História Drogas? Tô fora, pego minha bike e vou embora! Suna Rintarou - Capítulo Único

4:20 da manhã era um horário meio estranho para estar passeando de bicicleta por aí, mas Rintarou não dava a mínima. Era madrugada e a vontade repentina de dar um rolê o tirou da cama. Confessava, estava com medo de ser assaltado ou algo do tipo, mas o sentimento de medo com um misto de adrenalina até que era interessante. Mas, maior do que o medo de ser assaltado, era o de sua mãe descobrir a “fuga”, ele estaria morto com toda a certeza.

A única coisa que o protegia do frio era o moletom cinza que usava, Suna teve a brilhante ideia de sair de bermuda e suas pernas estavam congelando. Ele só podia estar louco. Fala sério, ele achava ser mais inteligente do que aquilo. E sair de madrugada, no frio, apenas de bermuda, definitivamente não era uma coisa que pessoas inteligentes faziam.

Enquanto pedalava, precisou passar por uma rua escura. Quer dizer, ele não precisava, mas cismou. Os poucos postes que não estavam queimados piscavam com mal defeito, era um ambiente meio amedrontador. No final da esquina, Suna conseguiu ver um pouco de luz e vozes conversando entre si. Engoliu em seco, era só ele passar reto e não arranjar confusão. Conforme foi se aproximando, conseguiu sentir cheiro de cigarro e alguma outra coisa peculiar. Tentou não fazer careta, era só passar reto.

— Aí, parceiro. — Chamou, Rintarou sentiu um calafrio passar por todo o seu corpo.

E agora? Ele ignorava e pedalava o mais rápido que podia? Fingia que não escutou? Ou será que só respondia? Fugir não parecia ser uma boa ideia, já que eles também tinham bicicletas. E se eles fossem atrás dele? Melhor não. Talvez entregar a carteira de boa vontade fosse uma escolha mais segura. Suando frio e com o coração a mil, Suna se virou para trás.

Óculos de coloração estranha e qualidade duvidosa, cueca aparecendo vulgarmente por baixo de uma bermuda tactel, estampada com um png de coringa retirado diretamente do google e um boné da marca “naique” na cabeça, sem contar o bigodinho. Ao seu lado, uma jaqueta corta vento e um tênis de 12 molas nos pés, numa mão um cigarro aceso e na outra uma garrafa quase vazia. No chão, garrafas de whisky barato e bitucas de cigarro por todo lado. Aquelas roupas, aquele ambiente, Rintarou sabia o que eles eram. Eles eram 'noias.

— Quer uma verdinha? — Ofereceu, deixando o acastanhado com uma cara confusa. Ele realmente estava o oferecendo maconha? — 'Que foi? Esse teu ‘olhar por do sol’ não me engana, não. — Tragou um pouco do cigarro e assoprou a fumaça na direção de Suna, que fez uma careta. — ‘Tô ligado que ‘cê é dos ‘nosso. Se não fosse não 'taria aqui.

Ele nunca fez uma cara tão indignada na vida, era até um pouco cômico. Primeiro aquele cara jogou uma fumaça nojenta e fedida em seu rosto, depois insinuou que ele tinha cara de maconheiro. Sério, justamente ele que era tão certinho!? Rintarou se irritou e desceu da bicicleta. Abaixou o zíper do moletom que usava com força, revelando uma camisa branca com a palavrinha “Proerd” estampada em uma fonte cursiva e vermelha. Bem conveniente para o momento, não?

— Sai fora arrombado, que eu fiz Proerd e fumar maconha é um desgosto que não dou ‘pra minha família! — Apontou o dedo acusatoriamente, o medo que estava sentindo a momentos atrás havia ido embora. — Você fica parecendo uma ameixa seca e além de tudo fede 'pra caralho! Ninguém aguenta ficar perto de ti porque você fuma essa merda o dia inteiro, seu insuportável inconveniente! Por que você acha que todos os seus amigos são maconheiros também!? — Exclamou exaltado. — Resumindo tudo em uma simples frase: Drogas? ‘Tô fora, pego minha bike e vou embora!

Suna subiu na bicicleta novamente e saiu de lá com nariz empinado, o leão do Proerd provavelmente estaria orgulhoso dele agora. Os dois usuários se entreolharam confusos, mas não demorou até um deles cair na gargalhada.

— ‘Idea, tu parece uma ameixa seca ‘mermo ó doido! — Riu histérica e escandalosamente.

— Aí tu pegou pesado, mano. — Falou de modo sério e fechando a cara, apagando o cigarro que tinha em mãos.

— Foi mal aí, mano. — Parou de rir na mesma hora.