravam, mostravam e clamavam por Yoshi e Tsumi.

Ovacionados pelo público, eles ficaram observando a cena. Todos ali imploravam por canções.

—Nós somos o que?

—Cantores!

—O qu—?!

Nesse momento, vários fogos são lançados ao céu, vermelho, laranja, rosa, verde, azul, inúmeras cores invadiram o imenso negro iluminado à luz da lua e estrelas cintilantes. Fazendo uma pose, Tsumi diz:

—Olá pessoal! Boa noite! Vamos nos divertir por agora! Ok?

O público na plateia delira e continua agitado.

A música começa. Um solo de bateria, uma batida calma. Enquanto isso, vários assovios são ouvidos, as pessoas gritavam de felicidade por estarem por ouvir sua música preferida.

“Como eu vou cantar algo se nem sei a letra...?” — Perguntou-se Kyaro.

“Confie em mim!” — Disse Tsumi como que por telepatia.

Um piano se junta à bateria na batalha musical que estava por vir.

—Aja de acordo com o ritmo da música, ok?

—Vou tentar...

Confiando em seu fone de um lado ela caminha para a dianteira do palco. Vagarosamente assim como os holofotes que iam se apagando. Yoshi a seguiu ficando apenas um pouco atrás.

Ao fechar seus olhos, ela esperava pelo início. Yoshi não sabia muito bem o que fazer, então apenas olhou para o chão de lado. Uma guitarra rouba a cena, repentinamente Tsumi abre seus olhos e começa a dançar, Yoshi, do mesmo jeito teve seu corpo movido à força por ela para se adequar ao ritmo e ao clima. Quando a fúria da guitarra foi acalmada, a pianista ganha atenção, o baterista e o guitarrista ansiosos esperavam por suas novas entradas triunfais.

Iniciando a canção, Tsumi gentilmente cantou:

—Hoje... Uma estrela cadente. Dos diamantes, uma descendente. Acabei por me lembrar.

Numa pausa da letra, novamente o piano toma destaque.

—Um pedido renasceu, enquanto pelo céu correu, uma vontade de teu lado estar.

A bateria faz sua entrada. Relutante por uma agitação, a batida continuava calma.

Sua vez havia chegado, indo para trás ao segundo plano, Tsumi dá a honra à Yoshi. Começando a cantar, ele levemente abriu seus olhos que antes estavam fechados.

—Pontos cintilantes, sempre deslizantes, conseguem lhe encantar...

 —Amizade por anos, sempre nos falamos, acho que isso não vai acabar.

Nesse momento ambos começam a cantar juntos a segunda estrofe revezando os versos. Os instrumentos diversos há pouco ociosos iam entrando em cena...

—Escorado num parapeito, sempre daquele jeito, o céu parecia querer.

—Não quero ficar como coadjuvante, e sim a protagonista ser.

—O receio veio a me atacar, o meu punho fechei, em mim me isolei...

—“O que há de errado?” você perguntou, meu medo acumulou.

—Eu quero chegar, teu coração tocar.

—Mas como eu conseguiria isso?

—Por favor, me de uma boa resposta, que eu seja aceita, e não de lado posta.

—Ao abrir minha boca, meu rosto vermelho ficou, disse que o único foi você...

—Que esta aqui amou.

Nesse momento, todos os instrumentos pararam. Os holofotes, todos se apagaram, a esta altura algumas pessoas já choravam de emoção na plateia. Do nada, tudo é reativado enquanto Kyaro e Tsumi pulavam no palco, vários fogos de artifício e lasers foram lançados ao céu, aquele lugar estava mais agitado do que nunca. Então, deixando o revezamento de lado, ambos cantaram juntos o refrão.

—Sua mão segurei, e sobre ela eu desejei.

—Você estranhou, fixamente me olhou.

—Eu me pergunto quem eu sou, foi você que me mudou?

—Aceite este nobre amor!

—Não deixe que isso acabe em dor!

—Mas se isso inevitável for...

—Console-me você, meu amigo continue a ser. Por favor... Por favor...

Os dois cantaram e cantaram ainda mais depois disso, porém Tsumi não engasgou durante a letra. Ora, aquilo era o sonho dela, ela não iria querer passar por isso, ainda mais na frente de uma multidão mesmo que ela fosse virtual.

Algumas vezes, os holofotes passavam pela plateia e pessoas eram visíveis, pessoas altas, baixas, cabelos cor-de-rosa e ruivos, castanhos com pontas loiras, divididos para lados opostos, prateados com mechas vermelhas, entre vários outros.

Os painéis anunciavam os versos inigualavelmente sincronizados com as vozes, tanto da plateia como de Kyaro e Tsumi, até que tudo foi chegando ao fim.

Quando o show acabou, as pessoas ficaram apenas mais um pouco para ouvir as palavras finais de Tsumi.

—E então pessoal? O que vocês acharam?

A plateia delirou em gritos pedindo mais e mais, porém, os cantores teriam que sair do palco logo logo.

—Outro dia tem mais pessoal! Mas nós realmente temos que sair agora. Fiquem bem! Quero ver vocês todos aqui na próxima! Adeus!

Ela então moveu seu braço para cima, e enquanto pensava numa frase de comando, piscou com um olho só para o público que desaparecia com as desconexões simultâneas. Um detalhe importante sobre Dreamy, o simulador de sonhos, era que os sonhos poderiam ser compartilhados na internet garantindo acesso público a qualquer um. Tsumi era uma celebridade no aspecto sonho compartilhado, várias pessoas amavam sua criatividade, com isso ela conseguiu uma multidão de fãs.

Uma luz se acendeu. O quarto de Kyaro se reorganizava automaticamente.

O garoto com uma sensação desconfortável sentiu um peso sobre o tórax, o colete prateado o esmagava com um peso nunca antes visto. O painel de hologramas logo se desfez tornando a visão ocular a longa distância mais eficiente.

—Onii-chan. Quanto mais eu vou ter que te chamar?

Seus cabelos castanho escuros iam para lá e para cá enquanto ela se abaixou para lhe advertir sobre o jantar que estava à mesa. Era Ritsuka.

“Ah... É ela.”

O garoto levantou um pouco sua cabeça e olhou em direção ao colete do simulador. Um pé bloqueava parte da visão...

—Ritsuka... Quantas vezes eu vou ter que dizer que você não pode pisar no colete? Você não sabe que ele se deforma facilmente?

Entrando na conversa, Tsumi rola pela cama e olha em direção à Kyaro.

—Ah! Se a preguiça matasse...!

—Não é preguiça, mas é o fim da picada ter que esperar o Dreamy se ajustar ao formato do corpo.

—Onii-chan, o jantar está pronto.

—Oh-Oh! Ri-chan, eu posso jantar aqui?

—Claro Kachiharu-san!

—Hmm... Kachiharu é muito formal... Que tal você me chamar de “Tsumin”?

—Hã? “Tsumin”? Parece legal, haha!

—Ei... Até quando vocês vão ficar definindo apelidos na minha frente? E... Ritsuka. Dá pra tirar esse pé daí?

A menina logo se desculpou e saiu de cima do aparelho que ficou com uma rasa “cratera” na parte frontal. Tsumi levantou da cama rapidamente e saiu do quarto se dirigindo à copa.

Kyaro se levantou e retirou o capacete e o capuz pondo-os sobre a cama. Suspirou e olhou para sua pequena irmã, que na verdade era apenas sete centímetros mais baixa que ele igual à Tsumi.

—Maninha, vou te pedir um favor, ok?

—... Quando você diz isso primeiro eu fico até com medo, sabe?

—Não é nada impossível (“eu acho”), só queria que você ajudasse Tsumi a se enturmar com o pessoal da escola, pode ser?

—Por quê?

—Ela tem uns probleminhas nessa área...

—Ok! Pode deixar comigo Onii-chan!

Ritsuka piscou para seu irmão e saiu do quarto.

“Tomara que ela consiga...”

Ele olhou para seu capacete e murmurou que esperava ansiosamente por novidades, tanto da máquina quanto de sua vida.

Enquanto isso, o computador no canto do quarto avisava a chegada de uma mensagem, ele naturalmente andou em direção ao aparelho e, sentando-se na cadeira de escritório, girou 90º e clicou sobre o ícone de cartas.

[“Olá Kyaro-kun, aqui quem fala é Yarushi Megumi, a presidente do conselho estudantil. Como já deve saber, os veteranos já devem estar se acostumando às instalações de suas novas escolas e “lares”, porém não podemos esquecer de nossos novos calouros. Amanhã é o primeiro dia de aula e é a cerimônia de abertura, dê prioridade ao evento, esteja presente.

Aguardamos por sua presença assim como a de todo o corpo estudantil.

Atenciosamente, Yarushi Megumi. (31/03/2037 – Terça-Feira)

Escola Municipal de Ensino Fundamental II Teacher Gary Benson”]

“Hm... Então a cerimônia de abertura vai ser amanhã... Provavelmente vai ter um discurso muito chato...”

O menino fez uma face pensativa enquanto colocou o punho sob o queixo até que uma nova mensagem chegou.

[“Você vai ou não jantar? - Kachiharu Tsumi”]

Após ver isso, o menino desajeitado começou a rir e levantou-se, ele havia esquecido completamente.

Desceu as escadas e no corredor principal virou à direita encontrando à mesa sua amiga de infância, irmã e mãe.

—Até que enfim! — Disse Tsumi quase engolindo a comida pelos olhos.

—O que você estava aprontando Onii-chan?

—Pensei que eu ia ter que cortar a energia da casa! — Falou sua mãe com uma face um pouco desapontada.

—Não foi nada, é que eu recebi uma mensagem da presidente do conselho.

—E o que ela dizia Kyaro?

—Que a cerimônia de abertura vai ser amanhã e blah blah blah.

—E, meu filho, você vai dar seu segundo botão quando se formar?

—Hmm? Sei lá.

—Depois a sem confiança sou eu...

—Quem sabe? Pode ser que sim, vamos esperar pra ver ué.

—Onii-chan vai ser sempre nosso! Sem exceções.

“Possessiva...”

—Tive uma ideia! Por que essa pessoa não pode ser a Kachiharu-san meu filho?

“Eita...”

—M-M-Mas...! O que?! E-Eu?!

—Claro Tsumin! Não ia ser maneiro você e o Onii-chan juntos?

“Sabe que eu nunca pensei nisso...?”

—Família complicada... — Sussurrou Kyaro enquanto suspirava.

“O Shiro vai pensar mais coisas erradas, mas tudo bem.”

Kyaro puxou a cadeira e se sentou à mesa.

—Obrigado pela comida.

—Então está decidido, Tsumin e o Onii-chan vão ficar juntos e “felizes para sempre”!

—Desde quando isso virou um conto de fadas...?

—Mesmo assim eu não tenho objeções filho.

—Tá bem, tá bem. E por você Tsumi, você aceita?

Ela juntou suas mãos próximas ao colo e com o rosto corado, balbuciou:

—Não tem como isso acontecer.

—Awn! Tsumin! Mesmo assim cuida bem dela Onii-chan!

...

Após isso, depois do jantar, lá estavam eles de novo, Tsumi e Kyaro na sacada de seu quarto. Um vento soprou e balançou os fios de cabelo de Tsumi bagunçando um pouco sua franja. Ela olhou o céu em direção à lua e enquanto suspirava sussurrou:

—Você vai sair mesmo daqui?

—Está nos meus planos, você quer continuar aqui?

—Se eu pudesse, eu queria terminar minha vida sem sair daqui...

—Não é pra tanto, mas, por que esse apego todo? Você não gostaria de sair pra conhecer o mundo?

—Isso é tentador, mas eu sinto que eu deveria ficar aqui, no mesmo lugar.

—Bem, você ainda tem 14 anos, pode mudar de opinião.

Ela mostrou uma face pouco convencida, mas seus lábios numa surpresa mostraram um sorriso.

—Obrigado por hoje!

—Não há de quê.

A menina deu as costas então para o garoto e subiu no parapeito da sacada, quando num instante pulou para a porta que daria acesso a seu quarto em outra varanda.

—Boa noite senhor cabeça de areia!

“Cabeça de areia?”

—Só serve pra pesar!

A porta de vidro se fechou com o puxar da garota e a passagem de luz interrompida pelo movimento das cortinas.

Kyaro virou sua cabeça para cima e olhou o céu. Ao leste, uma grande massa de nuvens se aproximava. Puxando a manga de seu pijama, ele avista seu relógio. Ao apertar um botão em sua extremidade, a tela num flash, é trocada.

[“9:56 PM / 15ºC / 31 de Março de 2037 (Terça-Feira) / Chances de Chuva na região”]

—...

O menino sorri. Um recuo é dado, uma porta fechada, uma cortina puxada.

—Comando de voz!

Se jogando na cama ele esperava o sinal... Uma voz mecanizada então diz:

—Pronto!

—Iniciar >> Programas >> New Bit Project >> SpaceLife!

A tela do computador ao canto do quarto se torna um gradiente, degradê, um preto ao fundo que virava azul cobalto ao se aproximar da extremidade superior do periférico. Um círculo que num desespero tentava se completar na relação começo/fim se revelando num eterno giro que cercava a inocente palavra “Carregando”.

—Comando de voz!  Iniciar >> Ação >> Conectar >> Dreamy!

Uma faixa vermelha e amarela percorreu o material transparente e parou em seu canto inferior direito mostrando um símbolo de ondas eletromagnéticas que indicavam o início da conexão PC/Dreamy.

Pegando o capacete novamente, ele se prepara para a nova viagem. Alavanca ligada, conexão estabelecida.

—Inicializando... Seja bem-vindo senhor «PhantomShadow»!

Vários retângulos azuis-claros cercaram o garoto e o comprimiram ali dentro. Ao voltar ao seu tamanho original, Yoshi não era mais o mesmo.

Cabelos pretos, uma roupa cinza quase preta com listras azuis, uma arma laser sempre à disposição na cintura. Um cachecol branco e largo escondia seu pescoço chegando até seus joelhos.

Quanto ao ambiente, um quarto numa torre grande, cheia de vários outras habitações, um conjunto habitacional no meio de uma megalópole espacial por assim dizer.

Olhando para a esquerda ele vê um telão com um pequeno teclado logo abaixo, levemente inclinado para uma melhor utilização. Um flash trouxe vida ao negro fosco que predominava na superfície cristalizada. Vários anúncios e avisos apareceram, sua caixa de entrada estava cheia.

O que ninguém sabia era que Kyaro era o famoso PhantomShadow, o célebre ocupante do 8º lugar do “Top 10 Nacional” interno do jogo.

Yoshi era uma segunda pessoa nesse lugar.

Na parte superior direita da visão, uma barra avisava uma saúde perfeita e munição o bastante para derrubar um caça ou avião de reconhecimento.

Ao iniciar no jogo o jogador poderia escolher entre quatro povos: Oaks, Cherrys, Apples, e Palms. Todos fazem referência a diferentes tipos de árvores com alguma relação à história do povo em questão.

O povo ao qual o reconhecido PhantomShadow pertence é o grupo Cherry. A história desse povo e a referência à árvore se dão no aspecto de que muitos anos atrás, o planeta deles foi devastado pela grande poluição devido às grandes pesquisas tecnológicas que foram necessárias para se chegar ao ponto em que os Cherrys são hoje, porém, numa intervenção militar forçada dos Oaks, os Cherrys foram “expulsos” de seu planeta. Eles sofreram ataques até não poderem mais suportar e assim bolar um “plano de fuga”, sendo obrigados a se despedirem de sua terra natal e renascerem, florescerem assim como uma cerejeira num lugar distante, em pleno espaço sideral. A fim de evitar que seu ex-planeta fosse usado para fins do oponente, uma super ogiva nuclear foi preparada a fim de detonar o corpo celeste por completo. Para os japoneses, a cerejeira é símbolo de despedida, eis a razão da denominação “Cherry” dada ao povo.

Esse jogo era um pouco diferente dos outros da época, pois os jogadores podiam modificar os status de seus povos, criar novos (apesar de exigir muito esforço, questões democráticas e tal), serem extintos etecetera e etecetera.

Uma atitude imprudente dominou a mente de Phantom: Sair pelo mapa da cidade sem se disfarçar. Mesmo que fosse um membro do Top 10, Kyaro tinha em mente que duelar com outros jogadores era um ótimo jeito de se conseguir experiência e avançar níveis. Além do mais, ele gostava de se sentir um pouco superior ali.

Cancelando todos os avisos no telão, ele saiu do quarto e correndo pelos corredores chegou num elevador. Em alta velocidade, o aparelho desceu para o saguão onde várias pessoas se encontravam.

Ao abrir das portas, indiscriminadamente ele saiu correndo pelo amplo espaço da recepção. Contraindo os olhares de vários jogadores, todos se preparavam para tirar suas fotos e imortalizarem esse momento tão próximo da “Burguesia” virtual.

Os boatos correram rápido e todos queriam estar no White House Apartments Complex da Zona Leste.

Olhando o pequeno plano virtual se formando logo a sua frente, ele vê sua lista de desafios encher e encher ainda mais, o numerador de combates não parava de subir numa agonizante troca de algarismos. 58, 61, 77, 84, 100 combates, o limite havia sido atingido, qualquer um que tentasse entrar na lista de espera de combate seria descartado e teria de esperar por uma vaga. Uma multidão se formava ao redor dele, deixando o lugar com um círculo vazio ao centro para o primeiro desafiante ter o seu tão esperado combate. Num súbito gesto, ele, com o dedo pressiona um botão virtual na forma de um “V” verde ao lado de um nome.

Um combate havia sido aceito. Uma pessoa, no meio da multidão começa a gritar de felicidade e confiança, mal sabia ele que um final ruim o aguardava ao fim de 14 segundos em jogo. Seu nickname de jogo era «ShadeBlack», a julgar pelo nome, um fanático sem criatividade.

Phantom entrou no menu de equipamentos e pegou as piores arma e espada do jogo, as de iniciantes por completo. As pessoas ao verem aquilo nas grandes tabelas virtuais ficaram surpresas e confusas ao mesmo tempo sendo que o oponente escolhera suas melhores armas. Ele sorriu, e então todas as pessoas reconheceram que ele tinha algo em mente. O oponente que há pouco estava cheio de si, agora tremia de medo e desconfiança.

Ao terminar de uma contagem regressiva de 5 segundos, o grande letreiro branco em que estava escrito “Start” e abaixo disso “1 x 1” se explodiu com grande pressão (O letreiro branco é usado quando os times possuem a mesma quantidade de participantes, conforme a desigualdade nos números de participantes aumentasse, o letreiro viraria verde, amarelo, vermelho e por último preto, no entanto, este último só é usado quando um time possui um jogador e o outro acima de 500 ou algo nessa escala) numa finíssima neblina que se dissipou no ar, porém, antes que ela pudesse fazer isso, um disparo.

Em questão de milésimos de segundo, a barra de vida do oponente caiu drasticamente.

Um tiro no coração.

Sua poderosa arma caiu num depressivo tom de perdição. Ao tocar o chão, acidentalmente um disparo para cima o atingiu no estômago, sua barra de vida nunca esteve tão próxima do zero como agora. Em desespero ele acessou o menu de itens, à procura de  um item regenerador, poção, comida, medicamento, qualquer coisa serviria.

Ao tocar o ícone de uma poção, um vidro apareceu sobre suas mãos em conjunto. A esse ponto, todo o local de combate já era visível, a neblina havia se dissipado. Ao levantar da mão de Shade, Kyaro pegou sua espada de nível baixíssimo. Na queda da primeira gota do líquido escarlate ralo, ele saltou, ao cair da segunda, um pé se encontrava no peitoral de Black, um perfeito chute em pleno ar, popularmente conhecido como “voadora”.

Shade caiu no chão e o pequeno pote cristalino foi pelos ares encontrar seu destino no fio de corte da espada de Yoshi. Vários cacos caíram no local enquanto ele estava lá, rendido, com uma lâmina em frente a dois centímetros de seu pescoço.

—Para! Para! Por favor!  Eu me rendo!

Em resposta, Phantom só abaixou a cabeça e suspirou. Em seguida, ergueu seus braços e perguntou em voz alta:

—Alguém mais?!

As notícias e boatos se tornaram oficiais e foram divulgadas em escala nacional (dentro do jogo), as avenidas, agora agitadas, testemunhavam grandes telões que mostravam a gloria de Phantom. Os noticiários internos do jogo foram interrompidos de sua programação normal, alguém da elite nunca esteve tão próximo do publico e das massas.

Ao canto do plano virtual, havia um símbolo, um cadeado (que por sinal estava “trancado”). Ele se acalmou e olhou ao redor, todos os olhares se fixavam nele.

“Mesmo assim, eles parecem bem confiantes...”

Bastou um toque e o cadeado se abriu, todos os que esperavam por uma vaga no combate entraram para a lista. Outra vez o contador enlouqueceu.

—Eu aceito todos vocês se vocês quiserem!

Ele gritou confiante por uma resposta, seja lá qual fosse ela.

Todos ficaram temerosos, porém algumas pessoas começaram a gritar agitando a multidão, fazendo com que sua autoconfiança aumentasse mais e mais.

—Okay então! Hahahahahahaha!

Ele percorreu seus olhos pelo retângulo flutuante e ao lado do cadeado (que agora estava aberto) pressionou o botão de V. Um círculo azul que seu fim tentava encontrar girava logo agora.

«.-DrayneVH», «-Madruder.!», «xXRampageXx», «Van», «Nero», «Esker», «Dant», «Reyi Meison», toda sorte de nomes foi sendo tornada na cor verde e arremessada para fora da janela se transformando em setas verdes que tinham como destino as incontáveis tabelas de inventários contendo itens a serem usados pelos jogadores na luta. Várias tabelas começaram a ficar verdes também, indicando que os players estavam prontos para a ação.

Quando todas as tabelas (exceto a de Phantom) ficaram verdes, ele começou a escolher seus itens, entretanto, ele fez algo extremamente suspeito.

Colocou apenas um item em jogo.

Este, por sua vez, tinha o ícone de uma trouxa com um ‘emoticon’ sorrindo e era intitulado como: “Pacote Challenge”. Os jogadores ficaram confusos, mas mesmo assim o calor do momento não se esfriou.

Por fim a tabela dele ficou verde e o letreiro amarelo apareceu.

“256 x 1? Nada mal, sabe?”

Ao tocar do primeiro sino e o aparecer do número cinco, todos os presentes ali sacaram suas armas, ao tocar do segundo sino e o aparecer do número quatro, todos prepararam suas espadas em suas cinturas, ao tocar do terceiro sino e o aparecer do número três, alguns prepararam escudos, ao tocar do quarto sino e o aparecer do número dois, Phantom fechou seus olhos, ao tocar do quinto sino e o aparecer do número um... Bem...

—É agora! — Gritaram.

O letreiro se explodiu e num salto para o alto juntamente com cerca de “trocentos” disparos, ele desapareceu. Todos olharam ao redor e para o alto, qualquer vulto suspeito seria alvo de aniquilação.

De repente, a lista de pessoas em combate começa a cair, não porque elas abortaram o processo, mas sim porque o nível de Health Points (HP – “Pontos de saúde” em tradução livre) chegou à zero.

Vários corpos caíam sobre o chão e se esvaiam no ar lamentando pelos lasers alojados em seus pescoços e cabeças.

Quando a neblina não pudera garantir mais a segurança de Yoshi, todos começaram a gritar e atirar para qualquer que fosse a direção. Alguns tiros o acertam em cheio, mas ele habilmente desvia da maioria, se agarrando nos semiarcos que formavam a decoração do edifício residencial. Em sua mão esquerda, uma arma de gancho, um disparo desta arma certamente não resulta numa grande perda de HP, mas como vantagem, é sempre uma alternativa para esplendorosas fugas.

Se esgueirando pelas colunas feitas de sólidos brancos e listras fluorescentes azuis agora consumidas por balas e lasers coloridos, ele tentava finalizar o máximo de players que pudesse com sua arma.

“... Mas talvez fosse mais divertido se... Mas é claro que seria!”

Ele se soltou das colunas e em queda livre largou a arma de gancho enquanto chutou as costas de um jogador que caiu em cima de vários outros. Com sua mão direita, sacou sua espada que queimou brevemente num fogo azul juntamente com pequenos raios informando que os códigos de ataques feitos pelo time de programadores do jogo estavam prontos e então finalmente num rodopio, repeliu todas as balas que vieram em sua direção e realizou seu desejo de finalizar vários jogadores de uma vez só.

Novamente ele pulou e flashes podiam ser vistos por todo o lugar. Combinando ambas, arma e espada, ele caiu sobre os ombros de uma jogadora que logo em seguida veio ao chão de joelhos enquanto ele aterrissava após um salto de backflip, popularmente conhecido como “mortal”. Novamente num giro de lâminas combinadas com tiros ele aniquilou jogadores que queriam, de qualquer modo, infringir nele danos.

Quando ele terminou seu ataque, intencionou pular novamente, entretanto, isso já era visível para a maior parte dos jogadores e jogadoras que furiosamente miraram acima dele, onde ele logo passaria.

Assim ocorreu.

Vários tiros o acertaram, o HP de Phantom caiu rapidamente para dois sextos da quantidade total. Sua visão perdeu a saturação e começou a se tornar vermelha nas bordas num delicado degradê.

“... É, eles me pegaram. Hehehe. Agora é que eu não vou ter pena!”

Num outro backflip ele pegou pequenas bolas metálicas, prateadas, depositadas em bolsos discretos nas pontas de seu cachecol branco como a neve.

“... Adeus! Meus caros!”

Assim ele deixou as bolas caírem, e outras ele arremessou. Quando encontraram algo bloqueando seu caminho, elas se explodiram num intenso tom de cores quentes levando as esperanças dos atingidos embora junto com as nuvens de fumaça vermelha e polígonos de cor escarlate brilhante.

Jogando sua espada ao ar aleatoriamente ele cedeu lugar a uma arma laser tingida de um prateado brilhante e, ao acertar o chão, começou a atirar para todos os lados, sempre em poses que dariam vantagem ao ataque e ao mesmo tempo, seriam um ótimo fundo de Área de trabalho dependendo do ângulo.

A lista de combatentes já ficava com menos de sessenta jogadores, o contador de experiência subia sem intenção de parar ou ao menos pausar. Mais e mais pessoas chegavam ao White House Apartments da zona leste em busca de fotos. Repórteres, paparazzi, fãs, iniciantes, veteranos, todos queriam presenciar aquele momento.

Não era de admirar que os NPCs ao redor ficaram loucos e raivosos com tanta gente no mesmo lugar querendo a mesma coisa.

Para os iniciantes, NPC vem do inglês “non-playable character”, que em tradução livre ficaria “Personagem não jogável”. Geralmente os NPCs são personagens internos do jogo cujo raciocínio e ações são geradas pelo sistema ou inteligência artificial, e, sem exceção, tudo o que disserem foi idealizado por uma pessoa na vida real para dar ênfase à história do jogo ou auxiliar os jogadores a se localizarem ou aumentarem seu status interno do mesmo.

Phantom queria acabar logo com aquilo, porém se viu no meio de um círculo de jogadores mal-intencionados que queriam seu mal. Ele sabia que se pulasse, rapidamente eles reagiriam e atirariam para cima, se ele ficasse parado por muito tempo eles atirariam assim mesmo. Então ele ficou em pé, fechou os olhos e esperou. Os jogadores começaram a trocar olhares entre si concordando em atirar. Mas antes que eles fizessem isso, sem que nem a sombra dele tivesse tempo de ter sido projetada sobre o piso cinza claro do conjunto habitacional, ele deu um giro em 360º e jogou ao ar exatamente 53 armas brancas com veneno de paralisia sobre cada um dos jogadores, para ser mais exato, punhais.

Eles sofreram poucos danos, entretanto, para o alívio de Phantom, todos caíram ao chão devido à paralisia. Tirando um momento para se gabar, ele anda em direção à multidão se afastando da zona do círculo agora desfeito enquanto diz:

—E então? O que acharam?

Ninguém ousou soltar uma só palavra...

—A batalha ainda não acabou! — Disse um dos jogadores no chão.

—Ah...? Você acha mesmo?

Ele olhou para cima apenas esperando o momento certo para tirar da manga sua última carta.

—Mesmo que não estivesse... O que você faria a respeito?

O jogador permaneceu em silêncio. Mas assim como Phantom, ele também tinha sua carta na manga. Um item que autorregenerava um status negativo quando adquirido. Itens assim...

“... São tão caros...”

Fragilmente o guerreiro se levantou, que pena, mal sabia ele que aquilo valeria de nada.

—Que desperdício de dinheiro hein?

—?!

Kyaro levantou seu braço portando a arma prateada de antes. Pela pose, ele mirou na corrente que sustentava o gigantesco lustre central do saguão. Percebendo isso, o player provocou:

—Acha que isso vai tirar tanto HP?

Os dois trocaram olhares fuzilantes... Então Yoshi atirou.

Como era de se esperar, primeiro, Kyaro estava a uma boa distância de zona de dano que o lustre causaria, segundo, o lustre caiu, obviamente.

Porém, algo ficou estranho para os outros, enquanto o lustre caia, um forte apito foi ouvido e ressoou até os confins do edifício. Quando o objeto gigantesco tocou o chão... Bem, já não havia mais nada lá se não destroços, focos de incêndio e a lamentosa fumaça vermelha.

—É sério que ninguém notou a bomba? — Perguntou Phantom perplexo.

A multidão continuou olhando e encarando o garoto até que um aplauso foi ouvido e se alastrou pelo mar de pessoas. Todos estavam felizes de terem observado uma batalha desse porte num lugar tão acessível.

Ele se curvou e agradeceu aos aplausos várias vezes, mas, por um momento algo o surpreendeu, um pedido de combate havia aparecido em sua lista.

—... Você ama tanto assim se gabar?

A multidão parou, estagnada, observando não mais a Yoshi, mas sim uma forma que por dentro do fogo e fumaça saia.

Um avatar refinado, uma menina, ela andava silenciosamente com uma espécie de botas macias e brancas de cano alto, uma saia escandalosa que ia até um pouco acima do joelho e um tomara que caia, parecia um vestido de casamento. A sétima ocupante do Top 10 estava ali.

—Você se deu bem com esses noobs (“nubis” — iniciantes). Mas...

Todos a olharam em silêncio até que os lábios de «SnowPrincess» se moveram.

—Como se sai batalhando comigo...? “Oitavo”.


Notas Finais


Esse primeiro capítulo deu trabalho XD
Mas eu queria fazer, então.. fazer o que né?
Vejo vocês na próxima >u0
E... será que o Phanto-- digo, Kyaro vence a SnowPrincess?
- VictorNutty


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