História Dringr (narusasu) - A notícia

Naruto

Click.

Click.

Click.

Aperto o botão da câmera com uma fúria sobrenatural.

Um motivo? O Uchiha, é claro. 

Eu não entendo aquela bagunça de cabelos negros— só quando estamos na cama, ficam desgrenhados assim— e pensamentos.

Para a diminuir a minha aflição, forçava o pensamento de que, pelo menos, eu teria uma ótima grana depois que revelasse essas fotos. Isso melhorava um pouco o meu humor. 

Click.

Passei um bom tempo da minha vida consolando Sasuke para que ele parasse de se sentir mal. Para, por fim, ser expulso da casa dele com o argumento que já estava tudo bem e ele não precisava mais ouvir nada do que eu tinha a dizer.

Eu sei que é difícil para ele... Mas, droga! O Naruto também tem sentimentos, 'tô certo? 

Ele vai me pagar!

Levanto do esconderijo com dificuldade, mas, ainda me escondendo por entre algumas lojas.

Calor do inferno...

Estremeço dentro das roupas pesadas e caminho para longe dali.

Subo na minha moto e coloco o capacete. 

Maldito seja o dia em que eu resolvi aprender a andar de motocicleta, jurando que se tornaria mais fácil locomover-me pelas ruas, mas não me passou pela minha pequena cabecinha que as ruas estreitas iam me proibir de tentar ultrapassar qualquer veículo. Além de ficar preso no trânsito, sou obrigado a inalar toda aquela fumaça do escapamentos dos outros transportes. Ainda por cima nesse calor... Se eu já não estivesse acostumado, estaria prestes a desmaiar.

Olho para o céu acizentado. 

Poderia ser pior, Naruto, já que, na verdade, eu amo a sensação de estar na motocicleta com o vento forte batendo contra o meu rosto sem ouvir nada além da ventania e do motor. É uma terapia. Isso seria ótimo se eu morasse em um canto com avenidas largas sem trânsito.  Às vezes, eu me dava a chance de viajar e conhecer lugares assim. Confesso. Eram os melhores dias da minha vida. 

Acho que deveria viajar no fim deste ano. 

Depois de longos minutos no engarrafamento infeliz da cidade, chego ao meu destino.

Ao entrar no ambiente, tenho um súbito alívio— ar-condicionado é uma das melhores invenções dos homens e não há quem me convença o contrário. Caminho a passos largos com um sorriso maroto até a mesa de Sai, meu colega de trabalho, e ele já revira os olhos:

—Por que a cara feia, Uzumaki?— abro um pouco minha boca, indignado com o comentário.

—Você sabe muito bem que essa é a única cara que eu tenho, Sai— cruzo os braços.

—Só provou o meu ponto.

Fico em silêncio por alguns segundos, pensando no que ele disse.

—Espere um pouco! Você é o feio aqui, idiota!— aponto para a sua face com o rosto avermelhado. —Ah! Tanto faz— jogo as mãos para o alto. —Pelo menos, não sou eu que trabalho no ramo do jornalismo para ficar o dia todo desenhando.

—Meus desenhos são mais realistas que as suas fotos— ele dá de ombros.

—Vai se ferrar!— pego minha câmera. —Consegui fotos novas— sou tomado pela animação.

 —Continue.

Aproximo meu corpo do dele e começo a mostrar minhas obras-primas, as quais foram tiradas com tanta de dedicação e com uma pitada de raiva.

—Essas fotos são tão insignificantes quanto o que você tem entre as pernas.

—O que você pensa que está falando, seu imbecil!— fico vermelho como um pimentão. —Deu trabalho! Me valoriza um pouco. Vai. Eu preciso pagar as contas deste mês.

—Devia ter pensado nisso antes de querer trabalhar na coluna de fofocas de um jornal. Ninguém mais lê isso.

—Você está no mesmo barco que eu. Não ouse repetir isso! E muita gente ainda acessa o jorna. na internet, certo?— falo nervoso e Sai me olha de um jeito atravessado. —Que é? Eu não vou ficar preso aqui para sempre. Um dia eu vou para um grande jornal! Vou trabalhar para a imprensa nacional e até internacional— digo com ar grandioso.

—Vai sonhando, Uzumaki. Se não aconteceu até hoje, não vai mais acontecer. Estamos fadados ao fracasso.

—Não duvide dos meus sonhos. Eu vou te provar! Escute bem minhas palavras: eu vou conseguir a fofoca da minha vida. 

—No dia em que isso acontecer, os porcos vão voar.

—Para de gastar tempo e transfere as fotos para o computador antes que eu perca a paciência— ele obedece, embora continue com a sua feição de desinteresse. —Estou trabalhando em uma notícia muito boa. 

—Vou tentar mostrar, mas não sei se os superiores vão topar publicar—diz meio monótomo a princípio. —E é? Qual é?— seus olhos se iluminam em minha direção.

—Não posso falar agora. Iria abalar as suas estruturas—faço biquinho e depois sorrio. 

—Você está inventando.

—Não estou, Sai. Um segredo deixa de ser segredo se contado. Além disso, acha que eu sou burro de entregar minha notícia para você de mão beijada? Preciso trabalhar muito nela ainda—penso em um jeito de mudar de assunto.

 —Sempre pensei que você fosse burro, sim. Mas nem é pensamento. É realidade— fuzilo-o com os olhos. —Aqui, toma. Vê se arranja grana e compra uma câmera nova— entrega o aparelho de volta para mim. 

—Quando eu conseguir um dinheiro bom, eu planejo comprar a melhor— meu celular vibra.

Minha flor: Naruto! Que coisa...

Minha flor: Estou aqui faz vinte minutos e te conhecendo desde sempre você não vai vir né 

Minha flor: você SE esqueceu de mim...??????????????????????

Minha flor: MERESPONDE. POR QUE TÁ SO VISUALIZANDO QUE ÓDIO 

Narutin: MANO DO CÉU LAKÇLSJÇL EU ESQUECI MESMO

—Sai! Tenho que ir. Estou atrasado— saio de lá como um flash de luz, tanto que nem consigo ouvir o seu mais novo comentário vindo direto da sua enorme coleção de ofensas direcionadas para mim.

Narutin: CHEGO EM 15 MINUTOS. EU VOU DE METRÔ

Como eu sou idiota! Como eu pude esquecer um compromisso! Se bem que não é novidade... Eu posso ser um pouco avoado. 

Tropeço entre o mar de gente até conseguir embarcar e desembarcar nos locais desejados. Depois disso, é só dar uma andadinha até que meu coração se alivia ao ver os cabelos rosas destacando-se entre as pessoas. 

—Ei, Saky!— abraço minha amiga de lado. 

—Não me chame assim! Eu estou brava!— ela me dá um murro no estômago.

Quase vomitei minhas entranhas, contanto passo bem.

—Esvaziou sua raiva?—aperto minha barriga.

—Sim. 

Viu só? Valeu a pena.

—Atrasado de novo. Tal pai, tal filho— meio contraditório, mas não questiono a garota. —Você 'tá um caos, hein, Naruto? Nem para pentear o cabelo.

—Eu tive alguns problemas técnicos...— coço minha cabeça.

—Tipo tirar foto de famoso escondido na mata?

—Não foi na mata dessa vez, mas estava um calor dos infernos!

—Você sabe o que eu acho disso— ela cruza os braços com um olhar repreendedor. 

Eu sei que a Saky me ama, por isso mesmo ela se preocupa. Sempre me diz que é perigoso lidar com esse tipo de gente que nunca se sabe o que um lunático é capaz de fazer para que uma foto sua não seja publica. Não me cansa de falar sobre mil casos de jornalistas assassinados. Acontece que ela sabe que eu amo isso e não faria nada para me deixar infeliz. Mesmo assim, eu entendo seus motivos para me dar tantos sermões.

Admito— eu posso ser um pouco descuidado, mas nem tanto, já que o triste é que, se eu morrer, a Sakura me mata. Contraditório? Sim. Embora não haja um pingo de mentira nessa frase, é bem duvidoso. Mas se tem uma coisa que se aprender com Sakura Haruno desde cedo é: nada se duvida quando se vem da minha ômega favorita.

Sério. Eu amo essa mulher. Tudo nela. Absolutamente, tudo. Se alguém encostasse um dedo nela, eu me veria na obrigação de arrancar a sua alma. Ela também faria o mesmo por mim. Eu sei disso. 

—Sim, Saky. Eu sei. Não vamos começar essa conversa mais uma vez! Eu já não aguento mais.

—Tudo bem. Você me deve uma casquinha pela demora— ela puxa o meu braço. —E não venha com a desculpa de estar quebrado. Custa dois reais e você me deve um pedido de desculpa.

—Droga, você tirou minha desculpa da vez, sabia?— ignora minha pergunta.

Já com o sorvete misto de chocolate e baunilha em mãos, Sakura se delicia.

—Você está com um cheiro forte de um outro alfa. Passou à noite com um?—sorri maliciosa.

—Não exatamente passar à noite do jeito que está pensando, pervertida. Em vez de ficar metendo o dedo na minha vida sexual, mete na Hina—lambo meu sorvete, infelizmente engasgando por conta do tapa dolorido que recebo na cabeça. —Depois reclama que eu tenho parafusos a menos! Você que tira todos. Que raiva...

—Não venha de piadinhas— ela desvia as íris esverdeadas para as próprias mãos. —Nós não temos nada.

—Relaxa. Eu sou os olhos que tudo veem. Diz para mim: ela é tímida na hor...— tento falar brincalhão, mas fico com medo de apanhar só pelo lançar de olhar que recebo. 

—Estou perguntando porque me importo! Quando acontecer algo entre nós, você vai ser o primeiro a saber. Agora me fala sobre você.

—Ahn... É só um cara que 'tô saindo, mas é casual. Ele não quer relacionamento.

—Mas você  quer.

—Isso não vem ao caso. 

—Já se apaixonou de novo?

—Não estou apaixonado!— cubro meu rosto com as mãos. —Não estou mesmo. Juro para você. Ele é bonito, mas...

—Mas?

—Nada. Esquece. Eu não quero que você me dê um sermão nem nada, até porque não estou apaixonado pelo cara. Eu encontrei com ele só uma vez ou duas!

—Quem não te conhece que te compre, Uzumaki. Devo fazer uma aposta com nossos amigos para saber quanto tempo demora para você se apaixonar pelo babaca da vez?— olho por entre meus dedos para a rosada.

Lembro da última vez que eles fizeram isso. Eu fiquei muito bravo por mais de um mês. Eles trataram meus sentimentos como brincadeira.

Só porque eu sou extrovertido e bastante animado—na visão dos outros—, não quer dizer que eu não ligue para absolutamente nada. 

 —O que foi? Estou mentindo? Nunca vi você em um relacionamento que preste. Agora que não seria a primeira vez a ser diferente.

—Você não bota fé em mim, né?

—Não é isso, mas... Na verdade, é mais ou menos isso, sim. Eu não sei como não sou um anjo da guarda em sua vida, porque, se fosse para depender das suas escolhas, sua vida estaria acabada.

Ela está certa.

—Você está errada! Vamos parar de humilhar o Narutinho aqui. Já deu. Juro para você que é só um cara.

—Vou acreditar em você.

Destensiono meus ombros.

Não estou apaixonado por aquele alfa. Não mesmo.

Tenho alguns planos para ele.

—Falando em toxidade... Nossa, meu chefe está mais cuzão que o normal. Estou prestes a cometer suicídio e colocar todas as provas indicando que foi ele. Rabugento do caralho. Deveria mofar na prisão— levanto as sobrancelhas.

—Já te disse para largar esse canto.

—Meus pais precisam de ajuda para pagar a faculdade. Não quero deixar tudo nas costas deles. E, nessa empresa. eles pagam bem.

Além de linda, minha queria amiga Haruno cursa história e é tão inteligente que consegue citar vários eventos importantes só pelas datas. Deve ser por isso que ela consegue nomear tão bem todas as merdas que já fiz em minha vida. Ela sabe de coisas que eu mesmo, até no fundo do meu consciente, não lembro ter feito.

—Certo, mas aturar um cara desses ninguém merece. Se eu o visse na rua, juro que quebrava a cara dele por você— mostro o músculo de meu braço malhado. —Só não faço isso agora porque não quero que você perca o emprego. 

—O pior é que, mesmo se você tentasse, o cara é tão cobra que eu não duvido mandar te assassinar—sinto calafrios pelo meu corpo. —Relaxa, Naru. Parece até que viu um fantasma.

—Não sei. Tive uma sensação estranha. Dizem que isso é quando espíritos passam por você.

—Ai, larga de besteira— dá um leve tapa em mim. —Você sabe que eu não gosto dessas coisas.

—Uuuu...—imito um som daqueles fantasmas feitos com efeitos  cinematográficos ruins. —Sou o fantasma da pessoa que seu chefe matou.

—Para de brincar com isso, namoral— ela diz, mas continua rindo das palhaçadas.

É divertido passar um tempo com a minha melhor amiga.