História Drive - Cem dólares

Orion Williams — Point of view

Batuquei meus dedos sobre o mármore do balcão da cozinha repetida vezes até ver que mamãe e Alessa olharam-me repreensivas. Respirei fundo, ignorando as duas. Alessa comia tranquilamente seu bacon com ovos enquanto mamãe terminava de encher meu copo com suco de laranja. Assim que ela se virou, peguei o copo e o bebi tudo de uma vez. Eu estava nervosa e, consequentemente, ansiosa também. Hoje eu havia acordado demasiadamente cedo e Alessa acordara há mais ou menos uma hora. Respirei fundo novamente tentando controlar a irritação que eu sentia com Alessa arrastando-se lentamente com o pouco tempo que nos restava. Deveríamos, à uma hora dessas, já estar na faculdade, porém, preferi me manter calada porque sabia que se reclamasse Alessa demoraria mais.

— Terminei, amor. Vamos! — Minha irmã exclamou e então me puxou, rapidamente peguei minha bolsa e despedi-me de mamãe que sorriu para nós duas. A caminho do carro, a loira ao meu lado começou a reclamar do modo em que não se sentia à vontade em frequentar a faculdade comigo. Segundo ela isso era extremamente estranho. Controlei o riso o tempo todo em que estava no carro. 

Assim que chegamos à faculdade, rapidamente saí do carro, notando que Alessa estava em meu encalço agora reclamando de sua roupa. Assim que encontramos Liam, que por coincidência do destino, era o namorado de Alessa, a mesma parou de reclamar e logo correu até seu namorado, fazendo-me suspirar em alívio. Liam encarou-me e eu agradeci em um sorriso para ele que riu e beijou a garota que enlaçava seu pescoço com os braços. Desviei minha atenção para outro lugar sem ser o casal vinte em minha frente.

— Alessa? — A chamei e ela separou-se de Liam, me olhando curiosa. — Eu vou entrar, está bem? Vou tentar conhecer isso aqui já que você vai ficar com Liam — exclamei, fazendo com que Alessa fizesse uma leve careta.

— Se você quiser, eu tenho um amigo que pode te apresentar a faculdade que, à partir de agora, você vai fazer parte. Ele conhece isso aqui até de ponta cabeça — Liam sugeriu e vi que Alessa o apertou, pois o garoto reclamou.

— Liam! Você sabe, ela não se enturma tão facilmente, amor... — A loira manhosamente falou e abaixou a sua voz para que eu não escutasse.

— Ele não fará mal algum.

Eles estavam falando sobre mim e certamente eu não fazia à mínima ideia do que estava acontecendo ali. Revirei meus olhos e saí de perto, escutando os gritos de Alessa que logo pararam assim que adentrei no corredor agitado e cheio de jovens sérios. A maioria ali não soltava um mínimo sorriso. Qual é, eles são universitários! Não poderiam ficar feliz? Respirei fundo e procurei pela sala em que Alessa me informara antes de vimos para cá.

111, procure por ela — pensei

Após andar durante os cinco minutos mais longos da minha vida achei a porta da sala que tanto procurava. Bati pelo menos duas vezes nela e ajeitei a bolsa em meus ombros. A porta logo abriu e encarei o cara de óculos e aparência desgastada em minha frente. Sorri sem graça e logo o entreguei meu papel indicando que eu era novata. Ele não disse muita coisa, só murmurou um “bem-vinda” e, mesmo morrendo de vergonha por chegar atrasada, procurei por uma cadeira vazia na sala e logo achei, ao fundo. Eu odiava ficar no fundo da sala, tirava toda minha concentração com qualquer barulho bobo. Sentei-me ao lado de uma ruiva, que nada disse além de deixar um sorriso transparecer com minha presença ao seu lado. Suspirei e tentei prestar atenção no que o professor falava.

Após um longo tempo, prestando atenção no cara barrigudo e com a barba mal feita, finalmente ele nos liberou para que pudéssemos ir embora. Vagarosamente andei pelos corredores da faculdade, eles voltaram a ser novamente agitados, mostrando várias pessoas de diferentes modos, cores, sorriso e olhares. Assim que cheguei ao estacionamento, vi que Alessa não se importou em se apressar para irmos embora, pelo visto ela deveria estar com Liam e seus amigos. Suspirei em cansaço e voltei para a entrada da faculdade. Encontrei Alessa aos beijos com Liam por ali. Aquela garota nunca se cansava de mostrar afeto em público? Certo, eu apenas deveria chamá-la e logo iriamos embora, ela não iria me segurar por muito tempo.

E eu estava completamente enganada. Assim que cheguei perto dos dois, Alessa sorriu divertida, enquanto Liam desgrudou-se da garota e foi até um garoto de cabelos bagunçados e olhos azuis, murmurando palavras sem nexo, pois eu não estava escutando direito. A loira em minha frente abraçou-me e logo me virou para a direção de Liam que já vinha com seu amigo. Algo me dizia que os dois estavam planejando isso desde hoje de manhã quando chegamos aqui. Suspirei.

— Conheça o conselheiro amoroso daqui da faculdade! — Alessa exclamou risonha e me deu um leve empurrão com os ombros. Eu apenas olhava para Liam e Alessa, não me importando em mirar no seu amigo ao lado que me olhava curioso. Suspirei e estendi minha mão para o-sem-nome até então, que logo me cumprimentou. Olhei para Alessa que revirou os olhos e foi até o Liam beijando-o novamente. A repreendi mentalmente e olhei pro garoto de olhos azuis.

— Meu nome é Louis e, bom, acho você já sabe qual é minha fama aqui — riu. — Mas e você?

Continuei prestando atenção para o casal vinte e torcendo para que Alessa olhasse para mim e se tocasse de que eu deveria ir embora.

— O que? — Perguntei confusa e ele riu.

— Meu nome é Louis, qual o seu nome?

— Orion Williams, irmã da maluca ali — respondi e Louis gargalhou. Me senti aborrecida ao ver que Alessa não sairia tão cedo perto de Liam. Aquilo era o resultado de ter passado uma semana longe dele. Alessa estava cheia de saudade e eu não duvidava muito de que a saudade logo iria ser matada na cama dos dois. Sentei-me no banco ali e Louis logo se sentou ao meu lado, fazendo uma careta para os dois ao nosso lado.

— É horrível ter que aguentar isso — comentou e eu assenti sem jeito. — Você tem namorado?

O olhei de lado e ri.

— Eu? Você tem certeza que está se referindo a mim? — Perguntei enquanto mexia as mãos. Louis olhou para os lados e logo parou seu olhar em mim, dando um sorriso de lado.

— Tem mais outro alguém com quem eu esteja conversando?

— Ahn... Eu não tenho namorado e bom, não sou muito boa nessas coisas, sabe? Namorar, ficar, ou seja o que for.

O garoto ao meu lado assentiu e batucou seus dedos contra o cimento do banco, fazendo-me olhá-lo. Eu tinha problemas com barulhos repetitivos, os odiava. Depois de um longo tempo com Louis conversando comigo e Alessa aos beijos com Liam - que já devia estar com os lábios vermelhos de tantos amassos com a loira -, o garoto ao meu lado chegou em um ponto da conversa que me fez realmente ficar constrangida. 

— Você é bonita demais para isso. Espero um dia eu realmente te ver namorando, sem ser que nem aqueles dois. 

Eu ria de seu comentários extremamente sem graça, mas depois de alguns segundos, Louis me fazia sentir confortável ao seu lado, mesmo não tendo exatamente certeza disso.

Levantei-me irritada ao ver que Alessa continuaria ali com Liam. Louis olhou para mim confuso e andou em meu encalço até chegarmos ao carro de Alessa e eu, na tentativa ignorante, fui chutar roda de seu carro. Claro que deu merda, como sempre. Sentei-me ao meio fio dali e resmunguei alguns palavrões enquanto Louis sentava-se ao meu lado sem nenhum vestígio de divertimento em seu rosto.

— Eu tenho um acordo — suspirei tentando controlar a dor em meu pé e então pude olhá-lo. Louis logo continuou. — Como você é assim, toda desastrada e nem um pouco cheia de si e eu, como sou conhecido o “conselheiro amoroso” daqui ou “o cara que ajuda as pessoas arranjarem namorados”, tanto faz, tenho o acordo de cem dólares com você.

— E qual seria? — franzi meu cenho e juntei as sobrancelhas rapidamente em confusão. Louis sorriu e balançou seus ombros descontraidamente. Seus lábios rosados já estavam avermelhados de tanto Louis mordê-los e seu cabelo estava um pouco arrumado, já que às vezes ele arriscava-se em arrumar seu cabelo.

— No fim deste mês, você vai irá ter com um namorado e vai ser transformada, sabe? Eu estou dizendo que, eu percebi o quanto um namoro faz falta para você e droga, não gosto de pessoas sozinhas. Eu literalmente gosto de pessoas que estão felizes até em sua vida amorosa, talvez seja o porquê do meu apelido. Caso, você não termine em nada, não mude e não esteja com um namorado, eu irei pagá-la o dobro do preço que eu estou cobrando e caso eu consiga, você vai estar me devendo cem dólares.

Respirei fundo, essa séria fácil demais. Além do mais, eu adorava desafios.

— Apostado então? — O sorriso de Louis aumentou-se em seu rosto e eu ri sem jeito.

— Apostado.

Eu tinha quase a certeza de que duzentos dólares no final deste mês estariam em minhas mãos.